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5 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO CPB PARA O PERÍODO

5.1 PROGRAMAS E PROJETOS

5.1.2 Área de Alta Performance

5.1.2.4 Centros de Referência e Centro Paralímpico Brasileiro

O objetivo proposto pelo PE para esse programa foi o de identificar e estabelecer as modalidades paralímpicas que precisariam de um local para treinamento permanente e/ou temporariamente para os atletas selecionados para comporem as seleções paralímpicas permanentes. Os treinamentos visariam a excelência na preparação desses atletas para competições internacionais como Mundiais e JP.

O projeto de maior destaque dentro desse programa foi o Centro de Treinamento Paralímpico, construído na cidade de São Paulo. O projeto foi apresentado pelo CPB ao governo federal, através do então ministro de esportes e ao governo do Estado de São Paulo em novembro de 2012, sendo que o acordo para a implementação do mesmo foi feito em janeiro de 2013.

Inicialmente o projeto previa a construção de um Centro de Treinamento Paralímpico que comportaria 14 modalidades, alojamentos, refeitório, lavanderia e setor administrativo com salas e auditórios. O orçamento para as obras era de aproximadamente R$ 290 milhões, sendo que o governo federal participaria com R$ 170 milhões, e o governo do estado de SP com R$ 120 milhões. Além do investimento financeiro o governo do estado de SP também cedeu o terreno para a construção do Centro. O CPB ficaria a cargo de realizar a gestão administrativa e técnica do local após sua inauguração, que estava prevista para o final do ano de 2015 (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO, 2013).

A inauguração do projeto foi efetivada apenas em maio de 2016, e com ajustes em sua configuração final. O Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro possui estrutura para o treinamento de 15 modalidades paralímpicas, sendo elas: atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, natação, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball, halterofilismo, judô, rugby em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, triatlhon e vôlei sentado. Além das facilidades esportivas para treinamento, o Centro ainda conta com hotel exclusivo e adaptado para receber pessoas com deficiências, centro de convenções e laboratórios de pesquisa. O investimento final no projeto foi de R$ 305 milhões. O mesmo é considerado pelo CPB como o maior legado para o esporte paralímpico, dos Jogos Rio 2016 (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO, 2016a; SECRETARIA DOS DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA, 2016).

Durante o período analisado, outros centros de treinamento paralímpico foram instalados pelo país. O primeiro deles foi o Centro de Treinamento de Halterofilismo, inaugurado em 2010 na cidade de Uberlândia- MG. O centro foi fruto de uma parceria estabelecida entre o CPB, a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e Fundação Uberlandense de Turismo, Esporte e Lazer (FUTEL). Os atletas brasileiros que participaram dos JP de Londres-2012 na modalidade, tiveram parte de seu treinamento realizado no centro (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO, 2010c). A decisão pela parceira entre o CPB e a universidade foi em decorrência da tradição que esta instituição acadêmica possui no esporte paralímpico. O centro de treinamento conta com orientador técnico; fisiologista; especialistas em treinamento esportivo; fisioterapeuta; nutricionista esportivo, biomecânico do movimento e monitores de Halterofilismo da própria UFU. Ele conta também com o espaço e equipamentos cedidos pela instituição. O CPB colaborou com os dois bancos oficiais de halterofilismo, legados do Parapan do Rio de Janeiro 2007 (DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL- UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNIDA, 2010).

O Judô também recebeu um Centro de Treinamento específico, esse na cidade de São Paulo. A inauguração do espaço foi no ano de 2013, e teve origem através de uma parceria entre CPB, Secretaria de Esporte, Lazer e Recreação da Cidade de São Paulo e a INFRAERO, então patrocinadora da modalidade paralímpica. O local escolhido para abrigar o centro foi o Centro Educacional Esportivo da Mooca, espaço que já possuía tradição no treinamento do judô olímpico e paralímpico (CASQUEIRA, 2013). A natação paralímpica recebeu um centro de treinamento específico no ano de 2014, na cidade de São Caetano do Sul. A parceria para a efetivação do projeto foi firmada entre o CPB e a prefeitura do município. Tanto o Centro de Treinamento de judô quanto o de natação contavam com uma equipe multidisciplinar para atendimento dos atletas, essa formada por técnicos, fisioterapeutas, biomecânicos, nutricionistas, médicos e enfermeiros.

Green e Oakley (2001) apontam que as instalações para treinamento esportivo de alto rendimento são itens essenciais para o sucesso esportivo dos países. Em uma pesquisa que avaliou o sucesso esportivo de países com base na conquista de medalhas olímpicas, os autores verificaram que tanto os países do bloco oriental (representados na pesquisa pela extinta União Soviética e Alemanha), assim como pelos países do eixo central (representados no estudo pelos Estados Unidos, Canadá, Austrália e países da Europa Ocidental), elencaram as instalações

de treinamento esportivo como fatores indispensáveis ao desenvolvimento de atletas de alto rendimento. O mesmo foi encontrado em uma pesquisa de De Bosscher (2006) que buscou elencar os componentes primordiais para o sucesso esportivo internacional de diferentes países(DE BOSSCHER et al., 2006).

Os centros de treinamento voltados especificamente para atletas de alto rendimento possuem um alto custo de implementação e manutenção de suas estruturas (GREEN; OAKLEY, 2001). Assim como ocorreu no Brasil com o Centro de Treinamento Paralímpico, em países como Austrália, Canadá e Reino Unido, o investimento de recursos na construção desse tipo de instalações é feito pelo governo (GREEN; HOULIHAN, 2005). Entretanto, como citamos, o CPB utilizou também um outro modelo de implementação de centros de treinamento esportivos no Brasil, o qual consiste em convênios com universidades. Esse mesmo recurso é adotado por países como Canadá e pelo Reino Unido. Green e Oakley (2005) afirmam que esta estratégia possui um custo significativamente menor do que a primeira. Porém, tende a não se focar totalmente no treinamento do atleta de alto nível, e, portanto, não oferece tantos benefícios e resultados quanto os centros de treinamento específicos para o alto rendimento. Se por uma lado as parcerias com as universidades não permitem que os locais de treinamento sejam voltados unicamente para os atletas de ponta, por outro estas oportunizam o contato da comunidade de uma forma mais ampla com instalações esportivas aptas a receberem pessoas com deficiência.

Nos dados referente aos centros de treinamento específicos de cada modalidade e ao Centro de Treinamento Paralímpico aqui apresentados, pudemos verificar que os recursos destinados à implementação dessas instalações foram disponibilizados via fundo público, seja pelo ME, ou então pelas Secretarias Estaduais e/ou Municipais de Esporte. É válido lembrar que a Lei Agnelo/Piva prevê a aplicação dos recursos da loteria destinados ao CPB, para a construção ou manutenção de centros de treinamento, inclusive nos recursos que são repassados do CPB para as confederações filiadas. Não encontramos dados nos balanços financeiros do CPB disponibilizados no site da instituição que identificassem a construção ou reforma desses centros. Esta também não disponibilizou em seu site na internet informações acerca dessas ações.

Podemos inferir que o CPB usou como estratégia a criação de convênios e parcerias com outras instituições para o desenvolvimento do projeto de Centros de

Treinamento proposto em seu PE. O financiamento dessas ações foi bancado não só pelo Comitê, mas também por órgãos públicos. Novamente citamos aqui o Centro de Treinamento Paralímpico como exemplo claro de tal situação, onde o CPB abriu uma parceira com o Ministério do Esporte. A parceria foi possível através do “Plano Brasil Medalhas” criado em 2012, o qual previu a destinação de R$ 45,2 milhões de reais para a construção e reforma de instalações esportivas para o treinamento de atletas de alto rendimento. O objetivo do projeto era o de alcançar resultados positivos nos Jogos Rio 2016 (BRASIL 2016, [s.d.]).