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6. A REDE DE COOPERAÇÃO PARA DESENVOLVIMENTO EM ECONOMIA

6.3. Os atores da rede de cooperação

6.3.6. Casa Fora do Eixo São Carlos

A Casa Fora do Eixo São Carlos é um dos coletivos, junto com o Aparelho Coletivo, provenientes do Massa Coletiva – Núcleo Cooperativo de Comunicação e Cultura. O Massa Coletiva surgiu no município em 2008 a partir do Circuito Fora do Eixo, que é “uma rede colaborativa de coletivos de cultura distribuídos pelo Brasil e pautados em conceitos de Economia Solidária” (FDE, 2012). A rede Fora do Eixo foi

(...) concebida por produtores culturais das regiões centro-oeste, norte e sul no final de 2005. Começou com uma parceria entre produtores das cidades de Cuiabá (MT), Rio Branco (AC), Uberlândia (MG) e Londrina (PR), que queriam estimular a circulação de bandas, o intercâmbio de tecnologia de produção e o escoamento de produtos nesta rota desde então batizada de "Circuito Fora do Eixo" (FDE, 2012).

A rede conta com aproximadamente 90 coletivos que estão presentes em 25 unidades federativas. Os coletivos e organizações participantes da rede são chamados Pontos Fora do Eixo e de acordo com o Fora do Eixo (2012) podem ser:

Casas Fora do Eixo: são coletivos responsáveis por dar suporte às demandas da rede, laboratórios de vivências socioculturais que funcionam como moradia, escritório, fruição e hospedagem solidária, responsáveis por articular e receber constantemente agentes culturais de todo o país e América Latina, interessados em trocar experiências e conhecimento.

Pontos de Articulação: são coletivos responsáveis por mediar toda e qualquer ação ligada ao Circuito Fora do Eixo. Cabe ao Ponto de Articulação conectar novos agentes interessados em participar da rede, bem como desenvolver medidas estruturantes capazes de gerar e estabelecer Pontos de Linguagem e Pontos Parceiros.

Pontos de Linguagem: são coletivos que participam da Rede Nacional e que podem se caracterizar como Pontos de Música, Pontos de Audiovisual, Pontos de Pesquisa etc. Os Pontos de Linguagem devem estar devidamente conectados ao Ponto de Articulação Fora do Eixo.

Pontos Parceiros: são organizações e pessoas de qualquer natureza que atuam como parceiros da rede em qualquer instância.

Colegiado Regional: equipe regional formada por 12 membros de Pontos de Articulação, que tem a responsabilidade de ajudar na gestão da região onde estão inseridos, visando desenvolver a rede em sua mais variada forma.

Ponto de Articulação Nacional: de carácter consultivo e deliberativo. Formado pelos Colegiados Regionais e Estaduais do Circuito Fora do Eixo, e se reúnem todos os sábados para debater temas gerais relacionados ao projeto.

O Massa Coletiva, como um Ponto Fora do Eixo de São Carlos, realizava as seguintes atividades culturais: produção e agenciamento de bandas locais; atividades de comunicação e divulgação do movimento de economia solidária; editoria de Web Rádio, Web TV e Redação do Portal Fora do Eixo; espetáculo multimídia voltado para o público infantil; atividades de formação com oficinas nas áreas de produção de eventos, produção radiofônica, produção audiovisual, cineclubismo e software livre; realização de shows musicais em diversos espaços da cidade; realização de projetos integrados de formação cultural para fomentar o desenvolvimento da cadeia produtiva da música (UFSCAR, s.d.). Além da produção de um

programa semanal transmitido pela Rádio UFSCar, a organização do Festival Grito Rock e a participação na organização do Festival CONTATO.

O Grito Rock é um festival simultâneo e integrado de música independente, que teve origem em Cuiabá em 2002 e passou a ser realizado em âmbito nacional a partir de 2007. Foi uma proposta do coletivo Espaço Cubo do Fora do Eixo e desde 2008 passou a ser realizado em São Carlos pelo Massa Coletiva. No segundo ano de evento, o Grito Rock contou com o apoio da prefeitura municipal, com destaque para o DAES, e foi realizada a 1ª Feira de Cultura e Economia Solidária. A feira foi um diferencial ao fornecer um espaço público para a integração de coletivos culturais, empreendimentos de economia solidária e a população local (PMSC, 2009). Em 2012, o festival atingiu números recordes, sendo sediado em 200 cidades de 10 países (GRITO ROCK, 2012).

Em março de 2010, o Massa Coletiva passou a ser responsável pelo Ponto de Cultura Independência ou Marte – Conexões Solidárias, para o desenvolvimento de ações audiovisuais focadas no Jardim Gonzaga e no distrito de Água Vermelha. Além deste, o coletivo foi contemplado por um projeto nacional para “contribuir para a organização e desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Música em São Carlos/ SP, por meio da constituição de Arranjo Produtivo Local (APL)” (USFCar, s.d.), elaborado em parceria com a INCOOP/NuMI-EcoSol .

No início de 2011, o Massa Coletiva optou por se dividir em dois coletivos: a Casa Fora do Eixo São Carlos e o Aparelho Coletivo. A Casa Fora do Eixo, atualmente com três pessoas, seguiu com o projeto de Ponto de Cultura, enquanto o Aparelho Coletivo, com cinco pessoas, passou a focar no audiovisual e música, se tornando um Ponto de Linguagem e responsável por levar adiante o projeto de Arranjo Produtivo Local da cadeia da música.

Proveniente do Massa Coletiva, a Casa Fora do Eixo utiliza o Sistema Marciano de Trocas, sistema de moeda social baseado no conceito de Finanças Solidárias. O uso da moeda solidária é uma prática adotada no Circuito Fora do Eixo para facilitar e estimular a troca de serviços entre os coletivos. Por enquanto, a moeda social é utilizada somente na cadeia produtiva da cultura, que envolve os coletivos do Fora do Eixo, grupos de produtores de audiovisual e alguns estudantes do curso Imagem e Som da UFSCar. No entanto o objetivo é expandir seu uso em estabelecimentos comerciais do município, como restaurantes, aumentando assim a rede de trocas solidárias.