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6 CAPÍTULO V: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA

6.2 Análise estatística textual

6.2.4 Categoria 4: Formação docente (representatividade de 13,95% do corpus)

corpus)

Nessa categoria, as palavras selecionadas pelo software (tabela 11) apresentaram grande diversidade em relação aos demais, não permitindo uma associação direta com alguma categoria da análise qualitativa, no entanto, após analisar as repostas dos informantes, foi possível chegar a uma associação com a formação docente.

Tabela 11 - Dados estatísticos da categoria Formação docente Categoria 4 (13.95%) Formação docente palavra f X2 P palavra f X2 p muito 29 25,57 < 0,0001 tema 3 7,02 0,00806 passar 9 21,5 < 0,0001 resposta 3 7,02 0,00806 imaginar 7 19,74 < 0,0001 planejar 3 7,02 0,00806 não 85 17,13 < 0,0001 permitir 3 7,02 0,00806 afirmar 6 14,19 0,00016 código 3 7,02 0,00806 experiência 9 13,39 0,00025 sala 13 6,81 0,00905 visual 76 13,07 0,0003 estudo 6 6,63 0,01 profissional 7 11,15 0,00084 questão 7 4,99 0,02542 fenômeno 39 10,6 0,00112 escrita 4 4,39 0,03609 deficiente 26 10,15 0,00143 técnica 4 4,39 0,03609 químico 72 9,71 0,00183 estar 22 9,96 0,0016 atenção 8 8,91 0,00283 haver 15 8,94 0,00278 também 21 7,08 0,00777 saber 22 6,33 0,01187 observação 3 7,02 0,00806 ter 67 5,15 0,02319

Fonte: Software IRAMUTEQ, 2014

Essa associação com a formação docente, foi possível devido a relação entre o verbo saber que mais se destacou e o advérbio de negação (não), já que em várias respostas essas palavras estavam vinculadas, podendo inferir que os profissionais que responderam afirmaram não saber como lidar com a situação de inclusão e ensino de química para alunos com DV.

A18: Eu não saberia como trabalhar com esse aluno, pois conheço pouco sobre métodos de trabalho e não sei ler nem escrever em braile, precisaria de maiores conhecimentos para poder trabalhar com esse aluno.

A24: Não saberei como lhe dar com o decorrer do problema.

P59: Não, não saberia como ensinar conceitos a ele, teria que pesquisar algum tipo de metodologia em literaturas.

A coocorrência da palavra profissional está associada, em sua maioria, aos profissionais da educação especial, pois ao fazer a análise dessa palavra, se percebe que está vinculada ao ensino de conceitos e fenômenos químicos a alunos com DV, conforme alguns segmentos de textos a seguir:

A1: Sinceramente, o limite para se ensinar os conceitos, neste caso, está em quem leciona e não no deficiente visual em aprender. Afirmo com propriedade e experiência própria, que com bom senso e vontade de ensinar do profissional, todos os conceitos e fenômenos químicos podem ser ensinados.

P9: [...] É necessário um intérprete brailista para ensinar a nomenclatura química e sua simbologia, e como esse profissional não tem formação em química, é preciso planejar junto com ele, explicar os conteúdos e tirar qualquer dúvida para que ele saiba como ensinar a escrita ao estudante.

P69: Serão várias as dificuldades. Se o aluno estiver acompanhado de um monitor, esse profissional poderá ajudar muito na compreensão do aluno. Porém, numa sala repleta, dedicar atenção especial a esse aluno será um imenso desafio. Mas, apesar dos desafios, teria que me adaptar à essa deficiência e passar os conceitos para o aluno.

P71: [...] Com ajuda da escola especializada e profissional na área e o professor passar os conceitos e/ou fenômenos químicos ao profissional da área e trabalhando em conjunto professor, aluno (a), alunos da classe e profissional da área.

D13: [...] Isso com um auxílio de um profissional da Educação Especial ficaria bem melhor.

Esses segmentos de textos, mostram a importância da formação dos profissionais que auxiliam os professores da educação básica e também a necessidade de formação dos professores para atender as necessidades desses alunos.

Além disso, as coocorrências mostram a associação das palavras nas respostas que tratam das condições de trabalho que os professores enfrentam, desde a falta de recursos, tempo de planejamento, assim como a necessidade de formação para tal.

A53: A primeira dificuldade encontrada seria a falta de recursos, caso a escola não tenha material didático adaptado. A segunda seria planejar atividades, materiais didáticos para o aluno cego, o que demandaria tempo para planejamento. Entretanto, a química é uma área do conhecimento muito abstrata, sendo assim, montar materiais que consigam representar essa abstração é difícil.

No que tange a formação do professor, é importante conhecer as particularidades da DV, pois muitos professores não entendem o processo de conceitualização por parte dos alunos com DV, conforme algumas repostas selecionadas para mostrar a percepção dos respondentes acerca da imaginação desses alunos.

A59: Sim, os conceitos teóricos são possíveis de serem ensinados porém eu não saberia ao certo como o aluno imagina aquilo que estou ensinando.

P21: Fazer com que eles compreendam o nível submicroscópio dos conceitos químicos, pois envolve imaginação. Ainda mais se o aluno for cego desde o nascimento. [...]. P29: Creio que a dificuldade será de ajudá-lo a imaginar os conceitos químicos, pois para os alunos videntes podemos passar um vídeo ou fazer uma experiência para ajudar nos estudos. Para os alunos com deficiência visual essas situações devem ser melhor avaliadas e planejadas.

P41: Ainda não passei por essa experiência, mas acredito que fazer com que ele imagine o que eu estou explicando, fazer a interligação da teoria com o cotidiano, visão de mundo, seria uma das dificuldades.

O aluno com DV tem capacidade de utilizar a imaginação, mesmo não tendo acesso às informações por percepções visuais, pois esse posicionamento ocorre devido a construção social de que a visão é indispensável para a aprendizagem de conceitos.

Quando o professor é formado para entender as diferenças e as particularidades da deficiência visual, esse posicionamento não apareceria, pois saberiam que o processo de ensino- aprendizagem pode ocorrer sem relação sensorial, ou seja, são significados sensorialmente não vinculados, conforme Camargo (2012), ou podem ocorrer por meio de significados vinculados as representações não-visuais. Nesse sentido, a aprendizagem de conceitos não depende das percepções visuais.

Portanto, a formação docente é importante para o sucesso no processo de ensino- aprendizagem de conceitos e fenômenos químicos. Porém é necessária uma reestruturação dos cursos de licenciatura e de políticas públicas que incentivem os professores a ir em buscar de novos conhecimentos.