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5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.8 Cidade

Esse grupo foi incluído na análise porque nosso corpus é composto de dados extraídos de informantes de Criciúma e de Florianópolis, isso em virtude do número reduzido de dados encontrados no Banco de Criciúma. A distância entre as cidades não é grande, cerca de 200 Km, não havendo evidências a respeito de diferenças entre o uso do PII ou do PIS, por se tratar de variação no âmbito discursivo, o que não ocorreria caso tratássemos de variação fonológica, havendo, então, diferenças significativas. Por essa razão, não tínhamos nenhuma hipótese em especial para esta análise, sua inclusão foi pura e simplesmente para sabermos qual comunidade usa mais o PII. Obtivemos os resultados seguintes: FATORES FREQÜÊNCIA APLICAÇÃO/TOTAL % P. R. Criciúma 49 / 81 60 0,69 Florianópolis 150 / 280 54 0,44 Total 199 / 361 55

TABELA 12: Influência da cidade sobre o uso do PII versus PIS em dados de fala de Florianópolis e Criciúma - SC

Embora em menor número, os dados da cidade de Criciúma/SC evidenciam maior tendência ao uso do PII do que os de Florianópolis/SC, 0,69 contra 0,44. Todavia, a observação dos resultados nos mostra que mais da metade dos dados retirados do Banco florianopolitano trazem tal uso (54 % dos duzentos e oitenta), demonstrando que mesmo lá a preferência pelo PII nas orações subordinadas é maior. Talvez possamos arriscar dizer que o PII está cada vez com mais força quando se trata da função de cotemporalidade a um ponto de referência passado.

Passamos, agora, a uma explanação acerca dos grupos de fatores que não se mostraram significativos pelo programa VARBRUL.

5.9 Tempo verbal da oração principal

Quando da elaboração deste grupo de fatores, imaginávamos que seria um dos primeiros a ser considerado como significativo, uma vez que, na grande maioria das vezes, é o verbo da oração principal que faz o papel de ponto de referência para a ocorrência verbal da oração subordinada. Acreditávamos que um verbo regente conjugado no PII levaria ao uso do PII também na oração subordinada, o que já foi comprovado pelo paralelismo. Por outro lado, o uso do FP na oração principal levaria ao uso do PIS, por ser uma forma mais marcada cognitivamente (cf. GIVÓN, 2001).

Embora não tenha sido selecionado como significativo, vejamos os resultados obtidos, na tabela 13: FATORES FREQÜÊNCIA APLICAÇÃO/TOTAL % P. R. Pretérito perfeito 47 / 59 80 (0,75) 51 Pretérito imperfeito 123 / 236 52 (0,45) Futuro do pretérito 4 / 15 27 (0,22) Total 174 / 310 56

TABELA 13: Influência da conjugação verbal da oração principal sobre o uso do PII versus PIS em dados de fala de Florianópolis e Criciúma - SC

O uso do FP na oração principal realmente inibe as formas verbais do PII na oração subordinada (apenas quatro das quinze ocorrências traziam o PII, com P.R. 0,22), no entanto, o grande favorecedor dessas formas é o pretérito perfeito (P.R. 0,75) e não o PII (P.R. 0,45), como pensávamos. Vale reforçar, entretanto, que houve muito mais ocorrências de orações principais com PII do que com pretérito perfeito: cento e vinte e três dados com aquele contra quarenta e sete com este.

51 Valores de P.R. retirados do level 1 da rodada, uma vez que o grupo não se mostrou significativo. As demais tabelas exibidas com os P.R. entre parênteses também são dessa natureza.

5.10 Tipo de oração subordinada

Também para este grupo prevíamos que seria um dos grupos de maior significância, uma vez que no primeiro trabalho piloto realizado foi isso que aconteceu, tanto que no segundo optamos por trabalhar somente com orações subordinadas substantivas, haja vista a pouca ocorrência de adjetivas e adverbiais. Não foi, contudo, o que aconteceu no que se refere a ser um grupo significativo, mas, quanto às subordinadas substantivas, nossa hipótese foi confirmada, sua ocorrência age em favor do uso do PII nas orações subordinadas, conforme os números da tabela 14:

FATORES FREQÜÊNCIA APLICAÇÃO/TOTAL % P. R. Or. substantivas 131 / 170 77 (0,72) Or. adjetivas 28 / 62 45 (0,39) Or. adverbiais 40 / 129 31 (0,26) Total 199 / 361 55

TABELA 14: Influência do tipo de oração subordinada sobre o uso do PII

versus PIS em dados de fala de Florianópolis e Criciúma - SC

Conforme o que dissemos anteriormente, nossa expectativa de que este fosse um dos grupos mais significativos não se confirmou. Então, procedemos a uma rodada na qual excluímos o grupo de fatores 'tipo de verbo na oração principal', pois este pode ter exercido algum tipo de pressão sobre o 'tipo de oração subordinada', acarretando uma superposição.

Feita essa exclusão, realmente nossa expectativa se confirma: 'tipo de oração subordinada' foi o segundo grupo a se mostrar significativo pelo programa VARBRUL, mostrando-nos que em orações subordinadas substantivas as formas verbais do PII são altamente favorecidas, com um peso relativo bastante alto (0,73) em relação às orações adjetivas (0,33) e adverbiais (0,28), conforme a tabela 15, abaixo:

FATORES FREQÜÊNCIA APLICAÇÃO/TOTAL % P. R. Or. substantivas 131 / 170 77 (0,73) Or. adjetivas 28 / 62 45 (0,33) Or. adverbiais 40 / 129 31 (0,28) Total 199 / 361 55

TABELA 15: Influência do tipo de oração subordinada sobre o uso do PII

versus PIS sem a intervenção do tipo de verbo da oração principal em dados de

5.11 Conjugação verbal da oração subordinada FATORES FREQÜÊNCIA APLICAÇÃO/TOTAL % P. R. V. 3ª conjugação 27 / 43 63 (0,58) V. 2ª conjugação 112 / 185 61 (0,55) V. 1ª conjugação 57 / 128 45 (0,40) Total 196 / 356 55

TABELA 16: Influência da conjugação verbal da oração subordinada sobre o uso do PII versus PIS em dados de fala de Florianópolis e Criciúma - SC

Os números nos mostram que verbos de terceira e segunda conjugações favorecem o uso do PII, enquanto os de primeira inibem tal uso, resultado contrário ao esperado, que era que os verbos de primeira conjugação favoreceriam o uso do PII enquanto os de terceira o inibiriam, numa espécie de lei do menor esforço, como explanado na seção 5.6.1. O que podemos observar é que há um equilíbrio no uso das formas de PII: sendo os verbos de terceira e segunda conjugações menos recorrentes, usam-se as formas do PII, que são mais recorrentes.

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