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Necropsia de Cetáceos e Sirênios Parte

PROCESSO CARACÓIDE

1. Avaliação da carcaça 1 Condição da carcaça

1.4 Identificação do sexo

Para identificação do sexo em sirênios, faz-se necessário observar a região ventral do animal, onde, no macho, a abertura genital está localizada próxima à cicatriz umbilical e, na fêmea, a abertura fica próxima ao ânus.

1.5. Pesagem

Para se efetuar a pesagem, a carcaça deve ser colocada sobre uma maca, sendo esta devidamente amarrada e suspensa em um dinamômetro com o auxílio de uma talha, se necessário (Figura 1).

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2. Incisão inicial

Usando uma faca, inicia-se a primeira incisão (Incisão A, Figura 2), fazendo um corte na linha média através da pele, gordura e músculo (Figura 3) em direção ao ânus (remova para a direita a abertura genital), sem penetrar a cavidade abdominal. Neste manual, direita corresponde o lado direito do animal, o mesmo servindo para a esquerda. Quando incidir sobre a derme e as camadas de gordura, deve-se ter um cuidado extremo para prevenir uma liberação repentina (inesperada) de gases e fluidos da cavidade abdominal e trato gastrointestinal. A cavidade parietal pode ser cortada no sentido da incisão A (Figura 2), tendo o cuidado para não perfurar os órgãos que estão abaixo. Uma segunda incisão deve ser realizada (Incisão B, Figura 2), perpendicular à linha média, desde a lateral do esterno até um ponto ventro-lateral e então no sentido longitudinal até o ponto distal das costelas direitas. Acompanhar a linha das costelas caudalmente, retornando à incisão “A”, cranialmente, à abertura genital. Remover a porção direita deslocando-a para o lado. Realiza- se o mesmo procedimento no lado esquerdo. A genitália permanece na carcaça. Verificar a presença de alguma hemorragia subcutânea coletando amostras, se necessário.

Descreva a quantidade, cor e textura da gordura, pois a aparência e a espessura da gordura podem ser um indicador da condição corporal e da saúde em geral. Observar o aspecto geral da cavidade abdominal, presença de fluidos (cor e consistência), gases, disposição dos órgãos, rupturas, adesões e/ou hemorragias. Examinar o mesentério gastrointestinal (descoloração ou hemorragia) e os linfonodos mesentéricos (cor e tamanho). Coletar amostras teciduais para histopatologia.

189 3. Sistema gastrointestinal/baço

O trato gastrointestinal e estruturas associadas do sistema digestivo são retirados, com exame seguido por uma inspeção in situ das superfícies serosas expostas e mesentérios observando-se a presença de hemorragias, cistos, rupturas, abscessos ou outras lesões. Examinam-se as diferentes partes do trato gastrointestinal e superfícies mucosas para a presença de anormalidades.

Figura 3. Corte transversal das camadas de tecidos próximo à linha média ventral (Ilustrado por Cristiano Leite Parente baseado em Bonde et al., 1983).

Figura 2: Incisões recomendadas para necropsia em peixe-boi (Ilustrado por Cristiano Leite Parente baseado em Bonde et al., 1983).

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Figura 4. Cavidade pleural mostrando a localização dos principais órgãos internos após a remoção do fígado, estômago e intestinos (Ilustrado por Cristiano Leite Parente baseado em Bonde et al., 1988). Inicia-se a remoção do trato gastrointestinal pela localização da junção do cólon descendente e o reto. Libera-se este segmento cortando o mesentério (mesocólon) e amarrando o reto com um fio em dois locais diferentes separados por poucos centímetros, dorsalmente, a vesícula urinária. Corta-se o cólon descendente entre os fios amarrados e inicia-se a cortar mesocólon cranialmente para a remoção do trato inteiro. O diafragma está em um plano quase hori- zontal, é subdividido e cada metade é denominada de hemidiafragma. O mesocólon descendente está preso à esquerda do hemidiafragma, próximo ao rim esquerdo. O cólon ascendendo encontra-se aderido ao peritônio parietal da coluna vertebral, continuando a dissecação, deve-se liberar o cólon ascendente.

O ceco marca a junção dos intestinos grosso e delgado (Figura 5), estando localizado à esquerda da coluna vertebral. Corta-se o peritônio liberando o ceco, íleo e jejuno, completa-se a remoção do trato gastrointestinal cortando entre o duodeno e o diafragma até que o piloro do estômago seja alcançado. O hemidiafragma não deve ser cortado, deve-se mover cranialmente para se observar a junção do estômago e esôfago. Cortar o esôfago cerca de 5 cm cranial ao estômago e continuar cortando entre o estômago e o hemidiafragma, dissecando, através do omento menor, artéria hepática e ducto biliar.

Coração

Divertículo duodenal Pâncreas Hemidiafragma Glândulas adrenais Cápsula renal do rim

Glândula mamária Glândula cardíaca Estômago Baço Duodeno Pulmão Cavidade pleural Rim Ovário Ureter Útero Glândula tireóide

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Figura 5. Sistema gastrointestinal de um filhote de peixe-boi marinho (T. manatus) (Foto: Acervo CMA/Ibama). Comprimir o ducto biliar com um pinça hemostática antes de cortar, incidindo o ducto biliar caudal à hemostática, o trato gastrointestinal pode ser removido da cavidade abdominal.

Após as devidas observações, localizar e remover as glândulas adrenais (Figura 4), as quais são pequenas glândulas localizadas, por palpação, ao longo de cada extremidade mediana da coluna verte- bral cranial aos rins.

Coloca-se o trato gastrointestinal (Figura 5) em uma área de trabalho limpa, para então começar o exame. Inicia-se cortando o jejuno e o íleo liberando-os do mesentério, sendo cuidadosamente examinada toda a superfície serosa, o baço e o pâncreas podem ser retirados e o lúmem e a mucosa do estômago e então examinados. Observar se o baço é uma peça única ou uma peça fragmentada, neste caso se são baços acessórios ou rupturas.

estômago ampola duodenal

intestino delgado

ceco

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Abrir o estômago fazendo uma incisão de cerca de 15 cm ao longo da superfície ventral. Observar conteúdo (como consistência, cor, quantidade e odor), presença de parasitos, coletando amostras. Remover o conteúdo e, se possível, pesá-lo.

Observar a mucosa superficial e parede muscular, para a presença de possíveis alterações. A glândula cárdica apresenta-se como uma massa glandular na submucosa da parede dorsal esquerda da câmara principal, cortar a glândula e observar anormalidades.

Examinar os intestinos (Figura 5), anotar alguma anormalidade, fazer uma incisão de 10 cm ao longo da superfície ventral do duodeno, verificando o conteúdo, tipicamente aquoso, presença de parasitos ou outras alterações, coletar amostras. Continuar cortando pelo jejuno e íleo, examinando superfície e conteúdo, observar os linfonodos nesta região. Fazer uma incisão ventralmente ao longo do comprimento do ceco. Ao encontrar o conteúdo geralmente mais firme que aquele encontrado no intestino delgado e melhor consistência que aquele encontrado no estômago, prosseguir o exame, abrindo o órgão ao longo do seu comprimento com uma tesoura. Em filhotes, é importante distinguir a ingestão de mecônio (um material mucilaginoso, verde escuro no trato intestinal de fetos a termo ou neonatos). Caso suspeitar-se de enterites, é importante coletar-se material para análises bacteriológicas.