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centenário do nascimento de Pedro Alvares Cabral, Descobridor do Brasil, Lisboa, 1968, il.

Figura 130 – Largo do Quartel, na segunda metade do século XIX, segundo Righini – (01) Quartel, (02) Lyceu Benjamin Constant (atual Colégio Paes de Carvalho), (03) Palácio Antônio

Lemos, (04) telhado do Palácio do Governo e (05) Igreja da Sé

Fonte: http://www.ufpa.br/cma/imagens.html

Dessa edificação, são conhecidas a planta e a elevação principal (Figura 131) que fazem parte dos dois álbuns com os desenhos para o Palácio, arquivados na Biblioteca Nacional de Lisboa e no Arquivo Gonçalo de Vasconcelos e Sousa. Conforme descrição de Antônio Baena (1969, p. 194), esse prédio teria um pavimento, porém a gravura de Righini sugere um segundo pavimento.

Figura 131 – Quartel dos Soldados Fonte: adaptado de MENDONÇA, 2007

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No convento de Santo Antônio, conforme Baena (1969, p. 183), o Governador Fernando de Ataíde Teive, em 1769: “Faz Capella e sepulcro no Claustro [...] para deposito do seu corpo se fallecer no Pará”, segundo projeto de Landi que para esta capela deixou uma sequência de desenhos (Figura 132). Segundo Mendonça (2003a, p. 486), essa capela é a que, hoje, é dedicada a Nossa Senhora de Lourdes, com abertura para o claustro do convento, pois suas características se assemelham às descrições de Baena e aos desenhos de Landi. Para essa capela, são conhecidos os desenhos à tinta-da-china, aquarelados, representando a planta baixa, a pintura do teto e a pintura de perspectiva da parede principal e da lateral. Esses desenhos fazem parte do álbum com os desenhos do Palácio, oferecido por Landi ao Governador e pertencente ao Arquivo Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, no Porto, Portugal.

Figura 132 – Capela sepulcral do Governador Ataíde Teive, Belém, Pará

Fonte: MENDONÇA, 2003a, p. 485

Como citado anteriormente, do álbum dedicado ao Governador Teive, fazem parte ainda os desenhos para uma capela a ser construída no palácio de sua família em Pangim, na Índia. Para esse projeto, há duas versões. Da primeira constam: uma planta baixa, um corte longitudinal, com vários elementos decorativos, um corte transversal, com o desenho do retábulo-mor e a fachada (Figura 133). Da segunda

constam: uma planta baixa, uma seção longitudinal, também com diversos elementos decorativos de estuque, uma fachada (Figura 134) e uma última prancha onde há duas propostas de retábulos e de estuques para o forro (Figura 135). Esse material pertencente ao Arquivo Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, no Porto, Portugal.

Figura 133 – Capela para o palácio da família do Governador Teive, Pangim, Índia

Fonte: MENDONÇA, 2003a, p. 491

Figura 134 – Capela para o palácio da família do Governador Teive (outra versão), Pangim, Índia

Fonte: MENDONÇA, 2003a, p. 492

Figura 135 – Propostas para retábulos e estuques para o forro da capela, Pangim, Índia

Fonte: MENDONÇA, 2003a, p. 496

Do outro lado da cidade, no extremo do bairro da Campina, situava-se o convento dos frades capuchos de Santo Antônio, com igreja e capela (Figura 136) da irmandade65 da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência66 anexas. A capela teve sua primeira construção no ano de 1694, sendo, mais tarde, reconstruída no seu modelo atual entre os anos de 1748 e 1754. Em 1786, a irmandade pediu autorização para abrirem uma porta de comunicação com o exterior em razão dos constantes atritos com os frades capuchos. Segundo Braga (1998, p. 87), “quando Landi chegou a Belém a capela já estava praticamente concluída e a participação do arquiteto se restringiu apenas à decoração dos retábulos dos altares”.

65 Landi foi membro da irmandade da Ordem 3ª de São Francisco da Penitência (MENDONÇA, 2003a, p. 287). 66 AHU, Brasil, Pará, Caixa 44-758. (MENDONÇA, 2003a, p. 836-7) Vide Documento 135.

Figura 136 – Retábulo lateral da Capela da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência Fonte: Domingos Oliveira,2007

O projeto para a Companhia Geral do Comércio do Grão Pará e Maranhão foi desenvolvido por Landi e é constituído de três pranchas, contendo: plantas baixas do pavimento térreo e superior, duas fachadas e um corte. O projeto entretanto não foi executado. Seria construído para abrigar a empresa da Companhia de Comércio em Belém, com administração, depósitos, armazéns, cozinhas e alojamento de escravos.

Os desenhos conhecidos, planta, fachada e seções (Figura 137), à tinta-da- china, estão armazenados no Arquivo Histórico Ultramarino, mas existe também um desenho da fachada na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, integrando a Coleção Alexandre Rodrigues Ferreira.

Figura 137 – Companhia Geral do Comércio, Belém, Pará

Fonte: http://www.forumlandi.ufpa.br/ImmaginiLandi/ImmaginiBig/Belem/

O crescimento da cidade e, consequentemente, da movimentação portuária, levou à necessidade da construção de um novo prédio para abrigar a nova Alfândega. O projeto foi desenvolvido, mas não concretizado e o que resta dele são dois desenhos não assinados, e que Robert Smith (apud Mendonça, 2003a, p. 332) atribuiu a Landi. Um desses desenhos mostra, o que parece ser, a parte central de uma edificação de dois pavimentos (Figura 138) e outro, possivelmente, uma segunda versão para a porta principal (Figura 139). Esses desenhos pertencem ao Arquivo Ultra Marino.

Figura 138 – Fachada da nova Alfândega, Belém, Pará

Fonte: http://www.forumlandi.ufpa.br/ImmaginiLandi/ImmaginiBig/Belem/Dogana/

AHU_CARTm_013_D796_PT.html

Figura 139 – Portada da nova Alfândega, Belém, Pará

Fonte: http://www.forumlandi.ufpa.br/ImmaginiLandi/ImmaginiBig/Belem/Dogana/

AHU_CARTm_013_D797_PT.html

Landi teria projetado também alguns sobrados em Belém. Segundo Donato Mello Júnior (1972, n.p.), ele seria o autor dos projetos de três desses sobrados construídos na segunda metade do século XVIII e pertencentes a ricos proprietários do Pará: Manuel Raimundo Alves da Cunha (Figura 140), Antônio de Sousa de Azevedo (Figura 142) e João Manuel Rodrigues (Figura 143).

O sobrado de Manuel da Cunha, ainda existe e se localiza na confluênica das ruas Frutuoso Guimarães com João Alfredo, bairro do Comércio (Figura 141), em

Belém. Segundo Meira Filho (1969, p. 1), o sobrado de Antônio Azevedo, conforme relatos de Alexandre Ferreira, era conhecido como Palacinho e era “considerado uma das mais notáveis construções residenciais de Belém”. Esse e o de João Manuel Rodrigues não mais existem. Dessas edificações, são conhecidos os desenhos das fachadas, realizados por José Joaquim Codina, desenhista da Viagem Philosophica, de Alexandre Ferreira, e que estão arquivados na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, na Coleção Alexandre Rodrigues Ferreira.

Figura 140 – Residência de Manuel Alves da Cunha, desenho de J. J. Codina

Fonte: Mendonça, 2003a, p. 513

Figura 141 – Antiga residência de Manuel Raimundo Alves da Cunha

Figura 142 – Residência de Antônio de Sousa de Azevedo, desenho de J. J. Codina

Fonte: Mendonça, 2003a, p. 514

Figura 143 – Residência de João Manoel Rodrigues, desenho de J. J. Codina

Fonte: Mendonça, 2003a, p. 513

Um aspecto pouco visitado pelos autores que se debruçaram sobre a obra de Landi é sua veia de ilustrador. Semelhante às citadas capas dos álbuns com os desenhos para o Palácio dos Governadores, existe a capa de um pequeno álbum oferecido por Domingos José de Freitas, ao Marquês de Pombal (Figura 144), contendo um soneto e algumas quadras em cumprimento pelo título recebido. A composição aqui referida lembra muito aquela constante na capa do álbum dedicado ao governador Teive (Figura 126). O conjunto é simétrico, formado por linhas, predominantemente, curvas, marcados por volutas. De vários pontos, emergem folhas de acanto. No topo, há um frontão interrompido por troféus. Nesse frontão, há uma Cruz de Malta e, sob ela, um elemento aconcheado.

Para esse álbum, o artista também desenhou as pedras d’armas do Governador (Figura 145) e do Marquês de Pombal (Figura 146), ambas sobre troféus e composições de acantos e volutas. Desenhou ainda um monograma com a letra “M” composto de ornatos florais (Figura 147).

Figura 144 – Capa do álbum dedicado ao Marquês de Pombal por Domingos José de Freitas

Fonte: Mendonça, 2003a, p. 519

Figura 145 – Pedra de armas do Governador Ataíde Teive

Fonte: Mendonça, 2003a, p. 519

Figura 146 – Pedra de armas do Marquês de Pombal

Fonte: Mendonça, 2003a, p. 520

Figura 147 – Monograma existente ao final do álbum

Conforme Mendonça (2003a, p. 43-4):

Landi regressou da expedição ao Rio Negro gravemente doente, falecendo na sua fazenda do Murutucu, a 22 de junho de 1791, quase com 78 anos de idade. [...] Segundo a tradição local jaz na igreja de Santana, embora nunca tenha sido encontrado o local de sua sepultura.

A notícia da morte de Landi chegou a Bolonha no ano seguinte e foi comunicada à Academia Clementina por uma carta de Gabriele Dotti Brunelli. Um elogio fúnebre foi realizado por Domenico Pió, secretário da Academia, o qual o diz o artista havia chegado ao fim da vida cumulado de riquezas e de honras, pelas atividades como arquiteto e pela amizade com o governador, que lhe teria dado a mão da sua filha em casamento, deixando-lhe todos os bens, e que esses fatos explicavam ter deixado Bolonha e ido se aventurar na distante e selvagem Amazônia. (MENDONÇA, 2003a, p. 44).

CAPÍTULO III