• Nenhum resultado encontrado

Caraterização da UTM

No documento AA Relatório de Estágio (páginas 44-47)

3. ESTÁGIOS EFETUADOS

3.2. Unidade de Transplante de Medula

3.2.2. Caraterização da UTM

A UTM, constituída por 7 quartos individuais visa proporcionar isolamento protetor a pessoas submetidas a transplante de medula (células advindas de sangue periférico, do cordão umbilical ou da medula). O transplante pode ser autólogo ou alogénico e esta unidade tem por objetivo preparar e acompanhar as pessoas doentes e famílias no decorrer do processo de transplante, desde o período prévio ao transplante, no decurso do mesmo e numa fase posterior de acompanhamento. Inclui uma consulta pré-transplante, bem como Hospital de Dia, laboratório de criobiologia e de colheita de células progenitoras hematopoiéticas.

Esta unidade, de acordo com o seu regulamento interno, recebe pessoas doentes, adultos e crianças, da Zona Sul, Centro e Regiões Autónomas de Portugal com doença hematológica maligna, com tumores sólidos ou outras doenças hematológicas que beneficiem de transplante de medula, como a Anemia de Fanconi, a Anemia Aplástica Severa, Leucemias Agudas e Crónicas, Mieloma Múltiplo, Osteopetrose, entre outras, tendo por missão a prestação de cuidados no domínio da oncologia, promovendo a renovação e a partilha de conhecimentos, buscando a excelência e visando como centro da sua intervenção, a pessoa doente.

A equipa do internamento é constituída por 21 elementos, incluindo a Enfermeira- Chefe, com um período de exercício profissional entre os 5 e os 32 anos de prestação de cuidados. Os elementos aparentam boa dinâmica de grupo, com uma comunicação fluida e permeável, numa atitude dinâmica e empreendedora face a novos conhecimentos.

A integração na equipa foi facilitada por um enfermeiro orientador, sendo possível no entanto, o acompanhamento e contacto com diversos colegas nas interações que estes efetuaram com as pessoas internadas, permitindo a observação destas e posteriormente explorar a temática do humor com cada enfermeiro obtendo a sua opinião acerca desta. A UTM constitui um local privilegiado de interação entre cada profissional e cada pessoa doente, quer pelo elevado racio enfermeiro/pessoa (1/2) que integra esta realidade, quer pelas características físicas da unidade com reestruturação cuidada, com atenção a pormenores como a decoração dos quartos, que ainda que sejam de dimensões reduzidas, apresentam pinturas decorativas nas paredes, sendo a visualização dos quartos possível através da ampla área de trabalho.

Ana Almeida 43 Relatório de Estágio Abril 2013

A utilização do Humor pelos Enfermeiros com a Pessoa com Doença Hemato-Oncológica

A atitude geral aquando da apresentação do projeto mediante a temática da utilização do humor com a pessoa com Doença Hemato-Oncológica (DHO) foi positiva e de aceitação, com manifestações de interesse e de valorização acerca do mesmo, existindo o cuidado em relatar que não existia nada estruturado nesse sentido.

Existiu preocupação aquando do acompanhamento dos enfermeiros junto de cada pessoa, em não interferir de forma substancial na sua interação, evitando imiscuir-me nesta, de forma a poder observar o contexto natural da prestação de cuidados e a ocorrência e utilização do humor nestes.

O contacto com a equipa desta unidade, cujo racio enfermeiro/pessoa privilegia uma intervenção cuidada, pormenorizada e individualizada, permitiu, não só alcançar os objetivos programados para este local, mas também um enriquecimento pessoal e profissional (que é indissociável), advindo da troca de experiências, pela obtenção de opiniões e pela partilha do conhecimento adquirido através da pesquisa efetuada e pelo gratificante retorno de opinião positiva acerca do tema central do projeto.

Foi possível, graças à compreensão dos objetivos definidos, pela chefia do serviço e da enfermeira orientadora, acompanhar as intervenções de diversos enfermeiros na prestação de cuidados, participando de forma parcial nos mesmos, observando a interação que ocorria em relação ao humor estabelecido quanto à sua forma, origem, consequências e benefícios aparentes, o que veio enriquecer a contribuição acerca de múltiplos contactos no cuidar, quanto a esta temática.

Face às características da Unidade de Transplante de Medula, nos quartos de isolamento, não é possível a audição do que se passa nos restantes e impossibilita a observação em simultâneo de vários profissionais, o contacto com diversos enfermeiros revelou-se de primordial importância, ou correr-se-ia o risco de limitar a observação e a interpretação das interações, às características individuais exclusivas de uma pessoa.

O contacto com mais do que um enfermeiro proporcionou um universo amplo de experiências, mas obrigou à apresentação individual com a descrição sumária do projeto, de forma diária.

Agir como um perito implicou uma adaptação às especificidades, características e aspetos práticos dos cuidados aqui desenvolvidos, que se revelou um desafio, mas também uma conquista gratificante na aquisição de competências. A gestão entre a concretização dos objetivos do estágio em prol do projeto e a resposta à solicitação para a prestação de cuidados

Ana Almeida 44 Relatório de Estágio Abril 2013

A utilização do Humor pelos Enfermeiros com a Pessoa com Doença Hemato-Oncológica

de forma individual foi ponderada de forma pontual, tendo em vista o objetivo específico para este estágio – a utilização do humor nos cuidados, mas não olvidando o objetivo geral de alargar conhecimentos e de aquisição de competências para a melhoria de prestação de cuidados à pessoa com doença hemato-oncológica, como transparece a avaliação da orientadora do local de estágio (Anexo C).

No decorrer da observação das interações pessoais que ocorriam, mediante um documento construído de forma a poder estruturar a informação obtida (apêndice III), revelou-se um desafio: a contenção da minha intervenção pessoal diretamente com a pessoa doente e também com o enfermeiro presente, de forma a não enviesar ou condicionar as interações ocorridas entre ambos. Foi necessário um equilíbrio entre a minha presença no local, por vezes amenizada através do uso do humor pelos restantes intervenientes e através do desempenho de cuidados, para que fosse aceite por ambos, mas que não fosse alterar o decurso natural que ocorre no cuidar transpessoal.

Apesar da temática ser pouco usual, a aceitação da equipa foi bastante positiva, manifestando curiosidade acerca da utilização do humor nos cuidados e não incompreensão ou desvalorização, como poderia ocorrer, ou como eu própria poderia recear. A sondagem de opinião realizada junto da maioria dos elementos da equipa foi não só uma fonte preciosa de informação acerca das perspectivas existentes, mas também se revelou uma troca de experiências e de vivências decorrentes do cuidar transpessoal que ocorre, que faz emergir os valores que o sustentam e que revelam o crescimento profissional e pessoal de cada enfermeiro com que se contactou, observado através do diálogo e pelas observações por estes formuladas.

Após a obtenção da opinião, através de uma conversa informal orientada por um guião construído para esse fim (apêndice IV), surgia naturalmente no decorrer do diálogo o aprofundar do tema e a partilha de conhecimentos acerca do humor e de como este ocorre na prática e a sua relevância, sendo algo momentâneo e espontâneo mas sentido como actuante na sensibilização dos profissionais para esta temática, uma vez que estes colocavam questões e o verbalizavam.

Ana Almeida 45 Relatório de Estágio Abril 2013

A utilização do Humor pelos Enfermeiros com a Pessoa com Doença Hemato-Oncológica

No documento AA Relatório de Estágio (páginas 44-47)

Documentos relacionados