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CARACTERIZAÇÃO ESPECÍFICA DAS AZINHEIRAS

No documento Necessidades hídricas do montado (páginas 123-128)

O ensaio decorreu durante um ano, de setembro de 2001 a agosto de 2002, num montado de sobro e azinho com uma densidade arbórea de cerca de 40 árvores/ha localizado na herdade da Mitra, polo da Universidade de Évora.

Neste montado, foram selecionadas duas azinheiras com base no grau de isolamento relativamente ao restante montado e que estivessem relativamente perto uma da outra, de forma a facilitar as medições a efetuar.

5.4.1A

ZINHEIRA REGADA

A seleção da azinheira para rega deveu-se sobretudo à planimetria geral do terreno, à distância ao acesso do ponto de água e ao grau de isolamento relativamente às outras árvores (ver figura 7).

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A azinheira selecionada para rega, encontra-se a 226 metros de elevação (z) relativamente ao nível médio do mar, com as coordenadas 38º 31’ 40,69’’ N e 8º 01’ 07,87’’ W, (ver figura 7).

Figura 7 – Azinheira regada

A azinheira regada tem 0,8 metros de Diâmetro à Altura do Peito (DAP) e uma altura (h) de 5,67 metros. A altura das azinheiras foi estimada através do comprimento das suas sombras projetadas no solo (MONTEITH & UNSWORTH, 1998) e da determinação do ângulo e elevação do sol () no dia e hora em que foram efetuadas as medições das respectivas sombras projetadas (ALLEN et al., 1998; SILVA, 2006). Tendo em conta que através da tangente desse ângulo, juntamente com o comprimento da sombra (c), poderíamos estimar a altura das árvores.

Para determinar o valor de () necessitamos, no entanto, de calcular: a) O ângulo de declinação do sol () (ALLEN et al., 1998):

= 0,409 sen[2(J)/365 – 1,39], (33) Sendo J o número do dia do ano, neste caso igual a 184.

Este ângulo, (), o ângulo de declinação do sol, depende do movimento de rotação e translação da terra, (solstícios ou equinócios), que fazem a terra estar mais ou menos perpendicular aos raios solares;

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b) o ângulo zenital do sol () (SILVA, 2006). Para o cálculo de (), calculamos o coseno (), [e posteriormente através da função arccoseno ficamos a conhecer o valor de ()]:

cos () = cos () cos () cos () + sen () sen () (34) Sendo (), a latitude e () o ângulo horário (SCHOFFELL & VOLPE, 2001).

c) conhecido (), () é obtido através da relação () = 90 - () (SILVA, 2006).

() = 90 - () (35)

d) E por sua vez, a tg () = altura da azinheira (h)/comprimento da sombra (c),

tg () = h/c (36)

5.4.2A

ZINHEIRA PADRÃO

A azinheira selecionada como padrão, (ver figura 8), está a 228 metros de elevação (z), e a 38º 31’ 39,25’’ N de latitude e a 8º 01’ 05,71’’ W de longitude. Têm um DAP de 1,20 m e altura (h) igual a 6,80 metros, tendo sido a altura determinada também pelo método da projeção da sombra no solo (MONTEITH & UNSWORTH, 1998) e da determinação do ângulo e elevação do sol () no dia e hora em que foram efetuadas as medições das sombras (ALLEN et al., 1998; SILVA, 2006; SCHOFFELL & VOLPE, 2001), tal como descrito acima para a azinheira regada.

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Figura 8 – Azinheira padrão

5.4.3Í

NDICE DE

Á

REA

F

OLIAR

LAI

O índice de área foliar, LAI, é uma variável adimensional, definido como a área total, considerando uma face do tecido fotossintético da folha, por unidade de superfície de solo (WATSON, 1948, citado em JONCKHEERE et al., 2004).

Neste trabalho assumimos a definição de LAI proposta por MONTEITH & UNSWORTH, 1990, que o definiram, como o rácio da projeção da área superficial da folha ou folhas na superfície do solo, tendo em consideração apenas uma face das folhas. Tanto a superfície do solo como a das folhas são expressos em (m2), e portanto o LAI é

adimensional, e mede a cobertura proporcionada pelas folhas.

Assumimos, para melhor análise, a forma geométrica de uma esfera para ambas azinheiras.

Utilizamos por conseguinte a área de projeção das sombras e a área da esfera correspondente, para calcularmos o LAI de cada uma das azinheiras. O padrão de inclinação das folhas na copa foi também assumido com distribuição esférica, onde os dois lados da folha poderão ser iluminados (MONTEITH & UNSWORTH, 1990), facto que aliás foi observado no campo de ensaios.

A maioria das folhas da azinheira e do sobreiro encontram-se distribuídas numa camada periférica da copa, com espessura relativamente reduzida, onde praticamente

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todas as folhas estão expostas às condições abióticas (PEREIRA, 2009), nomeadamente à radiação e por conseguinte, a projeção da sombra permitirá uma boa estimativa do LAI.

A seleção deste método, para estimar o LAI, deveu-se ao facto de não termos tido orçamento para os sistemas de digitalização, hoje mais usados. A utilização de um método directo envolveria o abate das árvores e por conseguinte, além de dispendioso não seria opção.

Outra abordagem seria considerar a copa da azinheira como uma semiesfera de eixo sensivelmente vertical. A área da semiesfera é o dobro da área do círculo, que é a sua projeção horizontal, assim, assumindo uma distribuição “ideal” das folhas, o LAI efetivo teria o valor de 2, que é um valor próximo do valor por nós obtido.

O método por nós usado poderá ter levado a uma sobrestimação do valor de LAI, contudo os valores por nós estimados (ver quadro 8 e 9), parecem estar em uniformidade com os aferidos através de métodos diretos, para a mesma espécie na mesma região e em povoamentos de idade semelhante por David et al., 2004, e também com os aferidos por LHOMME et al., 2001 em povoamentos de Q. ilex., em Puechabon, França.

5.4.3.1 Cálculo do Índice de Área Foliar LAI – Azinheira regada

O cálculo do índice da área foliar (LAI) baseou-se, na definição desenvolvida por MONTEITH & UNSWORTH, 1990, como já referido, assumindo para a azinheira, a forma que melhor se lhe aproxima, neste caso a forma geométrica esférica. No quadro 8 disponibilizamos os valores encontrados para cada uma das variáveis que levaram à estimativa do LAI.

Todos os ângulos calculados para determinação do ângulo de declinação solar (θ) estão em radianos, por maior facilidade. Para a determinação da área da sombra projetada (As) em árvores de copa esférica a formula usada foi (MONTEITH & UNSWORTH, 1990; SILVA, 2006):

As = πr2/senθ (37)

onde, As é a área da sombra projetada, r é o raio da copa (m). O comprimento da sombra é:

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O valor de c foi medido pela projeção das sombras, permitindo através inversão da fórmula o cálculo direto de r (raio).

Quadro 8 – Índice de área foliar LAI azinheira regada Azinheira regada Θ (rad) sen (θ) (rad) tg (θ) c (m) h (m) r (m) As A LAI 0,647218 0,6029690 0,75 7,5 5,66 2,26 26,64 64,25 2,412

5.4.3.2 Cálculo do Índice de Área Foliar LAI – Azinheira padrão

A estimativa do valor do LAI para a azinheira padrão, foi estabelecido da mesma forma que a referida para a azinheira regada. No quadro 9 constam os valores das variáveis que permitiram esse cálculo, usando para tal, as formulas também já descritas anteriormente para a azinheira regada.

Quadro 9 – Índice de área foliar LAI azinheira padrão Azinheira padrão Θ (rad) sen (θ) (rad) tg (θ) c (m) h (m) r (m) As A LAI 0,647217 0,6029689 0,75 9,0 6,80 2,71 38,36 92,52 2,411

5.5 CALCULO EVAPOTRANSPIRAÇÃO REFERÊNCIA E EVAPOTRANSPIRAÇÃO DAS

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