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Caraterização do Parque Habitacional do Concelho

4. Dinâmicas Demográficas e Urbanísticas em Loures

4.4. Caraterização do Parque Habitacional do Concelho

Sendo o concelho de Loures muito influenciado pela proximidade geográfica e dependência funcional de Lisboa, na última década assistiu a um aumento considerável do parque habitacional. Ou pela perda de atratividade e de resposta por parte da capital ou pelo poder de atração que o município tem vindo a adquirir ao longo dos anos, em que a melhoria das acessibilidades muito contribuiu este aumento traduz-se num total de 96 272 alojamentos em 2013, o que significa mais 13% em relação a 2001(PDM-CML, 2015: 102). O destaque da cidade de Loures no aumento verificado em termos de alojamento traduz-se na “(…) concretização do objetivo estratégico - o reforço da centralidade da cidade de Loures.” (PDM-CML, 2015: 102).

A expressão dos alojamentos familiares clássicos no concelho monopoliza a quase totalidade do universo, já que conta com uma percentagem de 99,7%. Os alojamentos não clássicos com caraterísticas de precariedade onde se incluem barracas, casas rudimentares de madeira ou alojamentos improvisados são residuais (0,2%), segundo dados dos Censos de 2011/CAOP 2013. Ainda segundo estes dados, os alojamentos destinados a albergar um grupo de pessoas ou mais do que uma família, os chamados Alojamentos coletivos apresentam um valor residual de 0,1%, e localizam sobretudo na freguesia de Loures. O município tem trabalhado no sentido da erradicação total das situações mais graves de precariedade das habitações, muito presente nas últimas décadas do século passado com a proliferação de bairros abarracados nos concelhos limítrofes a Lisboa. O que recentemente significou a erradicação do bairro de barracas no núcleo da Quinta da Serra no Prior Velho, onde viviam cerca de 600 famílias. Porém, constata-se ainda a existência deste tipo de alojamentos em algumas freguesias, sobretudo em Camarate (Bairro da Torre), na linha do Talude Militar (freguesias de Unhos, Frielas, Camarate).

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Acerca do tipo de utilização dos alojamentos existentes no concelho, o gráfico seguinte mostra-nos que a maioria dos alojamentos é utilizado como residência habitual. Com uma percentagem de 80,4%, este número transmite a já referenciada função primordial do concelho como residência de trabalhadores na cidade centro, Lisboa. Quanto à percentagem de 8% de alojamentos utilizados como residência secundária, que pode considerar-se de alguma expressividade e localiza-se preferencialmente nas freguesias de Santo Antão do Tojal, Bucelas e Frielas. Facto que é justificado pela área Norte do concelho, que de génese rural ser adequada ao contacto com a natureza e aprazível ao descanso constitui uma opção de 2.ª residência para as famílias citadinas passarem o fim-de-semana.

Figura 8- Forma de Ocupação dos Alojamentos no Município Fonte: CML -

INE/CAOP (2013)

Os alojamentos vagos (11,6%), traduz-se num total de 11 115 casos onde se incluem alojamentos vocacionados para venda (3 163), arrendamento (2 132), demolição (242), assim como os alojamentos com ocupante ausente ou outra situação (5 579). Quanto à expressividade nas freguesias é na freguesia de Loures onde a existência de alojamentos vagos é maior com o valor de 18,2%, enquanto a freguesia com menos alojamentos desocupados é Fanhões. No que diz respeito ao regime de propriedade dos alojamentos é bastante expressiva a proporção de alojamentos de residência habitual ocupados pelo proprietário, 62,8%, valor bastante superior em relação à proporção de alojamentos ocupados por arrendatário que corresponde a 30% dos casos. (Censos de 2011/CAOP 2013)

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 Diagnóstico das Carências Habitacionais do Concelho

Apesar da grande concentração urbanística que Loures apresenta, nem sempre as necessidades habitacionais oferecem as condições necessárias à população nas suas diferentes faixas socioeconómicas. O que leva a uma grande desigualdade no acesso ao mercado de alojamento e consequentemente á segregação socio-espacial na distribuição da população no território. Nesse sentido, de modo a aferir os défices habitacionais existentes no concelho foram abordados vários fatores, como os “alojamentos não clássicos, famílias a residir em ocupações partilhadas, alojamentos sobrelotados e ainda alojamentos degradados que necessitam de reparação.” (PDM-CML,2015: 106).

Assim, nos Censos de 2011 refere-se que existem 202 alojamentos não clássicos, estando compreendidos nesta categoria as situações de barracas, casas rudimentares de madeira, construções improvisadas ou instalações móveis que albergam 541 famílias. Um número elevado que necessita de resposta, apontando a necessidade de construção de 610 alojamentos, onde se inclui famílias por realojar e pedidos de habitação. As famílias que residem em regime de ocupação partilhada e que o diagnóstico do PDM 2015 assume num total de 317 famílias nesta condição, muitas vezes prende-se com jovens casais sem condições para terem casa própria e optam por viver em casa dos pais. Quanto a alojamentos sobrelotados, contam-se 860 a necessitarem de intervenção urgente já que em relação aos moradores estão em falta três ou mais divisões. (PDM-CML, 2015)

Estes fatores de insuficiências nos alojamentos em muito são influenciados pelas muitas décadas de construção que já contam os edifícios, já que a maioria dos edifícios do Município foram construídos essencialmente entre 1945 e 1991, numa expressão de 22 228, enquanto entre 1991 e 2011 apenas foram construídos 6 084 edifícios. (Censos de 2011/CAOP 2013). Ora, estes números justificam bem que o parque habitacional do concelho conte com 988 alojamentos que precisam de grandes reparações e 627 alojamentos encontram-se muito degradados, o que totaliza 1 615 edifícios. Em termos de distribuição por freguesias: “A proporção de edifícios com necessidade de reparação, em 2011, era bastante expressiva em algumas Freguesias como o Prior Velho (60,97%); Frielas (50,76%). Enquanto a proporção de edifícios muito degradados revela valores mais visíveis na Portela (24,80%) e no Prior Velho (9,71%).” (PDM-CML, 2015: 108).

As AUGI constituem outro problema muito presente no contexto de carências habitacionais, pois encontram-se em situação de impossibilidade de reconversão

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urbanística “(…) por estarem em solo não urbanizável ou em solo urbano ou urbanizável mas cujo uso dominante não é o habitacional; por apresentarem parâmetros urbanísticos com valores superiores aos limites máximos de PDM; por se inserirem em solos com determinadas morfologias geotécnicas, áreas de reserva e/ou servidões; pela localização imprópria ao nível do ordenamento do território.” (PDM-CML, 2015: 108). Esta situação soma 1 235 alojamentos, maioritariamente localizados nas freguesias de Camarate, Unhos e Frielas. No que diz respeito às AUGI suscetíveis de reconversão que se situam nos bairros de Fetais, Boavista, S. Pedro e Fonte da Pipa da freguesia de Camarate por se inserirem na categoria de solo urbanizado e espaço residencial a reestruturar e legalizar serão alvo de ações de requalificação urbana de modo a adquirirem as infraestruturas necessárias ao funcionamento e adequação ao meio urbano em que se inserem. Esta situação contabiliza 423 alojamentos e está subjacente à necessidade de demolição de algumas habitações.

Por fim, através dos critérios enunciados inicialmente, conclui-se que existe um “(…) défice de 5 387 alojamentos e as Freguesias com maiores carências habitacionais são Camarate e Unhos que se justifica pelo facto de serem Freguesias com maior número de áreas urbanas de génese ilegal e de alojamentos abarracados.”(PDM-CML, 2015: 109, 110) Assim percebe-se que as situações que precisam de solução mais imediata estão associadas aos alojamentos não clássicos e às AUGI, situações que ainda constituem marcos negativos no território do concelho.

 Previsão da Necessidade de Alojamentos

As dinâmicas populacionais estão intrinsecamente ligadas com a necessidade de construção de novos alojamentos, nesse sentido o município de Loures até 2026 segundo nos diz o PDM 2015 terá a capacidade de construção de 2 481 alojamentos nas suas áreas urbanizáveis, na categoria de espaços residenciais. Sendo esta a capacidade para nova habitação, também é de referir que o parque habitacional concelhio pretende garantir a adequação das áreas suscetíveis de urbanização com as necessidades reais que as populações aspiram. O diagnóstico feito pelo município mostra-nos que a carência habitacional do concelho conta com 5 280 fogos, o que significa que este número de carência supera em muito a capacidade de construção dos territórios do concelho. A obsolescência do parque habitacional traduz a génese bastante antiga de muitas das construções identificadas, necessitando assim de obras profundas de requalificação ou

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mesmo demolição para nova construção, situação que conta com 854 casos urgentes. Todas as situações de diagnóstico às necessidades a longo prazo, até 2026 totalizam 9 865 fogos. No caso de Loures as situações mais urgentes de resolução, estão na erradicação dos alojamentos não clássicos como bairros de barracas ou as AUGI, tipologias habitacionais que impedem o desenvolvimento harmonioso e sustentável das estruturas dos perímetros urbanos do município.

Em 2014 na estimativa feita entre ofertas e necessidades habitacionais é importante referir que o total de oferta se situava em 16 960 fogos enquanto o total de necessidades estava nos 9 865, o que distância estes dois indicadores em 7 095 fogos. Uma diferença que significa que a oferta supera em quase o dobro as necessidades, porém estes números “(…) não tem em consideração a distribuição espacial das famílias carenciadas e do alojamento disponível, nem a adequação deste último às necessidades das mesmas.”(PDM-CML, 2015: 125). O que limita a abrangência total das necessidades da população. Também deve ser tida em conta para a interpretação dos dados a estrutura familiar que se tem vindo a modificar, ou seja, tem vindo a diminuir, o que influencia bastante as caraterísticas das habitações que a população procura. Assim deve haver na estratégia para colmatação habitacional a preocupação em adequar as caraterísticas das habitações às novas dinâmicas populacionais como a estrutura familiar, as classes etárias ou as novas formas de vida da população.

No caso de Loures a oferta habitacional não contabiliza soluções urbanísticas que têm em elaboração para certos casos mas que devem ser destacadas, como é caso dos Planos do Prior Velho, do Quartel de Sacavém e da Quinta do Correio-Mor. Que traduzem a concretização de 18 615 fogos e passariam a constituir oferta habitacional efetiva no município e ao mesmo tempo significaria a reconversão e valorização de espaços degradados e ao abandono, dando alguma dignificação aos territórios em questão.

Premissas que a estratégia que o município pretende desenvolver neste contexto da habitação deve destacar, como reitera o PDM (2015: 125) “Se por um lado, a intervenção terá de passar pela regeneração de áreas críticas e degradadas, por outro, dever-se-á apostar em novas áreas de excelência que promovam a centralidade das cidades municipais e, ainda, em áreas âncora que induzam as grandes estruturações do território.”

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