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As informac¸˜oes desta sec¸˜ao foram retiradas do livro “O Pr´e-feito” [NEV 01] que cont´em fatos e dados de antes, durante e ap´os as eleic¸˜oes 2000 em Itaberaba, Bahia.

Para que fosse feita uma an´alise acurada de supostas irregularidades que ocorreram em todo o processo eleitoral, os fatos acontecidos ser˜ao divididos em etapas.

79 Antes do Registro:

• “O ainda pretenso candidato da “Caravana da Cidadania”, lanc¸ou um calend´ario premiado e os distribuiu em todas as residˆencias do mu- nic´ıpio, anotando os nomes e enderec¸os onde foram entregues. Mensal- mente, atrav´es de contrato com a R´adio Baiana de Itaberaba, sorteava m´oveis e eletrodom´esticos e contemplava os ganhadores (previamente selecionados).

• Construiu uma casa para o funcionamento da Associac¸˜ao dos Mora- dores do Jardim das Palmeiras, fundada pelo seu pr´oprio grupo, em terreno de duvidosa propriedade da sua fam´ılia, tamb´em onde fez ou- tras duas casas e as sorteou entre os moradores do local. Tudo atrav´es de um dos seus testas-de-ferro.

• Adquiriu uma ´area de terra no Povoado de Guaribas e fez doac¸˜ao para o Clube dos Vaqueiros, por seu grupo tamb´em fundado, onde, com tra- tor de sua propriedade, construiu uma pista de corrida de cavalos. • Adquiriu um ˆonibus e montou nele toda uma estrutura para atendimento

m´edico-oftalmol´ogico-odontol´ogico, manicure e cabelereiro, que per- corria os bairros perif´ericos da cidade e zona rural, prestando servic¸os gratuitamente.”

Ap´os o Registro:

• “Continuou a utilizar o ˆonibus para atendimentos di´arios na zona ur- bana, rural e estabelecimentos de ensino p´ublico. Adquiriu um outro ve´ıculo, que ficou sob a responsabilidade de uma das suas candidatas a vereadora, para transportar pacientes para hospitais em Salvador, onde mantinha uma casa de sua propriedade e uma de um dos seus irm˜aos, para hospedagem dos mesmos.

• Incentivou mais ainda o Curso de Inform´atica, aumentando o n´umero de turmas, que funcionou no Shopping de sua propriedade.

• Montou uma farm´acia numa das salas do seu Shopping e l´a forne- cia medicac¸˜oes gratuitamente, ap´os atendimento m´edico feito na sua unidade m´ovel ou por profissionais ligados ao seu grupo, assim como aquelas receitas encaminhadas pelos seus cabos eleitorais ou candida- tos a vereador.

• Construiu uma casa no Jardim das Umburanas, onde incentivou a in- vas˜ao, em terrenos da Prefeitura Municipal de Itaberaba, para o funci- onamento de uma Associac¸˜ao, orientada pelo seu grupo, onde forneceu farto material de construc¸˜ao para os “contemplados” com mais ou me- nos 700 (setecentos) lotes.

• Distribuiu bebidas alco´olicas aos jovens para participarem das suas movimentac¸˜oes e, de uma s´o vez, adquiriu quatro mil (4000) latas de cerveja e cinq¨uenta (50) caixas de aguardente 51.

• Patrocinou a empresa que prestou servic¸o ao TRE, neste munic´ıpio, do- ando coletes, com marcas das empresas da sua fam´ılia.

• Membros da sua coordenac¸˜ao tiveram acesso ao Polo de Inform´atica do TRE.

• O PT e o PFL, PL, PT do B e PSC deram entradas em v´arias ac¸˜oes, antes e ap´os o registro das candidaturas.”

Dia anterior as Eleic¸˜oes:

• “O referido candidato adquiriu seis mil (6000) cestas b´asicas, num for- necedor local e as distribuiu utilizando moto-boys, ve´ıculos da fam´ılia, de cabos eleitorais e candidatos a vereador.

• Foram feitas v´arias den´uncias e quando o Promotor se deslocava para flagrar, j´a n˜ao mais encontrava os “doadores”. Foi denunciado `a PM que algu´em do seu pr´oprio quadro, seguranc¸a do candidato, estaria entrando no canal 4 (canal da PM) e passando as informac¸˜oes aos con- traventores.

• Ajudaram a transportar, na noite anterior, as urnas eletrˆonicas para algumas sec¸˜oes da zona urbana e rural, pondo seus pr´oprios seguran- c¸as para as devidas garantias.”

Dia da Eleic¸˜ao:

• “V´arios eleitores afirmaram que j´a tinham assinado a lista de votac¸˜ao por eles; da´ı, foram impedidos de votar.

• Terminada a votac¸˜ao, os disquetes e urnas foram recolhidos por ele- mentos impr´oprios, a exemplo de moto-boys e seguranc¸as particulares. • Sumiram urnas e disquetes de duas escolas, que s´o apareceram no dia

seguinte, ap´os apreens˜ao feita pela Delegada local.

• A Ju´ıza, apesar da afirmativa do Minist´erio P´ublico sobre a existˆencia de fraude, acusando o t´ecnico do TRE, nada fez. Conseguiu, entretanto, a Totalizac¸˜ao dos votos, mesmo com a falta das urnas e disquetes su- midos, que s´o apareceram no dia seguinte, como ela pr´opria relata no termo de Audiˆencia de recontagem dos votos.”

81 • “Por que a Ju´ıza Eleitoral n˜ao tomou nenhuma providˆencia contra o

abuso do poder econˆomico, durante toda a campanha, se este foi am- plamente denunciado?

• Por que a Ju´ıza n˜ao apreciou nem julgou as ac¸˜oes que foram impe- tradas contra a Coligac¸˜ao Caravana da Renovac¸˜ao, com a celeridade necess´aria a um pleito eleitoral?

• Por que apareceram entre os Espelhos dos Boletins de Urna, gerados na Totalizac¸˜ao dos votos, onze (11) sec¸˜oes agregadas que n˜ao constavam na relac¸˜ao do TRE?

• Por que as urnas eletrˆonicas foram guardadas num dep´osito, vizinho a empresa do coordenador da campanha do suspeito candidato, longe da seguranc¸a do F´orum, se era de obrigac¸˜ao mantˆe-las na unidade da Justic¸a Eleitoral, evitando assim a possibilidade do ass´edio de pessoas estranhas `as mesmas?”

Conclus˜oes:

• “A impunidade incentivou a pr´atica do crime eleitoral. A Justic¸a Eleito- ral, atrav´es da representac¸˜ao local, quase sempre ausente da Comarca, contrariando o Art.94, Lei 9504/97, do C´odigo Eleitoral, foi conivente com as irregularidades durante todo o processo.

• Indiv´ıduos estranhos tiveram acesso ao Polo de Inform´atica do TRE, assim como estranhos foram aqueles que conduziram os disquetes das sec¸˜oes eleitorais para o F´orum.

• Algumas urnas eletrˆonicas e/ou disquetes podem ter sido adulterados, com a inserc¸˜ao de programas viciados, evidenciados pelas coincidˆencias num´ericas, adequac¸˜ao de f´ormulas equacionais com resultados iguais e reforc¸ados pelo aparecimento de sec¸˜oes extras, agregadas, em alguns Espelhos dos Boletins de Urna.

• O TSE n˜ao admite dar acesso ao programa das urnas eletrˆonicas para que se promova uma per´ıcia na urna ou nos respectivos disquetes. As- seguram a inviolabilidade do sistema.

• Numa eleic¸˜ao em que, al´em dos abusos e desmandos, tivemos sumic¸os de urnas e disquetes, sec¸˜oes fantasmas, den´uncia de fraude pelo Mi- nist´erio P´ublico durante a Totalizac¸˜ao dos votos e parcialidade dos re- presentantes da Justic¸a Eleitoral local, torna-se injustific´avel a omiss˜ao dos Poderes Superiores constitu´ıdos, que at´e ent˜ao nada fizeram, em tempo h´abil e obrigat´orio, para investigar, esclarecer e dar tranq¨uili- dade ao munic´ıpio de Itaberaba.”

Neste caso as supostas irregularidades ocorridas no processo eleitoral est˜ao relacionadas `as “doac¸˜oes” realizadas por determinado partido ou candidato em troca de votos, o que n˜ao ´e permitido.

Se realmente ocorreram as irregularidades citadas como: sumic¸o de ur- nas ou disquetes, aparecimento de sec¸˜oes extras (agregadas), ou qualquer adulterac¸˜ao no sistema, a Justic¸a Eleitoral deveria ter tomado as devidas providˆencias para esclareci- mento.