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Ante a falta de infra-estrutura social básica e a insatisfatória política de geração de empregos, os migrantes da zona rural continuarão provocando o “inchaço” nas regiões metropolitanas. Com a forte crise no emprego urbano, caracterizada pela eliminação de postos de trabalho e diminuição dos salários reais, há uma tendência ao agravamento dos indicadores sociais.

O intenso processo de evasão populacional verificado no espaço rural nordestino, durante a década de 1990, produziu um declínio no grau de ruralização da população regional de 0,39 em 1991 para 0,31 em 2000. No caso da Bahia, a redução absoluta da população rural atingiu 546 mil pessoas (FIGUEIREDO; TARGINO; MOREIRA, 2003, p.3)

Para Figueiredo, Targino e Moreira (ibidem) ao se observar as taxas de crescimento da população rural dos estados é possível classificá-los em estados de forte, média ou baixa evasão. De acordo com a tabela 11, a perda de população rural se verificou na maioria dos estados nordestinos, embora com ritmo e intensidade diferenciados. O estado baiano apresentou para o período de 1991 a 2000, uma taxa de decréscimo populacional de 1,32% a.a., fazendo parte do grupo dos estados de média evasão.

Tabela 11 – Nordeste, evolução e taxas de crescimento da população, segundo os estados (1991 – 2000)

Estados 1991 2000 Taxas de crescimento

média anual

Total Rural Total Rural Total Rural

MA 4.930.253 2.957.832 5.638.381 2.282.804 1,50 -2,84 PI 2.582.137 1.214.953 2.840.969 1.053.922 1,07 -1,57 CE 6.366.647 2.204.640 7.417.402 2.113.661 1,71 -0,47 RN 2.415.567 746.300 2.770.730 740.145 1,54 -0,09 PA 3.201.114 1.149.048 3.436.718 995.085 0,79 -1,59 PE 7.127.855 2.076.201 7.910.992 1.858.850 1,16 -1,22 AL 2.514.100 1.032.067 2.817.903 900.515 1,28 -1,50 SE 1.491.876 488.918 1.779.522 509.093 1,98 0,45 BA 11.866.991 4.851.221 13.066.764 4.305.639 1,08 -1,32 NO 42.496.540 16.721.180 47.679.381 14.759.714 1,29 -1,38

Fonte: FIBGE. Censos Demográficos de 1991 e 2000

Fatores como o aumento da concentração fundiária, expansão de lavouras mecanizadas, a exemplo do cultivo de soja nos cerrados baianos, crescimento da pecuária extensiva na região semi-árida, bem como a ocorrência de duas secas nos anos de 93 e entre o ano de 98 e 99, entre outras causas, justificam a forte evasão verificada em alguns Estados nordestinos na década de 90.

Em contrapartida ao esvaziamento na zona rural nordestina ocorrido na década de 90, a zona urbana amplia o seu contingente populacional. Um aspecto que chama à atenção é o fato da expansão urbana ser explicada a partir da absorção de parte dos fluxos de origem rural da própria região (FIGUEIREDO; TARGINO; MOREIRA, 2003, p.4-8).

Esse crescimento ao se dar de forma desordenada remete para a questão do aumento da violência urbana. Nesse sentido, tem-se que:

A “questão agrária” tornou-se, em boa medida, uma “questão urbana”. A “modernização conservadora”, caminho definido politicamente para o desenvolvimento do capitalismo na agricultura brasileira e que implicou em concentração da terra, da riqueza e da renda, contribuiu decisivamente para o que se convencionou chamar de dívida social do país: a favelização das cidades, o crescimento da prostituição e da criminalidade em geral, o aumento assustador do número de meninos-de-rua e da sua parcela dizimada através das mais variadas formas de violência (FILGUEIRAS, 1992, p.23).

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a violência aumentou nos últimos anos. Entre 1980 e 2000, 598.367 pessoas foram vítimas de homicídios no Brasil, sendo que dois terços deles se concentraram na década de 90. De 1991 a 2000, as taxas de mortalidade por homicídios decorrentes do uso de armas de fogo praticadas por homens de 15 a 24 anos aumentaram em 95%.

Ainda segundo as informações do IBGE, as maiores taxas de mortalidade por homicídio com armas de fogo em jovens do sexo masculino de 15 a 24 anos para um número de 100 mil habitantes são do Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo e São Paulo. Embora a Bahia não apareça na relação dos maiores Estados com mortalidade por homicídio na condição informada, verifica-se que essa taxa aumentou entre os baianos de 6,4% em 1991 para 21,0% em 2000.

Esse comportamento ascendente da violência na Bahia desenha um cenário pouco otimista para este Estado, na medida em que a RMS apresente taxas de desocupação superiores a das Regiões Metropolitanas abrangidas pela pesquisa do IBGE, como a de 16,68% exibida por esta região, para o período de março a dezembro de 2003. A intensificação das dificuldades de inserção dos trabalhadores baianos no mercado de trabalho urbano regional, principalmente para aquelas pessoas menos qualificadas, provenientes da zona rural, poderá ser considerado como o principal fator para proliferação da violência nesta localidade.

Além do mais, segundo o estudo dos pesquisadores Rafael Guerreiro Osório e Marcelo Medeiros, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), e publicado pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia, a proporção de pobres no Estado baiano permanece inalterada há 20 anos, a despeito dos bons resultados verificados em boa parte do Nordeste. Na hipótese desta tendência ser mantida, acredita-se que a Bahia pode se transformar no Estado mais pobre do Brasil (KELLY; FARIAS, 2003). Com esta perspectiva, há o temor que o índice de violência na RMS assuma nos próximos anos proporções alarmantes.

Nesse aspecto, defende-se medidas alternativas para evitar o “inchaço” na RMS e conseqüentemente amenizar a violência, semelhante à linha de pensamento levantada por Silva, onde relaciona a miséria e a fome no semi-árido do Nordeste do país à violência nas

grandes metrópoles e enfatiza a necessidade de se criar oportunidades de trabalho na área de expulsão da mão-de-obra. Assim, caso haja um desestímulo à proliferação do êxodo rural, acredita-se que os problemas sociais que afligem a RMS possam ser melhor administrados.

4 O DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL PARA A RMS

Antes de iniciar o estudo do desenvolvimento rural sustentável é importante esclarecer que este não postula a preservação da natureza em seu estado original. A idéia é defender um processo em que as mudanças implementadas no campo, além de possibilitar o convívio humano, minimizem os impactos negativos, sejam eles sociais, econômicos ou ambientais. Para melhor compreensão da proposta do trabalho, conceitua-se este desenvolvimento no campo, de forma exaustiva, a fim de que as dúvidas quanto a sua similaridade com o desenvolvimento agrícola seja exaurida.

Identificar o desenvolvimento rural com o agrícola, além de restringir a análise do mundo rural, incorre no erro de negar a necessidade de políticas sociais compensatórias direcionadas para atender os excluídos do processo de modernização da agricultura. Além do que é fato indubitável que o problema do atraso da agricultura brasileira já está resolvido.

A análise do desenvolvimento rural sustentável é feita no âmbito da discussão em torno da agricultura familiar e da reforma agrária. Esta não é abordada no sentido econômico, como por exemplo, aumentar a produção agrícola e combater a inflação, pois se entende que a estrutura de produção agrícola no país, montada pela “modernização conservadora” já resolveu o “gargalo” presente nesse setor. No mesmo sentido, Almeida (1987, p.9) defende que a reforma agrária não é mais necessária para destruir as relações de produção “semi- feudais” e subordinar a agricultura aos interesses da grande indústria. Neste aspecto, a discussão da sua viabilidade é feita apresentando-a como resposta aos problemas essencialmente sociais.

Os programas de combate à pobreza rural não podem mais ter como referência apenas reinserir populações marginalizadas pela modernização excludente da nossa agropecuária em outras atividades produtivas – algumas ditas “alternativas” – no âmbito do próprio mundo rural, ignorando o forte processo de urbanização a que ele está submetido. É preciso ampliar a velha noção de setor agropecuário para além das atividades produtivas tradicionais (como cultivos e criação de animais) e incluir no espaço agrário a produção de “serviços” (tais como lazer, turismo, preservação do meio ambiente, etc.) e de bens não-agrícolas, como moradia, transporte, artesanato, incluídas aí também novas formas modernas de trabalho a domicílio que permitam absorver parte da força de trabalho das mulheres e dos idosos (SILVA, 1998b, p.184).

Nesse sentido, a análise do desenvolvimento sustentável para a RMS seguindo a premissa de que a modernização da agricultura trouxe elevados níveis de pobreza, coloca em pauta uma discussão sobre as alternativas viáveis para amenizar as distorções sociais causadas por este processo. Entende-se que o esvaziamento do campo e, conseqüentemente, o inchaço nas cidades, responsável em última análise, pelo agravamento do desemprego e da violência, representa o outro lado da moeda da introdução do capital no campo. A explanação é feita sobre o prisma do processo histórico da Reforma Agrária e das transformações recentes ocorridas no campo baiano que levaram a configuração de um novo mundo rural.

No que diz respeito à Reforma Agrária tem-se que se trata de um movimento social impulsionado pela luta dos trabalhadores rurais pela posse da terra. Esse embate contra uma estrutura agrária e fundiária moldada desde os tempos da República Velha onde se privilegia o grande latifundiário continua fazendo parte dos impasses e tensões geradas pela emergência de relações sociais no país.

A Reforma Agrária é identificada, atualmente, como uma alternativa capaz de promover, ao menos parcialmente, a inclusão social e ao mesmo tempo transformar trabalhadores rurais em agricultores rurais. Assim é que, em resposta às reivindicações dos movimentos sociais atuantes no meio rural, e na perspectiva de se construir um Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável, implementa-se, em 1995, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF).

Esse programa passou a estar associado ao de Reforma Agrária, pois na avaliação de Alves Filho e Salcides (2002) a reforma agrária é uma “fábrica” de agricultores familiares, portanto havia necessidade de articular as ações desses respectivos programas. Neste sentido, no ano de 1999, o governo federal unificou os programas de crédito com a extinção do Programa de Crédito Especial para as Áreas da Reforma Agrária (PROCERA) e criou a linha “PRONAF A”, no âmbito do crédito PRONAF, destinado aos novos assentados da reforma agrária. No mesmo ano, esses programas foram reunidos sob a direção do recém criado Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Apesar dos avanços verificados na institucionalização de políticas de combate aos graves problemas associados à pobreza rural que atinge grande parte do interior do país, ainda não se alcançou o grau de dinamização, desenvolvimento social e econômico desejado no meio rural.

No século XXI, os desafios impostos para viabilizar um desenvolvimento rural sustentável conduzem a “novos olhares” sobre o campo, através da reformulação do discurso sobre a Reforma Agrária e da valorização da agricultura familiar.

Nesse contexto, tem surgido, em todo o mundo, muitas discussões a respeito das novas funções do meio rural (ainda que alguns insistam em se referir apenas à agricultura), como a proteção ambiental, turismo rural, o lazer, a moradia e a produção de bens e serviços não-agrícolas. Esse novo contexto requer institucionalidade, mais adequada à agilidade com que os desafios se apresentam cotidianamente para a agricultura familiar: seja no mundo desenvolvido, seja nos países em desenvolvimento (ALVES FILHO; SALCIDES, 2002, p.5).

Pressupondo que o fortalecimento da agricultura familiar pode contribuir para o resgate social e a geração de emprego e renda, defende-se a mobilização e a articulação dos atores sociais nas ações voltadas para o alcance do desenvolvimento rural sustentável, a fim de garantir maior eficiência e eficácia às políticas públicas implementadas pelos governos federal e estadual.

As cooperativas de crédito de agricultores familiares, as associações de produtores responsáveis pela compra e venda conjunta de seus produtos, a iniciativa dos agricultores em negociar com o poder público local e com instituições bancárias a fim de garantir fundo de aval, que viabilize o acesso ao financiamento, e o crescimento das atividades não-agrícolas representam uma reação ao processo de exclusão e degradação da agricultura familiar (ORTEGA; CARDOSO, 1998, p.266).

Embora essas ações sejam importantes para garantir a sobrevivência desse segmento social, não se pode atribuí-las, inteiramente, a responsabilidade pela resolução do problema de exclusão social. Além do mais, no caso de muitas das atividades não-agrícolas, o crescimento registrado ocorre com baixa remuneração e relações de trabalho precárias, como a de vendedor ambulante, servente de pedreiro e faxineiro, etc.

Salienta-se que a criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (CNDRS) no final do século XX e, por conseguinte a implantação de programas semelhantes nos Estados e Municípios se constituiu num passo importante para o resgate da agricultura familiar, marginalizada pela política de modernização conservadora da agricultura brasileira nas últimas décadas.

Assim, a viabilidade do estudo está em investigar as conseqüências, sob o aspecto social, do desenvolvimento rural sustentável para Região Metropolitana de Salvador (RMS), que por possuir a capital do Estado da Bahia apresenta características particulares, como a de se destacar por ser a região econômica mais populosa e densamente povoada, apesar de ser a menor em termo de área. Esta região está localizada num Estado onde ao mesmo tempo em que se observa uma agricultura familiar, de subsistência, pouco rentável e dependente dos fatores naturais, têm-se uma agricultura especializada, como a produção de grãos em Barreiras no Oeste.

A RMS é composta de 10 municípios: Camaçari, Candeias, Dias D’ Ávila, Itaparica, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Salvador, São Francisco do Conde, Simões Filho e Vera Cruz. Analisando-se os períodos de 1980-1991 e 1991-2000, época em que se realizaram os últimos Censos Demográficos do IBGE, percebe-se que a maioria destas unidades apresentou a mesma tendência quanto aos movimentos migratórios8 (SEI, 2003).

Da observação da tabela 12, constata-se que o ritmo de crescimento demográfico no segundo período foi arrefecido, passando de uma taxa de 3,19% para 2,14% ao ano.9 Leva-se aqui, em consideração, que houve uma redução da fecundidade após melhoramento das técnicas de prevenção. Entretanto, esta taxa ainda sinaliza para a persistência de ganhos migratórios ou imigração líquida.

8 O conceito de migratório diz respeito ao saldo entre o movimento de imigração e emigração.

9 O ritmo de crescimento demográfico é resultado da combinação do crescimento vegetativo (fecundidade- mortalidade) com o crescimento migratório. Ver respeito Dias (2003)

Tabela 12 - População Residente Total e Taxa Média Geométrica de Crescimento Anual, Por Ordem Decrescente. Bahia – Regiões Metropolitanas de Salvador, 2000

Taxa Média Geométrica

Crescimento/ População de Crescimento Anual (%)

Municípios 1980(1) 1991 2000 1980/1991 1991/2000 Lauro de Freitas 35.309 69.270 113.543 6,32 5,64 Dias D'Ávila 19.395 31.260 45.333 4,43 4,22 Camaçari 69.783 113.639 161.727 4,53 4,00 Vera Cruz 13.743 22.136 29.750 4,43 3,34 Madre de Deus 8.296 9.183 12.036 0,93 3,05

São Francisco do Conde 17.835 20.238 26.282 1,16 2,95

Simões Filho 43.578 72.526 94.066 4,74 2,93

Itaparica 10.877 15.055 18.945 3,00 2,59

Salvador 1.493.685 2.075.273 2.443.107 3,03 1,83

Candeias 54.081 67.941 76.783 2,10 1,37

Total 1.766.582 2.496.521 3.021.572 3,19 2,14

Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1980, 1991 e 2000, apud Dinâmica Sóciodemográfica da Bahia: 1980 – 2000 (SEI, 2003).

(1) A população dos municípios criados após 1980 e dos que perderam área para estes novos municípios foi ajustada para os limites municipais de 1991, usando-se a tabela de comparatividade dos setores censitários, do próprio IBGE.

Os municípios que apresentaram os maiores ritmos de crescimento demográfico foram Lauro de Freitas, Dias D’Ávila e Camaçari. Parte deste crescimento está relacionada as alterações de limites que ocasionaram avanços das áreas urbanas sobre as rurais. No período de 1991-2000 apenas Salvador e Candeias exibiram taxas de crescimento médio anual dentro do limite previsto para o crescimento vegetativo, levando a situação de equilíbrio entre os movimentos migratórios.

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Laur o de F rei tas Ca maçar i Si mõe s Fi lho Ca ndeias M adr e de D eus S. Fr ancisco do C onde Di as D 'Á vila I tapar ica SA LVADO R L I T O R A L N O R T E R E C Ô N C A V O S U L L I T O R A L N O R T E R E C Ô N C A V O S U L 199 1/2000 198 0/1991 Sem perdas ou ganhos líquidos Im igração líquid a Em igração líquid a

Perdas absoluta s < 0 < 0 0,00 a 1,49 0,00 a 0,99 1,50 a 2,49 1,00 a 1,99 > 2,50 > 2,00 FAIXA S D E C RESC IM EN TO M ÉD IO AN UAL (a.a. % )

1980/1991 1991/2000

Fonte: IBG E. Censos Dem ográficos de 1991e 2000

M UN IC ÍPIO S PO R TAXA D E C RESC IM EN TO DEM O G RÁFIC O DA PO PULAÇ ÃO TO TAL

A maioria dos municípios periféricos apresentou crescimento na última década, embora com tendência declinante, com exceção de Madre de Deus e São Francisco do Conde que apresentaram ganhos demográficos por imigração.

Quanto à evolução da população urbana, observa-se, através da tabela 13, que houve uma tendência generalizada entre os municípios de redução dos volumes dos saldos migratórios para o segundo período, com exceção de Lauro de Freitas e Simões Filho, onde a área urbana ultrapassou o perímetro de 1991, penetrando na zona rural e Madre de Deus que foi criado após o Censo Demográfico de 1980.10

Tabela 13 - População Residente Urbana e Taxa Média Geométrica de Crescimento Anual, por ordem decrescente em 2000. Bahia – Região Metropolitana de Salvador, 1980 - 2000

Taxa Média Geométrica

Crescimento/ População de Crescimento Anual (%)

Municípios 1980(1) 1991 2000 1980/1991 1991/2000

Lauro de Freitas 23388 44374 108385 5,99 10,43

Simões Filho 25592 44419 76905 5,14 6,29

Dias D’Ávila 15652 29478 42673 5,92 4,20

Camaçari 60413 108232 154402 5,44 4,03

São Francisco do Conde 7067 15734 21870 7,55 3,73

Vera Cruz 12026 20308 27872 4,88 3,58 Madre de Deus 7946 8792 11599 0,92 3,13 Itaparica 10360 15055 18945 3,46 2,59 Salvador 1491642 2073510 2442102 3,04 1,83 Candeias 42232 61438 69127 3,47 1,32 Total 1696318 2421340 2973880 3,29 2,31

Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1980, 1991 e 2000, apud Dinâmica Sóciodemográfica da Bahia: 1980 – 2000 (SEI, 2003).

(1) A população dos municípios criados após 1980 e dos que perderam área para estes novos municípios foi ajustada para os limites municipais de 1991, usando-se a tabela de comparatividade dos setores censitários, do próprio IBGE.

Em que pese a observação feita por Guimarães em seu artigo “A insustentável leveza da urbanização e do êxodo rural da Bahia” sobre a problemática das análises que não levam em consideração os diversos problemas de ordem metodológica concernentes à maneira de classificar, contar e divulgar as estatísticas demográficas, a dinâmica social ora apresentada está focada na causa da migração dos baianos que deixaram o seu município de origem de acordo com os critérios utilizados pelo IBGE. Essas normas dizem respeito à migração de

data fixa, onde se questiona o lugar de residência há cinco anos antes da data de referência da pesquisa.

Segundo Albuquerque (apud IBGE, 2004) ao se comparar o lugar de residência em uma data fixa anterior, cinco anos, com o lugar de residência atual é possível obter um indicador do fluxo migratório. Aquele indivíduo que cinco anos antes da data de referência do censo possuía um local de residência diferente do atual, é considerado migrante, sendo emigrante em relação ao local de origem e imigrante para o lugar de destino. Dessa forma, o conceito de migrante utilizado nesse trabalho segue a mesma definição adotada pelo IBGE.

Amaral e Nogueira (apud LOPES, 2003, p.100) apoiados na pesquisa de Eunice Durhan atribuem que:

A migração, colocada como saída viável, não se constitui fenômeno esporádico desencadeado pelas adversidades da natureza, caracterizadas como secas ou enchentes. A pesquisa desenvolvida por Durhan ressalta sua incidência ‘como resposta a condições normais de existência’, e com isso demonstra principalmente as desventuras da vida rural, de pobreza contínua, como fator expulsivo destes migrantes.

Dessa forma, chama-se atenção para um processo migratório resultante da expulsão do homem do campo que se vendo desprovido dos meios de produção abandona a sua terra natal tentando fugir da condição de pobreza em que estão relegados. Não sendo, portanto, alvo do trabalho a discussão sobre os limites do rural e urbano, uma vez que, não se levando em consideração às modificações verificadas nos perímetros urbanos, corre-se o risco de se obter conclusões inconsistentes.

As alterações na Lei de Perímetro Urbano que é feita sob o arbítrio dos poderes públicos municipais, sem levar em conta os aspectos geográficos, sociais, econômicos ou culturais, e o processo de criação de novos distritos, a partir de povoados, contribui para uma “ilusão estatística”. Ao contabilizar um expressivo contingente de moradores anteriormente recenseados nas áreas rurais como urbanizados, superestima-se a população urbana e se subestima a rural (GUIMARÃES, 2002).

10 O instrumento que define a área urbana do município é a Lei do Perímetro Urbano e este indica o limite oficial entre as áreas urbanas e rurais. Ver a respeito (IBGE apud GUIMARÃES, 2002).

Além do mais, conforme avaliação de Silva (apud GUIMARÃES, 2002, p.182) “o rural é apenas um corte espacial, de natureza geográfica, que nada define em termos de atividades econômicas”, podendo ser realizadas tanto atividades agrícolas como não-agrícolas. Dessa forma, a discussão feita neste capítulo gira em torno das alternativas viáveis para incentivar os moradores da zona rural a permanecerem no seu hábitat natural.