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4.1 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS MULHERES IMPLEMENTADAS EM SANTA

4.1.1 Políticas públicas para as mulheres desenvolvidas em Santa Rosa/RS

4.1.1.1 Centro de Referência Regional de Atendimento à Mulher

O Centro de Referência Regional de Atendimento à Mulher Dirce Grösz foi instituído pela Lei Municipal nº 4.760 de 29 de dezembro de 2010, inaugurado em 24 de março de 2011 e está vinculado ao Gabinete do Prefeito do município de Santa Rosa. O CRRM recebeu este nome em homenagem a ativista e feminista Dirce Margarete Grösz, pela sua luta em defesa dos direitos das mulheres na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul.

Trata-se de uma estrutura essencial da política nacional de enfrentamento à violência contra a mulher e está prevista na Lei Maria da Penha, Art. 35. O CRRM funciona como porta de entrada especializada para atender mulheres em situação de violência, de forma articulada com os demais serviços especializados e rede setorial. É um espaço de acolhimento e atenção psicológica e social, além de prestar orientação e realizar encaminhamento jurídico à mulher em situação de violência. A equipe de atendimento visa estabelecer o necessário à superação da situação de violência ocorrida e contribuem para o fortalecimento da mulher no momento de sua maior fragilidade.

O objetivo do Centro de Referência é cessar a situação de violência, através do sistema de proteção legal e social, bem como o fortalecer as mulheres, resgatando sua autoestima,

promovendo sua autonomia e com isso seu empoderamento, ou seja, é função do CRRM indicar caminhos para que as mulheres reconheçam as suas capacidades e a partir disso, comecem a fazer as mudanças necessárias em suas vidas.

São atendidas mulheres maiores de 18 anos, independentemente de sua condição socioeconômica, de moradia, deficiência, raça e etnia. Elas chegam ao CRRM das mais diversas formas, sendo algumas encaminhadas pela Rede de Atendimento do Município de Santa Rosa, outras buscam o serviço espontaneamente e ainda há os encaminhamentos dos demais municípios conveniados ao CRRM.

Atualmente 22 municípios da região Fronteira Noroeste são atendidos pelo CRRM, sendo eles: Alecrim, Alegria, Boa Vista do Buricá, Campinas das Missões, Cândido Godói, Dr. Maurício Cardoso, Giruá, Horizontina, Independência, Nova Candelária, Novo Machado, Porto Lucena, Porto Mauá, Porto Vera Cruz, Porto Xavier, Santa Rosa, Santo Cristo, São José do Inhacorá, Senador Salgado Filho, Três de Maio, Tucunduva e Tuparendi. Os encaminhamentos por parte desses municípios se dão principalmente por meio das secretarias de saúde e assistência social.

Em 2017 a equipe técnica do CRRM era composta por uma gerente, que é assistente social do quadro de servidores do município com 40 horas em regime de plantão, uma psicóloga com 20 horas, um advogado com 20 horas, uma agente administrativa com 40 horas e uma auxiliar de serviços gerais com 40 horas.

São desenvolvidas ações de cunho educativo e preventivo, através de participações em escolas, unidades básicas de saúde, ONG's e OG's durante todo o ano, atividades estas que são organizadas e pensadas pela equipe técnica.

A média de atendimentos fica em torno de 54 mulheres por mês e, a cada mês são registrados em média 11 novos atendimentos. Segundo a gestora do CRRM, este número vem se mantendo durante um longo período, porém, percebe-se que no inverno o número diminui e no verão aumentam os atendimentos. “Acredita-se que neste período, pelos dias serem mais longos, o consumo de bebida alcoólica aumenta e com isso o número de ocorrências de agressões também aumenta” (Gerente do CRRM).

Ao chegar ao CRRM, a mulher é acolhida por uma recepcionista (agente administrativa) que faz o preenchimento de uma ficha de atendimento e a encaminha para o profissional competente (psicóloga, advogado ou assistente social). Posteriormente recebe o atendimento desse profissional e, se houver necessidade, é encaminhada para outro serviço da

rede mediante contato prévio com o órgão ao qual, são informadas as necessidades de acompanhamento à vítima.

O atendimento psicológico é feito de forma individual, respeitando o progresso da paciente com o objetivo de promover o resgate da autoestima, de forma a tratar possíveis sintomas de depressão e ansiedade crônica, fortalecer e empoderar a vítima para que esta tome suas decisões assumindo o controle da situação saindo do papel de vítima passiva da violência.

O atendimento jurídico tem o objetivo de oferecer aconselhamento e acompanhamento nos atos administrativos de natureza policial e nos procedimentos judiciais, informando e preparando a mulher para esta difícil etapa, tornando-a sujeito de direitos. Segundo informações da Gerente do CRRM, “muitas mulheres chegam ao CRRM sem saber quais são seus direitos, principalmente em relação aos filhos e aos bens”.

A mulher recebe acompanhamento por tempo indeterminado, até o profissional se certificar de que a mulher se encontra em condições de superar seus problemas e desafios diários, ou até mesmo pelo tempo que a mulher desejar o atendimento. Os profissionais trabalham para proporcionar os atendimentos necessários à superação da situação de violência ocorrida, contribuindo para o fortalecimento da mulher e o resgate da sua cidadania.

Em Santa Rosa, destaca-se o funcionamento efetivo da Rede de Proteção à Mulher, onde, além do Centro de Referência, a Casa de Abrigo e Passagem Oito de Março, a DEAM, o COMDIM, a Assessoria de Políticas para a Mulher, a Brigada Militar/Patrulha Maria da Penha, o Conselho Tutelar, as duas unidades de CRAS, o CREAS, os Hospitais, as Escolas, as Unidades Básicas de Saúde, o Ministério Público, o Tribunal de Justiça, a Defensoria Pública, as Universidades e os outros 22 municípios conveniados se mobilizam na prestação de serviço especializado à Mulher, articulando-se e trocando informações constantemente no intuito de agilizar os encaminhamentos e solucionar os casos da melhor maneira possível.

O perfil das mulheres atendidas no CRRM é muito diversificado, englobando mulheres de todos os níveis sociais, de diversas escolaridades e idades. Algumas empregadas e outras não, porém uma característica prevalece, a grande maioria tem filhos.

Já as principais características psicológicas observadas são de mulheres com baixa autoestima, com sentimento de grande insegurança, medo, fragilidade emocional, depressão, tristeza e algumas com pensamento suicida.

Cabe destacar novamente, que o trabalho da equipe do CRRM está direcionado ao empoderamento das mulheres, no intuito de mostrar caminhos e maneiras de enfrentar as

circunstâncias da vida com maior equilíbrio e segurança. A questão da escuta às vítimas é algo de grande importância, principalmente no primeiro momento, pois é neste estágio que elas se encontram em maior fragilidade emocional e muitas vezes, em desespero.

Segundo informações da Gerente do CRRM, na grande parte dos casos é perceptível o progresso das vítimas, manifestadamente quando estas relatam o sentimento de bem-estar e, progressivamente, começam a cuidar do visual e da própria vida.