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Capítulo IV: Casos de estudo

IV. 3. Caso 3 – gestão das partes interessadas no projeto de revitalização urbana de Baia-Mare 35

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Tabela 6 – Priorização dos stakeholders

Priorização Resultados da sessão focus group Resultados do método análise de redes

1 Cliente 1 Cliente 1

2 Cliente 2 Município de Moreland

3 Empresa H Empresa H

4 Residentes afetados Cliente 2

5 Agência de Proteção Ambiental Município de Darebin

6 Departamento de Vias Município de M. Valley

7 Empresa de Transportes Públicos Empresa Municipal de Gestão de Parques 8 Empresa Municipal de Gestão de Agência de Proteção Ambiental

9 Município de Moreland Departamento de Vias

10 Município de M. Valley Residentes afetados

11 Município de Darebin Departamento de Planeamento e

Desenvolvimento Comunitário

12 Comité de Gestão de Merri Departamento de sustentabilidade e 13 Comité de Gestão de Moonee Comité de Gestão de Merri 14 Associação de amigos de Merri Associação de amigos de Merri 15 Associação de amigos de Moonee Grupo ambiental de Darebin 16 Grupo ambiental de Darebin Associação de amigos de Moonee Ponds

17 Associação Moonee Ponds Associação Moonee Ponds

18 Associação de apoio a questões de Comité de Gestão de Moonee 19 Departamento de sustentabilidade e Escola Primária de Lake Park 20 Membro local do Parlamento Escola Secundária de Coburg

Fonte: elaboração própria.

IV. 3. Caso 3 – gestão das partes interessadas no projeto de revitalização

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As linhas estratégicas do governo local de Baia-Mare, quando elaboram o planeamento dos investimentos, estão totalmente alinhadas com a estratégia de desenvolvimento sustentável da cidade, visando assim atender às necessidades da população. Os investimentos realizados pelo governo local em Baia-Mare visavam principalmente melhorar as necessidades primárias da população – através de melhorar a urbanização da cidade no geral e infraestruturas básicas.

As ações que visam atingir os objetivos estratégicos são: criar meios de comunicação modernos, melhorando a acessibilidade, a conectividade e o tráfego; promover a cidade como

“motor de desenvolvimento”, respondendo assim à pressão dos investidores; promover o papel do turismo, dado o potencial da área; proteger os valores culturais e arquitetónicos urbanos e revitalizar locais históricos; melhorar a qualidade de vida; melhorar a qualidade da área urbana, infraestrutura e serviços públicos.

Saliente-se que os projetos integrados multissetoriais lançados pelo governo local objetivam desenvolver o ambiente de negócios, atrair investimento estrangeiro, aumentar o PIB, transformar o município num polo urbano de crescimento económico, tanto no concelho como em toda a região noroeste. O governo aposta na estratégia de revitalização urbana e dá atenção especial à qualidade do espaço público. Atualmente, existem cinco áreas prioritárias para a revitalização urbana:

(1) Área Norte;

(2) Área Este: Phoenix Baia Sprie;

(3) Centro da cidade e Rivulus Dominarum;

(4) Área Sul: Vasile Alecsandri;

(5) Área Oeste: Estação Ferroviária / Área de Armazenagem.

Os objetivos estratégicos prioritários nas áreas de intervenção com vista à revitalização urbana são:

Objetivo 1 - Promover a identidade cultural e a coesão social da comunidade, melhorando o espaço público e criação de estruturas de encontro, diálogo e socialização.

Objetivo 2 - Reduzir o risco de surgimento de áreas desfavorecidas/isolamento da comunidade melhorando a acessibilidade e mobilidade urbana e fortalecimento da ligação entre bairros e áreas circundantes.

Objetivo 3 - Elevar os padrões de vida, melhorando a qualidade ambiental e protegendo os recursos naturais através de:

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• limpeza de áreas poluídas;

• reabilitação e/ou paisagismo de áreas verdes;

• desenvolvimento de corredores verdes;

• reabilitação e modernização das infraestruturas de abastecimento e distribuição de água potável e das infraestruturas de drenagem de águas residuais e pluviais.

Objetivo 4 - Criar condições de inclusão social para todos os cidadãos, melhorando o acesso aos serviços básicos e infraestruturas.

Objetivo 5 - Facilitar a reestruturação económica e fortalecer o papel da Cidade Velha e do Bairro Alecsandri numa economia municipal, desenvolvendo a infraestrutura de apoio ao negócio, promovendo assim a inovação e o uso sustentável dos recursos.

Referem que a tarefa de identificação de áreas de revitalização urbana tem encontrado dificuldades relacionadas com a falta de informações detalhadas/confiáveis e falta de decisões políticas e metodologias para:

 A relação entre o nível de poluição / contaminação de áreas na cidade e os perigos para a comunidade; a emissão de alvarás de construção e zoneamento do plano urbano geral para as três áreas distintas por estudos recentes como tendo o maior nível de contaminação e, consequentemente, toxicidade, deve estar relacionada à triagem de saúde e aos efeitos negativos na infraestrutura e habitação devido a minas fechadas indevidamente;

 Edifícios abandonados ou degradados em todos os bairros;

 A relação entre as atuais áreas pertencentes ao município de Baia-Mare e direções de expansão natural de Baia-Mare;

 A proporção entre espaços públicos, áreas industriais e áreas residenciais;

 Manter a identidade cultural e arquitetónica da cidade (centro histórico).

Diante dos principais problemas de saúde pública que surgem nesta área, é necessário um estudo especializado sobre os aspetos toxicológicos relacionados a áreas residenciais, industriais e verdes onde há altos níveis de contaminação com metais pesados, especialmente chumbo e cádmio. As novas regras do urbanismo forçam a resolução de situações que colocam em risco a segurança da saúde pública e que prejudicam o paisagismo das áreas urbanas, encontrando maneiras de transformar aquelas áreas que são absolutamente necessárias para o

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desenvolvimento urbano em espaços públicos. O novo regulamento de planeamento urbano define as direções e funções (industrial, comercial, turístico, residencial) de áreas de expansão em Baia-Mare.

As novas regras do urbanismo enfatizam o alívio dos efeitos negativos do fecho de minas e a construção de um meio de transporte, que pararia nas áreas de interesse designadas acima e que seriam conectadas a parques logísticos.

Os desafios do governo local podem ser mais facilmente ultrapassados através da utilização de novas abordagens, ferramentas e métodos mais eficazes. Uma mudança de paradigma é ainda mais difícil se as fraquezas e ameaças na região não forem levadas em consideração, e se não existirem formas concretas de capitalizar as oportunidades, pontos fortes e capacidades-chave.

Foram apresentadas diversas soluções, quer pelo município quer por empresas privadas, para a revitalização urbana da cidade de Baia-Mare. Neste sentido o estudo foca-se no projeto de revitalização do parque industrial de Baia-Mare, sendo que nesta área existiu uma indústria de extração de metais. A área do projeto possui aproximadamente 55 hectares com a existência de diversos edifícios e instalações de apoio à indústria. O objetivo do projeto é de promover a revitalização dos edifícios e instalações com vista a atrair a instalação de pequenas e médias empresas que se baseiem em práticas sustentáveis.

Para a construção do parque industrial de Baia-Mare foram finalizados dois estudos técnico-económicos, um dos estudos previa a demolição de uma chaminé de dispersão com 350 metros, no outro estudo a chaminé seria preservada e integrada no paisagismo da área. Para a tomada de decisão de qual seria a melhor opção foi necessário elaborar uma análise das partes interessadas através do método análise de redes sociais (social network analysis). Este método mede as relações e fluxos de informação entre pessoas, grupos, organizações, e outras entidades que processam informação. Pessoas e grupos são representados através de pontos nodais e os fluxos de informação através de elos. Este método possibilita uma análise matemática e visual das relações humanas. O estudo das partes interessadas iniciou-se aquando o município de Baia-Mare organizou um workshop formado por vinte entidades diferentes. Foi realizado um questionário às vinte partes interessadas, e o mesmo foi elaborado de forma a que pudesse ser verificado as ligações e frequência da informação transmitida entre as partes interessadas em relação à importância do projeto de revitalização. Os resultados do questionário foram inseridos

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em softwares de análise e elaborada a rede das partes interessadas. Foi utilizado o software SocNetV para a construção, visualização e produção da rede.

Tabela 7 – Partes interessadas e respetivos pontos nodais Partes Interessadas - Pontos Nodais

Promotor do Projeto – 1 Departamento de Cultura – 11 Observatório Cívico Urbano – 2 Agência de Proteção Ambiental – 12 Empresas / Câmara do Comércio – 3 Autoridade de Energia – 13

Departamento de Planeamento Urbano – 4

Administração de Terras – 14 Autoridades de Regulação – 5 Serviços de Finanças – 15 Investidores – 6 Departamento de Educação – 16 Serviços Públicos de Infraestruturas -

7

Arquitetos do Projeto – 17 Empresas de Consultoria – 8 Agência de Proteção Social – 18 Câmara Municipal – 9 Empreiteiros – 19

Departamento de Saúde Pública - 10 Departamento Rodoviário - 20 Fonte: elaboração própria.

Os resultados extraídos do software é que o stakeholder com mais poder de influência é o Observatório Cívico Urbano (Ponto nodal n.º 2). Esta organização foi criada pelo governo local de Baia-Mare e tem como objetivo melhorar e aumentar os poderes e dinamismos dos cidadãos em processos de tomada de decisão. Outros stakeholders que este método permitiu considerar com poder são: Agência de Proteção Ambiental (Ponto nodal n.º 12), Empresas de Consultoria (8), Departamento de Educação (16) e os Arquitetos do Projeto (17). Estes resultados foram obtidos através dos valores calculados do índice power centrality.

O estudo revela que a revitalização urbana é vista como uma ação que leva à resolução dos problemas urbanos e à busca de melhorias de longo prazo para aspetos económicos, físicos, sociais e ambientais. Verificaram que a reengenharia de antigas funções do local ligado ao setor de exploração de minério, sobre o qual se debruçavam, para produzir uma mudança urbana, com efeitos nas componentes económicas, sociais e físicas, envolve uma redefinição das prioridades das intervenções urbanas, de forma a limitar o consumo do solo.

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O reaproveitamento contribui muito para o desenvolvimento sustentável, pois relaciona-se aos três objetivos: melhorar a economia, a coesão social e o meio ambiente. A revitalização deste local ajuda a “reciclar” terrenos urbanos subutilizados e restaurar o uso benéfico. O reaproveitamento de um terreno urbanizado ajuda a melhorar a economia urbana do uso do solo.

O estudo permitiu entender que o processo de tomada de decisão é complexo e ocorre na maioria das vezes em condições problemáticas e incertas, revela também que, a fim de obter uma visão geral rápida de todas as partes interessadas, os gestores de projeto devem identificar as interdependências entre as partes interessadas em causa. Isso significa estabelecer conexões através das quais as partes interessadas possam alcançar uma comunicação rápida e eficiente.

A análise dessas conexões e a sua visualização ajuda a determinar os grupos mais influentes e os stakeholders que fazem parte desses grupos, por isso a análise de redes sociais (social network analysis) é o método que permite auxiliar os gestores de projeto e as partes interessadas.

Entende-se na análise deste caso que políticas setoriais eficientes de desenvolvimento sustentável e revitalização urbana contam com a contribuição das partes interessadas para as dimensões participativas do envolvimento da comunidade, por meio da participação da própria comunidade e da análise individual na tomada de decisão pública, bem como das diferentes manifestações e envolvimento público nesse processo.

Os autores reforçam que cada estágio do ciclo de vida do projeto requer o envolvimento ativo das partes interessadas, a fim de atingir expectativas e necessidades e resolver problemas à medida que surgem. Identificar as partes interessadas mais relevantes representa um passo importante para conhecer e organizar o envolvimento e a participação nos processos, alcançando assim um consenso coerente e amplo ao longo do projeto, alcançando desempenho e comportamento orientado para o sucesso. Nessa visão, a gestão dos stakeholders ganha um cunho social. As partes interessadas formam uma rede social complexa que os gestores de projeto devem compreender, a fim de apoiar os melhores relacionamentos que se formam dentro da rede, para ser capaz de usar plenamente o poder da rede, formada por interdependências entre os seus membros.

IV. 4. Análise dos casos apresentados

A escolha dos casos apresentados deve-se à temática dos mesmos que está diretamente relacionada com a gestão de partes interessadas e planeamento do território. É importante

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também realçar que esta escolha é também devida ao facto da apresentação de diferentes técnicas de gestão de partes interessadas em projetos de âmbito de planeamento do território.

Outro ponto importante a realçar nos casos apresentados são as diferenças nos tipos de serviços presentes em cada um, o caso 1 consiste na elaboração do projeto de revitalização de uma área com 35 hectares, o caso 2 consiste na elaboração do projeto e construção de 12,5 quilómetros de infraestruturas de drenagem e, por último, o caso 3 que consiste na elaboração de um plano diretor para revitalização de uma antiga área industrial com cerca de 55 hectares.

Os métodos e técnicas utilizados foram as entrevistas, workshops, questionários, focus group e análise de redes sociais. Na figura 7 (página 37) é apresentado o resumo dos métodos e técnicas utilizados nos casos apresentados e a sua respetiva descrição, é também indicado em que casos foram utilizados.

Tabela 8 – Resumo dos métodos e técnicas utilizados nos casos apresentados Métodos e técnicas

utilizados

Descrição Utilização nos

Casos Entrevistas Entrevistas com os stakeholders de

forma a identificar os seus temas de interesse.

1, 2

Workshops Coloca-se os stakeholders a debaterem temas específicos e solicitam-se as suas opiniões.

1, 2, 3

Questionários Os stakeholders são solicitados a expressar as suas opiniões através das respostas.

2, 3

Focus group Constituído por um grupo de stakeholders que permita a discussão e transmissão de ideias acerca dos seus temas de interesse e poder de influência, bem como a sua categorização.

2

Análise de redes sociais (social network

analysis)

Utiliza-se os resultados das entrevistas e questionários para identificar e analisar as relações dos stakeholders.

2, 3

Fonte: elaboração própria.

Os métodos e técnicas utilizados nos três casos foram todos utilizados no âmbito de identificação dos stakeholders. As boas práticas do guia PMBOK indicam que a gestão de

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stakeholders é uma área de conhecimento presente em quatro grupos de processos de um projeto, a saber: iniciação, planeamento, execução e monitorização e controle.

É de realçar a importância que as boas práticas do PMBOK indicam para a área de conhecimento de gestão de stakeholders e o quão importante é realizar esta gestão ao longo de um projeto, assim é indicado os seguintes grupos de processos:

1. Iniciação - Identificação dos stakeholders;

2. Planeamento - Planeamento da participação dos stakeholders;

3. Execução - Gestão da participação dos stakeholders;

4. Monitorização e Controle - Monitorização da participação dos stakeholders.

Apresenta-se na figura seguinte os métodos e técnicas constantes em cada grupo de processo.

Tabela 9 – Métodos e técnicas constantes em cada grupo de processos (PMBOK)

GRUPO DE PROCESSOS (PMBOK) MÉTODOS E TÉCNICAS

IDENTIFICAÇÃO DOS STAKEHOLDERS

Pareceres de especialistas Inquéritos

Representação gráfica Reuniões

PLANEAMENTO DA PARTICIPAÇÃO DOS STAKEHOLDERS

Pareceres de especialistas Técnicas de tomada de decisão

Reuniões

Matriz de avaliação da participação dos stakeholders

GESTÃO DA PARTICIPAÇÃO DOS STAKEHOLDERS

Pareceres de especialistas Reuniões

MONITORIZAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DOS STAKEHOLDERS

Análise de informação dos stakeholders (ao nível de interesse, direitos, conhecimento,

contribuições, etc.)

Matriz de avaliação da participação dos stakeholders

Reuniões Fonte: elaboração própria.

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