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2.3 Metodologia de análise

2.3.4 Categorias de análise

O estabelecimento das categorias de análise de nossa investigação se deu a partir de uma abordagem naturalística, ou seja, tais categorias tomavam forma conforme avançavamos na análise do corpus de estudo. Os grupos de categorias desenvolvidos e utilizados são de naturezas distintas, ou seja, alguns destes grupos foram definidos a priori, como já apontamos anteriormente, tendo como suporte direto nosso referencial teórico, e outros grupos emergiram a partir da própria análise dos dados. Também vale destacar que algumas categorias definidas a priori foram reconfiguradas em seu diálogo com os dados, o que, de acordo com a abordagem da Análise Textual Discursiva, apresenta-se não apenas como legítimo, mas também como desejável, no sentido de garantir uma interpretação refinada dos dados.

A descrição e a discussão de tais categorias serão conduzidas no primeiro tópico de nossos resultados; no entanto, apresentamos brevemente

aqui os conjuntos de categorias utilizados e, posteriormente, em quais conjuntos de documentos tais categorias foram aplicadas.

O primeiro grupo de categorias (Conjunto 1), ao qual denominamos “Cidade e Aprendizagem”, relaciona-se às interpretações referentes ao papel educativo dos espaços da cidade: Aprender na Cidade; Aprender da Cidade;

Aprender a Cidade, tendo como aporte teórico os trabalhos de Trilla (1999) e

Alderoqui (2003). Ao longo da análise, uma de suas categorias foi reformatada em relação às dimensões originais apontadas pelos referidos autores, como discutiremos em nossos resultados.

O segundo grupo de categorias (Conjunto 2), denominado “Cidade e CTS na prática educativa”, diz respeito à inserção, em propostas didáticas, de abordagens de ensino apontadas pela articulação entre os referencias das Cidades Educadoras e do Enfoque CTS de Ensino de Ciências (FABRICIO; FREITAS, 2014a; 2014b). As categorias que compõem tal grupo são: Presença

de abordagem interdisciplinar; Diagnóstico de questões e/ou problemas locais e propostas de soluções; Articulação entre questões locais e globais; Propostas de investigação ou problematização dos temas escolhidos; Envolvimento de outros atores sociais nas práticas educativas.

O grupo seguinte de categorias (Conjunto 3), denominado como “Perspectiva de Ensino de Ciências”, relaciona-se à perspectiva de aprender – ensinar ciências dos futuros professores. As categorias utilizadas são:

Perspectiva Conservadora e Perspectiva de Letramento Científico.

Em seguida, temos categorias referentes à atribuição de questões relacionadas ao ensino CTS (Conjunto 4), com a denominação “Referência à Perspectiva CTS” e três categorias: Formação para cidadania; Formação em Ciências em todos os níveis de ensino; Inter-relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade. O quinto grupo de categorias refere-se à maneira como a cidade

é interpretada para possíveis usos em práticas educativas (Conjunto 5), tendo sido denominado “Cidade como possibilidade educativa”. Como categorias desse grupo são apontadas: Perspectiva Pontual e Perspectiva de Contexto e

Participação.

Foi estabelecido também um conjunto de categorias com o objetivo de compreender a familiaridade dos alunos com práticas de educação não formal

e a intencionalidade destes em utilizar tais práticas em sua carreira docente (Conjunto 6), denominado “Práticas educativas não formais”. As categorias definidas foram: Participação em atividades não formais de ensino durante a

formação e Intenção de utilizar atividades não formais antes de cursar a disciplina.

O sétimo grupo de categorias toma forma na busca por compreender como se dá a percepção dos alunos em relação à articulação entre os referenciais das Cidades Educadoras e da Educação CTS, tendo como suporte as discussões conduzidas em nosso referencial teórico e apontadas na Figura 4 (Conjunto 7). Tal conjunto de categorias foi denominado como “Articulação entre Cidades Educadoras e CTS” e as categorias foram estabelecidas como:

Contexto; Participação; Currículo; Letramento Científico; e Relações CTS.

Finalmente, o último grupo de categorias utilizado teve como objetivo identificar as concepções relacionadas aos obstáculos à adoção das abordagens de ensino das Cidades Educadoras e da Educação CTS (Conjunto 8), sendo denominado “Obstáculos à adoção de novas perspectivas educativas”. Para tanto, as categorias definidas foram: Escola; Formação de

Professores; Currículo; e Alunos.

Na tabela apresentada a seguir (TABELA 1), apontamos em quais documentos foram aplicados os distintos conjuntos de categorias utilizados. Tabela 1. Conjuntos de categorias desenvolvidos e os respectivos grupos de documentos onde foram aplicados.

Conjunto de categorias Documentos

Cidade e Aprendizagem Mapeamento dos espaços educativos da cidade Mapeamento dos espaços educativos no entorno

escolar

Cidade e CTS na prática educativa Propostas Didáticas articulando Cidade e Ciência Perspectiva de Ensino de Ciências

Referência à Perspectiva CTS Relatório Final da Disciplina Cidade como possibilidade educativa

Práticas educativas não formais

Articulação entre Cidades Educadoras e CTS Avaliação final da disciplina Obstáculos à adoção de novas perspectivas

Em nosso próximo capítulo apresentamos os resultados e discussões de nossa investigação. Em um primeiro momento nos debruçamos sobre as categorias de análise, apresentando o processo de elaboração, apontando exemplos e discutindo sua sistematização. Posteriormente, apresentamos os resultados diretamente relacionados às práticas desenvolvidas ao longo da disciplina.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo apresentamos os resultados obtidos a partir da análise das produções realizadas pelos alunos durante a disciplina “Práticas e Pesquisa em Ciências Biológicas III” ofertada no segundo semestre de 2014. Em um primeiro momento, nos dedicamos a explicar e discutir o nosso processo de concepção das categorias de análise utilizadas, no tópico 3.1

Para além das barreiras geográficas: dos limites de São Carlos a um sistema de categorias. Neste tópico são descritas as categorias e seu processo de

elaboração no item 3.1.1 – De quais categorias falamos –, seguido por uma discussão sobre tais categorias, apresentada no item 3.1.2 – Rede de

interpretações.

Em seguida, apresentamos os resultados diretos obtidos ao longo das práticas desenvolvidas com os alunos. Para tanto, no tópico 3.2 – Cidade e Aprendizagem – abordamos os resultados das atividades de mapeamento dos

espaços educativos do município de São Carlos – SP realizadas pelos alunos da disciplina. Nele são apresentados os espaços mapeados, bem como sua caracterização no item 3.2.1. Já nos itens 3.2.2 – Compreendendo os sentidos

atribuídos aos espaços educativos: Aprender na Cidade; Aprender da Cidade; Aprender a Cidade – e 3.2.3 – Escola e território: mapeando as possibilidades

educativas no entorno das instituições escolares –, apresentamos, respectivamente, os sentidos atribuídos pelos alunos aos espaços mapeados no Município e nos entornos escolares a partir da utilização das concepções de

Aprender na Cidade; Aprender da Cidade e Aprender a Cidade.

O tópico 3.3 – Articulando Escola e outros espaços educativos:

abordagens CTS e das Cidades Educadoras nas práticas de ensino propostas pelos professores em formação – apresenta os resultados obtidos a partir da análise das propostas didáticas produzidas pelos alunos, onde utilizamos cinco categorias de articulação entre as perspectivas CTS e das Cidades Educadoras, já descritas em nossa metodologia. Posteriormente, apontamos os resultados obtidos a partir da análise dos relatórios finais da disciplina produzidos pelos alunos, no tópico 3.4 – Cidade e Ciência: concepções de

ensinar – aprender ciências apresentadas pelos professores em formação,

dividido em três itens descritos a seguir.

A concepção atribuída pelos professores em formação aos objetivos do ensino de ciências é abordada no item 3.4.1 – Os sentidos de aprender e

ensinar Ciências atribuidos pelos professores em formação. Já o item 3.4.2 –

Percepções do enfoque CTS de ensino apresentadas pelos professores em formação – analisa a presença de referências a tal perspectiva nos argumentos dos alunos. Por fim, o item 3.4.3 – A cidade como espaço de educação

científica na concepção dos professores em formação – dedica-se a desvelar os sentidos atribuídos pelos alunos a tal proposta de ensino.

O tópico 3.5 – Cidade, ensino de ciências e formação de professores:

análise das possibilidades e dificuldades para adoção das abordagens CTS e das Cidades Educadoras na prática docente futura dos professores em formação – apresenta os resultados obtidos a partir da análise das questões presentes na avaliação da disciplina, dividido em: item 3.5.1 – Familiaridade

com práticas de ensino em espaços não formais; item 3.5.2 – Cidades, CTS e a

formação do professor; e, item 3.5.3 – Obstáculos à adoção das abordagens

das Cidades Educadoras e do ensino CTS. Finalmente, apresentamos uma

discussão mais aprofundada sobre os resultados obtidos junto aos alunos no tópico 3.6 – Cidade para além da escola.

3.1 Para além das barreiras geográficas: dos limites de São Carlos a um