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Histórico da Reabilitação Urbana no Município

5. O Planeamento e a Reabilitação Urbana em Loures

5.2. Histórico da Reabilitação Urbana no Município

Desde 2009 o município tem vindo a reconhecer os graves problemas que as áreas urbanas do seu território têm vindo a apresentar. Muito por causa da grande presença de atividades industriais, carentes de mão-de-obra, o que muitas vezes faz com que os seus trabalhadores se instalem em habitações precárias e em condições de extrema insalubridade, condição que se vai propagando pelo território municipal. Mas também é notória a grande procura de habitação por parte de populações que trabalhando fora do concelho, procuram Loures pela proximidade geográfica, como são caso os trabalhadores de Lisboa. Assim, a RU tornou-se uma possibilidade á reconversão dos territórios mais debilitados urbanisticamente, mas também um veículo para corrigir problemas económicos e sociais que esses tecidos urbanos apresentam desde a sua génese. O primeiro passo dado pela CML passou por promover a declaração da área crítica de recuperação e reconversão urbanística (ACRRU) de Moscavide, Portela, Prior Velho e Sacavém, através do DL n.º 2/2009.

Ação que adveio da insuficiência urbanística verificada nestas áreas e para as quais se tornou necessário promover ações que invertessem a degradação e declínio identificados. Porém, com o surgimento do regime jurídico da reabilitação urbana (RJRU), no DL n.º 307/2009, a autarquia decide converter as ACRRU em ARU – ARU de Moscavide e a ARU de Sacavém. As quais viram associadas “(…) operação de reabilitação urbana (ORU) simples, consistindo numa intervenção integrada de reabilitação urbana dirigindo-se primacialmente à reabilitação do edificado, num quadro articulado de coordenação e apoio à respetiva execução. Estas ARU têm por objetivo geral a reabilitação dos edifícios da área de intervenção, mediante incentivos e apoios aos seus proprietários e titulares de outros direitos, ónus e encargos sobre quem impende o dever reabilitação, numa intervenção integrada e coerente que atenda aos problemas

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físicos, funcionais, económicos, sociais, culturais e ambientais existentes.” (PDM-CML, 2015: 358). Pretendendo-se que estas fossem as duas áreas pioneiras de uma estratégia a longo prazo em que o município se apoiaria, de forma a intervir na edificação degradada melhorando as suas condições de utilização e valorizando o património cultural existente.

No ano de 2013 é desenvolvida uma estratégia alargada de RU a vários perímetros urbanos degradados e com valor patrimonial no concelho, o que levou á delimitação e consequente aprovação de 21 ARU e suas ORU simples. A seleção das áreas a delimitar seguiram as seguintes caraterísticas:

a) Núcleos Antigos: “(…) áreas urbanas com valor patrimonial, que em regra coincidem com o pólo de origem dos aglomerados, correspondem aos tecidos mais antigos representativos da estrutura urbana, da morfologia e dos elementos arquitetónicos iniciais.” (PDM-CML, 2015: 359). As intervenções de reabilitação que se pretendem desenvolver devem promover a preservação da sua identidade e a forma como estas áreas antigas têm influência nas áreas adjacentes. Mesmo as intervenções no edificado devem ter em conta o contexto local em que se inserem, de modo a enaltecer a relação de complementaridade entre o antigo e o reabilitado, como refere o seguinte excerto: “As intervenções em edifícios dissonantes devem visar a sua requalificação estética e reintegração na envolvente, mediante as alterações necessárias à sua contextualização ou mesmo à substituição integral.” (PDM-CML, 2015: 359). Decorrente destas premissas foram delimitadas 14 áreas do grupo dos núcleos antigos para integrar as ARU:

1) Bucelas 2) Freixial 3) Lousa 4) Cabeço de Montachique 5) Fanhões 6) Pinheiro de

Loures

7) Pintéus 8) Santo Antão do Tojal 9) Frielas 10) Unhos 11) Loures – Centro 12) Zambujal

13) Loures – Igreja Matriz

14) Santa Iria da Azóia

Quadro 18- Áreas em Núcleos Antigos a Integrar as ARU Fonte: PDM-CML, 2015

b) Outras Áreas Urbanas: áreas que se encontram em avançado estado de degradação e áreas de concentração de elementos de valor patrimonial, em pólos de origem dos aglomerados “Elementos (…) que mantêm a coerência da composição, constituindo-se como referência patrimonial no conjunto em que se inserem, mesmo

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quando integrados em contextos urbanos descaracterizados.” (PDM-CML, 2015: 359). Elementos que potenciam o desenvolvimento socio urbanístico destes pólos de origem dos aglomerados. São eles:

15) Apelação 16) Bobadela 17) Camarate 18) Prior Velho

19) São João da Talha – Área Central

20) São João da Talha – Bairro Operário 21) São João da Talha – Vale de Figueira

Quadro 19- Outras Áreas Urbanas a Integrar as ARU Fonte: PDM-CML, 2015

Estas 21 ARU juntam se assim às de Moscavide e Sacavém, cobrindo a totalidade das freguesias do concelho, com exceção da Portela e Santo António dos Cavaleiros, que constituem áreas de edificação mais recente. Porém esta abordagem às 23 ARU não teve os resultados que se esperavam, uma vez que apenas foram reabilitados 2 edifícios multifamiliares em Sacavém e Moscavide, num total de 25 fogos habitacionais. O que por parte da autarquia se justifica pela falta de eficiência na concretização da estratégia, ainda em vigor pois ainda não foi revogada, e pela falta de divulgação junto da população e nos espaços que mais necessitariam deste tipo de intervenção. Visão defendida pelo coordenador da nova estratégia de RU, o Arquiteto FP (2016) “A estratégia está sempre ligada a uma operacionalização e quando foi defendida esta estratégia não foi previsto, nem pensado haver uma divulgação… nem definir boas práticas, modelos de intervenção… para que não hajam equívocos na aplicação prática (…)” Equívocos estes que as populações têm e não conseguem esclarecer se não lhes forem transmitidos. E que por vezes, mesmo o próprio município não consegue estabilizar “(…) nunca foram transmitidos nem estabilizados critérios de intervenção, que eu acho que previamente na estratégia deviam estar estabilizados!” (FP, 2016). Problema que a nova estratégia pretende corrigir, assim como “Outra coisa que falhou foi a divulgação, porque apesar de ter sido feito algum lançamento na comunicação social é uma coisa que devia ter uma divulgação mais na proximidade! Nas freguesias, fazer encontros nas associações… e no fundo chamar as pessoas, que deve ser o papel do município, chamar as pessoas para todos em conjunto enveredarem uma operação de Reabilitação Urbana.” (FP, 2016). Assim, pretende-se que a nova estratégia seja redirecionada com maior proximidade à

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população, alargada a todas as UOPG do território de Loures e com novos critérios de delimitação das ARU.