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5. ESTÁGIO: LUSA – AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DE PORTUGAL

5.2. Caracterização da Editoria – “País”

“País” – foi esta a editoria onde estagiei, pelo que é crucial dar a conhecer a realidade que se lá vive, nomeadamente em termos de funcionamento e de foco noticioso.

Nesta editoria, o trabalho reside essencialmente no “noticiário de dimensão local/municipal/regional”, abrangendo temas desde

“acidentes rodoviários, incêndios, problemas sentidos nos bairros e nas cidades (transportes, higiene urbana, insegurança, trânsito, falta de escolas ou centros de saúde), reivindicações dos cidadãos e julgamentos até ao funcionamento e decisões de municípios, freguesias, órgãos intermunicipais e governos regionais” (Carreiro, 2018)22.

Composta por uma vasta equipa, esta secção da agência conta com uma rede de correspondentes, espalhados por Portugal Continental e Arquipélagos dos Açores e Madeira: “o País tem entre 60 e 70 jornalistas, incluindo a equipa da sede (três editores e redação do quadro), delegados e coordenadores regionais, além dos jornalistas redatores das várias regiões” (Carreiro, 2018), cuja missão passa por “dar voz não só às instituições, às fontes oficiais e aos órgãos de poder, mas também aos cidadãos, às coletividades, a organismos de menor dimensão (como uma delegação regional)”, bem como “escrever para as pessoas, de forma que compreendam e que percebam o impacto que aquilo tem nas suas vidas e nos seus territórios” (ibidem).

No “País”, as várias notícias são produzidas a partir da zona onde ocorreu um dado acontecimento. Por exemplo, um assunto pode até ser de interesse nacional, mas é tratado a partir da zona de origem: “apostamos em ter uma rede nacional de correspondentes atenta às particularidades de cada área, desde os seus desafios ao seu contributo para a diversidade e riqueza patrimonial do país” (Carreiro, 2018).

Deste modo, pode afirmar-se que a “proximidade” como critério noticioso é bastante importante nesta secção da agência. Toda esta dinâmica a nível nacional requer “um trabalho constante de comunicação e diálogo entre os jornalistas, os delegados regionais e os editores de País” (Carreiro, 2018).

A editoria é composta por uma equipa muito jovem e dinâmica. O ambiente é descontraído, muito informal e o espírito de equipa é uma constante, não só entre as paredes da redação, como entre os correspondentes que diariamente contactam com a sede durante o desenvolvimento das suas matérias.

As várias peças produzidas são depois enviadas para o Luna (ver anexo 5), estando a plataforma dividida por editorias e temas que ajudam a identificar onde ficam armazenados os textos, fotografias e vídeos depois de publicados.

No fundo, é no desk que tudo se passa. Diariamente ouvia frases como: “quem é que fica com o desk amanhã de manhã?”; “asseguras o desk enquanto vou almoçar?”; “espera só um bocadinho que tenho o desk cheio”. Como refere Rosa Carreiro, é necessária comunicação entre todos os envolvidos desta secção e como editora o seu trabalho passa fundamentalmente por coordenar toda a equipa de modo que esta funcione em pleno:

“O editor é a pessoa que mais tem de pensar uma secção, planear o trabalho, definir prioridades de temas e de agenda, dar indicações sobre o rumo a seguir dentro de uma editoria (…) assume o trabalho da sua secção para o bem e para o mal – está lá para receber elogios sobre trabalhos que resultaram bem (e transmiti-los à sua equipa) e para se responsabilizar quando as coisas correm menos bem, apurando o que correu mal, corrigindo os erros, acompanhando sempre os jornalistas quando há questões mais complexas e críticas (…) tem como principal função fazer com que as várias partes da equipa funcionem bem no seu conjunto, resultando daí um bom trabalho da equipa e, ao mesmo tempo, conteúdos de qualidade e equilibrado” (Carreiro, 2018).23

Em relação aos canais de comunicação pelos quais os jornalistas da Lusa habitualmente comunicam encontram-se o Skype, o e-mail profissional, o messenger do Facebook, o telefone da redação, o telemóvel e o Luna: “ser editora do País é ter uma caixa de mail difícil de gerir, pela quantidade de pessoas que podem estar envolvidas nesta comunicação; é fazer um esforço constante de multitasking, em particular nos contactos” (Carreiro, 2018)24.

No meu caso, utilizava o e-mail que me foi dado durante o estágio (mzbatista@lusa.pt) para receber informação sobre a agência, sobre o estágio, bem como material para a produção de notícias, além de ser também o canal pelo qual trocava informações com as fontes, com os editores e jornalistas da editoria. No contacto com as fontes, por exemplo, utilizava ainda o telefone que tinha na secretária e o telemóvel pessoal.

23 Entrevista realizada durante o período de estágio (20 de dezembro de 2018). 24 Idem

Durante o estágio houve também oportunidade de estar presente em duas reuniões da editoria, nas quais se discutem, planeiam e organizam os trabalhos que os jornalistas “têm em curso”, além de se pensar em peças “extra-agenda” que sejam interessantes de desenvolver (Carreiro, 2018).25

Além destas, existem também as reuniões entre os diferentes editores ou editores adjuntos de cada editoria (geralmente uma ao fim da manhã e outra ao fim da tarde), de modo a planear quais os conteúdos noticiosos que diariamente são divulgados na linha editorial da Lusa.

Em termos de horário, o habitual era ser das 10:00 às 17:00, com intervalo para almoço. No entanto, existe flexibilidade por parte das editorias, o que é um fator importante, e por vezes fazia um horário das 11:00 às 18:00.

Ainda assim, e apesar do estipulado, nem sempre fazia questão de sair à hora definida. Se houvesse breves para escrever, telefonemas para fazer ou notícias para rever com um editor ficava mais tempo porque via a vantagem de aprender um pouco mais naquele espaço de tempo.

5.2.1. Justificação da escolha

A minha escolha sobre o “País” recaiu, inicialmente, pela explicação que foi dada sobre a mesma pelo editor adjunto, Marco Lopes da Silva, tendo considerado que esta seria a secção adequada para iniciar o meu estágio.

É uma editoria que incide sobre o “local”, como já vimos, e que por isso permite o contacto com várias pessoas, tanto pessoalmente como por telefone e/ou e-mail.

Não é que não haja essa oportunidade nas restantes editorias, porém, considerei que o “País” me permitiria ir para a rua, para o terreno, experienciar o jornalismo de uma forma diferente, que não fosse apenas ficar sentada na redação a redigir notícias com base em comunicado ou telefonemas.

Apesar da hipótese de poder ter uma experiência em duas editorias diferentes, permaneci durante as 14 semanas de estágio no “País”, por várias razões: em primeiro lugar, pelos motivos iniciais (contacto com as fontes e idas aos locais dos acontecimentos) e depois pelo ambiente que ali se vive, pelas chefias, pelos colegas de redação, pela entreajuda, atenção e disponibilidade que tiveram para comigo, apesar de, e nas palavras da editora, ter sido um período complicado devido à sua ausência.