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Capítulo 2 Identificação, papel social e relevo diegético das personagens femininas da

2.3 Personagens femininas com designação categorial

2.3.1 Categoria sexual

Com o papel social de mulher burguesa surge em Ressurreição a personagem secundária ―uma senhora‖ que estava na festa em casa do coronel. Embora não esteja explícito no romance, trata-se de uma mulher burguesa, tendo em conta que foi convidada para a festa. Em Esaú e

Jacó encontramos a figurante coletiva ―grandes damas‖ (p. 16). Em Quincas Borba encontramos

a variante ―grandes senhoras‖ que entravam na Capela Imperial (pp. 11-12), ―moças bonitas‖ do Rio de Janeiro, ―vestidas à francesa‖ (p. 26), além de outras mulheres que estavam no baile da Baronesa (p. 122). Em Dom Casmurro surge a figurante coletiva senhoras espectadoras no teatro (p. 286). N‘A Tragédia aparece a figurante ―alguma burguesa deslumbrada‖ (p. 60). N‘A Cidade temos as figurantes mulheres que rolavam nos fiacres pela Avenida dos Campos Elísios (p. 17). N‘Os Maias contam-se a personagem secundária uma senhora vestida de escarlate, e as figurantes ―as trigueirotas de assinatura‖ (p. 26), duas senhoras (p. 199), as senhoras que estavam no hipódromo (p. 318), das quais duas são depois destacadas (p. 318), além de uma fila de senhoras no mesmo local (p. 319), duas damas de preto que estavam com o Vilaça (p. 321), ―senhoras vestidas de claro‖ (p. 451). E n‘A Capital há também a realçar a figurante ―alguma que estava num camarote‖ (p. 221). Ilustramos com um passo de Ressurreição e outro d‘Os

Maias:

Um cavalheiro disse a uma senhora:

- Não lhe parece que D. Lívia tem um gosto deplorável?

A senhora arregaçou levemente a ponta esquerda do lábio superior, e respondeu:

- O Félix não o tem melhor. (p. 74, sublinhado nosso)

Além da boa D. Maria da Cunha e da baronesa de Alvim, havia uma outra senhora, que nem Carlos nem Ega conheciam, gorda e vestida de escarlate […]. (p. 394, sublinhado nosso)

A flexão do nome ―comissária‖ marca bem o género de algumas figurantes em Quincas

Borba. São elas ―uma senhora da comissão das Alagoas‖, ―uma das comissárias das Alagoas‖,

―uma das damas da comissão das Alagoas‖ e as restantes senhoras desta comissão. Veja-se um passo ilustrativo: ―Viu-a um dia passar de carro, com uma das damas da comissão das Alagoas; ela inclinou-se risonha, dizendo-lhe adeus com a mão.‖ (p. 176, sublinhado nosso).

A mesma flexão nominal permite marcar o género de outras personagens femininas de

Esaú e Jacó: a personagem secundária ―outra veranista‖ e a figurante ―uma veranista elegante‖:

Uma veranista elegante não dissimulou o seu espanto ao saber que os dous irmãos combinavam num ponto que faria romper os maiores amigos deste mundo. Um secretário de legação insinuou que podia ser brincadeira dos dous.

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Método semelhante é usado na criação de personagem feminina coletiva figurante n‘Os

Maias:

E no fundo muito sentimental, enleado sempre em amores por meninas de quinze anos, filhas de empregados, com quem às vezes ia passar a

soirée, levando-lhe cartuchinhos de doces. A sua fama de fidalgote rico

tornava-o apetecido nas famílias. (p. 97, sublinhado nosso)

É ainda a flexão nominal de género que faz com que personagens femininas apareçam com o estatuto de namoradas, vizinhas, atrizes, adúlteras, freguesas, beatas, velhas ou prostitutas. Assim, como namorada aparece em Dom Casmurro a figurante as namoradas: ―Tinham passado outros, e ainda outros viriam atrás; todos iam às suas namoradas.‖ (p. 169, sublinhado nosso).

No que diz respeito ao papel de vizinha e com o relevo de figurante, conta-se n‘A Mão e

a Luva uma moça da vizinhança (p. 91); em Helena, uma mulher da vizinhança de Ângela e

Salvador (p. 138), a que acrescem ―três moças da vizinhança‖; em Quincas Borba, alguma vizinha de Rubião (p. 131) e uma vizinha da comadre Angélica (p. 296); n‘O Crime, a vizinha do Guedes (p. 989) e a mulher vizinha da Totó (p. 845); n‘O Primo, as mulheres que viviam nas duas ruas paralelas à casa de Luísa; e n‘A Tragédia, a vizinha (p. 30). Ilustremos com uma personagem de Machado e outra de Eça. Esta é a cataforização de três moças em Helena: ―Outra vez, Helena organizou um sarau musical, em que tomaram parte Eugénia Camargo e mais três moças da vizinhança.‖ (p. 53, sublinhado nosso). O passo seguinte é retirado d‘O Primo:

Dos dois lados do tabique que cercava o terreno vago, agachavam-se os tectos escuros das duas ruazitas paralelas: eram casas pobres onde viviam mulheres, que pela tarde, em chambre ou de garibaldi, os cabelos muito oleosos, faziam meia à janela, falando aos homens, cantarolando com um tédio triste. (p. 86, sublinhado nosso)

Em Dom Casmurro temos a figurante amante de Escobar, atriz ou bailarina:

Escobar e a mulher viviam felizes; tinham uma filhinha. Em tempos ouvi falar de uma aventura do marido, negócio de teatro, não sei que atriz ou bailarina, mas se foi certo, não deu escândalo. (p. 228)

Já com o papel de adúltera surge n‘A Relíquia a personagem coletiva figurante ―mulheres adúlteras‖: ―- É aqui – disse o erudito Topsius – que se dão a beber as águas amargas às mulheres adúlteras… E agora, D. Raposo, aí tem Israel adorando o seu Deus.‖ (p. 189, sublinhado nosso).

Do mesmo modo são freguesas e não fregueses uma personagem feminina coletiva figurante n‘A Tragédia:

Defronte, um cabeleireiro de aspecto meridional passeava, esperando as freguesas, olhando o céu pálido, abafado num casaco de alamares, debruado de astracan; e olhavam-se, às vezes, como dois exilados, pond

133 nessa sua expressão a mesma saudade da cor dos países quentes. (p. 48,

sublinhado nosso)

Também a flexão de género cria personagens femininas figurantes coletivas que se tornam devotas à igreja, beatas. Assim, em Dom Casmurro, temos as mulheres que estavam na igreja (p. 163) e ―as devotas‖; n‘O Crime, as devotas e confessadas ou beatas; n‘ O Primo, as beatas (p. 215); n‘A Relíquia, ―as senhoras que subiam para a missa do Loreto‖ (p. 22); e n‘Os

Maias, ―as beatas de mantilha‖ (p. 713). Veja-se um exemplo de cada autor, o primeiro tirado

de Dom Casmurro, e o outro d‘O Crime:

Demais, o sol cá fora, a animação da rua, os rapazes da minha idade que me fitavam cheios de inveja, as devotas que chagavam às janelas ou entravam nos corredores e se ajoelhavam à nossa passagem, tudo me enchia a alma de lepidez nova. (pp. 77-78, sublinhado nosso)

Nunca fora querido das devotas: arrotava no confessionário; e, tendo vivido sempre em freguesias da aldeia ou da serra, não compreendia certas sensibilidades requintadas da devoção: perdera por isso, logo ao princípio, quase todas as confessadas, que tinham passado para o polido padre Gusmão, tao cheio de lábia!

E quando as beatas, que lhe eram fiéis […]! (p. 97, sublinhado nosso)

Por fim, temos personagens que sabemos sociologicamente femininas (donas-de-casa) ou por uma questão biológica (a gravidez) ou porque o contexto linguístico permite descortinar em vocábulos terminados em ―e‖ a sua natureza feminina, como é o caso de ―amante‖ e ―pobre‖. Todas comungam o relevo diegético de figurante. Com os papéis sociais de grávida e solteira surgem n‘O Crime ―mais de doze raparigas solteiras grávidas‖:

Mas a grande causa da miséria, dizia Natário com uma voz pedante, era a grande imoralidade.

- Ah! Lá isso não falemos! exclamou o abade com desgosto. Neste momento há só aqui na freguesia mais de doze raparigas solteiras grávidas! Pois senhores, se as chamo, se as repreendo, põem-se-me a fungar de riso! (p. 307, sublinhado nosso)

Como dona de casa aparece em Iaiá Garcia uma dona da casa:

A dona da casa, que era uma Diana caçadora de boatos e novidades farejou algum mistério entre as rugas da testa de Procópio Dias, e dobrando as pontas do arco disparou sutilmente uma flecha que ninguém viu, mas foi enterrar-se no coração de Jorge. (p. 82, sublinhado nosso)

Com o papel de amante e o relevo de figurante encontramos em Ressurreição a rapariga que vivia maritalmente com o Meneses (p. 78); em Dom Casmurro, as amantes de Dom Casmurro (p. 308); n‘O Primo, a amante do Ernestinho (p. 37) e as ―amigas de maridos‖ (p. 192); n‘A

Tragédia, uma mulher de 50 anos que é amante do garçon de Genoveva (p. 54), uma amante (p.

124), e matronas amancebadas (p. 60); n‘Os Maias, uma rapariga portuguesa, que é amante de Palma (p. 473), uma rapariga espanhola sustentada pelo Palma (p. 547), a rapariga de Melchior

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(p. 585) e a espanhola do Carneiro (p. 714); n‘A Ilustre Casa, a amante de Titó (p. 95); n‘A

Relíquia, uma mulher de Samaria, amante do Rabi (p. 117); n‘A Correspondência, uma moça

gorda, amante de comendador Pinho (p. 179); e n‘A Capital, a pequena do Conde de Pisães (p. 393). Apresentamos dois excertos, um de Ressurreição e outro d‘A Ilustre Casa, onde este tipo de personagens é cataforizado:

No Carceler contou-lhes Meneses que andava incomodado e triste. Vivia ele maritalmente com uma pérola que pouco antes encontrara no lodo. Na véspera descobrira em casa vestígios de outro amador de pedras finas. Estava certo da infidelidade da amante; pedia-lhe conselho. (p. 78, sublinhado nosso)

O Titó despegara logo do tanque, pousando na nuca o chapéu de palha: - Hoje não me gasto pela Assembleia. Tenho senhora. Das dez para as dez e meia, no chafariz…. Entendido… E franguinho assado para S. Ex.ª, que se queixa do rim! (p. 95, sublinhado nosso)

O papel social de idosa, com o relevo diegético de figurante aparece, em Helena sob a designação ―uma senhora idosa‖ (p. 94), termo bem mais respeitoso do que ―velha‖, presente n‘O Primo (p. 17), n‘A Tragédia (pp. 47, 100), n‘Ilustre Casa (pp. 187 e 325), n‘A Relíquia (p. 15) e n‘A Capital (pp. 259 e 260). Encontramos ainda uma expressão mais polida, ―senhoras de idade‖ (p. 263), no último romance referido. N‘Os Maias especifica-se que se trata de uma velha inglesa (p. 239). Depois, encontramos a velha enquanto personagem coletiva quer em Machado quer em Eça: as ―velhas‖ de Esaú e Jacó (p. 133) e d‘O Crime (p. 115). Depois, há ligeiras variantes: ―velhas miguelistas‖ (p. 316) n‘O Primo; ―cinco velhinhas‖ (p. 9) n‘A Correspondência; ―velhas agachadas que resmungavam a ave-maria‖ (p. 88) n‘A Cidade. A par destas encontramos n‘A Tragédia a personagem secundária ―uma velha‖ (p. 19). Machado apresenta desta forma uma idosa em Helena: ―- É a alcunha da irmã de Estácio. Será ela que está ali, com uma senhora idosa?‖ (p. 94, sublinhado nosso). Já n‘A Tragédia, o narrador é mais rude para com esta faixa etária:

Mesmo uma velha, que se repimpava por trás de Victor, disse com satisfação:

- Deu-lhe alguma cólica. (p. 19, sublinhado nosso)

Uma velha e mendiga figurante surge ainda em Esaú e Jacó:

De costas para a rua, introduziu a mão na algibeira das calças e sacou um maço de dinheiro; procurou e achou uma nota de dous mil-réis, não nova, antes velha, tão velha como a mendiga que a recebeu espantada, mas tu sabes que o dinheiro não perde com a velhice. (. 136, sublinhado nosso)

E com o papel de pobre e figurante, conta-se n‘A Tragédia, ―uma pobrezinha‖ (p. 75), ―uma mulher com um véu que pedia esmola‖ (p. 336), e ―uma pobre‖ (p. 255). Ilustramos com a

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última: ―Uma pobre aproximou-se, coberta com um véu. Victor deu-lhe tudo o que tinha: quinze tostões!‖ (p. 255, sublinhado nosso).

Como pobre e mãe temos n‘A Relíquia a figurante ―uma mulher macilenta e em farrapos‖:

Defronte dele uma mulher, macilenta e me farrapos, passando a cada instante o joelho sobre a corda, estendia-lhe nos braços uma criancinha nua, e gritava, já rouca: «Olha, ainda, olha ainda!» (p. 196, sublinhado nosso)

Já com o papel de prostituta aparecem várias figurantes. Assim, aparecem n‘O Primo uma espanhola (p. 89) e ―algumas pegas‖ (p. 115); n‘A Relíquia, as ―fêmeas pagas‖ e ―outras mais impuras que o porco‖ (p. 146); n‘A Capital, as raparigas que viviam na mesma casa de Concha (p. 326). Ilustramos com um passo d‘O Primo:

Basílio tinha sido apenas um pândego e, como tal, passara metodicamente por todos os episódios clássicos da estroinice lisboeta: […]; algumas pegas aplaudidas em Salvaterra ou na Alhandra […]. (p. 115, sublinhado nosso)

Com a designação relacional amiga e o relevo de figurante conta-se uma série considerável de personagens femininas machadianas e, sobretudo, ecianas. Assim, em

Ressurreição surge a amiga de infância de Raquel que assumiu o papel de enfermeira quando

esta adoeceu (pp. 103-104); n‘As Memórias Póstumas de Brás Cubas, as amigas de Virgília (p. 115); em Dom Casmurro, as amigas do protagonista (p. 16); em Esaú e Jacó, as amigas de Natividade (p. 18), as amigas de D. Cláudia (p. 55) e as amigas de Flora (p. 103); n‘O Primo, a amiga de Luísa (p. 17), a amiga de Juliana (p. 289), as conhecidas de Leopoldina e de Luísa (p. 169) e as amigas de D. Felicidade (p. 215); n‘A Tragédia, as amigas da mulher de 50 anos (p. 54) e as amigas de Paris de Genoveva (p. 63); n‘ Os Maias, uma antiga amiga de Maria Monforte (p. 522); n‘A Ilustre Casa e n‘A Cidade, as brasileiras ricas de Oliveira (p. 169), as amigas ricas de Maria Mendonça (p. 303) e as amigas de Jacinto; n‘A Capital, uma menina loira que é amiga de D. Joana Coutinho (p. 260), as raparigas que são amigas de D. Joana Coutinho (p. 257). Neste último romance aparece ainda a personagem secundária uma velha confidente de Concha (p. 332). Ilustramos com dois excertos, um retirado de Esaú e Jacó e outro d‘A Capital:

Não alteraram os hábitos, nos primeiros tempos, e as visitas e os bailes continuaram como dantes, até que pouco a pouco, Natividade se fechou totalmente em casa. As amigas iam vê-la. (p. 18, sublinhado nosso) Artur encontrava muitas vezes, na saleta de jantar, uma velha de capote e lenço, grande buço, falas doces, muito cumprimenteira […] e saía, subtilmente, ciciando:

- Criadinha de V. S.ª.

A Concha acompanhava-a até ao corredor, fechando a porta sobre si – e ficava lá cochichando um quarto de hora […]. (p.332, sublinhado nosso)

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À designação de amiga acresce a função social de amante numa amiga de Virgília, que é figurante n‘As Memórias Póstumas:

Como tocássemos, casualmente, nuns amores ilegítimos, meio secretos, meio divulgados, vi-a falar com desdém e um pouco de indignação da mulher de que se tratava, aliás sua amiga. (p. 28, sublinhado nosso)

Amigas e ―casadas‖ são designações relacionais que se combinam em Quincas Borba, para várias amigas do colégio e de família de D. Tonica, todas casadas, sendo que uma é singularizada como esposa de um oficial da marinha:

Agora, aquietada a imaginação e o ressentimento, mira e remira a alcova solitária; recorda as amigas do colégio e de família, as mais íntimas, casadas todas. A derradeira delas desposou aos trinta anos um oficial da marinha […] … (p. 64, sublinhado nosso)

O designativo ―amigas‖ aparece ainda associado neste romance à relação de vizinha no caso de duas moças amigas de Maria Benedita que surgem com o relevo de figurantes: ―Não pôde falar a Maria Benedita, que estava em cima, no quarto, com duas moças da vizinhança, amigas dela.‖ (p. 144, sublinhado nosso).

Em Helena, aparece ainda como figurante uma companheira do colégio de Helena: ―Mas não podia ser de alguma antiga companheira do colégio, que lhe confiava segredos seus?‖ (p. 48, sublinhado nosso).

Neste grupo, a maioria das personagens surgem sem um papel social explícito. De seguida iremos apresentá-las, e por uma questão metodológica iremos dividi-las por relevo diegético, começando pelas secundárias e passaremos depois às figurantes, primeiro as individuais e depois as coletivas. Dentro das primeiras conta-se n‘O Crime a mulher que fazia meia sentada à porta da taberna (pp. 995-997); n‘A Ilustre Casa, ―uma linda boeirinha‖ (p. 206); e n‘A Correspondência, uma mulher de lenço vermelho (p. 156). Ilustramos a sua cataforização a partir da segunda personagem referida:

E nesse momento, da azinhaga funda, apagada em sombra, subia chiando, carregado de mato, um carro de bois, que uma linda boeirinha guiava.

- Nosso Senhor lhe dê muito boas tardes!

- Boas tardes, florzinha! (p. 206, sublinhado nosso)

Já como figurantes individuais aparecem n‘A Mão e a Luva ―a outra‖ (p. 21) e ―uma mocinha‖ (p. 91); em Helena, uma senhora que passou a cavalo (p. 31); n‘As Memórias Póstumas

de Brás Cubas, a mulher de mantilha (p. 68), uma senhora que dera um baile (p. 105), e uma

senhora que estava no teatro (p. 149); em Quincas Borba, ―uma moça de Pelotas‖ (p. 186); em

Dom Casmurro, a senhora que caiu na rua (p. 136), uma moça da rua dos Barbonos (p. 175) e

―uma senhora‖ (p. 248); em Esaú e Jacó, ―uma crioula‖ (p. 5); n‘O Crime, a ―Santa da Arregaça‖ (p. 203); n‘O Primo, ―uma mulher loura‖ (p. 30), ―uma magrita‖ (p. 114) e ―uma bêbada‖ (p.

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46); n‘A Tragédia, ―uma senhora obesa‖ (p. 19), ―uma mulher‖ (p. 123), ―uma mulher gorda‖ (p. 124), uma rapariga de 18 anos (p. 144), ―uma mulherzinha‖ (p. 147), ―uma moça de formas colossais‖ (p. 189), ―outra das mesmas proporções‖ (p. 189), ―uma mulher bárbara‖ (p. 192), ―uma mulher escura‖ (p. 244), ―uma inglesa gorda‖ (p. 336); n‘Os Maias, ―uma mulher solitária, vestida de cetim claro‖ (p. 140), ―uma matrona enorme‖ (p. 248), ―uma senhora‖ (p. 277), uma senhora que estava na estação (p. 368), ―uma saloia‖ (p. 437), ―uma matrona gorda‖ (p. 474), ―uma senhora gorda‖ (p. 597) e ―uma criatura adoentada‖ (p. 711); n‘Ilustre Casa, ―uma mulher de lenço escarlate bracejando sobre a albarda dum burro‖ (p. 143), ―uma senhora obesa, de buço carregado e toda a estalar em ricas sedas de missa‖ (p. 185), ―uma linda rapariga‖ (p. 195), ―uma rapariguinha‖ (p. 386) e ―uma rapariga dos Bravais‖ (p. 408); n‘A Relíquia, ―uma senhora alta e gorda‖ (p. 15), ―uma rapariga‖ (p. 92), ―uma rapariga com uma flecha de ouro nas tranças‖ (p. 132), ―uma criatura maravilhosa‖ (p. 140), ―uma rapariga ligeira e delgada‖ (p. 144), ―uma mulher bela e forte‖ (p. 168) e uma mulher que acompanhava os saduceus (p. 197); n‘A Correspondência, ―uma mulher obesa‖, de quem Carlos Fradique Mendes esteve apaixonado (p. 74), ―uma senhora esgrouviada‖ (p. 154) e ―alguma senhora de sedas mais tufadas‖ (p. 179); n‘A Cidade, ―uma mulher‖, sem qualquer apontamento descritivo (p. 41), ―uma mulher loura‖ (p. 61) e ―uma dama roliça‖ (p. 128); n‘A Capital, ―uma senhora‖ (p. 101), ―alguma mulher‖ (p. 221), ―uma dama gorda‖ (p. 210), ―a inglesa‖ (p. 227), ―uma magnífica mulher‖ (p. 260), uma mulher que gemia no hotel (p. 316), uma mulher rouca que estava no hotel (p. 316), uma rapariga que chorava (p. 316), uma mulher que dormiu com Artur (p. 376), uma senhora que estava ao balcão no Baltreschi (pp. 383-384) e ―uma rapariga que vivia lá para o pé da estrada do Covo‖ (p. 401); e n‘O Conde d’Abranhos, ―uma virtuosa dama‖ (pp. 107-108). Machado apresenta desta forma uma personagem feminina sem papel social explícito em Dom Casmurro: ―Foi o caso que, uma segunda-feira, voltando eu para o seminário, vi cair na rua uma senhora.‖ (p. 136, sublinhado nosso). Eça fá-lo de igual modo, como ilustramos a partir de uma passagem d‘O Conde:

O luxo, que promove a prosperidade industrial, é tão refinado, que custam contos de réis as robes de chambre do Sr.Duque de Morny e a dívida de uma virtuosa dama, à sua costureira de roupa branca, ultrapassa a soma fabulosa de noventa e seis mil cruzados! (pp. 107-108, sublinhado nosso)

Como se vê, tanto em Machado como em Eça, algumas personagens femininas são referidas pelas suas características físicas, outras pela sua indumentária, ou pelos vícios, pela idade, entre outras.

No que diz respeito às figurantes coletivas encontramos em Ressurreição ―as moças‖ (p. 60); n‘A Mão e a Luva, ―as mulheres‖ que nem pelo narrador nem por qualquer personagem são descritas (p. 14), ―duas ou três moças da capital‖ (p. 17), ―as senhoras‖ (p. 21), ―um rancho de moças‖ (p. 41) e ―duas senhoras‖ destacadas (p. 91); em Helena, ―as matronas daquela quadra‖ (p. 16), ―as senhoras‖ (p. 64); em Iaiá Garcia, ―duas outras‖ (mulheres deduz-se) (p. 79), a que

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acrescem, ―outras‖ (p. 109) e ainda mais ―umas mulheres platinadas‖ (p. 150); n‘As Memórias

Póstumas de Brás Cubas, as ―matronas‖ (p. 39), ―algumas outras senhoras‖ (p. 69), ―outras

senhoras‖ que estavam no funeral da mãe do protagonista (p. 73) e ―umas duas ou três senhoras‖ (p. 129), mostrando o narrador desta forma a sua não omnisciência; em Quincas

Borba, as ―mulheres chorosas‖ que subiam para o navio, ―outras cheias de riso‖ (p. 203),

―muitas que traziam de terra flores ou frutas‖ (p. 203), além de ―senhoras que receberam Sofia em suas casas‖ (p. 249), e as que esta encontrara na Rua do Ouvidor (p. 249); em Dom

Casmurro, ―as francesas da rua do Ouvidor‖ (p. 136), ―algumas mulheres que estavam na rua‖

(p. 136), ―as moças‖ (p. 216) e as mulheres que estavam no funeral de Escobar (p. 267); em Esaú

e Jacó, ―as mulheres‖ (p. 5), ―muitas senhoras, algumas delas titulares‖ (p. 42), e ―as moças e

as mulheres de todas as classes‖ (p. 152); n‘O Crime, ―as senhoras‖ (p. 115), ―as raparigas‖ (p. 115), ―as senhoras do morgado Carreiro‖ (p. 335), ―raparigas de dezasseis e dezoito anos‖ (p. 309) e ―donzelas inexperientes‖ (p. 425); n‘O Primo, ―outras senhoras‖ (p. 169), ―raparigas‖ (p. 192), ―grossas matronas‖ (p. 220) e ―rapariguitas‖ (p. 220); n‘A Tragédia, aparecem ―outras senhoras‖ (p. 21), ―as raparigas‖ (p. 47), ―as mulheres‖ (p. 28), ―mulheres triviais‖ (p. 109), ―raparigas novas‖ (p. 124), ―todas as mulheres‖ (p. 136), ―todas aquelas mulheres‖ (p. 208) e ―quatro mulheres‖ (p. 229); n‘Os Maias, ―as senhoras‖ (p. 27), ―todas as meninas lisboetas‖ (p. 197), ―espanholas‖ (p. 197), ―duas senhoras‖ (p. 199), ―raparigas‖ (p. 230) e ―outras senhoras‖ (p. 605); n‘Ilustre Casa, ―moças do campo‖ (p. 94), ―senhoras dos arredores‖ (p. 146), ―madamas‖ (p. 222) e ―meninas que lêem a Gazeta do Porto‖ (p. 222), ―as senhoras‖ (p. 263), ―duas senhoras de manta de lã branca pela cabeça‖ (p. 290), ―moças‖ (p. 408) e ―mulheres carregadas de ouro‖ (p. 438); n‘A Relíquia, mulheres andaluzas (p. 64), gregas (p. 64), mulheres de Alexandria (p. 78), árabes de Jericó (p. 124), ―duas mulheres‖ (p. 140), ―mulheres que atiravam grão às pombas‖ (p. 154), ―algumas mulheres‖ que se destacam das anteriores (p. 156), mulheres que seguiam os homens rudes e atiravam maldições ao Rabi (p. 169), além de ―mulheres‖ não especificadas (p. 183), ―quatro mulheres descalças‖ (p. 194), ―mulheres que choravam entre as amendoeiras‖ (p. 201), ―mulheres que choravam sobre a pedra do túmulo‖ (p. 211), ―mulheres de Galileia‖ (p. 213), ―lindas judias‖ (p. 218), ―mulheres que penduravam lâmpadas de barro em festões para as iluminações rituais‖ (p. 139) e ―mulheres sentadas sobre esteiras‖ (p. 234); n‘A Correspondência, as personagens femininas coletivas ―as mulheres‖ (p. 45), ―as mulheres da Palestina‖ (p. 189) e ―as senhoras‖ (p. 212); n‘A Cidade, ―três ou quatro mulheres‖ (p. 53), ―mulheres despenteadas cosendo à soleira das portas‖ (p. 87), ―fortes raparigas dos solares da serra‖ (p. 202), ―duas mulheres‖ (p. 231) e ―as mulheres de Paris‖ (p. 247); n‘A Capital, ―duas senhoras‖ (p. 185), ―as mulheres‖ (p. 185), mulheres de Oliveira (p. 202), outras senhoras que estavam com Clara (p. 215), ―as mulheres novas‖ (p. 220), ―outras mulheres‖ (p. 221), ―três meninas‖ (p. 259), ―duas mulheres que acalmavam uma rapariga‖ (p. 316) e ―as mulheres de Cádiz‖ (p. 347); e n‘O Conde d’Abranhos, ―as senhoras da Covilhã‖ (p. 23). Façamos apenas duas citações uma de Quincas Borba e ou d‘O Crime, para ver como a expressão ―as mulheres‖ pode ser ambiguamente interpretada como todo o género feminino

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(personagem universal) ou como uma designação que aponta para um certo grupo de mulheres que o narrador, pela sua irrelevância diegética, não particulariza, nem descreve:

Era a primeira vez que ia a um paquete. Voltava com a alma cheia dos rumores […], homens que desciam ou subiam por escadas para dentro do navio, mulheres chorosas, outras cheias de riso, e muitas que traziam de terra flores ou frutas – tudo aspectos novos. (p. 203, sublinhado nosso) «… Mas o perigo são certos padres novos e ajanotados, párocos por influências de condes da capital, vivendo na intimidade das famílias de bem onde há donzelas inexperientes, e aproveitando-se da influência do seu sagrado ministério para lançar na alma da inocente a semente de chamas criminosas!» (p. 425, sublinhado nosso)

Tal como as anteriores, também estas têm designações diferentes, umas referentes à faixa etária (―meninas‖), outras à localidade onde residem (―senhoras da Covilhã‖), e ainda sobre o seu estatuto social (―muitas senhoras, algumas delas titulares‖).

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