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EXPERIÊNCIA DO MUNICÍPIO DE LAPÃO NA BAHIA

A parte reservada para relatar uma experiência própria de uma viagem realizada à região de Irecê na Bahia se refere ao estudo feito no município de Lapão, antigo distrito do município de Irecê. Por essa ocasião foi possível por em prática os conhecimentos adquiridos com a leitura do Guia Metodológico sobre “Análise-Diagnóstico de Sistemas Agrários”. Entretanto, por tratar-se da primeira experiência de pesquisa com dados primários é possível que alguns aspectos relevantes tenham sido postos de lado.

ha / UTf RA / UTf

patamar de reprodução simples custo de oportunidade da força de trabalho

Nesse aspecto, optou-se por retratar o trabalho de forma detalhada, seguindo a ordem das etapas de elaboração do diagnóstico, de maneira que a explicação do método, dos seus fundamentos e resultados é rigorosamente obedecida. Ao longo da viagem, buscou-se fazer a leitura de paisagem, a fim de obter as primeiras informações relevantes, bem como realizar entrevistas com informantes-chave. Assim, o trabalho foi elaborado como uma espécie de relatório, que tem a finalidade de familiarizar o leitor com a localidade estudada.

LEITURA DE PAISAGEM

A observação da região de Irecê permite identificá-la como uma zona onde o sistema de cultivo é fortemente predominante. Ao longo do trecho conhecido como “estrada do feijão” verifica-se um sistema com pecuária extensiva, em pequena escala, o solo utilizado é de terra vermelha, apresentando alta fertilidade natural, as culturas desenvolvidas são predominantemente de ciclos curtos.

Os lotes disponíveis para o cultivo situam-se na sua grande maioria em torno de 10 a 20 ha, sendo utilizado técnicas díspares nos seus respectivos manejos, pois ao tempo em que se observa a utilização de técnicas rudimentares como a enxada, constata-se a utilização de técnicas mecanizadas, como o uso do trator e da irrigação, através de Pivô Central.

Outra constatação é que não existem casas e nem mesmo barracas, onde se vendem algum tipo de produto ao longo da estrada. Essa observação leva a um primeiro questionamento no que diz respeito à forma como a produção é escoada e a realimentação do sistema.

Embora a política adotada durante os anos 70 e 80, ao subsidiar o cultivo do feijão, tenha caracterizado a região como zona de monocultura, tem-se que a região de Irecê contempla, atualmente, de maneira homogênea, um plantio diversificado de culturas.

Foto 1

Fonte: Elaboração da autora, 2003

ECOSSISTEMA

O município de Lapão está localizado na microrregião de Irecê. O relevo dessa região é de origem calcária, o que permite a formação de diversas grutas. Ela é um dos mais importantes centros produtores de grãos no Nordeste, sendo constituída por um vasto Platô, em altitudes que variam de 500 a 800 metros acima do nível do mar e apresentando solos argilosos, com superfícies aplainadas de calcário, de alta fertilidade natural, clima quente e semi-árido, e chuvas distribuídas de outubro a março.15

Dentre os rios mais relevantes para a região está o Jacaré, mais conhecido como Vereda de Romão Gramacho. Segundo Rubem (1997, p. 165) durante o inverno, ás águas percorrem o curso do rio intensamente, o mesmo não se verifica durante o período de estiagem, formando pequenas lagoas e poços que servem para abastecer os animais e a população.

No aspecto hidrográfico, ainda de acordo com Rubem (idem, p.168) a região “pertence à bacia hidrográfica do São Francisco e tem como seus rios principais Riacho do Jaú e Riacho

do Baixão do Gabriel”. Em virtude do alto teor de calcário dificilmente se encontra água potável nas cacimbas e nos poços tubulares.

Nas décadas passadas, em que houve uma injeção de recursos por parte do Governo Federal na região, muitos agricultores no afã de ampliarem as áreas irrigáveis promoveram de maneira descontrolada o desmatamento, levando a uma proliferação de insetos nas lavouras e conseqüentemente à intensificação do uso de agrotóxicos. Esta ação levou a destruição de grande parte da vegetação nativa.

SISTEMA AGRÁRIO

A atividade agrícola na região atingiu maior expressividade a partir da década de 40. Período em que se iniciam as primeiras ações no sentido de mecanizar a agricultura. Até meados dos anos cinqüenta, a agricultura era voltada para a subsistência dos produtores.

Após a década de 70, período em que o governo atuou de forma mais expressiva na região, mesmo os mais simples agricultores passaram a fazer uso de um sistema mecânico para plantar as sementes.

Dessa forma, nessa região a ação do homem sobre a natureza pode ser percebida sob diversos aspectos. Analisando-a, percebe-se que se trata de uma zona de policultura, onde são produzidos milho, feijão, mamona, tomate, cenoura, beterraba, pepino, maxixe, quiabo, mandioca, etc.

As técnicas de cultivo são bastante diversificadas, onde a prática de sequeiro é feita através da plantação do feijão, ao lado da irrigação, através da cenoura, beterraba, dentre outras culturas que demandam maiores tratos culturais. Em função da área disponível, os produtores desenvolvem um sistema intensivo, onde as áreas próximas à estrada são utilizadas na plantação.

A pecuária é desenvolvida de forma extensiva, sem que haja um manejo adequado no trato dos animais. Em decorrência do grau de endividamento dos produtores, muitas produções são abandonadas, conseqüentemente, a mão-de-obra empregada na lavoura tem sofrido uma

redução, o que contribui para a intensificação do êxodo rural. A falta de uma assistência técnica quanto à informação e conscientização dos produtores para utilização de agrotóxico, levou ao uso descontrolado do veneno, promovendo a contaminação da água e dos animais.

Como a região de Irecê está localizada nas zonas mais úmidas, comparadas às demais regiões do nordeste, desenvolve-se uma agricultura mecanizada. A água utilizada tanto na criação dos animais, quanto nos tratos das lavouras é proveniente da perfuração de poços artesianos, sendo esta água canalizada através de técnicas apropriadas aos respectivos sistemas, promovendo assim a sustentação do agro-sistema.

Foto 2

Fonte: Elaboração da autora, 2003

HISTÓRICO

Com o objetivo de expandir a pesquisa além do que foi captado pela observação, buscou-se realizar entrevistas históricas com informantes capazes de fornecer elementos que pudessem explicar as características da estrutura local. O município contemplado pela investigação foi o de Lapão que foi emancipado pelo decreto-lei Estadual nº 4.441 em 5 maio de 1985.

Nesse sentido, foi feita uma visita ao povoado de Mosquito. Ao entrevistar a senhora Ana Cardoso Pimenta de 78 anos de idade, moradora do local e mãe de 10 filhos, obtivemos a informação de que o povoado foi fundado por seus antepassados portugueses há 200 anos e que a família Cardoso, Pimenta e Pereira, primeiros moradores de Mosquito é proveniente do sertão de Macaúbas e de Brotas de Macaúbas.

De acordo com a senhora Ana e seu filho José Henrique Cardoso Pimenta o nome do povoado é decorrente da existência de muita abelha no local. Nesse período, o gado era criado de maneira extensiva sem que houvesse nenhum controle sobre o rebanho, como o de marcar os animais com ferro para caracterizar a propriedade.

As técnicas de cultivo eram feitas de maneiras rudimentares, através do arado animal e da enxada. Plantava-se apenas para subsistência, milho, feijão, cana-de-açúcar, algodão, café, etc, bem como criavam ovelha, porcos e galinha.

A área destinada à família foi de 200 ha, sendo dividida entre os herdeiros. Atualmente, existem no povoado 13 residências as quais são, com exceção de uma, provenientes de uma mesma família, pois é tradição que os descendentes desta família se casem entre si, de forma a manter a integração da comunidade.

Um outro relato obtido foi o do senhor José Cardoso Pimenta de 91 anos de idade, pai de 10 filhos, morador de Provisório, local considerado extensão do povoado de Mosquito. De acordo com a sua informação, o nome Provisório tem origem no fato dele imaginar que a sua permanência no local seria breve.

A fixação do seu José em Provisório ocorreu em 1940. Nesta época ele se dedicava à criação de gado, obtendo em média 140 litros de leite por dia para fazer requeijão que era vendido em Irecê. Possuía três engenhos de onde eram obtidas rapaduras comercializadas em Salvador e duas casas de farinha, sendo uma parte do produto utilizado para o consumo e a outra vendida para comprar os produtos que não fabricavam e também para remunerar os 10 trabalhadores que possuíam na propriedade.

No sistema de criação possuía além do gado, ovelhas, galinhas e porcos. Andavam em torno de 6 km para levar o gado para beber água, o trabalho era praticado de forma arcaica, chegando a roçar as partes restantes dos troncos de árvores com as mãos.

Atualmente existem 8 residências sendo todos os moradores parentes. Destas, 6 unidades se dedicam ao cultivo através da irrigação. As técnicas de cultivo passaram a ser mecanizadas, onde se faz uso de três tratores para preparar a terra. Os engenhos e a casa de farinha com sua prensa foram desativados. Os trabalhadores foram dispensados, sendo recrutados somente no período de colheita do feijão de sequeiro, para aplicação de agrotóxico e para as culturas de irrigação. A energia elétrica foi implantada a partir de 1996 e a água encanada ainda está em fase de projeto.

Foto 3

Senhor José Cardoso Pimenta “informante-chave” do povoado Fonte: Elaboração da autora, 2003

SISTEMA DE PRODUÇÃO

A fim de caracterizar o sistema de produção do povoado de Mosquito, tomou-se como referência a unidade produtiva do senhor Jurasi Cardoso Pimenta, filho do senhor José Cardoso Pimenta, primeiro morador de Provisório. Como um dos herdeiros foi destinado para

o senhor Jurasi, já com a escritura, 180 tarefas, equivalendo um total aproximadamente de 78 ha.

TIPOLOGIA DE PRODUTORES

A unidade em questão é do tipo familiar, onde todo o trabalho desenvolvido na propriedade é quase exclusivamente familiar. A família do senhor Jurasi possui 6 membros, sendo ele, a esposa, três filhos, com 17, 18 e 22 anos, respectivamente, além de uma nora. Todos moram e trabalham em Provisório, não desempenhando nenhuma atividade fora da unidade. O filho caçula ainda dedica uma parte do tempo para o estudo.

A mão-de-obra não familiar é utilizada nos momentos de colheita do feijão sequeiro e na aplicação do agrotóxico na lavoura. O valor cobrado por tarefa durante o período de colheita custa em torno de R$ 25 reais a tarefa, sendo empregado 15 a 20 pessoas e para aplicar o defensivo é de R$ 15 reais, sendo repetido por quatro vezes. No período de plantio do feijão se trabalha 24 horas com escala de revezamento de 6 em 6 horas num prazo de 5 a 6 dias, somente com a mão-de-obra familiar.

Essa unidade familiar possui um trator com arado e semeadeira, sendo os demais implementos obtidos nas outras unidades familiares que pertencem aos outros herdeiros, possui um poço com capacidade de 30 mil litros por hora, além de 700 metros de cano santeno para 5 ha, e um depósito que armazena máquinas e produtos, dentre outras benfeitorias.

A observação feita a essa unidade, permitiu identificar o local como uma área onde predomina produtores familiares em capitalização, “cujo nível de renda pode, em situações favoráveis, permitir alguma acumulação de capital” (INCRA/FAO, 2004, p. 27).

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Chefe da família e seus três filhos Fonte: Elaboração da autora, 2003

SISTEMA DE CULTIVO

A unidade familiar estudada é bastante diversificada, sendo cenoura, beterraba e feijão seus principais produtos. Neste aspecto foram considerados quatro subsistemas, sendo três sistema de cultivo e um de quintal.

Dos subsistemas informados foram considerados os produtos mais representativos. Segundo as informações do produtor tem sido desenvolvida a prática de rotação de cultura, onde pelo menos uma vez no ano, reserva-se uma determinada área para ficar em repouso. Para o cultivo do feijão em sequeiro se utiliza 100 tarefas para o plantio por ano. No ano passado foram colhidas dessa cultura 17 sacas por tarefa, para essa atividade não se utiliza agrotóxico.

Nas demais culturas são utilizadas agrotóxico e o processo de irrigação é feito através das técnicas de micro aspersão. A água utilizada na irrigação vem de um poço a 700 metros de distância, para tanto se utiliza quinze mangueiras padrão.

Segundo informações de Jurasi são utilizadas em média quatro tarefas e meia para o cultivo da cenoura, uma para beterraba e meia para pimentão e maxixe. Na plantação de cenoura, há

um processo de raleamento ficando os pés de cenoura há uma distância de 15 centímetros entre eles.

Foto 5

Fonte: Elaboração da autora, 2003

SISTEMA DE CRIAÇÃO

Na análise da unidade, observa-se a existência de galinhas, porcos e apenas seis cabeças de gado. Esses animais fornecem produtos para o consumo da própria família.

Para alimentação do gado é utilizada a área reservada para o repouso, aproveitando os restos de cultivo. Observa-se nesse local que o sistema de pecuária está integrado a agricultura tradicional.

SISTEMA DE TRANSFORMAÇÃO

Na localidade não se verifica mais esse tipo de sistema, apesar da pujança existente no passado de engenhos e casas de farinha que caracteriza o sistema de transformação, onde da cana-de-açúcar se extrai a rapadura e da mandioca se obtém a farinha.

FLUXOGRAMA DE INTEGRAÇÃO

A análise da integração entre os sistemas de cultivo permite identificar o grau de complexidade do sistema de produção, podendo ser classificados como integrados, pouco integrados e sem integração. No caso do povoado de Mosquito em Lapão, considera-se que se trata de um sistema de produção pouco integrado (FIGURA 3).

Venda Compra Venda Compra Venda Compra Sementes Sementes, Sementes, Agrotóxico Agrotóxico

Sistema de cultivo 1 Sistema de cultivo 2 Sistema de cultivo 3 Feijão Beterraba Cenoura

Quintal

Autoconsumo

ANÁLISE ECONÔMICA

A análise econômica foi realizada com o objetivo de avaliar o potencial de capitalização dos produtores do povoado. Para tanto, procedeu-se com um levantamento sobre o sistema de

cultivo desenvolvido, o total de hectares disponibilizados para cada cultura, bem como o número de trabalhadores empregados, os preços e as quantidades auferidas na produção.

Área total da unidade investigada – 78 ha Sendo:

Quadro 1

Cultura Área UTF Quantidade Preço

Feijão 43 ha 1,65 UTF 15 sacas/tr R$100,00/sac

Cenoura 2 ha 2,75 UTF 820/ha R$ 7,00/cx

Beterraba 0,5 ha 1,1 UTF 820/ha R$ 4,00/cx Uma caixa equivale a 20 kg

Calendário

12 meses de cultivo da cenoura e da beterraba 5 meses entre o plantio e a colheita do feijão

Quadro 2

ATIVOS PRODUTIVOS

VALOR

ATUAL VIDAÚTIL DEPRECIAÇÃO

Trator/Implementos 60.000 30 2.000

Galpão/Depósito 10.000 50 200

Cercas 6.000 30 200

Tubos/Equip. de irrigação 15.000 4 3.750

Total 91.000 ---- 6.150

Nessa análise foram consideradas as variações médias do preço da cenoura e beterraba. Para essas culturas, as caixas chegaram a custar no período de safra R$ 2,00 (Dois Reais) e R$ 1,50 (Um Real e Cinqüenta centavos) respectivamente, tendo essa última apresentado um desempenho negativo. Entretanto, considerando os preços médios no período da entressafra, obteve-se um desempenho satisfatório para cenoura em relação à beterraba e feijão. Para melhor compreensão do processo, verifica-se o valor agregado e a renda agrícola para cada cultura (Gráfico 1).

Gráfico 1 R$ Cenoura 4705 Renda (R$) – RA/UTf Beterraba 3320

Área (ha) – ha/UTf

Feijão

1338

Ha

Fonte: Elaboração da autora

Essa renda ao ser dividida pelo número de trabalhadores familiares e comparada à área disponível por trabalhador permite analisar a rentabilidade desses cultivos. Conforme se observa no gráfico 1, a cultura da cenoura é a mais rentável entre as três estudadas. As fórmulas utilizadas no cálculo foram: VA = PB – CI – D; RA = VA – S - I – J – RT; RA/Utf e ha/Utf.

Na perspectiva de investigar a representatividade dos tipos de rendas existentes no povoado, associou-se as diversas rendas agrícolas oriundas dos cultivos de Cenoura, Beterraba e Feijão e a renda não-agrícola proveniente da existência de aposentadoria no povoado (Gráfico 2). Essa última é obtida multiplicando o salário mínimo vigente na época de R$ 200,00 (duzentos reais) pelos 12 meses do ano. Nessa análise, considerou-se a depreciação apenas para o cultivo do feijão.

Gráfico 2 R$/Utf 11620 9220 RENDA NÃO-AGRÍCOLA 4515 Cenoura RENDA AGRÍCOLA Beterraba 1195 Feijão Ha /Utf -143 Depreciação

Fonte: Elaboração da autora

Na descrição do gráfico 3, observa-se que a renda agrícola ainda é maioria no povoado. Esse resultado é justificado pelo fato de existir, na localidade, apenas uma pessoa na condição de aposentado, não reproduzindo, portanto, a tendência apresentada em outros locais, onde a renda não-agrícola tem superado a renda agrícola.

Gráfico 3 - Renda total; Renda agrícola; Renda não-agrícola 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000

Renda agrícola Renda não agrícola Renda total Renda agrícola Renda não agrícola Renda total

Fonte: Pesquisa de campo sistematização da autora, 2003.

Nesse aspecto, da observação feita à região de Irecê, especificamente ao povoado de Mosquito, verifica-se que se trata de uma região com grande potencial econômico, mas que por falta de políticas viabilizadoras de um desenvolvimento rural sustentável, difunde-se a idéia de que a sustentabilidade do local está na monocultura do feijão, generalizando assim, o seu plantio. Entretanto, essa concepção não é mais compatível com o desenvolvimento da localidade. De acordo com Rubem (1997, p.210) “a monocultura de feijão é a principal responsável pela miséria que assolou a região”.

Como não há mais incentivo para o cultivo do feijão, os moradores de Mosquito, a exemplo de alguns povoados, dedicam pequenos lotes de suas áreas ao plantio de outras culturas, também de ciclos curtos, como a beterraba e a cenoura. Nesse povoado, de acordo com as informações obtidas, a rentabilidade da cenoura supera as demais culturas.

Não obstante ao desempenho econômico apresentado pelo povoado com as lavouras cultivadas, tem-se que a microrregião de Irecê como um todo, padece de uma assistência mais efetiva por parte do governo. De acordo com Rubem (ibid) a região precisa de investimentos em armazenamento, abertura de poços tubulares, bem como um incentivo à irrigação, através da garantia de compra do produto.

Conforme estudos realizados em grande parte pela CODEVASF até o ano de 1997 existiam na região quase 5 mil poços perfurados, sendo utilizados menos de 10 por cento dos recursos hídricos. Este estudo estimulou o projeto Platô de Irecê que contempla dentre diversos objetivos o de perenizar os rios Verdes e Jacaré, contribuindo para que estes rios, que são temporários, tenham água todo o ano.

Nesse aspecto, para fortalecer as formas de produção local, tornando a região um centro de desenvolvimento rural sustentável, é preciso criar uma identidade local, a fim de que se possa descobrir uma idéia-guia a qual norteará o pacto territorial que poderá conduzir a região novamente ao “status” de celeiro de produções dos mais variados gêneros alimentícios. Para tanto, faz-se necessário criar uma infra-estrutura que dê condições aos agricultores expandirem as suas produções, abolir barreiras de inserção ao mercado, orientá-los para a importância da análise de conjuntura, bem como instruí-los quanto à falácia em associar a região com a monocultura de feijão.