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A celulose é o principal insumo na fabricação de papel e é obtida a partir de fibras de origem vegetal de diversas fontes alternativas, através de processos produtivos mecânicos e químicos, cuja escolha depende de restrições técnicas, econômicas, e disponibilidade de recursos naturais e de exigências em relação ao meio ambiente”. (ESTUDO DA COMPETITIVIDADE..., 1993b, p. 21).

O tipo de celulose produzida varia de acordo com o tipo de fibra. Contudo, os diferentes tipos de celulose não são necessariamente substituíveis entre si21 podendo

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ser classificadas em Pastas Químicas e Pastas de Alto Rendimento (PAR). Os principais tipos de pasta celulótica são os seguintes22:

Pastas químicas

Pasta química. Constituí o principal tipo de pasta, comumente chamada de celulose, assim denominada por utilizar compostos químicos no processo de transformação da madeira ou outra matéria prima, em fibras. Por suas características, apresenta uma ampla gama de aplicações em quase todos os seguimentos de papel, com destaque para fins sanitários, de embalagens e para imprimir e escrever. A maior parte da celulose comercializada no mercado é fabricada por esse processo.

Pasta mecânica. Constituí no produto obtido através de um processo no qual as fibras de madeira são desagregadas pelo simples atrito mecânico. Em geral, são pastas utilizadas na fabricação de papel jornal ou de imprensa, assim como na confecção de produtos de baixo valor agregado, a exemplo de papelão.

Pasta termomecânica. Compreende uma evolução do processo de obtenção da pasta mecânica, no qual o atrito mecânico é facilitado por uma saturação prévia com vapor. São pastas empregadas na fabricação de diversos tipos de papel com destaque para os de imprimir e escrever

Pasta de Alto

Rendimento (PAR)

Pasta termoquímicomecânica. É obtida a partir de um processo no qual o atrito mecânico é facilitado pela saturação de vapor e por produtos químicos Proporciona elevado rendimento da madeira e assegura a integridade das fibras, o que constitui para a qualidade dos papéis fabricados com pastas desse tipo.

QUADRO 4. Mundo: Principais tipos de pasta celulótica. Fonte: elaborado a parir de Estudo Setorial... 2001. A respeito das pastas químicas, utiliza-se também uma classificação baseada no tipo de processo de cozimento da madeira uma outra considerando a alvura, caso sejam submetidas ou não ao processo de depuração.

Classificação das pastas químicas

Sulfato ou Kraft, é o mais utilizado e pode ser aplicado em praticamente todo tipo de madeira

Sulfito é empregado normalmente para madeiras de fibra longa Quanto ao

processo de cozimento

da madeira Soda, compreende um processo químico antigo e por isso sua utilização e cada vez menor

Não branqueadas Quanto a

alvura Branqueadas

QUADRO 5: Mundo: Classificação das pastas químicas Fonte: elaborado a parir de Estudo Setorial... 2001. Os processos de branqueamento da celulose mais comuns são:

Ø O Totally Chorine Free (TCF), utilizado principalmente pelos países nórdicos, onde não se utiliza o cloro molecular ou quaisquer outros compostos clorados como agente de branqueamento, evita a formação de emissões indesejáveis de compostos organoclorados, possibilitando a recuperação total dos filtrados do branqueamento. Para a mesma produção e polpa de outros sistemas de branqueamento consome 10% a mais de madeira;

Ø O Elemental Chorine Free (ECF), que não utiliza o cloro molecular entre seus agentes de branqueamento, mas pode utilizar outros compostos de cloro (tal como o dióxido de cloro, o composto mais expressivamente empregado). Esse tipo de branqueamento é vantajoso para as empresas que possuem sistema externo de controle primário e

mercado é justamente em sua especificidade, pois o país produz principalmente celulose fibra curta, que é utilizada principalmente na confecção de papéis de imprimir e escrever.

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As informações a seguir a respeito das formas de classificar a celulose foram retiradas na íntegra do volume II, Estudo Setorial, 2001, visto seu alto conteúdo técnico.

secundário de efluentes (end of pip). Representa, de forma ampla a tendência mundial de produção de celulose química branqueada;

Ø O Stander, no qual utiliza tanto o cloro elementar como seus derivados.

A celulose pode ainda ser classificada em termos de uso final, isto é, para papel ou para dissolução. A celulose para dissolução, também chamada de celulose solúvel, é uma pasta química que apresenta elevado teor de alfacelulose. Numa etapa posterior, suas fibras são dissolvidas por meio de processo químico para serem reconstituídas ou combinadas em processo podendo originar outros tipos de fibra como o rayon e o acetato.

A produção da celulose pode ou não estar integrada à produção de papel, seja numa mesma planta industrial, seja numa mesma empresa. Algumas empresas, entretanto, vendem diretamente sua produção no mercado ou comercializam seu excedente de celulose. Esse tipo de produção se caracteriza pelas economias de escala, pelo elevado nível de padronização e pela existência de um mercado internacional de tamanho significativo (ESTUDO SETORIAL..., 2001; LOPES, 1998).

O mercado mundial em que a celulose é comercializada recebe o nome de Market pulp, no qual a quantidade de celulose comercializada corresponde aproximadamente a 22% do total de celulose produzida, pois a maioria das indústrias produzem para seu próprio consumo. Do total da produção destinada ao mercado, cerca de 90% é do tipo pasta química e os outros 10% estão divididos entre os demais tipos de pastas, como a mecânica e a termomecânica. Quanto à alvura, a comercialização se concentra no tipo branqueada que representa pouco mais de 80% do total da celulose e pasta produzidas globalmente (ESTUDO SETORIAL..., 2001; BNDES, 2001).

mercado participam principalmente os países desenvolvidos – EUA, o Canadá, Suécia, Finlândia – e alguns em desenvolvimento como: Brasil, África do Sul, Chile e Indonésia (ESTUDO DA COMPETITIVIDADE..., 1993b; LOPES, 1998). Cabe ressaltar ainda que cerca de trinta e cinco países produzem celulose de mercado, porém a produção dos principais produtores mundiais correspondem a cerca de 90% do total.

Recentemente tem-se constatado uma tendência, principalmente por parte dos países mais desenvolvidos, em reduzir paulatinamente a participação de fibras virgens no mix de insumos utilizados na fabricação de papel devido à utilização de fibras recicladas23. Em contrapartida, temos o aumento da oferta de celulose, principalmente

por países de clima tropical equatorial, devido ao rápido ciclo de crescimento de suas florestas. Entretanto, essa maior utilização de fibras recicladas tem limites econômicos e técnicos, tornando-se até antieconômica. Além disso, a fibra só pode ser reciclada por um determinado número de vezes perdendo muito de sua qualidade em relação às fibras virgens.

Segundo Lopes (1998) as principais características estruturais das indústrias de celulose são:

ü A indústria é intensiva em capital;

ü Nível de padronização dos produtos é elevado, pois trata-se de uma

commodity;

ü A indústria é de base florestal, necessitando a exploração de grandes áreas com florestas nativas ou plantadas;

ü A busca de economia de escala tem conduzido a uma descontinuidade no aumento da oferta;

ü Os investimentos na expansão da capacidade têm sido realizados de acordo com o fluxo.

Podemos dizer que o preço da celulose é marcado por um comportamento

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Este aumento na utilização de fibras recicladas, por parte dos países mais desenvolvidos, decorre principalmente da necessidade de reduzir o lixo gerado nas grandes cidades e a dependência da importação de fibras.

cíclico, “cuja intensidade vem se acentuando no decorrer dos anos devido ao aumento da escala de produção” (LOPES, 1998, p. 7). Além disso, os ciclos são cada vez menores e as diferenças entre o topo e a vala são cada vez maiores e a recuperação da baixa é cada vez mais lenta. A volatilidade do setor tem se mostrado cada vez mais intensa e, para reduzi-la, o setor tem procurado estabelecer contratos de longo prazo, criação da Bolsa de Futuros (Pulpex) e a consolidação de suas empresas através de fusões e aquisição (como já observamos anteriormente).