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EFEITOS JURÍDICOS DECORRENTES DA INVALIDADE DO CASAMENTO

Para que o ato jurídico seja válido e eficaz, precisa preencher certas condições imprescindíveis a sua existência jurídica, a sua validade e a sua regularidade. Ainda que da forma expressa, estejam identificadas as hipóteses que obrigam ou facultam a desconstituição do vínculo conjugal, é permitida a perquirição de motivações outras. Desse modo, aquele que infringe as proibições pode ter o casamento declarado nulo, podendo ser requerida a nulidade ou a anulação do matrimônio.

Nessa linha de entendimento, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul reconheceu que, embora considerado nulo o segundo casamento, por não restar provada a separação de fato em relação ao primeiro casamento, e, por isso, até que se declarasse afastada a meação do imóvel relativo à primeira união, os seus herdeiros possuíam direitos sobre a parte que lhes tocava no referido bem, como segue:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. SUCESSÕES. INVENTÁRIO. PEDIDO DE AFASTAMENTO DE MEAÇÃO. CÔNJUGE VARÃO QUE CONTRAIU MATRIMÔNIO DURANTE A CONSTÂNCIA DO CASAMENTO QUE MANTINHA COM A INVENTARIADA. SEGUNDO CASAMENTO NULO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO CABAL ACERCA DA SEPARAÇÃO DE FATO DO CASAL PARA AUTORIZAR O AFASTAMENTO DA MEAÇÃO SOBRE O IMÓVEL OBJETO DO INVENTÁRIO. 1. Ainda que o cônjuge varão tenha contraído novo matrimônio na constância do casamento que mantinha com a inventariada, conforme se extrai das certidões de casamento juntadas aos autos, não se pode ignorar que a inventariada faleceu na condição de casada e que o imóvel objeto do inventário foi adquirido no ano de 1968, na constância do casamento. Nessa perspectiva, tendo em vista o regime de bens adotado pelo casal (comunhão universal), não há como se afastar, de plano, o direito à meação do cônjuge varão pelo só fato de ter ele contraído novo casamento em 1962 - casamento este que, por sinal, é nulo, na dicção do art. 183, VI, c/c art. 207, ambos do Código Civil de 1916. 2. O afastamento de meação demanda comprovação cabal a respeito da separação de fato do casal quando da aquisição do imóvel, para o que a simples apresentação da certidão do segundo casamento, nulo, não se presta, pois, mesmo tendo contraído novo casamento, o varão bem poderia ter mantido convivência conjugal com a inventariada. 3. Até que seja declarado o afastamento da meação do varão sobre o imóvel inventariado, os seus herdeiros possuem direitos sobre a parte que lhe toca no bem, de modo que se afigura correto o chamamento ao feito de seus sucessores. NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (Agravo de Instrumento Nº

70055967996, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 28/11/2013 (TJ-RS - AI: 70055967996 RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Data de Julgamento: 28/11/2013, Oitava Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 02/12/2013) (RIO GRANDE DO SUL, 2013).

No mesmo sentido, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro declarou a nulidade do casamento celebrado com impedimento absoluto, reconhecendo que o casamento nulo não produz efeitos, sendo assim o viúvo não poderia ser herdeiro da segunda mulher, com quem se consorciara ocultando dolosamente o fato de já ser casado, podendo, todavia, propor ação própria para requerer direito à aquisição do imóvel por esforço comum, como segue:

Direito de Família. Declaratória de Nulidade de Casamento. Irmã da autora que contraiu núpcias com pessoa que já era casada. Impedimento absoluto. Declaração de nulidade que se impõe. Imóvel adquirido antes do casamento nulo e quitado através de seguro por morte da contraente. Se o casamento é nulo, não produz efeitos e assim o então viúvo não poderia ser herdeiro da segunda mulher, com quem se consorciara ocultando dolosamente o fato de já ser casado. Alegação de habitação na residência por mais de 26 anos e de esforço comum para a aquisição do imóvel, que não se prestam a ilidir a nulidade do ato, podendo, quando muito, ser objeto de ação própria. Recurso conhecido e improvido.(TJ-RJ - APL: 00107298320058190203 RIO DE JANEIRO JACAREPAGUA REGIONAL 2 VARA DE FAMILIA, Relator: ANTONIO ILOIZIO BARROS BASTOS, Data de Julgamento: 17/02/2009, DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 30/03/2009).(RIO DE JANEIRO, 2009).

Em sentido semelhante, aquele que desatende a recomendação legal de não se casar, sujeita-se à anulação do casamento, no prazo de 180 dias. Diniz (2012) observa que o casamento anulado não produz nenhum efeito no plano jurídico, ou seja, não produz efeitos quando contraído má-fé.

Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça manifestou entendimento sobre as alegações em ação de anulação de casamento, proposta 25 anos após a sua celebração do afirmando a falsificação de papéis de habilitação, por si, não é causa de nulidade ou anulabilidade do casamento, devendo-se comprovar qualquer das hipóteses previstas na legislação; sendo que o vício de coação ou de insuficiência de idade núbil tornam anulável e não nulo o casamento, devendo-se declarar a decadência do direito á anulação do casamento, tendo-se em vista que o decurso do prazo, como segue:

CASAMENTO. AÇÃO ANULATÒRIA. DECADÊNCIA DO DIREITO À

ANULAÇÃO. AÇÃO PROPOSTA QUASE 25 ANOS APÓS SUA

REALIZAÇÃO, SOB ALEGAÇÕES DE COAÇÃO, DE INSUFICIÊNCIA DE IDADE DO NUBENTE (AUTOR DA DEMANDA) E DE FALSIFICAÇÃO DE PAPEIS DE HABILITAÇÃO. ARGUIÇÃO DE 'PRESCRIÇÃO DA PRETENSAO' (NA VERDADE, DECADÊNCIA DO DIREITO), ACOLHIDA EM PRIMEIRO GRAU, MAS REJEITADA EM SEGUNDO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO (LETRA A), POR NEGATIVA DE VIGENCIA DO ART. 178, P. 5, INCISO I, DO C. CIVIL. RECURSO

CONHECIDO E PROVIDO PARA SE DECLARAR A DECADENCIA DO DIREITO A ANULAÇÃO DO CASAMENTO. FALSIFICAÇÃO DE PAPEIS DE HABILITAÇÃO NÃO CONSTITUI, DE PER SI,CAUSA DE NULIDADE OU ANULABILIDADE DE CASAMENTO, SE NÃO OCORRER QUALQUER DAS HIPÓTESES APONTADAS NA LEI. OS VÍCIOS DE COAÇÃO OU DE INSUFICIÊNCIA DE IDADENUBIL. TORNAM ANULÁVEL O CASAMENTO. NÃO NULO (STF – RE: 105665 PR, Relator: Min. Sydney Sanches, Data de julgamento: 21/04/1987, Primeira turma, data de publicação: DJ 22/05/1987 PP – 09757 EMENT VOL01462-02 PP – 00429) (BRASIL, 1987).

Por sua vez, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal negou o pedido de anulação de casamento, por entender que não ficou demonstrado que tenha se configurado o erro essencial, o que se caracteriza por consentimento viciado pelo desconhecimento de fatos anteriores ao casamento que, se conhecidos, não se consumaria a união, como segue:

PROCESSO CIVIL. DIREITO CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DE

RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. REQUISITOS. ART. 1.724 CC. PEDIDO CONTRAPOSTO. ANULAÇÃO DE CASAMENTO. ERRO ESSENCIAL. ART. 1.550 CC. ANTERIOR AO ENLACE. AUSENTE. DIVÓRCIO. PARTILHA. SENTENÇA MANTIDA. 1. Não configurados os requisitos elencados no artigo 1.723 do Código Civil, o pedido para reconhecimento de união estável não deve proceder. 2. Com a evolução dos conceitos de direito de família, a união estável pode ser aferida a partir de um relacionamento afetivo-amoroso duradouro e público entre as pessoas, com ânimo de constituição de família. 3. No caso, a ausência de pretensão de construção de entidade familiar no relacionamento amoroso existente entre as partes, impede a caracterização da união estável, pois há clara indicação que não houve o affectiomaritalis, como propósito comum, caracterizando a convivência "sub judice" como "namoro qualificado". 4. Somente será considerado erro essen cial, para viabilizar a anulação do casamento, quando evidente que o consentimento foi viciado pelo desconhecimento de fatos anteriores ao casamento que, se conhecidos, a união não se consumaria. 5. Quando a parte tinha conhecimento de toda a vida financeira e emocional do requerido, não restando demonstrado que incorreu em erro sobre a pessoa, pois os traços violentos surgiram no calor da separação, essas condutas não podem ser motivo para anulação do casamento, mas perfeitamente possível para o divórcio. 6. Negou-se provimento aos recursos.(TJ- DF 00076967720178070016 - Segredo de Justiça 0007696-77.2017.8.07.0016, Relator: LEILA ARLANCH, Data de Julgamento: 06/02/2019, 7ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no PJe: 07/02/2019) (DISTRITO FEDERAL, 2019).

Ademais, o Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em decisão, manifestou entendimento favorável à anulação do casamento por considerar que havia provas capazes de macular o ato, por vício configurado por erro essencial quanto à pessoa do outro cônjuge, no que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, cujo conhecimento ulterior tornou insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado, irradiando os efeitos dela decorrente, como segue:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CASAMENTO C/C IMPUGNATÓRIA DE PATERNIDADE. VÍCIO. ERRO ESSENCIAL. PROVAS SATISFATÓRIAS. REQUISITOS AUTORIZADORES. ART. 1.556 E ART. 1.557, INCISO I DO CC. REFORMA DA SENTENÇA. PROVIMENTO DO APELO. Nos termos do art. 1.556 do CC, "o casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial

quanto à pessoa do outro". Devido o acolhimento do pedido de anulação do casamento por erro essencial relacionado a comportamentos anteriores do cônjuge, que somente foram descobertos após a realização. O erro sobre a honra e boa fama do cônjuge está relacionado a comportamentos anteriores ao casamento, dos quais o nubente não tinha conhecimento, e que, quando descobertos, tornou insuportável a vida em comum. Considerando a existência de provas capazes de macular o ato, por vício, ressoa evidenciada a anulação do casamento, irradiando os efeitos dela decorrente. Sentença reformada. (TJPB - ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº 00000924220098150301, 1ª Câmara Especializada Cível, Relator DESA. MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA CAVALCANTI, j. em 08-10-2019)(TJ-PB 00000924220098150301 PB, Relator: DESA. MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA CAVALCANTI Data de Julgamento: 08/10/2019, 1ª Câmara Especializada Cível) (PARAÍBA, 2019).

Ante o exposto, verifica-se que o casamento celebrado com infringência aos impedimentos absolutos ou relativos gera sua invalidade. Contudo, nulo ou anulado não deixa de produzir efeitos jurídicos morais e patrimoniais em relação aos cônjuges e aos filhos, conforme dispõe o Código Civil. (art. 1.561 e §§ 1º e 2º), como segue:

Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.

§ 1 o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos

civis só a ele e aos filhos aproveitarão.

§ 2 o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus

efeitos civis só aos filhos aproveitarão (BRASIL, 2002).

Efeitos jurídicos em relação a ambos os cônjuges e aos filhos (art. 1.561, CC): No

caso do casamento declarado nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, em relação a estes como aos filhos, produzem-se todos os efeitos até o dia da sentença anulatória. Desse modo, verifica-se a sentença anulatória retroage à data do casamento, dando eficácia como se fosse valido, até a data da sentença que declara nulidade ou a anulabilidade do matrimônio, assim o benéfico é somente ao cônjuge de boa-fé. É de importância destacar que, em casos de morte de um dos consortes, não tendo o casal deixado filhos ou ascendentes vivos, a outra parte herda integralmente o patrimônio deixado pelo falecido; em casos em que sentença já tenha ocorrido antes do falecimento da parte, inexistem direitos sucessórios entre os cônjuges, assim não se tem o que falar em cônjuge sobrevivente. Por outro lado, se o casal era de boa- fé, são assegurados os direitos sucessórios. Assim, se ambos os cônjuges são de boa-fé, são válidas as convenções antenupciais, ocorrendo a partilha dos bens em conformidade ao que foi acordado no pacto antenupcial, respeitando-se o regime escolhido pelo casal (ANTUNES JÚNIOR, 2002).

Efeitos jurídicos em relação a um dos cônjuges e aos filhos (art. 1.561, § 1º, CC):Se

um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão, prevalecendo, ainda, os direitos de terceiros. Na divisão dos bens,

envolvendo filhos e cônjuge, se apenas um dos cônjuges é inocente, perde o outro as vantagens econômicas que lhe advieram do casamento, assim então não se perde a pretensão do patrimônio com que o inocente entrou para o casal; além desse, também os filhos aproveitarão os efeitos civis do casamento civil como também prevalecem os direitos de terceiros.

Efeitos jurídicos somente em relação aos filhos (art. 1.561 § 2º, CC): Se ambos os

cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão. Conforme dispõe o artigo 14 da Lei n° 6515/77, se nenhum dos cônjuges estiver de boa-fé ao contrair o casamento, seus efeitos são aplicados somente aos filhos. Desse modo, se um dos cônjuges estiver de boa-fé, somente a este e os filhos caberá os efeitos civis, caso não estejam em conformidade e não agindo de boa-fé não ocorrerão efeitos civis a ambos, somente aos filhos. No conceito de Fugita (2000), o casamento, por se tratar como um negócio jurídico contratual, é esperado que seja aplicado em relação a ambos os nubentes o princípio da boa-fé. Quando o matrimônio decorre de um erro de fato ou de um erro de direito, há a quebra deste princípio. A boa-fé se conserva até o instante em que um dos consortes descobre que o matrimônio não poderia ser celebrado, portanto inquinado do vício de nulidade ou de anulabilidade.

5 CONCLUSÃO

Essa monografia tem por objetivo geral analisar os efeitos jurídicos morais e patrimoniais decorrentes da nulidade ou anulação do casamento civil aos cônjuges e filhos.

A família é a base da sociedade, merecendo proteção do Estado, segunda a Carta Magna/1988. Contudo, o conceito de família sofreu alterações ao longo do tempo, deixando de ser constituída, exclusivamente, pelo casamento, admitindo-se outros arranjos familiares constitucionais, como a família monoparental e a união estável, além da família matrimonial, assim como outros núcleos reconhecidos pela doutrina e pela jurisprudência, como a família monoparental, homoafetiva, paralela, poliafetiva, pluriparental, dentre outras. São princípios constitucionais que orientam o direito de família: princípio da dignidade da pessoa humana, princípio da igualdade, princípio da vedação ao retrocesso, princípio da liberdade, princípio da afetividade, princípio da solidariedade familiar, princípio do melhor interesse criança e do adolescente.

O casamento é ato jurídico solene celebrado entre duas pessoas com intuito de formar uma família, cuja sociedade e vínculo conjugal podem ser dissolvidos pelo divórcio, morte, nulidade ou anulação do matrimônio. Destacam-se alguns tipos com características especiais, tais como: casamento por procuração, casamento nuncupativo, casamento em casos de moléstia grave, e casamento celebrado perante autoridade diplomática. Ademais, as questões patrimoniais podem ser resolvidas a partir de um conjunto de regras que definem os tipos de regime de bens, de livre escolha dos nubentes, salvo as exceções legais, dentre os quais se apresentam: comunhão universal de bens, separação (convencional e obrigatória) de bens, comunhão parcial de bens e participação final dos aquestos. O casamento gera efeito jurídico morais e patrimoniais aos cônjuges e aos filhos.

Existem hipóteses pelas quais se podem declarar a nulidade do casamento, pode-se anular o matrimônio ou suspender sua realização. Desse modo, o casamento nulo é contraído por infringência de impedimentos absolutos (art. 1.521, I a VII, CC), tais como: o casamento celebrado entre parentes em linha reta; entre parentes afins em linha reta; entre colaterais; entre adotante com quem foi cônjuge do adotado e do adotado de quem foi cônjuge; entre adotado e filho do adotante; entre pessoas casadas; ou entre cônjuges sobrevivente de homicídio ou tentativa de homicídio. Já, a anulabilidade ocorre por infringência de impedimentos relativos, tais como (art. 1.550, I a VI, CC): casamento de quem não completou idade mínima para casar; do menor em idade núbil, quando não é representado por seu

representante legal; por vício de vontade, do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato; não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; ou por incompetência da autoridade celebrante.

As causas suspensivas podem interromper o processo de celebração do casamento pelas partes antes de contrair núpcias. São causas denominadas como impedimentos impedientes, suspensivos ou proibitivos, não se desfazendo do matrimônio, visto que não é nulo nem anulável, apenas implica em sanções da lei. As causas suspensivas (art. 1.523, I a III, CC) referem-se aos casos em que os casamentos podem ser suspensos, tais como: casamentos de viúvos com filhos do falecido, pendentes inventário e partilha; casamento de viúva ou de mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou anulado, até dez meses depois do começo da viuvez em dissolução conjugal; casamento do divorciado enquanto não ter sido homologada a partilha dos bens do casal; casamento de tutor, curador e seus sobrinhos, ascendentes, irmãos cunhados ou a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não tiverem saldado as respectivas contas.

Essas hipóteses de nulidade e anulabilidade podem gerar a invalidade do casamento produzindo efeitos jurídicos em relação aos cônjuges e aos filhos. Dependendo da existência ou não da boa-fé na realização do ato, esses efeitos jurídicos podem ser aproveitados por ambos os cônjuges e os filhos, ou por somente um deles e pelos filhos, ou somente pelos filhos.

REFERÊNCIAS

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