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R ESISTÊNCIA AERODINÂMICA

No documento Necessidades hídricas do montado (páginas 159-164)

5.8 C ÁLCULO DO “C ROP W ATER S TRESS I NDEX ” CWS

6.1.2 R ESISTÊNCIA AERODINÂMICA

Os valores de ra estimados na azinheira regada variam entre 15,31 a 23,78 sm-1 e

oscilam entre 12,20 e 18,96 sm-1 na azinheira padrão.

Estes valores são semelhantes aos encontrados no trabalho de INFANTE et al., 1998, apesar do cálculo do parâmetro d , plano zero de deslocamento, ter sido efetuado de forma diferente.

6.1.3C

OEFICIENTE CULTURAL

Para o cálculo do coeficiente cultural seguimos o modelo da FAO-56. Consideramos a azinheira regada como uma cultura em condição ótima, i.e. que tal como a cultura hipotética de referência, se encontra em condições excelentes de crescimento e fertilização, sem doenças e com plena disponibilidade hídrica, e por conseguinte a estimativa do coeficiente cultural baseou-se na fórmula (ALLEN et al., 1998):

(22)

Não existem no relatório da FAO 56 valores tabelados para a azinheira nem para sobreiro. Das esclerofilas mediterrânicas apenas consta a oliveira.

143 Quadro 14 – Coeficiente cultural da azinheira regada

Mês ET0 ETc az reg Kc=ETc/ETO

Set 6,41 9,54 1,49 Out 3,68 5,99 1,63 Nov 3,47 3,46 1,00 Dez 2,28 3,67 1,61 Jan 2,03 2,95 1,45 Fev 3,16 3,76 1,19 Mar 3,87 Abril 5,31 Maio 6,74 Jun 8,99 10,40 1,16 Jul 11,58 12,24 1,06 Agost 9,52 10,27 1,08 Set 5,28 Valor médio 1,29

Em condições de plena disponibilidade hídrica o coeficiente cultural (Kc) estimado para a azinheira varia ao longo do ano entre um mínimo de 1,00, correspondendo este valor ao mês de novembro, e um máximo de 1,63 em setembro. O valor médio anual de Kc para a azinheira é de 1,29, superior ao valor tabelado no relatório FAO-56 para a esclerófila oliveira (0,70) e ao valor médio anual (0,62) estimado por VILLALOBOS et al., 2000 em oliveiras regadas44 recorrendo também à equação de PENMAN-MONTEITH,

superior também aos valores tabelados para as árvores de fruto, e dentro dos valores estimados para as culturas anuais (1,0 e 1,2) (DOORENBOS & PRUITT, 1977; ALLEN et al., 1998).

A variação anual do coeficiente cultural não parece estar diretamente relacionada nem com a variação anual da radiação solar nem com a variação do défice de pressão de vapor (ver figura 13).

44 Contudo no ensaio de VILLALOBOS et al., 2000 o LAI das oliveiras era de 1,5 em 1996 e de 1,2 em 1997, e a

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Figura 13 – Variação anual do coeficiente cultural Kc, radiação solar e DPV

A resistência superficial rs parece explicar 71% da variabilidade do coeficiente

cultural Kc (ver figura 14).

Figura 14 – Relação entre o coeficiente cultural Kc e a resistência superficial da azinheira regada

A variabilidade anual do Kc parece depender da resistência superficial e possivelmente de fatores fisiológicos, dado que o valor mínimo se verifica em novembro, época de amadurecimento do fruto.

A média de Kc poderá permitir aferir as necessidades hídricas da azinheira, desde de que se tenha em conta o padrão sazonal da resistência superficial, uma vez que defendemos que estas necessidades estão controladas em grande medida pela resistência superficial, o que se confirmou no coeficiente de determinação obtido (R2=0,71).

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No entanto, dado tratar-se de uma espécie é muito resistente à seca, a aferição das necessidades hídricas através do coeficiente cultural implicará o conhecimento de Ks (coeficiente de stress) para situações em que o abastecimento hídrico se limita à precipitação e ao armazenamento do solo.

Neste ensaio verificaram-se taxas de evapotranspiração superiores à precipitação e ao armazenamento de água no solo, na azinheira padrão, possivelmente devido à existência de algum aquífero, motivo pelo qual não calculamos o Ks.

6.1.4B

ALANÇO

H

ÍDRICO

Para a estimativa do balanço hídrico segundo o método de THORNTHWAITE- MATHER, 1955, consideramos o armazenamento de água do solo na camada arável ΔSo e estipulamos a capacidade utilizável do solo (CU) em 100 mm, dado que para este tipo de solo a água disponível nos primeiros 50 cm de solo, [7], foi estimada entre 65 mm e 120 mm de água, o que indica uma elevada capacidade utilizável.

Durante o período experimental, que decorreu de setembro de 2001 a agosto de 2002, a precipitação total foi de 825,5 mm. O total de precipitação de 2001 foi de 759 mm e em 2002 de 717.8 mm sendo portanto, a média de precipitação anual dos dois anos 10% superior à média do período 1950-1980 de 665 mm.

A ET0 total estimada para o período de setembro de 2001 a setembro de 2002 foi de 2598,8 mm.

Apesar de 2001 e 2002 serem considerados anos húmidos, considerando a média de 1950-1980, ao longo do tempo em que decorreu o ensaio, de setembro de 2001 a setembro de 2002, a precipitação, P nunca excedeu a ET0, e não há nenhum mês com superavit hídrico (SH). Todo o ensaio decorreu com o solo em condições de défice hídrico DH (ver quadro 15 e figura 15).

Não se verificando também o reabastecimento do armazenamento do solo ao longo do tempo em que decorreu o trabalho experimental. Assumimos no balanço hídrico que em setembro de 2001 o solo se encontrava com a capacidade utilizável a 100 mm.

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Quadro 15 – Balanço Hídrico THORNTHWAITE-MATHER, 1955 (adaptado a partir de LENCASTRE

& FRANCO, 1984)

BALANÇO HÍDRICO THORNTHWAITE-MATHER (valores mensais)

Mês Set-01 Out Nov Dez Jan Fev Mar Abril Maio Jun Jul Agos Set-02

P 110,2 91,6 38,5 37,6 50,5 30,3 107,8 92,6 24,5 8,8 19,6 84,0 129,5 ET0 203,3 125,1 129,5 93,6 82,0 123,3 164,6 222,2 281,4 312,1 376,9 311,0 173,8 P-ET0 -93,1 -33,5 -91,0 -56,0 -31,5 -93,0 -56,8 -129,6 -256,9 -303,3 -357,3 -227,0 -44,3 L -93,1 -126,6 -217,6 -273,6 -305,1 -398 -454,9 -584,5 -841,5 -1144,8 -1502 -1729 -1773 Sso 39,4 28,2 11,3 6,5 4,7 1,9 1,1 0,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 ΔSso -60,6 -11,2 -16,9 -4,9 -1,7 -2,9 -0,8 -0,8 -0,3 0,0 0,0 0,0 0,0 ETe 170,8 102,8 55,4 42,5 52,2 33,2 108,6 93,4 24,8 8,8 19,6 84,0 129,5 DH 32,5 22,3 74,2 51,1 29,7 90,2 56,0 128,9 256,7 303,3 357,3 227,0 44,3 SH

Legenda do quadro: CU = 100 mm; P – Precipitação; ET0 – evapotranspiração de referência; L – perda potencial de água; ETe – evapotranspiração efetiva; Sso – armazenamento de água no solo; ΔSso – variação do

armazenamento de água no solo (O armazenamento de água no solo Sso e consequentemente a sua variação

ΔSso serão limitados pela respectiva capacidade utilizável CU); SH - superavit hídrico (P≥ ETP; Sso ≥ 0); DH –

Défice hídrico (P ≤ ETP; (Sso ≤ 0);

Figura 15 – Balanço hídrico (mm/mês)

Contudo, apesar do elevado défice hídrico, a evapotranspiração da azinheira padrão foi próxima da evapotranspiração de referência e da azinheira regada (ver figura 16).

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Figura 16 – Balanço hídrico (mm/mês) e evapotranspiração das azinheiras

A elevada evapotranspiração da azinheira padrão apesar do elevado défice hídrico registado durante o período experimental, faz-nos suspeitar, como já referido, da existência de algum aquífero a que as raízes da azinheira teriam acesso.

O período experimental caracterizou-se por um elevado défice hídrico, apesar de 2001-2002 serem considerados anos húmidos relativamente à série de 1950-1980. É de referir que em 2001 a Oscilação Norte Atlântica (NAO) foi predominantemente negativa45

e sendo assim a depressão do anticiclone dos Açores implica geralmente o aumento de precipitação46 nas regiões do sul da Europa, mas o ano de 2002-2003 foi um ano de El niño

de intensidade moderada47.

No documento Necessidades hídricas do montado (páginas 159-164)