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4 RECURSOS FINANCEIROS DO CPB

4.2 APLICAÇÕES DOS RECURSOS

4.2.1 Despesas por ação

A aplicação dos recursos recebidos pelo Comitê Paralímpico Brasileiro por meio da Lei 9.615/1998, é regulamentada pelo Decreto nº 7.984/2013. Este em seu artigo 10º estipula que estes deverão ser aplicados em projetos e programas de fomento, desenvolvimento e manutenção do desporto; formação de recursos humanos; preparação técnica, manutenção e locomoção de atletas; e participação em eventos esportivos. Nesta normativa, cada uma destas modalidades é definida da seguinte forma:

I - fomento, desenvolvimento e manutenção do desporto: todas despesas necessárias à promoção das práticas desportivas formais a que se refere o art. 217 da Constituição;

II - formação de recursos humanos: todas despesas necessárias à capacitação, instrução, educação, treinamento e habilitação na área do desporto, inclusive por meio de cursos, palestras, congressos, seminários, exposições e outras formas de difusão de conhecimento, bem assim o custeio de pesquisas e desenvolvimento de técnicas e práticas técnico-científicas ligadas ao esporte olímpico e paraolímpico; III - preparação técnica, manutenção e locomoção de atletas: todas despesas necessárias ao preparo, sustentação e transporte de atletas, bem assim os gastos abaixo relacionados, desde que imprescindíveis ao objetivo deste inciso: a) aquisição e locação de equipamentos desportivos, para atletas, técnicos e outros profissionais; b) serviços médicos, odontológicos e psicológicos, para atletas e técnicos e outros profissionais; c) alimentação e nutrição, para atletas, técnicos e outros profissionais; d) moradia e hospedagem, para atletas e outros profissionais, no caso de equipes e seleções permanentes;

IV - participação de atletas em eventos desportivos: todas despesas necessárias para efetivação do deslocamento e acomodação de atletas, técnicos e dirigentes, inclusive gastos com premiações. (BRASIL, 2004)

De acordo com Meira, Bastos e Bohme (2012), o item “I- Projetos de fomento, desenvolvimento e manutenção do desporto” envolve ações como elaboração de candidaturas para sediar eventos internacionais no país, compra e aquisição de materiais esportivos/ administrativos, e o desenvolvimento (desde a

sua criação a sua manutenção) de centros de treinamento esportivo e unidades de cultura Olímpica. Ainda de acordo com o artigo 217 da Constituição Federal de 1988 a que se refere o item, é dever do estado fomentar práticas formais e não formais, como direito de cada um, sendo observada a destinação prioritária de recursos públicos ao esporte educacional, e em casos específicos ao esporte de alto rendimento. Já os itens II, III e IV são autoexplicativos em relação aos seus objetivos e finalidades.

O CPB através de seus balanços financeiros, patrimoniais e contábeis, prestou contas no período analisado dos recursos advindos da referida lei, apresentando os seguintes valores:

TABELA 6- DESPESAS CPB POR TIPO

DESPESAS/ANO 2010 R$ 2011 R$ 2012 R$ 2013 R$ 2014 R$ 2015 R$ FOMENTO, DESENVOLVIMENTO E MANUTENÇÃO 15.442.694 14.453.373 22.679.332 * * * FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 218.158 417.204 431.231 * * * PREPARAÇÃO TECNICA E MANUTENÇÃO 1.768.006 2.387.013 3.183.325 * * * PARTICIPAÇÃO DE ATLETAS 8.593.552 12.138.909 21.013.267 24.585.953 23.828.399 27.189.157 DESPESAS GERENCIAS CPB 7.386.200 11.747.191 11.873.977 15.858.721 8.574.234 10.504.427 TOTAL DESPESAS 33.408.610 41.143.690 59.181.132 40.444.674 32.402.633 37.693.584

Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro Elaboração: autora

* Dados não disponibilizados no balanço financeiro do referido ano

A prestação de contas dos recursos repassados ao Comitê via Lei Agnelo/Piva de acordo com o decreto supracitado, é obrigatório. Entretanto ao analisarmos os balanços patrimoniais disponibilizados pela instituição, verificamos que a cada ano o modelo desse documento variou, sendo que a partir do ano de 2013 alguns dos itens deixaram de constar ou então mudaram de nomenclatura. Dessa forma, não pudemos identificar os recursos investidos em: fomento, desenvolvimento e manutenção; formação de recursos humanos; e preparação técnica e manutenção nos anos de 2013, 2014 e 2015. As mudanças apresentadas nesses documentos dificultaram a identificação, e por consequência, análises dos

investimentos de recursos do CPB em cada um dos itens expressos no Decreto supracitado. A prestação de contas do CPB é analisada por meio do Tribunal de Contas da União (TCU). Ao pesquisarmos a aprovação ou não das contas apresentadas via CPB ao TCU, identificamos que o TCU abriu processos de acompanhamento e análise dessas contas, por conta de supostos superfaturamentos em licitações abertas pelo Comitê, pagamentos indevidos a funcionários da entidade e falta de transparência na solicitação de recursos adicionais à administração desta (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2016a, 2016b).

No site da instituição, há uma página onde os dados sobre o financiamento do CPB estão disponíveis. Nesta página é possível acessar o resumo das receitas 11 do Comitê. As tabelas que apresentam estes dados são especificadas por ano, e os dados revelam as fontes das receitas do Comitê, bem como o volume de recursos aplicados a cada uma das modalidades especificadas via Decreto 7.984/2013. Entretanto, ao contrastarmos esses dados com aqueles encontrados nos balanços financeiros da instituição disponibilizados no site da mesma, há diferenças significativas nos valores apresentados pelos dois documentos. O volume de recursos captados pela instituição em todos os anos analisados, de acordo com as tabelas do site, foi maior do que os valores apresentados nos balanços financeiros. Essa diferença chega a quase R$ 100 milhões em 2015 (na tabela online o montante total arrecadado aparece como R$173 milhões, e no balanço financeiro da instituição no mesmo ano R$ 79 milhões). Nas tabelas online não são especificadas as origens dos recursos. Aparece apenas a designação genérica “outras fontes”. Outro agravante dessa fonte de dados é o fato de que as tabelas online apresentam dados apenas a partir do ano de 2013, não sendo possível analisarmos dados anteriores a essa data. Ao constatarmos essas diferenças, entramos em contato com o CPB a fim de solicitarmos esclarecimentos sobre as tabelas apresentadas. Fomos instruídos a enviarmos um email ao departamento responsável (Departamento de Contabilidade), e após enviarmos o e-mail não obtivemos retorno. Considerando o fato de os dados publicados por meio das tabelas online não estarem claros, optamos por não utilizarmos estes, e sim os balanços financeiros desta por detalharem as fontes dos recursos, assim como o volume de recursos

investidos em cada modalidade do decreto, salvo alguns anos, conforme exposto na tabela 6.

O CPB ao apresentar a prestação de contas da instituição, não especifica quais as fontes dos recursos aplicados nos gastos referentes aos itens da tabela 6. Ou seja, não é possível identificar se o recurso utilizado é proveniente de repasses públicos via Leis, ou de patrocínio. Uma vez que o decreto acima citado regulamenta apenas os recursos advindos da Lei Agnelo/Piva, os recursos provenientes de outras fontes não são regidos pelas mesmas diretrizes. Como não c 4onseguirmos mapear a origem do financiamento de cada um desses itens, tivemos dificuldade para analisarmos os dados e para compara-los com outras realidades, como ao do COB, por exemplo, pois este presta conta apenas dos recursos recebidos via Lei Agnelo/Piva.