• Nenhum resultado encontrado

Cavidade pericárdica, coração, vasos sangüíneos e glândulas mamárias

Necropsia de Cetáceos e Sirênios Parte

PROCESSO CARACÓIDE

5. Cavidade pericárdica, coração, vasos sangüíneos e glândulas mamárias

Na cavidade pericárdica, encontram-se o timo, o coração e os vasos associados. Para alcançar a cavidade pericárdica, incisões devem ser realizadas ao longo da linha média ventral do processo xifóide do

Figura 6. Órgãos expostos in situ após as incisões iniciais e a remoção das camadas dérmicas (Ilustrado por Cristiano Leite Parente baseado em Bonde et al., 1988). diafragma, onde é fusionado com o pericárdio, cortando os ligamentos craniais do fígado, o mesmo deve ser feito com os ligamentos entre o fígado e o diafragma. Na borda caudal do fígado, cortar a veia porta.

Ao examinar a vesícula biliar, quanto à presença de alterações como obstrução do ducto biliar, cistos, pedras e parasitas, observar a quantidade, cor e consistência da bile.

194

esterno para o queixo (Incisão C, Figura 2), do queixo postero- lateralmente para cada axila e de cada axila caudalmente para a abertura da cavidade abdominal (Incisão D, Figura 2), dessa forma, serão criadas duas porções de tecidos. Deve-se remover a pele de cada área e examinar a musculatura que está por baixo para sinais de trauma. Nas fêmeas, examinar o tecido glandular mamário (Figura 4), para verificar lactação, cistos, hemorragia, inflamação ou outras anormalidades.

Remover a musculatura superficial ventral do esterno, cortar o tecido cartilaginoso ao redor do esterno, liberando-o. Examinar o timo, localizado ao longo da parede cranial da cavidade pericárdica. Examinar a ocorrência de lesões (hemorragia, deposição de fibrinas) nas membranas pericárdicas, determinar se o fluido está presente no saco pericárdico e qual a sua consistência, claridade e coloração. Observar possíveis alterações na posição e aparência do coração, incluindo as relacionadas ao tamanho dos ventrículos e ao perfil do bordo ventral.

Para remover o coração, inicia-se cortando o pericárdio até o diafragma e, então, cortando o hemidiafragma lateral direito para o ventrículo direito. Cortar a artéria e a veia pulmonar direita. No crânio, localiza-se o maior ramo do arco aórtico. Cortar as artérias carótida comum direita e subclava direita, aproximadamente 5 cm distal das suas junção comum com o tronco braquiocefálico. Cortar a carótida comum esquerda aproximadamente 5 cm distal da junção com a aorta. Isolar a subcava esquerda do tecido conjuntivo e cortar. Uma vez que as principais artérias estão livres, cortar o hemidiafragma lateral esquerdo tão profundamente quanto possível, cortando a artéria e veia pulmonar esquerda. Cortar a do lado direito, entre a superfície dorsal do coração e a direita dos brônquios, cortando a aorta que passa dorsal à esquerda dos brônquios, tão distante quanto possível, removendo o coração.

195

Figura 7: Cavidade torácica de T. manatus com os pulmões (Foto: Acervo CMA/Ibama). Examinar o coração externamente e internamente, podendo ser evidenciadas anomalias congênitas, principalmente em animais jovens.

Os vasos maiores devem ser inspecionados habitualmente du- rante o exame dos sistemas de órgãos que eles provêem. Em filhotes, uma atenção especial deve ser dada aos vasos umbilicais para necro- ses ou abscessos.

6. Sistema respiratório

Cada pulmão (direito e esquerdo) é único, os lobos não são divididos e estão localizados na região dorsal da cavidade torácica. Os pulmões são separados da cavidade abdominal em cada lado da coluna vertebral pelos hemidiafragmas direito e esquerdo (Figura 4). A cavidade pleural estende-se da primeira à décima sexta vértebra torácica.

Examine cada hemidiafragma para presença de rupturas. Cuidadosamente, cortar e remover cada hemidiafragma, iniciando da extremidade cranial e lateral e terminando abaixo da linha média. Primeiro, deve-se assegurar se não há fluidos remanescentes da cavidade ab- dominal que possam penetrar na cavidade pleural. Observar a quantidade, cor e consistência do fluido em cada cavidade pericárdica. Notar se há presença de pus ou fibrina, coletando uma amostra.

Os pulmões (Figura 7) devem ser examinados in situ para adesões ou

196

Examinar a aparência externa (cor, brilho, consistência e textura), observar a superfície pleural para possíveis anormalidades (inflamações fibrinosas, áreas decoradas, abscessos, adesões, cistos, etc.), ou outros achados. Comprimir o pulmão com um dedo e observar a resposta do tecido: se permanece deprimido ou retorna à forma, se está bem arredondo ou se está colapsado. Fazer um corte e observar como o órgão se apresenta.

Usando uma tesoura, abrir o brônquio pela superfície ventral dirigindo-se para extremidade caudal do pulmão. Cortar as ramificações dos bronquíolos observando a presença e quantidade de muco, sangue, espuma, ingesta (devido à aspiração), obstrução, fibrinas, vermelhidão ou pus. Ocasionalmente pode haver presença de parasitos.

Retornando à cavidade pleural, examinar a pleura parietal, as superfícies das costelas para fraturas ou exostoses (crescimento ósseo excessivo) e os espaços intercostais para hemorragias.

7. Sistema urinário

Os rins são lobulados (Figura 4) e estão localizados no quadrante caudal da cavidade abdominal, fixos à superfície de cada hemidiafragma.

Observar a relação de tamanho, formato e posição de cada rim. Fazer uma incisão ao longo do comprimento de cada cápsula renal, expondo a superfície interna do rim, avaliando a presença de gordura. Localizar cada ureter, pinçar com uma hemostática cortando cranialmente. Remover ambos os rins e retirar cada membrana cap- sular renal e os tecidos aderidos. Examinar cada rim internamente (cor, presença ou ausência de áreas necróticas, cistos ou abscessos), notar a definição entre o córtex e a medula.

197 Ao trabalhar com o sistema reprodutivo (item 8), seguir o ure-

ter até a vesícula urinária e notar o seu grau de distensão (a dissecação do trato urinário necessita ser reservada, antes, durante ou depois da remoção e dissecação do trato reprodutivo). Cuidadosamente, puncionar a bexiga com uma seringa estéril, coletando uma amostra de urina. Medir a quantidade de urina presente e a consistência, coloração e aspecto. Examinar os ureteres, vesícula urinária e uretra para presença de anormalidades (obstrução, inflamação da mucosa, pedras, tumores, engrossamento, pregas ou hemorragias).

8. Sistema reprodutivo