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4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA

4.1 CARACTERIZAÇÕES DA EXPERIÊNCIA DO IF SERTÃO-PE EM PLANEJAMENTO

O Instituto Federal do Sertão Pernambucano, criado pela Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, traz em sua concepção com o Decreto 5.773/2006 a obrigatoriedade de elaborar Planos de Desenvolvimentos Institucionais (BRASIL, 2008; 2006). Desde sua criação foram elaborados e implementados dois PDIs (o que abrange o período de 2009 a 2013 e o atual de 2014 até 2018). Para os objetivos desta pesquisa foi analisada tanto a concepção quanto, principalmente, os resultados obtidos com a execução destes dois instrumentos, a fim de verificar as características que marcaram a elaboração, execução e avaliação dos instrumentos. A análise buscou identificar sua importância, aplicação, utilização como instrumentos de planejamento e gestão estratégica, o grau de conhecimento e consulta para realizar as propostas e metas por parte da administração com seus gestores e gerentes, além do entendimento desses atores, sobre esses planos, bem como de planejamento, de modo a reconhecer as contribuições e/ou as limitações para o alcance dos objetivos da gestão estratégica do Instituto.

Ao longo destes anos de existência é possível observar que, apesar da elaboração e execução dos PDIs, o IF SERTÃO-PE não tem conseguido atender várias atribuições e responsabilidades que lhes foram impostas, especialmente aquelas vinculadas à capacidade de monitoramento e avaliação dos programas, projetos e ações desenvolvidas. Essa incapacidade pode explicar em grande parte as dificuldades que os gestores, gerentes, servidores e os órgãos de controle tem tido para aferir os resultados obtidos, tomando como base os objetivos e metas definidos nos referidos instrumentos de planejamento, bem como a identificação de

documentos que registrem as atividades e tarefas realizadas para a elaboração dos relatórios de gestão e prestação de contas.

As experiências do IF na elaboração dos PDIs revelam que a seleção dos gestores e servidores responsáveis pela condução destes planos ocorre com nomeação, por meio de Portaria emitida pela Reitoria, sob a liderança da Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional (PRODI). A análise dos dados coletados para elaboração desta dissertação confirma os pressupostos da pesquisa em relação às dificuldades que o atual PDI tem na questão de execução, principalmente no que se refere às ações de monitoramento e avaliação do que foi executado e/ou em execução. Esta constatação evidencia a ausência de uma cultura organizacional que priorize o planejamento e a gestão estratégica como instrumentos administrativos relevantes para qualificar a administração do Instituto, ainda que desde sua criação o IF SERTÃO-PE cumpra a obrigação legal de elaborar todos os planos institucionais.

Os dados revelados por um estudo interno realizado pela Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional (PRODI) em 2015, que analisou o PDI atual, elaborado para 2014 a 2018, revelam que as experiências de planejamento institucional não têm tido bons resultados tanto no que se refere à capacidade de execução, como, principalmente nas ações que reflitam os objetivos de um planejamento estratégico. Dentre as principais dificuldades encontradas no referido estudo são citadas entre os principais problemas a ausência de monitoramento e avaliação para garantir a execução plena dos objetivos, metas e ações definidas nestes instrumentos.

Continuando a análise para percepção dos servidores, a pesquisa constatou as seguintes dificuldades: desconhecimento das atribuições dos servidores para o exercício pleno das suas atuais funções; falta de qualidade do relacionamento dos gestores com seus subordinados; a inadequação do ambiente de trabalho, tanto no que se refere aos ambientes físicos, como também em relação à disponibilização de equipamentos de informática; ausência de oportunidades de capacitação; ale uma estrutura organizacional defasada, em função do grande crescimento físico do IF, (que conta hoje com sete campi) e também da expansão do número de pessoal. Todos esses fatores são considerados como barreiras para melhoria da qualidade da gestão do Instituto.

Além desses elementos, ressaltam outros problemas graves que afetam negativamente o processo de planejamento da instituição, a exemplo, das questões relacionadas às relações interpessoais ruins e da imagem negativa que o Instituto tem na cidade de Petrolina, fruto da

ausência de identidade da instituição junto a coletividade, dificultando o cumprimento do seu papel social junto à sociedade.

Em síntese, no estudo citado os servidores reforçam a análise já apresentada anteriormente em relação à não participação dos atores sociais nos processos decisórios, o que justifica o fato de alegarem que desconhecem os princípios, diretrizes e normativas que orientam a administração do Instituto. O que os leva a afirmar que, além de não serem convidados a participar do processo de planejamento, discordam dos padrões que tem orientado a gestão do Instituto. Cabe ressaltar, ainda que o universo da pesquisa tenha se limitado a avaliar a percepção dos servidores lotados na Reitoria, pode-se pressupor que a realidade traçada se estende aos demais campi do instituto. Fato que revela a gravidade da ausência de ações de planejamento e gestão estratégica para justificar não elaborar ações voltadas para planejar, organizar e controlar as ações, objetivos e metas institucionais, organizacionais e administrativas, mas, fundamentalmente, medidas que permitam a atual gestão dirigir/conduzir o projeto do IF para o alcance pleno das suas finalidades institucionais e educacionais.

Os dados apresentados na referida pesquisa revelam que a ausência de uma cultura que valorize a capacidade administrativa com ênfase nos aspectos do planejamento estratégico, tem repercussões negativas em relação ao desempenho e comprometimento dos gestores, gerentes e servidores para atender a finalidade social da instituição. O que acaba, segundo depoimentos de alguns entrevistados, manchando a própria identidade do Instituto que tem um compromisso de não apenas consolidar-se como instituição de educação, mas que carrega a responsabilidade de preservar o legado das anteriores instituições educacionais por onde foi trilhado a historia dos IFs (os CEFETs e ETFs) que preservam uma avaliação positiva no imaginário da população.

A análise preliminar dos PDIs reflete, pois, uma fragmentação dos objetivos estratégicos e metas traçadas, dificultando, desse modo, que o Instituto avance em direção ao alcance de suas finalidades educacionais (integrando ações de ensino, pesquisa e extensão). Com base nos pressupostos teóricos e metodológicos da administração política é possível afirmar que a ausência de uma concepção de gestão e correspondentes recursos técnicos que qualifiquem sua execução, sua gerência, impede que todos os esforços que vem sendo empreendidos através dos diversos instrumentos que integram o planejamento institucional não surtam os efeitos desejados. Ao reconhecer as limitações destacadas na referida pesquisa realizada pela PROADI e tomando como base as novas abordagens teóricas em planejamento e gestão estratégica sustentada na teoria da administração política e na administração/gestão

social, buscou-se apresentar subsídios para uma nova proposição de Planejamento e Gestão Estratégica para o IF SERTÃO-PE. O objetivo fundamental dessa proposta é contribuir para complementar o esforço que já vem sendo empreendido pela instituição, através das aprendizagens alcançadas com a elaboração e execução dos diversos planos institucionais que têm sido elaborados, especialmente o PDI.

Utilizamos como base para a elaboração do Planejamento e Gestão Estratégica tanto a Administração Política, como Administração Pública com Conceitos de Administração nas Organizações, Administração Pública Gerencial, Social, Experiências de Planejamento e Gestão Estratégica nas Universidades, entre eles o Planejamento Estratégico Situacional (PES) de Carlos Matus, Analise do Plano de Desenvolvimento Institucional como Instrumento de Planejamento e Gestão Estratégica nas Instituições Públicas de Ensino Federal, rediscutimos como o modelo de Planejamento e Gestão Estratégica que ocorrem nestas Instituições, além de considerar as contribuições possíveis das experiências implantadas em outras organizações públicas com base na metodologia do Balanced Scorecard (BSC), desenvolvida por Kaplan; Norton (1992), entre outras metodologias.

Na análise dos documentos, dentre eles, o PDI, PPI, PPA, LDO, LOA, PDTI, relatório de gestão, relatório da comissão própria de avaliação (CPA), avaliação da CGU e TCU, Termo de Acordo e Metas (TAM) e demais planos institucionais balizaram-se nos fundamentos teóricos para os conceitos e dimensões estudados nas referências bibliográficas que foram embasadas em teses, dissertações, artigos, de preferência dos últimos cinco anos, em livros e citações de clássicos de autores famosos da administração, pesquisando no Google acadêmico e nos site das instituições públicas de ensino federal, congressos e encontros como da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa (ANPAD), da Revista da Administração Pública (RAP), Gestão Universitária na América Latina (GUAL), Revista do Serviço Público (RSP), Encontro Nacional de Engenharia de Produção (ENEGEP), Colóquio Internacional sobre Gestão Universitária na América do Sul (IGLU), Colóquio Internacional de Gestão Universitária (CIGU) com as palavras chaves administração pública, administração política, administração pública gerencial, social, PES, planejamento e gestão estratégica.

4.2 INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO DO IF SERTÃO-PE; PPA, LDO, LOA, PPP,