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CEBRASPE – PRF - Policial Rodoviário Federal – 2019

Questões comentadas – CEBRASPE

25. CEBRASPE – PRF - Policial Rodoviário Federal – 2019

A responsabilidade civil do Estado por ato comissivo é subjetiva e baseada na teoria do risco administrativo, devendo o particular, que foi a vítima, comprovar a culpa ou o dolo do agente público.

Comentário:

Na verdade, a responsabilidade civil do Estado por ato comissivo é objetiva e baseada na teoria do risco administrativo. Por isso, independe da prova de culpa no cometimento da lesão.

Portanto, frise-se: a responsabilidade extracontratual objetiva do Estado decorre apenas de danos provocados por alguma conduta comissiva (ação) de seus agentes. Na hipótese de prejuízos provocados pela omissão do Poder Público, a responsabilidade civil é de natureza subjetiva (teoria da culpa administrativa).

Gabarito: Errado

26. (CEBRASPE – PC/SE 2018)

A apuração de eventual responsabilidade civil dos agentes dispensa a presença de conduta dolosa ou culposa.

Comentário:

A responsabilidade da Administração Pública, conforme dispõe o art. 37, §6º da Constituição Federal, é objetiva, com base na modalidade do risco administrativo, mas a responsabilidade dos agentes é subjetiva, ou seja, depende de dolo ou culpa como demonstrado pelo mesmo dispositivo, que condiciona o direito de regresso da Administração em relação ao agente à existência de dolo ou culpa do responsável.

Gabarito: Errado

27. (CEBRASPE – PM/AL 2018)

Em situações de danos causados a terceiros, a responsabilidade recai sobre as pessoas jurídicas de direito público, havendo, ainda, a possibilidade de direito de regresso contra o agente responsável nas hipóteses de dolo ou culpa, responsabilidade que não recai sobre pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos.

Comentário:

Nos termos do art. 37, §6º da Constituição Federal, as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

O erro da questão, dessa forma, é excluir as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos da responsabilidade civil descrita pelo enunciado.

Gabarito: Errado

28. (CEBRASPE – MP/PI 2018)

No contexto da responsabilidade civil do Estado, a culpa da vítima será considerada como critério para excluir ou para atenuar a responsabilização do ente público.

Comentário:

A culpa da vítima é considerada uma excludente da responsabilidade civil do Estado, assim como o caso fortuito/força maior e o fato exclusivo de terceiros. Detalhe é que, se a culpa for exclusiva da vítima, a responsabilidade civil do Estado será afastada; se a culpa da vítima for concorrente com o agente público, a responsabilidade do Estado será apenas atenuada (mas não afastada totalmente).

Gabarito: Certo

29. (CEBRASPE – MPU 2018)

Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue os seguintes itens.

Na hipótese de prejuízo gerado por ato omissivo de servidor público, a responsabilidade deste será subjetiva.

Comentário:

A responsabilidade do servidor público é sempre subjetiva, uma vez que ele só responde se fica demonstrado que ele agiu com dolo ou culpa. Lembrando que, no caso de danos causados a terceiros, por atos comissivos ou omissivos, o servidor responderá civilmente via ação de regresso.

Gabarito: Certo

30. (CEBRASPE - MPU 2018)

Acerca da responsabilidade civil do Estado, julgue os seguintes itens.

A vítima que busca reparação por dano causado por agente público poderá escolher se a ação indenizatória será proposta diretamente contra o Estado ou em litisconsórcio passivo entre o Estado e o agente público causador do dano.

Comentário:

A ação de reparação deve ser movida contra a Administração (pessoa jurídica), e não contra o agente que causou o dano. Este é o posicionamento do STF, manifestado em inúmeras decisões, dentre elas, no RE 344.133/PE:

Consoante dispõe o § 6º do artigo 37 da Carta Federal, respondem as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, descabendo concluir pela legitimação passiva concorrente do agente, inconfundível e incompatível com a previsão constitucional de ressarcimento - direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Segundo a jurisprudência do STF, essa sistemática consagra uma dupla garantia: uma, em favor do particular, pois lhe possibilita mover ação indenizatória contra a pessoa jurídica, o que, em tese, aumenta a sua chance de ser indenizado (o Estado tem mais “força financeira” que o agente público causador direto do dano); e outra garantia em prol do agente público, que somente responderá perante a Administração, em caso de dolo ou culpa, mediante ação regressiva.

Portanto, a questão está errada.

Ressalto, contudo, que, não obstante a posição do STF, é possível encontrar na doutrina e até na jurisprudência do STJ entendimentos que defendem a possibilidade de se mover ação de reparação diretamente contra o agente público. Ou seja, não se trata de tema totalmente pacífico, razão pela qual entendo que a questão dá margem para recurso.

Gabarito: Errado

31. (CEBRASPE – CGM/JP 2018)

Empresa pública responderá pelos danos que seu empregado, atuando como seu agente, ocasionar, assegurado o direito de regresso nos casos de dolo ou culpa.

Comentário:

No tema da responsabilidade civil do Estado, as pessoas jurídicas de direito público e as pessoas de direito privado prestadoras de serviços públicos respondem pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável no caso de dolo ou culpa (art. 37, §6º, CRFB/88).

Portanto, para as pessoas jurídicas de direito privado, a exemplo das empresas públicas, a norma supracitada incide apenas se forem prestadoras de serviços públicos. Caso sejam exploradoras de atividade econômica, devem responder na forma da legislação civil.

O enunciado é problemático, justamente por não informar se a empresa pública presta serviços públicos ou explora atividade econômica. No entanto, o gabarito da banca examinadora considerou o item correto.

Gabarito: Certo

32. (CEBRASPE – PC/MA 2018)

Com relação à responsabilidade civil do Estado, julgue os itens seguintes, de acordo com o entendimento jurisprudencial dos tribunais superiores.

I – Em razão do dever estatal de proteção à incolumidade física do preso, a responsabilização civil do Estado em caso de morte no interior de estabelecimento prisional ocorrerá ainda que seja demonstrada a impossibilidade do ente de agir para evitar a morte do detento.

II – De acordo com o princípio da reserva do possível, reiterado descumprimento do dever estatal de assegurar a integridade física e moral do preso não impõe a responsabilização civil do Estado por danos gerados pela falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento.

III – A responsabilidade civil das pessoas jurídicas concessionárias de serviço público é objetiva em relação aos danos causados aos terceiros usuários e não usuários do serviço público.

Assinale a opção correta.

a) Apenas o item I está certo.

b) Apenas o item II está certo.

c) Apenas o item III está certo.

d) Apenas os itens I e II estão certos.

e) Apenas os itens II e III estão certos.

Comentário:

As justificativas para a veracidade ou falsidade das afirmativas presentes nos itens acima, como indicado pelo próprio enunciado, têm como base a jurisprudência firmada pelos tribunais superiores, mais especificamente Recursos Extraordinários com repercussão geral julgados pelo Supremo Tribunal Federal.

I – ERRADA. O tema deste item foi objeto do Recurso Extraordinário 841.526 julgado com repercussão geral, ficando definida a seguinte tese: em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte do detento.

O acórdão do referido Recurso Extraordinário considerou para a definição da tese acima que a omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima nos casos em que o Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva possibilidade de agir para impedir o resultado danoso.

Isso significa e foi expressamente ressalvado no acórdão que nos casos em que não é possível ao Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a responsabilidade do Poder Público.

II – ERRADA. Esse tema também foi objeto de análise por Recurso Extraordinário com Repercussão Geral (RE 580252). O Plenário do STF definiu que:

considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento.

III – CERTA. O art. 37, §6º, da CF/88 prevê expressamente que as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos (como as concessionárias) responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa, sendo essa a base para a responsabilidade objetiva das concessionárias de serviços públicos.

Com base no dispositivo acima, as prestadoras de serviços públicos se responsabilizam objetivamente pelos danos causados aos usuários, não existindo controvérsias quanto a esse ponto. Além disso, o Supremo Tribunal Federal decidiu no julgamento do Recurso Extraordinário 591874 que: há responsabilidade civil objetiva das empresas que prestam serviço público mesmo em relação a terceiros, ou seja, aos não-usuários, interpretando o dispositivo constitucional de forma ampla.

Gabarito: C

33. (CEBRASPE – STJ 2018)

Julgue os itens a seguir, relativos à responsabilidade civil do Estado.

A responsabilidade civil do Estado por atos comissivos abrange os danos morais e materiais.

Comentário:

A responsabilidade civil do Estado lhe impõe o dever de indenizar os danos materiais e morais que seus agentes causem a terceiros.

Gabarito: Certo

34. (CEBRASPE – STJ 2018)

Excetuados os casos de dever específico de proteção, a responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas é subjetiva, devendo ser comprovados a negligência na atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade.

Comentário:

Quando há omissão, em regra existe a necessidade da presença do elemento culpa para a responsabilização do Estado. Em outras palavras, nas hipóteses de danos provocados por omissão do Poder Público, a sua responsabilidade civil passa ser de natureza subjetiva, na modalidade culpa administrativa. Nesses casos, a pessoa que sofreu o dano, para ter direito à indenização do Estado, tem que provar (o ônus da prova é dela) a culpa da Administração Pública.

A culpa administrativa, no caso, origina-se do descumprimento do dever legal, atribuído ao Poder Público, de impedir a consumação do dano. Ou seja, decorre de falta no serviço que o Estado deveria ter prestado (abrangendo a inexistência, a deficiência ou o atraso do serviço) e que, se tivesse sido prestado de forma adequada, o dano não teria ocorrido. A meu ver, é correto também afirmar que deve ser comprovada a negligência estatal, conforme afirma o quesito.

Gabarito: Certo

35. (CEBRASPE – STJ 2018)

As empresas prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável exclusivamente no caso de dolo.

Comentário:

O direito de regresso contra o agente poder ser exercido nos casos de dolo ou culpa.

Gabarito: Errado

36. (CEBRASPE – STJ 2018)

Acerca dos poderes da administração pública e da responsabilidade civil do Estado, julgue os itens a seguir.

Em razão da discricionariedade do poder hierárquico, não são considerados abuso de poder eventuais excessos que o agente público, em exercício, sem dolo, venha a cometer.

Comentário:

Não há necessidade de dolo para a configuração do abuso de poder.

Gabarito: Errado

37. (CEBRASPE – STJ 2018)

É objetiva a responsabilidade do agente público em exercício que, por ato doloso, cause danos a terceiros.

Comentário:

A responsabilidade do agente público é sempre subjetiva. No caso de danos a terceiros, ele responde em ação de regresso.

Gabarito: Errado

38. (CEBRASPE – STJ 2018)

Força maior, culpa de terceiros e caso fortuito constituem causas atenuantes da responsabilidade do Estado por danos.

Comentário:

O mais correto, a meu ver, seria afirmar que os fatores mencionados constituem causas excludentes de responsabilidade do Estado. Todavia, penso ser também correto afirmar que são causas atenuantes.

Gabarito: Certo

39. (CEBRASPE – Procurador de Fortaleza 2017)

A regulação das relações jurídicas entre agentes públicos, entidades e órgãos estatais cabe ao direito administrativo, ao passo que a regulação das relações entre Estado e sociedade compete aos ramos do direito privado, que regulam, por exemplo, as ações judiciais de responsabilização civil do Estado.

Comentário:

Segundo Hely Lopes Meirelles, o Direito Administrativo consiste no conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. Portanto, cabe ao Direito Administrativo, ramo do Direito Público, a regulação das relações entre o Estado e a sociedade. É o que ocorre, por exemplo, quando um agente público provoca um dano moral ou material a um terceiro, gerando a responsabilidade civil do Estado de reparar o dano.

Gabarito: Errado

40. (CEBRASPE – Procurador de Fortaleza 2017)

Situação hipotética: Um veículo particular, ao transpassar indevidamente um sinal vermelho, colidiu com veículo oficial da Procuradoria-Geral do Município de Fortaleza, que trafegava na contramão.

Assertiva: Nessa situação, não existe a responsabilização integral do Estado, pois a culpa concorrente atenua o quantum indenizatório.

Comentário:

A teoria do risco administrativo explica que, existindo o nexo de causalidade entre a conduta do agente estatal e o dano, há a responsabilidade do Estado. No caso apresentado, percebemos que a culpa do dano foi concorrente, pois, além do particular ultrapassar o sinal vermelho, o veículo da Procuradoria do Município estava na contramão, portanto os dois deram causa ao dando. Nesse caso há a atenuação da conduta do Estado, em razão da culpa concorrente do particular.

Gabarito: Certo

41. (CEBRASPE – TCE/PE 2017)

Mesmo que determinada lei tenha sido declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, entende-se que não é viável a responsabilização do Estado pela edição da referida norma, uma vez que o Poder Legislativo é dotado de soberania no exercício da atividade legiferante.

Comentário:

Se uma lei que causar danos a terceiros vier a ser declarada inconstitucional pelo STF, o Estado poderá ser responsabilizado a indenizar os terceiros por esses danos. Trata-se de uma das hipóteses de responsabilidade civil do Estado por atos legislativos.

Gabarito: Errado

42. (CEBRASPE – TCE/PE 2017)

A morte de terceiro em decorrência de assalto praticado por indivíduo foragido do sistema prisional tem a faculdade de atrair a responsabilidade civil do Estado.

Comentário:

A jurisprudência do STF já reconheceu a existência da responsabilidade civil do Estado pela morte de terceiro em decorrência de assalto praticado por indivíduo foragido do sistema prisional. Veja a ementa do RE 573.595, de 24/6/2008

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ARTIGO 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. LATROCÍNIO COMETIDO POR FORAGIDO.

NEXO DE CAUSALIDADE CONFIGURADO. PRECEDENTE. 1. A negligência estatal na vigilância do criminoso, a inércia das autoridades policiais diante da terceira fuga e o curto espaço de tempo que se seguiu antes do crime são suficientes para caracterizar o nexo de causalidade. 2. Ato omissivo do Estado que enseja a responsabilidade objetiva nos termos do disposto no artigo 37, § 6º, da Constituição do Brasil. Agravo regimental a que se nega provimento.

Detalhe é que o Poder Público só responderá pelo crime praticado se houver nexo de causalidade entre a omissão estatal e o dano. Outro elemento frequentemente apontado é a necessidade de que haja um curto intervalo de tempo entre a fuga e o ato lesivo.

Gabarito: Certo

43. (CEBRASPE – TCE/PE 2017)

Na hipótese de responsabilidade do Estado por dano causado por agente público, apenas nos casos de atos dolosos será assegurado ao poder público o direito de regresso.

Comentário:

O direito de regresso é assegurado não apenas em caso de dolo, mas também nos casos de culpa do agente público.

Gabarito: Errado

44. (CEBRASPE – TCE/PE 2017)

Considera-se atenuante da responsabilidade estatal a culpa concorrente da vítima.

Comentário:

A culpa exclusiva da vítima, assim como o caso fortuito/força maior e o fato exclusivo de terceiros são considerados excludentes da responsabilidade civil do Estado na teoria do risco administrativo. Especificamente, a culpa concorrente é considerada um atenuante da responsabilidade estatal.

Gabarito: Certo

45. (CEBRASPE – TCE/PE 2017)

Para efeito de apuração da responsabilidade civil do Estado, é juridicamente irrelevante que o ato tenha sido comissivio ou omissivo.

Comentário:

A responsabilidade do Estado pode decorrer tanto de atos comissivos como omissivos de seus agentes. No primeiro caso, a responsabilidade do Estado é objetiva; no segundo, é subjetiva, como regra. Logo, a natureza do ato não é juridicamente irrelevante, pois serve para definir a natureza da responsabilidade do Estado (se objetiva ou subjetiva).

Gabarito: Errado

46. (CEBRASPE – Juiz Substituto TJ/PR 2017)

Em recente decisão, o STF entendeu que, quando o poder público comprovar causa impeditiva da sua atuação protetiva e não for possível ao Estado agir para evitar a morte de detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade):

a) haverá responsabilidade civil do Estado, aplicando-se à situação a responsabilidade subjetiva por haver omissão estatal.

b) haverá responsabilidade civil do Estado, aplicando-se ao caso a responsabilidade objetiva por haver omissão estatal.

c) não haverá responsabilidade civil do Estado, pois o nexo causal da sua omissão com o resultado danoso terá sido rompido.

d) haverá responsabilidade civil do Estado, aplicando-se ao caso a teoria do risco integral.

Comentário:

Em decisão publicada em 01 de Agosto de 2016, o STF entendeu que o dever constitucional de proteção ao detento somente se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido de garantir os seus direitos fundamentais e não é assegurado. Já quando não for possível ao Estado agir para evitar a morte de detendo, não há nexo de causalidade, afastando a responsabilidade do Estado. Eis o teor da decisão (RE 841526):

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR MORTE DE DETENTO. ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. A responsabilidade civil estatal, segundo a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37, § 6º, subsume-se à teoria do risco administrativo, tanto para as condutas estatais comissivas quanto paras as omissivas, posto rejeitada a teoria do risco integral. 2. A omissão do Estado reclama nexo de causalidade em relação ao dano sofrido pela vítima nos casos em que o Poder Público ostenta o dever legal e a efetiva possibilidade de agir para impedir o resultado danoso. 3. É dever do Estado e direito subjetivo do preso que a execução da pena se dê de forma humanizada, garantindo-se os direitos fundamentais do detento, e o de ter preservada a sua incolumidade física e moral (artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal). 4. O dever constitucional de proteção ao detento somente se considera violado quando possível a atuação estatal no sentido de garantir os seus direitos fundamentais, pressuposto inafastável para a configuração da responsabilidade civil objetiva estatal, na forma do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal. 5. Ad impossibilia nemo tenetur, por isso que nos casos em que não é possível ao Estado agir para evitar a morte do detento (que ocorreria mesmo que o preso estivesse em liberdade), rompe-se o nexo de causalidade, afastando-se a responsabilidade do Poder Público, sob pena de adotar-se contra legem e a opinio

por várias causas, como, v. g., homicídio, suicídio, acidente ou morte natural, sendo que nem sempre será possível ao Estado evitá-la, por mais que adote as precauções exigíveis. 7. A responsabilidade civil estatal resta conjurada nas hipóteses em que o Poder Público comprova causa impeditiva da sua atuação protetiva do detento, rompendo o nexo de causalidade da sua omissão com o resultado danoso. 8. Repercussão geral constitucional que assenta a tese de que: em caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no artigo 5º, inciso XLIX, da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte do detento. 9. In casu, o tribunal a quo assentou que inocorreu a comprovação do suicídio do detento, nem outra causa capaz de romper o nexo de causalidade da sua omissão com o óbito ocorrido, restando escorreita a decisão impositiva de responsabilidade civil estatal. 10. Recurso extraordinário DESPROVIDO.

Gabarito: C

47. (CEBRASPE – Técnico Administrativo ANVISA 2016)

Em virtude da observância do princípio da supremacia do interesse público, será integralmente excluída a responsabilidade civil do Estado nos casos de culpa — seja exclusiva, seja concorrente — da vítima atingida pelo dano.

Comentário:

Nos casos de culpa concorrente da vítima atingida pelo dano, a responsabilidade do Estado será atenuada proporcionalmente, e não excluída integralmente, o que ocorrerá apenas no caso de culpa exclusiva da vítima.

Gabarito: Errado

48. (CEBRASPE – DPU 2015)

A responsabilidade civil do servidor público pela prática, no exercício de suas funções, de ato que acarrete prejuízo ao erário ou a terceiros pode decorrer tanto de ato omissivo quanto de ato comissivo, doloso ou culposo.

Comentário:

Para caracterizar a responsabilidade civil ou extracontratual do Estado, basta que haja um dano (patrimonial e/ou moral) causado a terceiro por comportamento omissivo ou comissivo, doloso ou culposo de agente público. A responsabilidade civil impõe ao Estado a obrigação de reparar (indenizar) esse dano.

Nos termos do art. 122 da Lei 8.112/1990, “a responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros”.

Gabarito: Certo

49. (CEBRASPE – DPU 2016)

Situação hipotética: Considere que uma pessoa jurídica de direito público tenha sido responsabilizada pelo dano causado a terceiros por um dos seus servidores.

Assertiva: nessa situação, o direito de regresso poderá ser exercido contra esse servidor ainda que não seja comprovada a ocorrência de dolo ou culpa.

Comentário:

O art. 37, § 6º, da Constituição Federal, dispõe o seguinte:

6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Como se nota, o direito de regresso do Estado só poderá ser assegurado quando seus agentes tiverem causado danos a terceiros por dolo ou culpa. Em outras palavras, se não houver dolo ou culpa do agente, não será assegurado o direito de regresso, o que torna a questão incorreta.

Gabarito: Errado

50. (CEBRASPE – CGE/PI 2015)

De acordo com a teoria do risco integral, é suficiente a existência de um evento danoso e do nexo de causalidade entre a conduta administrativa e o dano para que seja obrigatória a indenização por parte do Estado, afastada a possibilidade de ser invocada alguma excludente da responsabilidade.

Comentário:

Na teoria do risco integral, o Estado funciona como um segurador universal, que deverá suportar os danos sofridos por terceiros em qualquer hipótese. A característica do risco integral é que não são admitidas as hipóteses de exclusão da responsabilidade civil do Estado. De fato, para se aduzir a responsabilidade do Estado, seria suficiente demonstrar o dano e o nexo de causalidade entre a conduta administrativa e o dano. Sendo assim, a questão está correta.

Gabarito: Certo

51. (CEBRASPE – CGE/PI 2015)

As pessoas jurídicas de direito público responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável apenas nos casos de dolo.

Comentário:

Vamos dar uma olhada no art. 37, §6º, da CF:

§ 6º – As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Como se nota, o direito de regresso contra o agente público ocorre tanto no caso de dolo como de culpa. Logo, a questão está errada.

Gabarito: Errado

52. (CEBRASPE – TRE/GO 2015)

Rafael, agente público, chocou o veículo que dirigia, de propriedade do ente ao qual é vinculado, com veículo particular dirigido por Paulo, causando-lhe danos materiais. Acerca dessa situação hipotética, julgue os seguintes itens.

Rafael pode ser responsabilizado, regressivamente, se for comprovado que agiu com dolo ou culpa, mesmo sendo ocupante de cargo em comissão, e deve ressarcir a administração dos valores gastos com a indenização que venha a ser paga a Paulo.