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A causa suspensiva é um fato que suspende o processo de celebração do casamento a ser realizado, se arguida antes das núpcias. Diniz (2012) observa que a violação das causas suspensivas da celebração do casamento, denominadas também para impedimentos impedientes, suspensivos ou proibitivos, não desfaz o matrimonio, visto que não é nulo, nem

anulável, pois implica somente em sanções previstas em lei. As causas suspensivas são estabelecidas no interesse da progênie do leito anterior com a finalidade de evitar a confusão sanguíneos e a confusão de patrimônios, na hipótese de segundas núpcias ou no interesse do nubente, por meio das influências de outros.

Essas causas estão previstas no art. 1.523, do Código Civil e se referem á imposição de sanção de natureza patrimonial, estritamente no plano de eficácia, como seguem:

Art. 1.523. Não devem se casar:

I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;

II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;

IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas (BRASIL, 2002).

Permite-se aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; a nubente deve provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo (BRASIL, 2002). Citadas causas podem ser arguidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins (BRASIL, 2002).

Casamento do (a) viúvo (a), com filhos do falecido, pendentes inventário e partilha (art. 1.523, I, CC):Essa hipótese tem por finalidade preservar os interesses patrimoniais dos

filhos do cônjuge falecido. Nessa situação, não se tem conhecimento de como será o inventario e a partilha, pois a massa patrimonial não está individualizada, pelo que ainda não se sabe exatamente quais bens serão destinados ao patrimônio pessoal dos filhos, como também os quais serão do (a) viúvo (a). Desse modo, se a viúva, que tem filhos do falecido, pretender convolar novas núpcias, não tenho sido feito o inventário e partilha referentes ao patrimônio anterior, incorre na causa suspensiva; devendo, nesse caso, a adotar o regime de separação obrigatória de bens, para evitar a confusão patrimonial e garantir o patrimônio e os interesses dos filhos (STOLZE; PAMPLONA, 2012).

Casamento de viúva, ou de mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal (art. 1.523, II, CC): Nessa situação, a causa suspensiva tem por finalidade evitar a confusão

confusio sanguinis ou turbatio sanguinis. Dessa forma, não devem casar a viúva, ou a mulher

cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal. A menção apenas sobre a mulher, e não a ambos os cônjuges, dá-se de forma codificada, como hipótese de presunção de paternidade, tanto em relação aos filhos nascidos 180 (cento e oitenta) dias depois de estabelecida a convivência conjugal, quantos nos 300 (trezentos) dias subsequentes a dissolução da sociedade matrimonial. Sendo assim, não é recomendável esse tipo de casamento por tais circunstâncias, para se evitarem conflitos relativos ao reconhecimento da paternidade (STOLZE, PAMPLONA, 2012).

Destaca-se que, durante esse período existe a presunção de que o filho é do marido, mas exclusivamente a morte se presta para o efeito de estabelecer o momento do início do referido prazo. A anulação do casamento depende de ação judicial e só produz efeito após o trânsito julgado da sentença. A dissolução da sociedade conjugal está condicionada ao divórcio judicial ou extrajudicial. Desse modo, o início do lapso temporal para definir a paternidade por presunção não pode estar condicionado a esse marco. Sendo assim, somente a partir do momento em que for comprovada a inexistência de gravidez desaparece a causa suspensiva. E, ocorrendo o casamento sem o decurso desse prazo, se o filho nascer antes de 300 dias, presume-se ser do primeiro marido; se nascer depois é considerado filho do novo cônjuge. Ademais, a mulher viúva não pode casar antes de completar dez meses do falecimento do marido, para evitar que não ocorra uma mistura de sangue, ou seja, a mulher grávida contrai núpcias logo depois da viuvez e surge a dúvida, de quem o filho pode ser. Contudo, o exame de DNA pode dar segurança ao vínculo de filiação (AZEVEDO, 2014; DIAS, 2016).

Casamento de divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal (art. 1.523, III, CC):Trata-se de uma situação em que a sanção

legal do regime de separação obrigatória de bens preserva integralmente os interesses do antigo cônjuge. Entretanto, se ficar demonstrada a ausência de qualquer prejuízo aos envolvidos ou a ausência de bens a partilhar, o segundo casamento pode ser normalmente realizado, com a autorização judicial correspondente (STOLZE; PAPLONA, 2012).

Casamento de tutor ou de curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas (art. 1.523, IV, CC): Trata-se de

tutelada ou curatelada. Caso a tutela ou curatela for cessada, com a devida prestação de contas, a causa suspensiva será extinta. O objetivo é evitar que o incapaz seja obrigado a contrair matrimônio com administrador dos bens, para evitar a prestação de contas e desde que tenha a forma de proteger o patrimônio do tutelado (AZEVEDO, 2014).

4.4 EFEITOS JURÍDICOS DECORRENTES DA INVALIDADE DO CASAMENTO

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