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7 METODOLOGIA

7.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

O presente estudo visou investigar possíveis manifestações violentas praticadas por alunos, as quais poderiam assumir formas variadas e sutis, desde agressões físicas a simbólicas, no cotidiano de instituições particulares de educação superior de São Luís do Maranhão, a partir de percepções de docentes.

Assim, procurando manter o rigor científico, que é exigido em toda pesquisa, optou-se pela abordagem do tipo quantitativo e qualitativo, de natureza descritivo-analítica e exploratória, a qual consistiu em identificar uma representação singular da realidade, multidimensional e historicamente situada (FERNANDES, 2006). A coleta de dados foi realizada em três IES, cujos dados possibilitaram entender algumas das complexas relações que compuseram o objeto em seu movimento processual e não final (BAUER; GASKELL; ALUMN, 2002). Desta forma, procurou-se enxergar tais fatos e suas relações, evidenciando um caminho de ordenação da realidade investigada, na intenção de compreendê-la em suas múltiplas faces, uma vez que esta foi construída, elaborada e ainda se apresenta em constante mudança.

A pesquisa qualitativa está preocupada em aprofundar a compreensão acerca de um grupo social, de uma organização; não tem como eixo a representação numérica. Afirma também que os pesquisadores da abordagem qualitativa são contrários à ideia que defende um único modelo de pesquisa para todas as ciências. Logo, há uma recusa ao modelo positivista aplicado ao estudo da vida social, já que o pesquisador não pode fazer julgamentos nem permitir que seus preconceitos e crenças contaminem a pesquisa. (GOLDENBERG, 1999)

Para Minayo (1994), a pesquisa qualitativa preocupa-se, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado, trabalha com o universo de significados: motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes. Já a pesquisa qualitativa, na fenomenologia, apresenta cinco características fundamentais, a saber: ambiente natural como fonte direta dos dados, tendo como instrumento-chave o pesquisador; é descritiva; os pesquisadores estão preocupados com o processo e não apenas com os resultados e o produto; a análise dos dados é indutiva e o significado é a maior preocupação em sua abordagem (TRIVIÑOS, 1987).

Na pesquisa qualitativa, de forma geral, é importante salientar que o pesquisador tem ampla liberdade teórico-metodológica para efetivar seu estudo, pois a única exigência é a criação de um trabalho científico, o qual requer condições pré-fixadas (TRIVIÑOS, 1987).

As pesquisas qualitativas podem ser exploratórias, ou seja, estimulam os entrevistados a pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Elas fazem emergir aspectos subjetivos e atingem motivações não explícitas, ou mesmo inconscientes, de maneira espontânea. São usadas quando se buscam percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a interpretação (TRIVIÑOS, 1987).

De acordo com Triviños (1987), o método quantitativo é caracterizado pela quantificação na recolha e no tratamento da informação, utilizando basicamente técnicas estatísticas desde a descritiva mais simples, como média e desvio padrão, até as mais complexas. A pesquisa quantitativa apresenta uma estrutura predeterminada, homogênea em relação à coleta de dados e possibilita inferências mais padronizadas do que a pesquisa qualitativa. Assim, para Goldenberg (1999) a abordagem quantitativa preocupa-se com o rigor matemático em detrimento da compreensão do significado. As pesquisas quantitativas são mais adequadas para apurar opiniões e atitudes explícitas e conscientes dos entrevistados, pois utilizam instrumentos estruturados. Apresentam-se como representação de um determinado universo, fazendo com que seus dados sejam generalizados e projetados para aquele universo. O objetivo é mensurar e permitir o teste de hipóteses, uma vez que os resultados são mais concretos e, consequentemente, menos passíveis de erros de interpretação. Em muitos casos geram índices que podem ser comparados ao longo do tempo, permitindo traçar um histórico da informação (NEVES, 1996).

Portanto, ainda que trabalhe aspectos subjetivos, amplos, com riqueza e profundidade de detalhes, a pesquisa qualitativa pode levar a resultados objetivos, claros e concisos, desde que o pesquisador, ao interpretar os dados, dê o sentido exato daquilo que foi repassado pelos pesquisados, e não a sua visão pessoal sobre o tema investigado. Porém, segundo Neves (1996), o resultado da pesquisa qualitativa pode estar extremamente ligado às experiências do pesquisador, relação direta entre a certeza deste e os seus dados. Afirma, ainda, que a técnica é pouco econômica e exige várias horas do pesquisador; além, é claro, de alta dose de compreensão e interpretação, podendo conduzir a inferências incorretas.

Uma das diferenças essenciais entre as pesquisas é a determinação da população e da amostra, pois a investigação positivista definiu-a a partir do estabelecimento de conclusões com valor geral, processo complexo, difícil, no qual a estatística tornou-se o meio principal. Já a pesquisa qualitativa buscou recursos aleatórios para determinar a amostra, pois não é –

em geral – sua preocupação a quantificação. Ressalta-se que cada aspecto da pesquisa quantitativa era visto de forma separada (formulação do problema, hipóteses, revisão da literatura, variáveis etc.), culminando na „Análise e interpretação dos resultados – Recomendações‟, o que não acontece na qualitativa (TRIVIÑOS, 1987).

Diante do exposto, parece que não há possibilidade de integração entre as pesquisas. Engano! Muitos pesquisadores sustentam o contrário. Minayo (1994) declara que o conjunto de dados quantitativos e qualitativos não se opõem, pelo contrário, complementam-se, pois há interação dinâmica da realidade por eles abrangida.

Vale ressaltar que – para Codato e Nakama (2006) – o importante é ser criativo e flexível para explorar todos os possíveis caminhos e não insistir na ideia positivista de que os dados qualitativos comprometem a objetividade, a neutralidade e o rigor científico. Acrescenta, ainda, que o contato permite ao pesquisador fazer um cruzamento de suas conclusões, de modo a ter maior confiança nos dados: não são produtos de um procedimento específico ou de uma situação particular.

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