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5 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DO CPB PARA O PERÍODO

5.1 PROGRAMAS E PROJETOS

5.1.1 Área de desenvolvimento

5.1.1.1 Programa Estudantil Paralímpico

5.1.1.1.4 Clube Escolar Paralímpico

Lançado no ano de 2009, implantado no ano de 2010 e extinto no ano de 2013, o projeto “Clube Escolar Paralímpico” está contemplado dentro da área de desenvolvimento do esporte paralímpico no planejamento estratégico do CPB, fazendo parte do programa “Estudantil Paraolímpico”. O objetivo do projeto era o de promover a prática esportiva formal a crianças e jovens com deficiência, matriculados em instituições de ensino formais (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO, 2010a). As iniciativas eram voltadas às seguintes modalidades: atletismo, basquetebol em cadeira de rodas, bocha, ciclismo, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball, halterofilismo, hipismo, judô, natação, remos, rugby em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, tiro com arco, vela e voleibol sentado. Segundo o entrevistado 01, a instituição oferecia um apoio de R$60.000 para cada clube, sendo que o projeto contava com cerca de 20 clubes a cada ano. A verba total destinada à execução do projeto era de aproximadamente R$ 1,2 milhão por ano. Os projetos contemplados não recebiam o repasse da verba. O CPB aplicava a mesma diretamente na contratação de pessoal, aquisição de material e equipamento, locação de espaços, uniformes e transporte para alunos de cada um dos projetos (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO, [s.d.]).

TABELA 11- PROJETO CLUBE ESCOLAR PARALÍMPICO- 2010 a 2013

ANO PROJETOS ESTADOS MODALIDADES ALUNOS VALOR TOTAL INVESTIDO 2010 18 7 13 687 1.080.000 2011 21 8 16 921 1.260.000 2012 21 10 14 958 1.260.000

Fonte: Revista Brasil Paraolímpico, ed. nº34 Elaboração: autora.

A partir do ano de 2014, o projeto deixou de ser implantado no país, não sendo possível encontrar mais repasses para tal ação nos dados financeiro do CPB. De acordo com o entrevistado 01, do departamento técnico do CPB, este projeto se

extinguiu por falta de verbas. Os recursos empregados no projeto em questão eram advindos dos 10% do total de recursos recebidos pelo CPB através da Lei Agnelo/Piva. Entretanto, é importante lembrar que durante esse mesmo período o repasse feito ao CPB através da Lei supracitada, sofreu um aumento de R$ 6 milhões de reais, aumentando consequentemente o repasse também para a área escolar. Dessa forma, de acordo com esse entrevistado, há previsão de que o projeto volte a acontecer no próximo ano, devido ao aumento no repasse recebido através da Lei Agnelo/Piva, decorrente da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência sancionada em 2015.

Para a implementação da nova fase do projeto Clube Escolar Paralímpico são previstos dois novos projetos. Segundo o entrevistado nº 03, houve uma reformulação do projeto dando origem ao Clube Equipar Paralímpico e ao Clube Formador paralímpico. O primeiro projeto teria como objetivo fornecer equipamentos necessários à pratica do esporte paralímpico nas escolas e clubes. Já o segundo teria como objetivo formar novos líderes para atuar junto aos praticantes de modalidades paralímpicas. Ainda segundo a gestora, esses novos líderes, devem ser os professores de escolas públicas e privadas que ainda não possuem qualificação profissional para atuar junto a minorias, como no caso das pessoas com deficiência.

É interessante ressaltar que no objetivo do projeto Clube Escolar descrito acima, conforme encontrado nos registros do PE do CPB, não há menção a formação ou qualificação de profissionais para a atuação nas escolas junto à crianças com deficiência. Entretanto, a formação e capacitação de recursos humanos para atuarem no desenvolvimento esportivo de pessoas com deficiência (crianças, jovens e adultos) é previsto no projeto “Universitário de Capacitação Paraolímpica”, também contemplado no programa “Estudantil Paraolímpico”, na área de desenvolvimento. De acordo com o PE do CPB, essas capacitações ficariam a cargo da Academia Paralímpica Brasileira. Estas ações serão discutidas no próximo capítulo.

Um dos fatores que pode ter influenciado a decisão pela extinção do projeto Clube Escolar Paralímpico nas escolas e clubes, pode ter sido falta de capacitação dos profissionais ligados à execução do projeto. A falta de qualificação profissional dos professores que atuam nas escolas públicas e privadas no país junto a crianças e jovens com deficiência já foi evidenciada por diferentes autores. Shmitt et.al.

(2015), por exemplo, concluíram que os professores de educação física participantes de sua pesquisa possuem dificuldade em elaborar e implementar práticas pedagógicas que incluam crianças e jovens com algum tipo de deficiência, devido a falta de atualização e especialização profissional na área. Tal evidência também foi verificada em âmbito internacional. Exemplo disto foi o trabalho de Lieberman, Houston-Wilson e Kozub (2002) que verificaram que a principal barreira encontrada por professores para a inclusão de crianças com deficiência visual nas aulas de educação física é a sua falta de preparo para lidar com as mesmas.

Outro fator que pode ter sido uma barreira para a efetivação do projeto Clube Escolar foi a falta de materiais e equipamentos necessários à prática das modalidades propostas pelo mesmo (LIEBERMAN; HOUSTON-WILSON; KOZUB, 2002). Ainda que no projeto original os gastos com a compra de material estivesse prevista, o orçamento total disponibilizado para a execução do projeto durante um ano (R$ 60 mil) não permitiu grandes investimentos em uma única área, como a compra de equipamentos específicos. Esse total deveria ser dividido entre o pagamento de recursos humanos, local para implementação do projeto, compra de uniformes, transporte dos alunos e a compra dos materiais necessários.

É possível ainda, que ambas as hipóteses citadas acima tenham acontecido durante a implementação das ações de alguns projetos. Um caso de sucesso identificado através de um estudo de caso, foi a implementação do Clube Escolar na cidade de Maringá-PR, através da União Metropolitana Paradesportiva de Maringá, em parceira com a Universidade Estadual de Maringá (PICULLI; MEDEIROS; CALEGARI, 2010). A universidade, através de um projeto de extensão do curso de Educação Física, chamado Programa de Atividade Física Adaptada, já possuía materiais específicos para a prática de esportes adaptados, assim como estagiário e profissionais capacitados para atender ao público do projeto. Dessa forma, as barreiras identificadas na literatura (LIEBERMAN; HOUSTON-WILSON; KOZUB, 2002; SHMITT et al., 2015) seriam neutralizadas através da parceria entre o meio acadêmico e a ação profissional.