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Chuvas na colheita

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TEMPORÁRIOS

3.6 Chuvas na colheita

Uma das mais importantes decisões do produtor de arroz é a definição do período de semeadura,

devendo preocupar-se, não apenas com o crescimento e o desenvolvimento da cultura, mas também com

a época da colheita, que exige condições ambientais favoráveis. Caso a colheita coincida com época de

muita chuva, os prejuízos são inevitáveis. Alguns relatos de prejuízos são citados na mídia, destacando-se: a) atraso na colheita, dificultando a implantação da 2ª safra (safrinha), em algumas regiões de

cerrado do Brasil, onde, o arroz de terras altas é cultivado;

b) formação de grandes sulcos na terra umedecida, ocasionados pela passagem das máquinas colhedoras, prejudicando a rebrota, principalmente, em áreas de arroz irrigado;

c) redução na produtividade devido ao acamamento de plantas, em sistemas altamente produtivos. 3.7 Outros eventos adversos

Como se sabe, baixos valores de umidade relativa podem estar relacionados com altas temperaturas, situação que, por si só, pode causar aumento na esterilidade das espiguetas, principalmente quando

ocorrem na floração (Matsui et al., 1999).

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AVEIA

Aveia

Elmar Luiz Floss(1)

Eduardo Caierão(2)

Gilberto Rocca da Cunha(3)

João Leonardo Fernandes Pires(4)

1. INTRODUÇÃO

O cultivo de aveia concentra-se no sul do Brasil, com o objetivo de produzir grãos para alimentação humana e animal, e como forrageira, para pastejo e cortes, na forma de feno ou silagem. É também utilizada como cobertura verde ou morta do solo, visando à semeadura direta das culturas de verão, como a soja e o milho.

Aveia é um cereal de clima temperado, originário do Mediterrâneo, largamente distribuído nas mais

diferentes regiões do mundo, devido à sua grande variabilidade genética (Coffman, 1961), resultado

dos avanços conquistados pelo melhoramento genético.

Aparentemente, o gênero Avena foi estabelecido por Tournefourt em 1770, porém, a maioria das espécies foi descrita por Linnaeus, em 1750 (Matz, 1969), reconhecendo-se, hoje, 27 diferentes

espécies Baum (1977). A aveia é um poliplóide, podendo-se classificar as espécies, de acordo com

o grau de ploidia, em diplóides (2n=2x=14, genoma AA), tetraplóides (2n=4x=28, genoma AACC) e hexaplóides (2n=6x=42, genoma AACCDD), conforme Matz (1969) e Shands & Cisar (1988).

As principais espécies cultivadas no Brasil são a aveia-branca ou amarela (Avena sativa L.) e a aveia-preta (Avena strigosa Schreb). No entanto, existem várias espécies silvestres, descritas como plantas daninhas de inverno, como a Avena fatua (hexaplóide) e a Avena barbata (tetraplóide).

As cultivares de aveia-branca ou amarela são anuais, hexaplóides e destinam-se à produção de grãos de alta qualidade industrial, caracterizadas pelo maior tamanho da cariopse, pelo alto peso do hectolitro e pela alta porcentagem de grãos descascados, em relação ao grão inteiro (rendimento industrial). Dentro destas espécies, encontram-se cultivares consideradas de duplo propósito, pois além da produção de forragem verde, podem ser colhidos grãos a partir do rebrote. A aveia-preta (diplóide) caracteriza-se pela alta produção de matéria seca, resistência ao pisoteio e tolerância a solos ácidos e com baixa disponibilidade de nutrientes. Seus grãos, no entanto, não apresentam qualidade industrial, sendo o cultivo indicado, preferencialmente, para a formação de pastagens, de forma isolada ou consorciada com outras forrageiras, destinando-se ainda à elaboração de feno e, ou, silagem, bem como cobertura verde ou morta, para outras lavouras conduzidas sob semeadura direta.

O hábito de crescimento é cespitoso, podendo atingir uma estatura de planta de 0,70 m a 2 m.

Em relação às características botânicas, a aveia apresenta um sistema radicular fibroso e fasciculado,

com raízes seminais e adventícias. Os colmos são eretos, cilíndricos e compostos de uma série de nós e entrenós. Os nós são sólidos, enquanto os entrenós são cheios, quando verdes e, ocos, quando maduros. As folhas apresentam uma lígula bem desenvolvida e ausência de aurícula, o que diferencia a aveia de outros cereais de clima temperado, como o trigo, a cevada, o triticale e o centeio.

A inflorescência da aveia é uma panícula piramidal, terminal e aberta, apresentando espiguetas que

contêm de um a três grãos (Bonnett, 1961).

O grão de aveia é uma cariopse, termo utilizado para designar frutos pequenos, secos, indeiscentes,

semente única por fruto, com uma fina camada de pericarpo, originário do ovário superior (Bonnett, 1961). Na maioria das espécies de aveia, o lema e a palea (glumas florais) permanecem aderidas ao

grão após a trilha, como nas aveias brancas, amarelas e pretas. Já na Avena nuda, espécie que ainda não é cultivada no Brasil, as glumas se separam do grão durante a trilha.

1- Eng. Agrônomo, Dr., Professor, Universidade de Passo Fundo, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, UPF - CAMPUS I, Bairro São José, C.P. 611, CEP 99001-970 Passo Fundo, RS. E-mail: floss@upf.br

2- Eng. Agrônomo, Mestre. Pesquisador, EMBRAPA – Trigo. E-mail: caierao@cnpt.embrapa.br 3- Eng. Agrônomo, Dr., Pesquisador, EMBRAPA – Trigo. E-mail: cunha@cnpt.embrapa.br 4- Eng. Agrônomo, Dr., Pesquisador, EMBRAPA – Trigo. E-mail: pires@cnpt.embrapa.br

A

VEIA

A produtividade de uma cultura pode ser limitada por diversos fatores físicos relacionados com o ambiente (Mahon, 1983). No entanto, o conceito de ambiente, geralmente, refere-se somente a uma

cultura específica, numa mesma condição de meio.

Sob o ponto de vista econômico, a produção de grãos aumentou, no Brasil, de 37 mil t, em 1976, para 253 mil t previstas para a safra 2008/2009, sendo os Estados do Paraná (104 mil t) e Rio Grande do Sul (148 mil t) os maiores produtores (Companhia..., 2009), seguidos de outros Estados, como Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. O aumento da oferta interna de grãos de aveia eliminou a necessidade de importação deste cereal, representando uma poupança de divisas ao país. Além do aumento da disponibilidade interna, ocorreu também melhoria na qualidade industrial dos grãos produzidos, em termos de aumento do peso do hectolitro, do maior tamanho dos grãos e da menor percentagem de casca (Floss, 2002).

1.1 Fenologia

O desenvolvimento da aveia, no período compreendido entre a emergência e a iniciação floral,

constitui a fase vegetativa, seguindo-se a fase reprodutiva, que termina na antese (Brouwer, 1986). A

partir da antese, até a maturação, ocorre a fase de formação de grãos. Esta classificação considera

apenas as mudanças morfológicas externas, apresentadas pelas plantas. Para Bonnett (1961), o ciclo completo de desenvolvimento da planta de aveia, desde a germinação até a maturação da semente, pode ser dividido em 4 fases, ou seja, fase vegetativa, fase de transição, fase reprodutiva e fase de formação da semente ou grão. A fase vegetativa compreende, desde a emergência da plântula até a

diferenciação do primórdio floral (estádio de 3-4 folhas). A fase de transição estende-se até a emissão

da panícula (antese), a partir da qual se inicia a fase reprodutiva (polinização e fertilização), e, por último, a fase de desenvolvimento dos grãos. A duração de cada fase difere, dependendo da espécie ou cultivar de aveia, da época de semeadura ou do grupo de maturação (Ross, 1955).

Zadoks et al. (1974) dividiram o ciclo de desenvolvimento de cereais de inverno, incluindo a aveia, em 10 estádios principais (escala decimal) e, cada estádio principal, em 10 estádios secundários, resultando em 100 diferentes estádios, durante o desenvolvimento completo (Tabela 1).

Tabela 1. Código decimal dos estádios principais de crescimento de cereais de inverno (adaptado de Zadoks et al., 1974).

Estádio Descrição

0 Germinação

1 Crescimento das plântulas

2 Perfilhamento 3 Elongação do colmo 4 Emborrachamento 5 Emergência da inflorescência 6 Antese 7 Formação do grão

8 Grãos em estado leitoso

85 Parte II – Cultivos Temporários

A

VEIA

A germinação, o crescimento, o desenvolvimento e a maturação da planta de aveia resultam de

processos bioquímicos e fisiológicos que são ativos em tecidos específicos e em estádios de crescimento,

sendo as propriedades, morfológicas e químicas, determinadas pelo nível de atividade destes vários processos (Peterson, 1992). O processo germinativo e a fase inicial do crescimento são favorecidos

por períodos de baixas temperaturas, pois as geadas favorecem o perfilhamento. Entretanto, pequena

porcentagem de sementes germina em temperaturas próximas a 0ºC.

As fases fenológicas, do desenvolvimento da aveia até a antese, são largamente influenciadas

por fatores ambientais, como o comprimento do dia, a temperatura e a vernalização (nos genótipos de inverno). Observa-se uma diminuição progressiva do tempo da semeadura até a emergência da

panícula, na medida em que aumenta o comprimento do dia (Major, 1980). Nas condições do Centro-

sul do Brasil, as cultivares de aveia-branca recomendadas, avaliadas de 1992 a 1996, apresentaram um ciclo total médio entre 124 e 139 dias (Floss, 2001).

Em algumas cultivares, as alterações nas condições ambientais causam efeitos na iniciação do afilhamento (Evans & Wardlaw, 1976). Para que ocorra um bom perfilhamento, as raízes devem estar supridas de nutrientes e carboidratos, para que os afilhos fiquem bem favorecidos na presença de

adequada luminosidade e nutrição.

Na maturação, a cultura exige altas temperaturas e baixa umidade, condições ideais para a colheita,

evitando-se, assim, a perda de grãos e favorecendo o aumento do teor de proteina. Adicionalmente, para a indústria, o grão não deve receber chuva após a maturação, o que evitará que ele adquira

coloração escura, condição indesejável para a produção de flocos ou farinha do cereal.

2. CONDICIONANTES AGROMETEOROLÓGICOS DA PRODUTIVIDADE

O clima é um fator primordial na produção de aveia, cereal cultivado nas regiões frias da Europa e considerado, por muito tempo, menos re sistente ao calor. Hoje, porém, verifica-se a adaptação de cultivares em regiões de climas mais quentes, tais como a Argélia. Excetuando-se as regiões equatoriais

quentes e úmidas, a aveia pode ser considerada cultura cosmopolita, sendo cultivada entre as latitudes de 65o norte e 45o sul (Bellido, 1991).

A aveia exige do ambiente o suprimento adequado de água, oxigênio, gás carbônico, nutrientes, luz e temperatura. Como as plantas só crescem quando suas células estão túrgidas, pode-se concluir que a água é um fator determinante para o crescimento e o desenvolvimento.

Altitude

Quanto à altitude, a aveia pode ser cultivada tanto ao nível do mar quanto a 1.000 m acima, a

exemplo dos Alpes e dos Pirineus (Bellido, 1991). Adapta-se a todas as regiões, não tolerando, apenas,

as áreas excessivamente úmidas, onde é alta a incidência de ferrugem da folha.

No sul do Brasil, as regiões com maior potencial de rendimento e melhor qualidade industrial de

grãos são aquelas de maior altitude, como a região de Vacaria, RS, Campos Novos, SC, Guarapuava

e Mauá da Serra, PR. A principal razão é que, nessas regiões, o subperíodo da floração à maturação

é mais longo, proporcionando alta atividade fotossintética, durante o dia, e baixa atividade respiratória, durante a noite, consequência da menor temperatura noturna.

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