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Cenário atual da capacidade de geração eólica no Brasil

Capítulo II 2 Revisão de Literatura

4. O estado da arte da energia eólica no Brasil

4.4. Cenário atual da capacidade de geração eólica no Brasil

No ano de 2001 uma grande crise energética da história do Brasil, assistiu-se a uma verdadeira corrida de empreendedores interessados em investir na construção e operação de usinas eólica no Brasil. A região Nordeste, por todo o seu potencial de ventos, apresenta atrativos para o uso de energia eólica do litoral dos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte, onde se concentrou a atenção dos investidores.

A ANEEL recebeu diversos pedidos de análise de empreendimentos de geração eólica que, somados, alcançam um total de 3,3 GW de potência. Esse aumento de solicitações deveu-se em grande parte à Resolução 24/2001 da Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica, que criou o Programa Emergencial de Energia Eólica, o PROEÓLICA, com o objetivo de viabilizar a implantação de 1.050 MW, até dezembro de 2003, a partir da geração eólica. Assim, os empreendimentos que fossem autorizados pela ANEEL e que entrassem em operação comercial até dezembro de 2002, teriam incentivos econômicos especiais. A Tabela 4.3 exibe a relação das usinas eólicas autorizadas pela ANEEL.

Tabela 4.3. Usinas eólicas autorizadas pela ANEEL

Empreendimento Ano da

autorização

Unidade da Federação Potência (MW)

Status

Prainha 1998 Ceará 10,000 Em operação

Taíba 1998 Ceará 5,000 Em operação

Palmas 1999 Fernando de Noronha 2,500 Em operação Fernando de Noronha 1999 Fernando de Noronha 0,075 Em operação Morro do Camelinho 2000 Minas Gerais 1,000 Em operação

Beberibe 2001 Ceará 25,000 Em construção

Fonte: MME (2006)

O aumento de pedidos de projetos para serem analisados pela ANEEL de 2001 para 2004 é constatado na Tabela 4.4. O estado que se destacou em solicitação foi o Ceará com 4 novos projetos enquanto a Paraíba foi apenas 1. Porém, quando é analisado em função da potência, esses números tornam-se pouco significativos, pois salta do patamar de 2,4 MW em 2001, para 912,28 MV (27%) em 2002 e 1.554,8 MW em 2003 (47%) e reduzindo em 2004 (26%) para apenas 850 MW. O “boom” da potência em

2003 foi o ano chave na contemplação e incentivos para os empreendedores que começassem a colocar em operação os seus empreendimentos.

Tabela 4.4. Projetos em análise na ANEEL

ANO ESTADO POTÊNCIA (MW).

2001 (2,4 MW) CE 2,4 CE 305,70 PB 5,28 PE 19,80 PI 10,50 2002 (912,28 MW) RN 571,00 BA 120,00 CE 756,40 PE 120,00 2003 (1.554,8 MW) RN 558,40 BA 100,00 CE 310,00 PE 240,00 2004 (850 MW) RN 200,00 TOTAL 3.319,48 Fonte: MME (2006)

Desde o início de sua criação, a ANEEL vem trabalhando em parceria com Centros de Referência em Energias Renováveis e Universidades, na execução de estudos que venham proporcionar condições para aumentar a oferta de energia. E, também, buscando a democratização do acesso a energia em suas formas mais adequadas, favorecendo a geração de empregos e a melhoria na qualidade de vida da sociedade. O primeiro trabalho de parceria com o Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE) da UFPE, foi à publicação do Atlas Eólico da Região Nordeste que identifica locais da região onde é propício o desenvolvimento dessa fonte de energia. Um exemplo aplicado dessa tecnologia foi desenvolvido no Arquipélago de Fernando de Noronha, também uma parceria de ANEEL com o CBEE e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com a instalação de uma central eólica de 300 kW, que, interligada à rede da CELPE, contribuirá com cerca de 2% da energia consumida na Ilha.

Atualmente, dois trabalhos de identificação do potencial eólico estão sendo elaborados: O “Levantamento do Potencial Eólico da Região Sudeste”, pela Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o “Atlas Eólico Brasileiro” pelo CBEE. Esses estudos utilizam metodologias diferentes e são ferramentas importantes como indicativo

para implementação de novos empreendimentos de geração de energia elétrica, que serão concluídos até o final deste ano de 2006. No Brasil, o total atual é de 1.567 empreendimentos em operação de energias renováveis, como pode ser observado na Tabela 4.5.

Com a geração de 95.744.495 kW de potência, são previstos para os próximos anos uma adição de 27.041.487 kW na capacidade de geração do país, proveniente dos 77 empreendimentos atualmente em construção (Tabela 4.6) e mais 505 outorgadas (Tabela 4.7). A Potência Outorgada é igual à considerada no Ato de Outorga. A Potência Fiscalizada é igual à considerada a partir da operação comercial da primeira unidade geradora.

Tabela 4.5. Empreendimentos em operação

Tipo Quantidade Potência outorgada (kW) Potência Fiscalizada (kW) Potência Fiscalizada (%) CG H 193 102.443 101.996 0,11 EOL 12 130.250 127.850 0,13 PCH 265 1.402.023 1.370.513 1,43 SOL 1 20 20 0 UHE 155 73.071.695 71.571.901 74,75 UTE 939 23.895.931 20.565.215 21,48 UTN 2 2.007.000 2.007.000 2,10 Tota l 1.567 100.609.362 95.744.495 100 Fonte: MME (2006)

Tabela 4.6. Empreendimentos em construção

Tipo Quantidade Potência outorgada (kW) %

CGH 1 848 0,02 EOL 3 109.000 3,12 PCH 47 738.142 21,15 UHE 8 1.735.500 49,74 UTE 18 905.978 25,96 Total 77 3.489.468 100 Fonte: MME (2006)

Tabela 4.7. Empreendimentos outorgados entre 1998 e 2005, que não iniciaram as suas construções

Tipo Quantidade Potência outorgada (kW) %

CGH 61 40.901 0,17 EOL 109 4.691.943 19,92 PCH 214 3.383.531 14,37 UHE 29 5.914.200 25,11 UTE 92 9.521.444 40,43 Total 505 23.552.019 100 Fonte: MME (2006)

A avaliação de todos esses empreendimentos de energias renováveis na matriz energética brasileira desde 1998 até o ano de 2005 possibilita traçar um prognóstico atual da energia eólica no país. Podem-se definir três cenários, em face das informações disponibilizadas pelo Ministério das Minas e Energias do Brasil: Cenário I – Dos Empreendimentos em Operação; Cenário II – Dos Empreendimentos em Construção e, Cenário III – Dos Empreendimentos que não iniciaram sua construção entre 1998 e 2005.

O Organograma 4.1 exibe a participação da energia eólica na matriz energética brasileira, com detalhamentos do cenário, potência em kW e “ranking”. Com base nesse organograma foram extraídas as seguintes considerações:

Sobre o Ranking: encontra-se em 3° lugar entre os empreendimentos que deveria ter

começado sua construção, em 4° lugar daqueles que estão ainda em construção e 5° lugar daqueles que estão em operação. Entende-se, assim, que ocorre certa diminuição dos empreendimentos de energia eólica que deveria já se encontrar em operação. Neste trabalho não é analisada as razões que promoveram as circunstâncias específicas para que o empreendimento do total outorgado entrasse em fase de operação. Porém, essa situação expõe ainda a fragilidade da energia eólica na matriz energética brasileira, pois sua participação das renováveis em operação a coloca em 5° lugar.

Sobre a Potência em kW: o quadro se agrava muito mais dentre as renováveis, pois a

defasagem em relação aos que já estão em operação é de 4.564.093 kW, o que representa 2,8% apenas da potência atual em operação.

O Brasil, necessariamente, deveria produzir um aumento em média de 0,70% ao ano de potência eólica inserida na sua matriz. É pouco provável alcançar esse patamar,

pois os dados nos cenários I, II e III revelam certa queda nos interesse em investir na energia eólica, como por exemplo, os altos índices de empreendimentos que foram contemplados pela outorga, mais que ainda não começaram a ser construídos.

Cenário I Energia Eólica

Participação no Cenário Potência kW Ranking

0,13 % 127.850 kW 5° Lugar na Matriz

Cenário II Energia Eólica

Participação no Cenário Potência kW Ranking

3,12% 109.000 kW 4° Lugar na Matriz

Cenário II Energia Eólica

Participação no Cenário Potência kW Ranking

19,92% 4.691.943 kW 3° Lugar na Matriz

Organograma 4.1. Participação da energia eólica na matriz energética brasileira

Sobre a participação no cenário: de certa forma esse indicador escolhido para

contribuir com essa análise já é resultado direto da fundamentação feita nos dois primeiros cenários. Apenas acrescenta que se todos os empreendimentos em energia eólica outorgada se encontrassem em operação, o Brasil teria hoje uma participação de 19,2% de energia eólica em sua matriz renovável.

Essa condição apresentada tornaria o Brasil um país com uma matriz energética relativamente sustentável, totalmente predominante e diversificada de energias renováveis, em especial a energia eólica. Além disso, seria uma condição extremamente satisfatória para a atração de mais investimentos e expansão dessa fonte abundante no país.

Capítulo V

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5. Resultados e Discussões (1

o

parte)