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Caraterização Socioeconómica e Psicopedagógica

Caraterização do grupo de crianças

A PES I foi realizada com o grupo de crianças dos 3 e 4 anos de idade, sob a orientação da educadora Celeste Mendonça.

Antes de realizar a caraterização do grupo de crianças, gostaria de salientar que é necessário conhecer o grupo de crianças com que se vai trabalhar, para que se possa adaptar as situações ao grupo e às especificidades de cada criança, planificando situações agradáveis a todos, capazes de desenvolver as competências pretendidas pelo educador, contribuindo para a igualdade de oportunidades no acesso à escola e para o sucesso das aprendizagens, tal como referem as OCEPE, 2016, p. 26:

A organização do grupo, do espaço e do tempo constituem dimensões interligadas da organização do ambiente educativo da sala. Esta organização constituiu o suporte do desenvolvimento curricular, pois as formas de interação no grupo, os materiais disponíveis e a sua organização, a distribuição e utilização do tempo são determinantes para o que as crianças podem escolher, fazer e aprender. Importa, assim, que o/a educador/a (…) planeie essa organização e avalie o modo como contribui para a educação das crianças, introduzindo os ajustamentos e correções necessários.

Assim sendo, cabe ao educador planear situações de aprendizagem que sejam suficientemente desafiadoras, de modo a interessar e a estimular cada criança, apoiando-as para que cheguem a níveis de realização, capazes de se tornarem ativas e autónomas.

As informações referentes ao grupo foram recolhidas através de conversas com a educadora e restante pessoal pedagógico e pela observação, durante as catorze semanas.

O grupo de trabalho era constituído por 18 crianças, dos 3 e 4 anos de idade, composto por 11 meninos e 7 meninas (gráfico 1).

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Gráfico 1 – Distribuição das crianças do Pré-Escolar por sexo

No que respeita às idades, até dezembro de 2014, seis crianças tinham três anos de idade e doze, quatro anos de idade, como ilustra o seguinte gráfico (gráfico 2).

Gráfico 2 – Idade das crianças do Pré-Escolar

Das crianças de quatro anos, três frequentam o Jardim de Infância da Sé pela primeira vez, sendo que duas frequentaram anteriormente o Jardim de Infância da Casa da Criança e uma das crianças nunca frequentou nenhuma Creche ou Jardim de Infância. Do grupo de crianças dos três anos de idades apenas uma não frequentou Creche. Todas as crianças entraram para o Jardim de Infância com três anos, exceto uma menina com 4 anos, pois só ingressou no início do ano de 2015.

No que diz respeito ao agregado familiar, existem quatro crianças com dois ou mais irmãos; sete crianças têm um irmão e as restantes sete crianças sãos filhos únicos. É o que está representado no gráfico 3, que se segue.

7 11

Sexo do grupo de crianças

Feminino Masculino Total: 18 crianças

0 2 4 6 8 10 12 14

4 anos 3 anos

Idade das crianças

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Gráfico 3 – Irmãos do grupo de crianças do Pré-Escolar

No que diz respeito à família das crianças, ambos os progenitores exercem alguma atividade profissional. Por motivos profissionais três pais não estão presentes durante a semana, sendo que um trabalha em Aveiro, outro em Lisboa e outro é camionista de longo curso.

Todas as crianças residem na cidade da Guarda, à exceção de uma que habita em Trancoso, no entanto, a atividade profissional dos pais se localiza na Guarda faz com que frequente este Jardim de Infância, tendo residência também na cidade (casa dos avós).

É de salientar que existe um investimento das famílias na educação das crianças e no seu bem-estar, pois procuram incluir as crianças em atividades extra – curriculares, que o Jardim de Infância promove, tais como natação e passeios/viagens de estudo, que envolvem um pagamento adicional.

No que diz respeito à caraterização sociológica da família das crianças, é de salientar que quanto à atividade profissional dos pais, na sua maioria, trabalham por conta de outrem e em variadas atividades profissionais, tais como professores, empregados de café, gerentes bancários, agricultores e funcionários da Câmara Municipal da Guarda.

Relativamente à idade dos pais constata-se que estas variam entre os vinte e cinco e os quarenta e um anos de idade.

Comportamento das crianças na sala de atividades

O grupo de crianças dos 3 e 4 anos carateriza-se por ter um comportamento homogéneo, tendo alguns casos excecionais, mas dentro da normalidade de ser criança.

Dentro do grupo existe uma criança, que por ser uma das mais novas e ainda não ter a noção de regras e normas, destabiliza o grupo, perturbando algumas vezes o bom funcionamento das atividades. 0 2 4 6 8

Filho único 1 irmão / irmã 2 ou mais irmãos

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É de salientar que ao longo do tempo verificou-se uma evolução geral do comportamento de todas as crianças, em relação ao início, incluindo a criança anteriormente referida, embora num ritmo diferente. Esta evolução verificou-se, principalmente, na execução de tarefas, como por exemplo, no cantinho da conversa as crianças permaneciam mais calmas, evitando fazer barulho e nas diferentes áreas obedeciam ao limite do número de crianças em cada espaço e na interiorização de valores (respeito, obediência, amizade, entre outros).

Em geral, o grupo apresenta interesse e empenho nas atividades propostas, participando ativamente nas tarefas a serem cumpridas, é um grupo sociável e respeitador, mostrando prazer e interesse em comunicar e participar. Apesar de algumas das crianças serem de 3 anos, verificou- se através do diálogo constante que possuem um grau de desenvolvimento comunicativo elevado.

Foi notório que algumas das crianças têm dificuldade em permanecer quietas no comboio e de esperar pela sua vez, o que leva, muitas vezes à intervenção do educador.

Desenvolvimento das crianças

Foi possível verificar que para as idades deste grupo, as crianças apresentam um desenvolvimento normal e equilibrado. O facto deste ano o grupo de crianças ter aumentado, em relação ao ano letivo anterior, não alterou a boa convivência que se fazia sentir, não houve qualquer tipo de constrangimento na relação entre todas as crianças.

É essencial caraterizar o nível de desenvolvimento das crianças, uma vez que cada grupo de crianças apresenta um determinado conjunto de caraterísticas, segundo a fase em que se encontram.

As crianças de três e quatro anos encontram-se, segundo Piaget (s/d) cit. em Tavares (2007), no Estádio Pré-Operatório ou de Pensamento Intuitivo, em que a criança possui um pensamento mágico, imaginativo e metafórico, expressando-se através das brincadeiras do faz de conta. Nesta fase é também notório o egocentrismo inteletual, isto é, de que o mundo foi criado para si, acompanhado pela incapacidade de compreender as relações entre as coisas. O pensamento intuitivo permite a resolução de alguns problemas e da realização de algumas aprendizagens.

Vigostky (s/d) cit. em Tavares (2007) salienta que nesta fase o desenvolvimento da linguagem se dá de forma lenta, tornando-se um fator primordial na cognição da criança. Apresenta também uma evolução na compreensão das formas gramaticais mais básicas.

Freud (1938) cit. em Tavares (2007) preconiza que é nesta fase que as crianças vivenciam o chamado complexo de Édipo, manifestada pela forte atração dos meninos pela mãe, acontecendo o mesmo com as meninas em relação ao pai.

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Tavares (2007) menciona que as crianças crescem e desenvolvem-se num contexto familiar e social específico. O controlo exercido pelos pais e restantes agentes educativos afetam o desenvolvimento psicossocial das crianças.

As atividades que foram promovidas em conjunto com a educadora, para facilitar esse desenvolvimento, basearam-se numa “pesquisa” realizada sobre as “5 competências que deve desenvolver com o seu filho de 4 anos”:

 Motricidade fina - É a capacidade de executar movimentos precisos das mãos e dedos com controlo e destreza. É uma das competências chave a ser desenvolvida desde tenra idade, pois o seu desenvolvimento possibilita bons resultados no desenvolvimento da aquisição da escrita. O cérebro da criança pode perceber o conceito de escrita, mas se a motricidade fina não estiver suficientemente desenvolvida terá muita dificuldade em desenhar as letras;

 Escuta ativa - Uma das mais difíceis apetências que as crianças precisam de aprender é como escutar ativamente, ou seja, saber estar a ouvir. Devido ao avanço da tecnologia, hoje em dia as crianças são muito impacientes, pois estão habituadas a ter respostas de acesso fácil e rápido às questões que lhes aparecem e/ou colocam. Por isso, quando estão sentadas numa sala a “ter de” ouvir um professor a falar, não é fácil para elas. Há uma grande probabilidade de que se desconcentrem antes de ouvir o fim à primeira frase e entrem no mundo da lua.

 Criatividade - Ser criativo não é só ser artista e fazer obras de arte. A criatividade tem a ver com a capacidade de conseguir interligar, saber relacionar conceitos e gerar ideias novas e exprimir-se de uma fora original. É essencialmente, dar asas à imaginação e conseguir pensar fora da caixa. Estimular a criatividade nas crianças, é dar-lhes uma ferramenta valiosa para a vida;

 Concentração - O excesso de estímulos a que as crianças estão sujeitas diariamente resultam numa fraca concentração para tudo o que requer mais de cinco minutos de atenção para realizar uma tarefa. No entanto, desenvolver esta competência com peso e medida é não só uma mais-valia a nível escolar, como a nível pessoal. Uma criança concentrada é mais calma, mais bem estruturada e capaz de aprender de forma fluída e sem grande esforço;

 Organização - As crianças gostam de saber o que vai acontecer a seguir. A organização e as rotinas são um elemento fulcral para o bem-estar de uma criança. A organização do seu espaço ajuda-a a criar hábitos, para que não se sinta destabilizada e assoberbada quando entrar para a escola.

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Considerações em relação ao grupo de crianças

Em relação ao grupo observado, foi visível que ao longo do tempo de observação as crianças evoluíram a vários níveis, salientando o cumprimento das regras e o respeito pelo outro. O grupo, por ser acessível e afável permitiu que houvesse um à vontade na minha aproximação a cada criança. Senti que estas deixaram que interviesse na sua educação e nas situações do seu dia a dia, como se fosse a educadora, o que para mim é muito positivo e gratificante.

Não só as crianças se mostraram compreensíveis, mas também senti a aproximação e carinho de alguns pais que elogiaram e agradeceram o empenho em relação aos seus filhos, servindo como motivação e incentivo em continuar a realizar um bom trabalho, não só no presente, mas também como futura educadora.

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2.2. Escola Básica do Bonfim

Caraterização do grupo de alunos

O estágio curricular foi realizado com o grupo de alunos da turma D14 – 4º ano sob a orientação da docente Isabel Leitão.

Neste nível de ensino é necessário que o professor planeie situações de aprendizagem que sejam suficientemente desafiadoras, de modo a interessar e a estimular os seus alunos, e apoiando- as para que cheguem a níveis de realização, capazes de se tornarem ativas e autónomas, adaptando as situações ao grupo e às especificidades de cada aluno, planificando situações agradáveis a todos, capazes de desenvolver as competências pretendidas pelo professor, tal como refere Januário, 1996, p.9:

O planeamento é (…) um processo através do qual os professores aplicam e põem em prática os programas escolares, cumprindo sempre a importante função de os desenvolver e adaptar às condições do cenário de ensino – características da população escolar e do meio envolvente, do estabelecimento de ensino, e dos alunos das diferentes turmas (…). As informações referentes ao grupo foram recolhidas através de conversas com a professora e através do diálogo com os próprios alunos.

O grupo de trabalho era constituído por 21 alunos, 10 meninos e 11 meninas, com idades compreendidas entre os 9 e os 12 anos de idade.

Os seguintes gráficos representam aspetos relativos à caraterização do grupo observado.

Gráfico 4 – Sexo dos alunos do 4º ano

Sexo dos alunos

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Tal como se pode verificar pelo gráfico 4, na turma em questão os alunos do sexo feminino estão em maioria em relação aos alunos do sexo masculino, sendo que se registam dez alunos do sexo masculino e onze alunos do sexo feminino.

Gráfico 5 – Idades do grupo de alunos do 4º ano

Tendo em consideração as idades dos alunos que compõem esta turma, podemos concluir que a grande maioria tem 9 anos, existindo apenas quatro alunos com 10 anos e um aluno com 11 anos.

Gráfico 6 – Número de irmãos dos alunos do 4º ano

Os alunos que compõem a turma do 4º ano da escola do Bonfim, na sua maioria têm irmãos, sendo a categoria de “um irmão” aquela que domina as estatísticas relativas a este aspeto. Contudo, importa salientar que cerca de 1/3 dos alunos é filho único.

0 2 4 6 8 10 12

Filho único Um irmão Dois irmãos Três ou mais

irmãos

Número de irmãos

9 anos; 11 10 anos; 4

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Gráfico 7 – Grau de escolaridade dos pais dos alunos do 4º ano

No que concerne à caraterização socioeconómica desta turma podemos referir que dos quarenta e dois pais dos alunos, a maioria não tem curso superior, porém é pertinente salientar que existe um grupo de pais “licenciados” que apresenta um número relativamente significativo (catorze pais). Também da mesma importância deve referir-se que existe um pai com grau de doutoramento e dois pais mestres.

Aproveitamento dos alunos

Tal como pode verificar-se pela tabela acima (Tabela 1), de uma forma geral o aproveitamento da turma é bom.

Matemática

Português

Estudo do Meio

Expressões

Insuficiente

4 Alunos

1 Aluno

1 Aluno

0 Alunos

Suficiente

6 Alunos

10 Alunos

5 Alunos

2 Alunos

Bom

5 Alunos

8 Alunos

10 Alunos

19 Alunos

Muito Bom

6 Alunos

2 Alunos

5 Alunos

0 Alunos

Tabela 1 – Tabela de aproveitamento dos alunos

13 6 1 1 12 8 1 0 0 2 4 6 8 10 12 14

Não licenciado Licenciado Mestre Doutor

Grau de escolaridade dos pais dos alunos

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Contudo, em termos específicos e considerando a avaliação de cada área disciplinar existem algumas distinções.

Relativamente à disciplina de Matemática, destacam-se seis alunos com nível de “muito bom” e cinco com o de “bom”, a maioria, contudo, situa-se no “suficiente” (seis alunos). No entanto, a área da Matemática é onde se situa o maior índice de “não aproveitamento”, com quatro alunos.

Quanto ao Português, esta é uma disciplina que regista o maior número de alunos nos níveis “suficiente” (10 alunos) e “bom” (8 alunos), havendo um registo de “insuficiente” e dois alunos “muito bons”.

A disciplina de Estudo do Meio é sustentada por um aproveitamento geral de “bom” (10 alunos) e “muito bom” (5 alunos), sendo os restantes alunos caraterizados como “suficientes” (5 alunos). Mesmo assim, há a registar um aluno com aproveitamento “insuficiente”.

Por último, e no que se refere à área das Expressões, à exceção de dois alunos que se caracterizam com aproveitamento “suficiente”,

todos os outros se situam no nível “bom” (19

alunos).

Comportamento dos alunos na sala de aula

De uma forma geral, o comportamento dos alunos desta turma é bom, para não dizer mesmo muito bom. É importante ter em mente que apesar de se tratar de uma turma de 4º ano, os alunos não deixam de ser crianças e muitas vezes têm necessidade de se exteriorizar e expressar- se. Não podemos, de forma alguma, considerar estas atitudes como mau comportamento. É notório e do conhecimento geral que os nossos alunos cada vez passam mais tempo dentro das salas de aula e o tempo para “brincar” fica muitas vezes esquecido.

Ainda assim, é importante salientar que na turma com a qual trabalhei, existem dois casos de hiperatividade que se encontram controladas sob o efeito de medicamento “Rubifen” que ajuda no domínio do comportamento destes alunos.

Ensino Especial

Por consequência de um dos elementos desta turma apresentar traços de ensino especial, importa referir-me sobre este aluno.

Trata-se de um aluno que apresenta idade superior à do grupo (11 anos), tendo sido retido três vezes no ciclo.

O aluno não apresenta mau comportamento, contudo por vezes mostra-se um pouco barulhento, mas quando repreendido, adota uma postura mais adequada. Este é um aluno que vem

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transferido de outra escola com um historial de “mau comportamento”, que tem vindo a melhorar substancialmente.

Por outro lado, e referindo o seu nível de aproveitamento, pode-se salientar que este é um aluno com elevado nível de dificuldade de aprendizagem e concentração, sendo, consequentemente, o seu nível de aproveitamento “insuficiente” em todas as áreas e registando apenas um nível “suficiente” à área das expressões.

Considerações acerca da turma

Relativamente ao grupo de alunos com o qual trabalhei, e de uma forma conclusiva, posso afirmar que em muito este contribuiu para o meu sucesso. Por outras palavras, gostaria de referir que o grupo de alunos que me foi destinado para trabalhar ajudou significativamente para que o desenvolvimento da minha PES II fosse concluído com sucesso e fossem, também, atingidos os objetivos aos quais me propus.

Repare-se que quando se trabalha perante uma turma respeitadora, ordeira e silenciosa todo o trabalho por parte do docente é facilitado, em comparação a o desenvolvido com uma turma, permita-se-nos dizer, “menos ortodoxa”, em que os alunos não cumprem regras, não ouvem o professor e não realizam as tarefas. Por isso, posso defender a ideia de que o meu sucesso e aprendizagem desenvolveu uma relação de inteira dependência relativamente à turma com a qual trabalhei.

Ainda sobre este assunto gostaria de salientar que muitas vezes eram os alunos quem me incentivavam a ir mais além, ensinar mais do que aquilo a que me propunha e a explorar de forma mais profícua os conteúdos letivos. O facto de os alunos adotarem uma postura de permanente interesse, contribuiu em muito para eu testar/desafiar os meus limites, enquanto aluna-estagiária. E por isso, não posso ser desumilde ao ponto de não gratificar e congratular o grandioso contributo desta turma para o desenvolvimento correto do meu trabalho. Termino, salientando que aprendi a ensinar, aprendendo.

Capítulo II

Descrição do Processo da Prática de Ensino Supervisionada

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