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3 DISCUTINDO SOBRE O PACTO NACIONAL PELA

3.2 O CICLO DE ALFABETIZAÇÃO

É preciso dedicar parte de nossa pesquisa para tratar do Ciclo de Alfabetização uma vez que a escolha metodológica desta dissertação, como antes apresentada, centra-se em torno deste nível de ensino. Este tópico terá a finalidade de nos esclarecer mais sobre esta fase com características típicas e presente nas práticas educativas em muitas escolas do nosso país.

O processo de Alfabetização é marcante na vida da maioria dos indivíduos, é um processo de aquisição de língua escrita, suas habilidades e utilidades na vida cotidiana. Um momento conhecido como único, pois, consolida conhecimentos que perpassam toda trajetória de existência do sujeito. Assim, neste capítulo veremos além da estrutura do Ciclo de alfabetização, do modo como é proposto pelo PNAIC, seus materiais (cadernos de estudo) e o que pretende pedagogicamente tal período escolar.

O Ciclo de alfabetização, além de ser uma perspectiva recente na forma de organização do Ensino Fundamental de nove anos no Brasil, será um dos alvos da nossa investigação. Por este motivo julgamos necessária a discussão sobre estes três primeiros anos

da escolaridadeobrigatória no país. Abordaremos, dentre outros aspectos, sobre as características deste ciclo e como tal é visto na perspectiva do PNAIC.

O processo de Alfabetização é uma das prioridades nacionais com o intuito de formar cidadãos plenos, críticos e conscientes de seus papeis sociais. Para tanto, o PNAIC se utiliza das avaliações realizadas pelo Inep, financiadas pelo Ministério da Educação, como a Provinha Brasil mencionada e que toma, do Ciclo de Alfabetização, as turmas do 2º ano. Com o intuito de avaliar o processo e tomar medidas precisas e possíveis a fim de atingir da melhor forma o nível de Alfabetização das crianças.

A criação dos Cadernos de Formação, como um material único, tem o objetivo de compor um Programa Oficial de Formação a ser usado por mais de 400 mil professores Alfabetizadores de toda a nação e promover o letramento de tais crianças até os oito anos de idade. Devido a sua extensão territorial e diversidade cultural, a organização do material se esforça em conter “vozes de todas as regiões”, como descrito no documento de Apresentação do PNAIC presente em Brasil (2014a). A intenção é acoplar a participação:

Na medida do possível, dos grupos que trabalham com as práticas de sala de aula e/ou de pesquisa em Educação Matemática; seja participando como autores de alguns dos textos, na consultoria, na revisão técnica ou mesmo nas referências bibliográficas (BRASIL, 2014, p.5).

O próprio PNAIC cuida de expor em site, para o Ciclo de Alfabetização, princípios que devem nortear o trabalho pedagógico. Propõe o que chamam de quatro princípios centrais que devem nortear o trabalho pedagógico no Ciclo de Alfabetização visando a garantia da Alfabetização em ambas as linguagens (Língua Portuguesa e Matemática). Esses princípios são: ensino sistemático e problematizador, garantia do contato com diferentes gêneros textuais, contato com diversidade de conhecimento e ludicidade.

Para o ensino problematizador, justifica-se a complexidade do Sistema de Escrita Alfabética. Defendemos para tal tipo de ensino que é preciso sistematizar e criar situações- problema que desafiem e estimulem as crianças ao aprendizado para a construção do conceito de número e de toda simbologia (linguagem) Matemática. Da mesma forma que o desenvolver das capacidades de leitura são essenciais para este nível de ensino. Muito se sente em defasagem nas avaliações de grande escala cujo maior problema matemático gira em torno da compreensão do item disposto nas questões.

A garantia do contato com as mais variadas formas de gêneros textuais proposta por meio do trabalho que os Acervos Complementares com livros paradidáticos oferecidos nas escolas públicas para as crianças pelo PNAIC. Trabalho com receitas, histórias que favoreçam

a inserção da Matemática e de outros tipos de conhecimentos relacionando-os ao mundo ao nosso redor. Neste sentido, de acordo com a proposta do MEC pelo PNAIC, as crianças são colocadas na posição de atuantes, como parte de tal processo educacional, “como protagonistas de suas próprias histórias”. O que pode ser um facilitador para o maior engajamento e, assim, o aprendizado.

Quanto ao terceiro princípio citado, refere-se a interdisciplinaridade proposta pelo PNAIC a partir de 2015, as diferentes áreas do conhecimento são foco dos estudos como conhecimentos que podem e devem ser apropriadas de modo a formar cidadão do mundo, capazes de se comunicar: ouvir, falar, ler e escrever nas mais diversas situações. E a Matemática aparece envolta também neste âmbito, inclusive ao tocar no quarto princípio que trata sobre a ludicidade em especial voltada à faixa etária das crianças entre 6 e 8 anos. O que retoma, também, aos estudos de Ricardoet al. (2012) no que diz respeito sobre a motivação presente para aprender melhor Matemática. Entendendo isso, nada melhor do que o lúdico é valorizado no auxílio ao processo de aprendizagem.

Partindo do pensamento de que mesmo antes do período escolar, a criança já está em contato com a Matemática existente em seu cotidiano, a escola se torna responsável por sistematizar e apresentar novos conteúdos através do desenvolvimento de um trabalho didático, de modo que a própria criança estabeleça suas relações lógicas. Neste contexto, a Alfabetização Matemática como uma proposição do PNAIC, precisa ser compreendida em suas implicações. Conforme presente no seguinte trecho:

Seja na Educação Infantil nas séries iniciais do Ensino Fundamental a prioridade no trabalho dos professores são os processos de aquisição da leitura e da escrita e, como se não fosse componente fundamental da alfabetização, a Matemática é relegada a segundo plano, e ainda assim tratada de forma descontextualizada, desligada da realidade, das demais disciplinas e até mesmo da língua materna (MIGUEL, 2007, p. 416).

A Alfabetização é colocada pelo MEC como prioridade nacional. O professor aparece como uma “peça fundamental” neste processo e reforça- se o cuidado na clareza do que ensina e como ensina. No site do MEC é possível encontrar a afirmação do professor alfabetizador que não sendo um reprodutor, mas, exercendo a função de formador de cidadãos. Para tanto, conforme exposto na parte inicial do site do MEC: “É preciso ter clareza sobre qual conceito sobre Alfabetização está subjacente à sua prática.”. E é exatamente esta prática dos professores em Matemática e os conhecimentos mobilizados que tentaremos observar no último ano do Ciclo de Alfabetização.

Neste contexto, de posse dessas informações, aprofundaremos nosso olhar em relação à Alfabetização Matemática. Afinal, conforme o Caderno de Apresentação do material do PNAIC, “A Alfabetização Matemática na perspectiva do letramento foi um pressuposto adotado em consonância com o material de formação em Linguagem.” (BRASIL, 2014, p. 5). Deste modo, para entendermos a Alfabetização Matemática e o objeto de estudo deste: a prática dos professores no ensino de Matemática, é preciso considerar que os professores deste nível atuam como polivalentes, ao ministrar aulas em todas as disciplinas, alfabetizam em Linguagem e Matemática, como proposto.