• Nenhum resultado encontrado

5 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO CPB PARA O PERÍODO

5.1 PROGRAMAS E PROJETOS

5.1.2 Área de Alta Performance

5.1.2.2 Projeto Ouro Paralímpico Londres 2012

O programa Ouro foi lançado no ano de 2010 pelo CPB, com o objetivo de dar melhores condições de treinamento aos atletas brasileiros com potencial de conquistar medalhas nos JP de Londres 2012. Os atletas selecionados para participarem do programa eram indicados pelas respectivas confederações de cada modalidade e passaram por uma análise crítica do departamento técnico do CPB, para que pudessem participar do mesmo. Durante essa etapa, se faziam análises quanto aos resultados ou índices obtidos pelos atletas nos últimos JP, campeonatos mundiais e copas mundiais. Também foram realizadas análises subjetivas do perfil do atleta e seu potencial de sucesso em relação ao país e ao cenário mundial.

O quadro inicial de contemplados no programa contava com 11 atletas de modalidades individuais, sendo elas: atletismo, bocha, ciclismo, judô e natação. Posteriormente o número de atletas subiu para quinze, e a modalidades de remo foi incluída. Os atletas contemplados pelo programa supostamente recebiam suporte de profissionais como técnicos, fisiologistas, psicólogos, nutricionistas, além de estrutura física esportiva e equipamentos de ponta para treinamento. O CPB também proporcionava a esses atletas viagens internacionais para competições, intercâmbios para treinamento, avaliações médicas e fisiológicas. Esperava-se que dessa forma, os atletas que faziam parte do programa tivessem acesso aos recursos necessários para manter-se no mais alto nível de treinamento (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO, [s.d.]).

Os repasses feitos para a execução do projeto eram feitos diretamente do CPB à entidade ou profissional que prestava os serviços, como técnicos, fisioterapeutas ou então, no caso de locação de instalações ou equipamento, diretamente à empresa. Os atletas não recebiam bolsa ou qualquer outro incentivo

financeiro durante a participação no programa, pois todos os benefícios eram oferecidos em forma de serviço (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO, 2010b). Para cada atleta que integrou o Projeto Ouro, o CPB destinava até R$100 mil por ano (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO, [s.d.]).

A primeira convocação de atletas para comporem o projeto contou com dez nomes, divididos em quatro modalidades paralímpicas. Alguns meses depois mais quatro atletas foram incluídos no projeto, que passou a contar com seis modalidades paralímpicas, conforme pode ser visualizado na tabela 13.

TABELA 13- PROJETO OURO

MODALIDADE ATLETA

Atletismo

Jonathan Santos Lucas Prado Odair dos Santos Shirlerne dos Santos

Coelho

Terezinha Guilhermina Yohansson do Nascimento

Bocha Dirceu Pinto

Eliseu dos Santos Ciclismo

Soelito Gohr

Judô Antonio Tenório

Daniele Bernardes

Natação André Brasil

Daniel Dias

Remo Claudia Santos

Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro: quatro anos de vitórias 2009 – 2012 Elaboração: autora (2016)

Dos 14 atletas que compuseram o Projeto Ouro, apenas dois deles não conquistaram medalhas em JP, e metade conquistou ao menos uma medalha de ouro. Pudemos verificar assim que o projeto cumpriu com seu objetivo de preparar os atletas brasileiros que possuíam potencial de conquistar medalhas de ouro no JP de Londres. É importante ressaltar que todos os atletas do projeto também compuseram ou o Time São Paulo ou o Time Rio, programas do CPB que serão detalhados no próximo tópico. Ao analisarmos a tabela 13, verificamos que metade das modalidades contempladas no programa teve também convênios aprovados com o ME para as Seleções Paralímpicas Permanentes. Ou seja, o Projeto Ouro não foi o único responsável pelo sucesso desses atletas. O investimento no

treinamento desses contou com mais de um projeto do PE do CPB para o período, além de patrocínios privados de forma individual para cada atleta e também incentivos em forma de bolsa do ME. Exemplo dessa configuração é o atleta de natação André Brasil, participante do Projeto Ouro, do Time São Paulo, patrocinado pelas Loterias Caixa e bolsista pódio do programa Bolsa Atleta do ME.

O investimento financeiro para que um atleta atinja o mais alto nível de rendimento esportivo e conquiste uma medalha de ouro em uma competição olímpica ou paralímpica é elevado. Hogan e Norton(2000) realizaram uma pesquisa na Austrália a fim de mapear qual foi o custo de cada medalha de ouro para o país, constatando que no ciclo olímpico de Pequim- 2000, cada medalha dourada conquistada pelo país custou em média $ 36 milhões aos cofres públicos. Embora esse dado reflita a realidade de outro país há 16 anos atrás, ele revela a dimensão do volume de investimentos necessários para um país ter êxito em competições internacionais. Nos JP de Londres o Brasil conquistou 21 medalhas de ouro, e teve através do CPB um orçamento de cerca de R$ 160 milhões para a preparação dos atletas para ciclo 2009/2012. Como citado anteriormente, a maior fonte de recursos do Comitê é a Lei Agnelo/Piva. Isto significa que existe um grande investimento de recursos públicos no esporte paralímpico de alto rendimento. A esse valor ainda podem ser somados os investimentos diretos feitos através do ME, assim como a distribuição de bolsas aos atletas que é feito diretamente do ME aos mesmos . Esses repasses são também oriundos de recursos públicos.

De Bosscher; Bottenburg e Bingham (2009), propõem um modelo conceitual para explicar quais os fatores preponderantes para a obtenção do sucesso esportivo, no caso medalhas em Jogos Olímpicos/ Paralímpicos. Para os autores o pilar fundamental para o sucesso de uma nação no esporte é o financiamento. O investimento de recursos em treinamento de atletas, técnicos, profissionais da saúde e instalações esportivas é a entrada para um sistema esportivo bem sucedido. No caso do esporte paralímpico brasileiro podemos concluir que o sistema implantado foi bem sucedido, pois o investimento financeiro resultou no 7º lugar no quadro de medalhas no JP de 2012. Entretanto questionamos aqui o investimento maciço de recursos públicos na manifestação esportiva de alto rendimento, sobretudo em uma instituição privada, que poderia ter outras fontes de recursos para implementar seus projetos e ações.