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Após a pesquisa ter sido autorizada pela direção das duas escolas acima caracterizadas, havia a necessidade de se conversar com os sujeitos da pesquisa: as professoras de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental da Rede Estadual de Ensino de São Paulo que tinham ou já tivessem incluído alunos com necessidades educacionais especiais.

Na escola A, expliquei o tema à coordenação da escola, a qual disponibilizou o horário de trabalho pedagógico coletivo (HTPC) para que eu pudesse conversar com as professoras. O HTPC dessa escola é dividido em dois dias na semana (terça e quarta), com uma hora de duração cada um. Antes do término do HTPC, fui convidada pela coordenadora a conversar com as docentes. Expliquei a elas a temática da pesquisa, quem deveriam ser os sujeitos e a importância de sua contribuição. Elas foram bastante acolhedoras e, num total de 15 termos de consentimento assinados, 13 professoras preencheram o questionário, participando da pesquisa durante o segundo semestre de 2010.

Na escola B, após autorização da direção e coordenação da escola, também compareci no dia do HTPC, realizado às quartas-feiras, com duração de duas horas. Já havia entrado em contato com a escola anteriormente para verificar o horário de reunião, pois assim poderia conversar com todas as professoras. Expliquei a elas a pesquisa e que poderiam participar somente aquelas que tinham ou já tivessem tido alunos com necessidades educacionais especiais incluídos em suas salas regulares. Apresentando o mesmo número de professoras que se dispuseram a participar da pesquisa na escola A, 13 professoras responderam ao questionário na escola B.

Assim, o questionário foi respondido por 26 professoras de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental. Destas, 13 lecionam na escola estadual da Região Norte (escola A) e 13 na escola estadual da Região Centro-Oeste (escola B). Para a caracterização do perfil das educadoras, foi verificado o sexo, a idade, os anos de serviço docente, a sua formação profissional inicial e outra adquirida após a conclusão da habilitação profissional. Utilizou-se uma identificação fictícia, no intuito de resguardar a identidade das professoras. A caracterização das professoras foi apresentada por meio de dois quadros, a seguir:

Prof Sexo Idade Tempo de serviço

Formação

1 F 31 14 Magistério, Graduação em Pedagogia

2 F 32 8 Graduação em Pedagogia, Especialização em

Psicopedagogia

3 F 45 4 Graduação em Pedagogia e Psicologia

4 F 55 18 Magistério, Graduação em Ciências Jurídicas

5 F 50 31 Magistério

6 F 44 18 Magistério, Graduação em Pedagogia

7 F 47 3 Graduação em Pedagogia

8 F 41 22 Graduação em Pedagogia

9 F 46 25 Magistério, Graduação em Pedagogia

10 F 59 20 Graduação em Pedagogia e Filosofia,

Especialização em Supervisão Escolar

11 F 48 32 Magistério, Graduação em Pedagogia,

Especialização em Pré-Escola

12 F 35 7 Graduação em Pedagogia, Especialização

13 F 56 18 Graduação em Pedagogia

Quadro 1 – Caracterização das professoras da escola A Fonte: a autora, com base nos dados da pesquisa (2010).

Da leitura do quadro acima, verifica-se que todos os participantes são do sexo feminino; dez professoras (77%) têm mais de 40 anos de idade; oito (62%) têm mais de 15 anos de profissão e quatro (31%) professoras têm menos de dez anos de trabalho docente; uma das professoras (8%) não tem licenciatura, enquanto, dentre as demais, duas (15%) realizaram mais de uma graduação e quatro (31%) têm, em sua formação, curso de especialização.

Profª Sexo Idade Tempo de serviço

Formação

1 F 41 7 Magistério, Normal Superior

2 F 42 23 Magistério, Graduação em História, Mestrado

3 F 49 17 Graduação em Pedagogia, Especialização em

Psicopedagogia

4 F 44 22 Graduação em Pedagogia

5 F 46 23 Graduação em Pedagogia

6 F 40 12 Magistério, Graduação em Pedagogia

7 F 51 22 Graduação em Pedagogia e Matemática

8 F 26 5 Graduação em Pedagogia

9 F 43 17 Magistério, Graduação em Pedagogia e

Geografia, Especialização em Gestão Escolar

10 F 54 20 Graduação em Pedagogia

11 F 42 22 Graduação em Pedagogia e Psicologia

12 F 55 26 Graduação em Pedagogia e Geografia

13 F 42 24 Graduação em Pedagogia

Quadro 2 – Caracterização das professoras da escola B Fonte: a autora, com base nos dados da pesquisa (2010).

Da leitura do Quadro 2 verifica-se que todos os participantes da pesquisa na escola B são do sexo feminino; apenas uma professora tem menos de 40 anos de idade; 62% (oito) delas têm mais de 20 anos de profissão e 8% (uma) tem menos de 10 anos de trabalho docente; todas as professoras têm licenciatura e, dentre elas, 31% (quatro) fizeram mais de uma graduação, 15% (duas) realizaram curso de especialização e 8% (uma) delas, Mestrado

Somando-se as duas escolas (26 entrevistas), verifica-se, de acordo com o Gráfico 3, abaixo, que 70% (dezoito) das professoras têm mais de 15 anos de experiência na atuação como docente, e pelo Gráfico 4, que 73% (dezenove) possuem graduação e 27% (sete) também buscaram uma especialização.

Gráfico 3 – Distribuição de professoras das escolas A e B por anos de serviço (%) Fonte: a autora, com base nos dados da pesquisa (2010).

Gráfico 4 – Distribuição de professoras das escolas A e B por tipo de formação (%) Fonte: a autora, com base nos dados da pesquisa (2010).

A cidade de São Paulo legitima a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no ensino regular pela LDB/96 e pela Deliberação Estadual CEE Nº 5/2000, verificando-se que as tarefas designadas aos professores consistem em:

- identificar alunos com NEE, estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento, articular com a família e a comunidade, fazer

1 a 5 11% 6 a 10 11% 11 a 15 8% 16 a 20 27% 21 a 25 31% 26 a 30 4% mais de 30 8% Graduação 73% Especialização 27%

adaptações curriculares, adequar métodos de ensino e selecionar recursos educativos de acordo com a problemática dos alunos (BRASIL, 1996);

- identificar alunos com NEE, fazer adaptações curriculares, adequar métodos de ensino e selecionar recursos educativos de acordo com a problemática dos alunos (SÃO PAULO, 2000).

A legislação dá suporte à inclusão de alunos com necessidades especiais no sistema regular de ensino, fazendo com que as escolas e os professores sejam responsáveis pela educação de todas as crianças e tenham de se organizar no sentido de dar respostas educativas. No entanto, existem inúmeros desafios para que as políticas educacionais possam ser efetivadas. Na seção a seguir, procura-se ouvir os professores, suas experiências e reflexões, no intuito de compreender os limites e possibilidades do trabalho cotidiano com relação à formação continuada na perspectiva inclusiva.

5 OUVINDO OS PROFESSORES: A FORMAÇÃO CONTINUADA NA PERSPECTIVA INCLUSIVA

"As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos. Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem... O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido!"

Rubem Alves

A ideia central desta seção é dar voz aos professores para que eles possam apresentar possibilidades de uma prática pedagógica que busca incluir alunos com necessidades educacionais especiais, bem como os limites com os quais se defrontam em seu trabalho cotidiano e que desafiam a efetivação de tal prática.

O diálogo com as informações obtidas por intermédio do questionário estruturado com as 26 educadoras deu-se por meio da apresentação das respostas e da transcrição literal das falas, selecionando-se informações e destacando-se os discursos considerados pertinentes à compreensão sobre o tema investigado em cada categoria.

Por meio das questões propostas às participantes da pesquisa, buscou-se, no que concerne à formação continuada: entender a organização do trabalho desenvolvido nas escolas; a relação da escola com a comunidade escolar; a importância de sua experiência profissional; a reflexão feita sobre sua prática; e a relevância da sua formação inicial e continuada. No que tange à educação inclusiva, procurou-se compreender: a visão do professor com relação à inclusão do aluno com necessidades especiais; as dificuldades e preconceitos encontrados no trabalho com esses alunos; o oferecimento de cursos de formação por parte da Secretaria de Educação; a orientação recebida nos horários de trabalho pedagógico coletivo (HTPC); o apoio dado pelos especialistas em educação especial para o trabalho com os alunos NEE; e a compreensão do educador sobre a formação continuada dos professores diante da perspectiva inclusiva.

Para a análise dos dados dos questionários, foram utilizados os referenciais teóricos de Nóvoa e Mantoan, ressalvando que as ideias de Nóvoa relacionam-se principalmente às interpretações dos docentes em relação à formação continuada e

as de Mantoan remetem à educação inclusiva. Realizou-se também um levantamento bibliográfico que desse suporte à análise, com a contribuição de autores que fizeram estudos sobre o tema aqui abordado, para o maior aprofundamento dos dados da pesquisa.