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R ESPOSTA ESTOMÁTICA E O DÉFICE DE PRESSÃO DE SATURAÇÃO (DPV)

No documento Necessidades hídricas do montado (páginas 174-179)

Evolução sazonal anual Conductância

6.4 RELAÇÕES ENTRE O REGIME ESTOMÁTICO E AS VARIÁVEIS CLIMÁTICAS

6.4.1 R ESPOSTA ESTOMÁTICA E O DÉFICE DE PRESSÃO DE SATURAÇÃO (DPV)

Na análise da resposta estomática com o DPV, nas duas principais estações do ano, verão e inverno, utilizando os valores de temperatura e humidade da estação meteorológicas da Mitra, CGE, e as médias totais diurnas dos valores medidos de resistência estomática, não parece existir uma relação entre as variáveis em ambas azinheiras (ver figura 22).

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Figura 22 – Relação anual (inverno e verão) entre a resistência estomática ri e o DPV

Para uma melhor acuracidade e perceção da relação entre a resistência estomática e o défice de pressão de saturação, separamos a análise pelas estações climáticas e pelos períodos diurnos de medição das resistências estomáticas. Estabelecendo estas relações a partir dos valores de défice de pressão de saturação estimados com os valores de temperatura e humidade aferidos no campo, aquando das medições dos valores de resistência estomática, manhã, meio-dia e ocaso.

Assim, nas manhãs de inverno existe uma razoável relação linear entre a resistência estomática e o défice de pressão de saturação em ambas azinheiras, regada e padrão que se mantem ao nível da copa (ver figura 23). O défice de pressão explica em cerca 58% a resistência estomática na azinheira padrão e em cerca de 57% a resistência estomática da azinheira regada.

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Nos valores obtidos ao meio-dia durante o inverno não parece existir uma relação entre a resistência estomática e superficial com o DPV, contudo a curva com melhor ajuste parece ser a potencial (ver figura 24). Uma observação mais detalhada à figura 24 sugere existir uma relação linear até DPV < 1,0 (kPa), valor a partir do qual parece deixar de ser linear.

Figura 24 – Relação entre a resistência estomática ri e superficial rs e o DPV, inverno, meio-dia

Procedemos a uma análise mais detalhada dos valores obtidos ao meio-dia durante o inverno separando-os de acordo com o défice de pressão de saturação de vapor em DPV<1,0 kPa ou DPV > 1,0 kPa (ver figura 25).

Figura 25 – Relação entre a resistência estomática ri e o DPV, inverno, meio-dia, para DPV <1,0 kPa e DPV > 1,0kPa

Durante o inverno o défice de pressão de saturação de vapor, DPV, parece explicar 90% da resistência estomática na azinheira padrão para situações em que o DPV ≤ 1,0 (kPa) e 63% na azinheira regada (ver figura 25). Para valores de DPV> 1,0 (kPa) os valores

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de resistência estomática de ambas azinheiras estão fracamente relacionados com o DPV (ver figura 25).

No ocaso durante o inverno não parece existir relação entre os valores de DPV e as resistências estomáticas de ambas azinheiras (ver figura 26).

Figura 26 – Relação entre a resistência estomática ri e superficial e o DPV, inverno, ocaso

Alguns autores afirmam que a relação entre o DPV e a resposta estomática pode ser linear ou não linear (FARQUHAR, 1978; JONES, 1992 citados por INFANTE et al., 1997; TAGAKI et al., 1998). Durante o inverno verificarmos existir uma relação linear entre a resposta estomática e o DPV, para valores de DPV<1,0 (kPa), particularmente na azinheira padrão.

A comparação dos resultados obtidos no período de inverno com outros autores foi difícil, uma vez que normalmente os resultados publicados, (pelo menos os consultados por nós) referem-se apenas ao período estival, onde o défice hídrico no mediterrâneo se pode tornar crítico. Contudo, TESTI et al., 2006, verificou existir uma relação linear positiva entre a resposta estomática e o DPV, em oliveiras regadas em Espanha, na primavera.

Nas manhãs de verão não encontramos relação entre o DPV e a resposta estomática (ver figura 27), no entanto as curvas que proporcionariam um melhor ajuste seriam do tipo exponencial.

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Figura 27 – Relação entre a resistência estomática ri e superficial rs e o DPV, verão, manhã

No período do meio-dia durante o verão não existe relação entre a resposta estomática e o DPV na azinheira padrão, mas verifica-se que o DPV permite explicar em 61% a resposta estomática da azinheira regada (ver figura 28).

Figura 28 – Relação entre a resistência estomática ri e superficial rs e o DPV, verão, meio-dia

É interessante denotar que apesar de não se verificar uma relação entre a resposta estomática e o DPV na azinheira padrão, a partir de DPV > 2 (kPa) a resistência estomática mantém-se constante, e para sensivelmente valores de DPV > 3,0 (kPa) os valores de resistência estomática decrescem.

No ocaso durante o verão não existe uma relação entre o DPV e a resposta estomática em ambas azinheiras (ver figura 29).

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Figura 29 – Relação entre a resistência estomática ri e superficial rs e o DPV, verão, ocaso

No entanto, apesar da inexistência de relação entre o DPV e a resposta estomática no ocaso é mais notória a inflexão dos valores de resistência estomática da azinheira padrão comparativamente à azinheira regada para valores crescentes de DPV.

No período de verão ao meio-dia, os valores de resistência estomática e a relação do tipo linear positiva por nós obtida na azinheira regada são semelhantes aos de DAVID et

al., 2004, e tal como com estes autores, esta relação linear verifica-se em valores de DPV

superiores a 1,5 (kPa). A relação linear positiva entre resposta estomática e o DPV verifica- se também em oliveiras regadas em TESTI et al., 2006.

Em INFANTE et al., 1997, a relação entre o DPV e a resposta estomática (Quercus

ilex) no verão foi do tipo exponencial negativo.

Na azinheira padrão o facto da resposta estomática inflectir para valores de DPV superiores 3,0 kPa, no verão, poderá dever-se a um mecanismo de proteção para a temperatura atingida pelas folhas, contudo, a evapotranspiração é inferior à da azinheira regada. Em trabalhos futuros seria interessante analisar este fenómeno comparando os valores de potencial hídrico no solo e nas folhas das duas azinheiras.

No documento Necessidades hídricas do montado (páginas 174-179)