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2 DIÁLOGO COM AS PESQUISAS NA ÁREA

2.1.4 Cidade Educadora

Com o descritor “Cidade Educadora”, destacamos os trabalhos de Lopes (2011), Morigi (2014) e Wink (2011).

Quadro 07 - Pesquisas com o descritor “Cidade Educadora”

Autor(a) Título Ano Instituição Dissertação/Tese

Ana Carolina Louback Lopes Os meandros da produção pública na construção da paisagem periférica paulistana:

o caso dos equipamentos educacionais 2011 Faculdade de Arquitetura e Urbanismo/USP Dissertação Valter Morigi Cidades educadoras: possibilidades de novas

políticas públicas para reinventar a democracia

2014 Faculdade de

Educação/UFRGS Tese

Ingrid Wink

Cidade educadora e juventudes: as políticas públicas e a participação dos jovens na

cidade de Gravataí-RS

2011 Faculdade de

Educação/UFRGS Dissertação

Fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo; Biblioteca Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2018).

Em pesquisa na Biblioteca Digital da Universidade de São Paulo (USP), destacamos o trabalho de Lopes (2010) chamado “Os meandros da produção pública na construção da paisagem periférica paulistana: o caso dos equipamentos educacionais” que aborda políticas educacionais em São Paulo, ao tratar do Centro de Estruturação Urbana

(CEU)5, projeto idealizado dentro da ideia de cidade educadora de Paulo Freire que pretendia uma reformulação do ensino, considerando a integralidade da formação do indivíduo e a conquista da cidade pela escola, reconhecendo nas diversas estruturas urbanas um rico potencial pedagógico.Apesar do trabalho não ter relação direta com o nosso projeto, acaba explicando a proposta do conceito de cidade educadora voltada para a importância da arquitetura do edifício público para o desenho da cidade.

Por sua vez, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi encontrada a tese de Morigi (2014) denominada “Cidades educadoras: possibilidades de novas políticas públicas para reinventar a democracia” que dá relevo à proposta das cidades educadoras da Associação Internacional das Cidades Educadoras (AICE). Trata-se de um estudo de caso onde o pesquisador vai realizar um paralelo entre três cidades educadoras com mais de dez décadas de engajamento à proposta da AICE: Barcelona, Espanha; Porto Alegre, Brasil e Rosário, Argentina, analisando a perspectiva da reinvenção das relações urbanas e, a partir das políticas públicas ali efetivadas, discutir os limites e as possibilidades de avanço6.

Na dissertação de Wink (2011) foram pesquisadas as mediações existentes entre o processo de participação/formação política dos jovens da cidade de Gravataí/RS e as políticas públicas voltadas à participação das juventudes, sustentadas na concepção de cidade educadora, entre os anos de 2009 e 2010. A pesquisa – enquanto um estudo de caso – se inscreve a partir de uma abordagem qualitativa, orientada pelas premissas teórico-metodólogicas do materialismo histórico-dialético. A pesquisadora dialoga com Freire, Gadotti, dentre outras referências. O principal objetivo consistiu em analisar, interpretar e problematizar as contradições existentes entre as possibilidades e a materialidade do exercício de uma cidadania emancipatória dos jovens, levando em consideração o referencial trabalhado no conceito de cidades educadoras. Nesse sentido, entender, na perspectiva das cidades educadoras, que contribuições e/ou limitações as

5 “Os CEUs figuram como um novo conceito de equipamento público, que ultrapassa as possibilidades de

um equipamento educacional ou cultural, fundamentando-se no princípio da formação integral e do acesso democrático da população às diversas modalidades de serviços públicos. Inspirados nas Praças de Equipamentos de Paulo Freire, os CEUs carregavam entre suas expectativas o anseio de constituir mais do que um equipamento institucional, configurando-se como um elemento estruturador do bairro” (LOPES, 2010, p. 151).

6 A cidade de Vitória/ES faz parte da lista da Associação Internacional de Cidades Educadoras (AICE)

políticas públicas podem trazer aos jovens da cidade de Gravataí na construção/materialização de uma cidadania emancipatória.

Há de destacar que no diálogo com os estudos ligados à Educação na Cidade (CHISTÉ; SGARBI, 2015) não estamos nos referindo na nossa pesquisa à proposta de renovação da educação apresentado pela Comissão Internacional sobre o Desenvolvimento da Educação, criado pela UNESCO em 1971, cujos estudos foram compilados no relatório Apprendre à être, publicado em 1973 (SILVA, 1979). Estamos em sintonia com as ideias trazidas por Freire (1993) quando coloca a cidade como educadora e educanda, de forma dialógica e que a educação se faz presente cotidianamente e em todos os seus espaços. Nesse sentido nos alinhamos à proposta de Paulo Freire na perspectiva da cidade educativa e de forma mais abrangente educação na cidade tomando a mesma como uma educação que [...] promove a humanização, o empoderamento e a construção da cidadania plena que visa a transformação social, segundo Chisté e Sgarbi (2016, p. 21-22).

2.2 FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Devido à importância da formação de professores na nossa pesquisa, resolvemos analisar pesquisas que tivessem como foco a formação de professores dentro da abordagem da Pedagogia Histórico-Crítica. Pesquisando na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BNTD) encontramos 227 pesquisas para o nosso campo de estudo. A busca dessa vez foi feita lançando os descritores: “formação de professores” e “Saviani”. Dessa forma, todas as pesquisas têm em comum a formação de professores sob a perspectiva das concepções trazidas da Pedagogia Histórico-Crítica. Selecionamos três pesquisas a partir da leitura dos resumos: Schneider (2014), Linhares (2013), Soares (2008) e Cruz Junior (2010).

Quadro 08 - Pesquisas com os descritores “Formação de Professores” e “Saviani”

Autor(a) Título Ano Instituição Dissertação/Tese

Juliete Schneider

Formação de Professores: um Estudo sobre os docentes do

curso de Pedagogia e sua relação com a Educação

Básica 2014 Faculdade de Educação/UFSC Tese Renata Linhares A contribuição da Psicologia Histórico-Cultural de Vigotski para a formação de professores

e Educação Escolar

2013 Faculdade de

Autor(a) Título Ano Instituição Dissertação/Tese Kátia Cristina Dambiski Soares Trabalho Docente e Conhecimento 2008 Faculdade de Educação/UFSC Tese Antônio Fernandes da Cruz Junior7

A produção acadêmica sobre a formação continuada de professores de Educação Física

2010

Faculdade de Educação Física/Ufes

Dissertação

Fonte: Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (2018).

Ao fazermos a leitura das pesquisas, percebemos que cada uma delas apresenta suas peculiaridades que no conjunto, se complementam o que é bastante interessante para o entendimento do nosso trabalho. Primeiramente, apresentamos em linhas gerais as três pesquisas selecionadas; em seguida, fizemos as aproximações e os distanciamentos entre elas e a nossa pesquisa; e por fim, realizamos uma síntese de como essas pesquisas podem contribuir para o nosso trabalho.

A tese de Schneider (2014) cujo título é “Formação de Professores: um Estudo sobre os docentes do curso de Pedagogia e sua relação com a Educação Básica”, defendida na Universidade Federal de Santa Catarina, estabeleceu como tema principal a relação que os docentes dos cursos de Pedagogia, logo formadores de professores, estabelecem com a educação básica. A pergunta central da sua pesquisa é como mediar o conhecimento teórico e a prática da escola de educação básica no processo dessa formação. Tomou como fundamento teórico geral as ideias de Saviani e Cury, dentre outros que compreendem o fenômeno educativo como uma síntese de várias determinações.

No referencial teórico destacou a importância do conceito de práxis8 a partir de Sánchez Vásquez na mediação da formação profissional. Também destacou a compreensão de aspectos teóricos da profissão docente, além de fazer um panorama histórico da formação de professores no Brasil, o que é algo que acrescenta em muito ao nosso trabalho. Tratou-se de um estudo empírico realizado junto aos cursos presenciais de Pedagogia de quatro instituições públicas da Grande Florianópolis com o objetivo de

7 Pesquisa orientada pela professora Dra. Sandra Soares Della Fonte (PPGEH/Ifes – Campus Vitória). 8 Para Sánchez Vázquez (2007, p. 109) “a relação entre teoria e práxis é para Marx teórica e prática;

prática, na medida em que a teoria, como guia da ação, molda a atividade do homem, particularmente a atividade revolucionária; teórica, na medida em que esta relação é consciente”. Saviani (2013) utiliza o significado atribuído à práxis, a partir de Sánchez Vázquez compreendendo a mesma “[...] como um conceito sintético que articula a teoria e a prática. Em outros termos, [...] uma prática fundamentada teoricamente” (SAVIANI, 2013, p. 120).

verificar tanto as condições institucionais como as condições individuais dos formadores para estabelecer relações com a educação básica.

Outra dissertação analisada foi a de Linhares (2013) realizada na Universidade Federal de Goiás, cujo título é “A contribuição da Psicologia Histórico-Cultural de Vigotski para a formação de professores e Educação Escolar”. Essa investigação é um bom exemplo do tipo de pesquisa que estamos realizando que é a aproximação entre a Pedagogia Histórico-Crítica com a Psicologia Histórico-Cultural. Esse trabalho tem a intenção de ampliar as discussões entre a psicologia e a educação, destacando a contribuição da psicologia para a formação de professores. A autora se baseia em autores conhecidos nos estudos da história da psicologia e da educação como Dermeval Saviani.

Para compreensão das contribuições da psicologia histórico-cultural fez leitura das obras de Vigotski, buscando os fundamentos da psicologia histórico-cultural e a educação escolar que foram organizados nas categorias: aprendizagem e desenvolvimento; desenvolvimento das funções psicológicas superiores; formação de conceitos e a superioridade dos conceitos científicos em relação os cotidianos. Também estudou a produção do grupo Estudos Marxistas em Educação, mais especificamente os trabalhos de Newton Duarte e Lígia Márcia Martins, que fazem a interface psicologia histórico-cultural e formação de professores. Os trabalhos desses dois expoentes dessas duas áreas de investigação serão utilizados em nossa pesquisa, o que torna a sua leitura obrigatória.

A tese de Soares (2008), defendida da Universidade Federal de Santa Catarina, sob o título “Trabalho Docente e Conhecimento”, teve como objetivo diagnosticar e analisar, no período entre 1998-2007, em textos de literatura especializada na área da pesquisa em Educação, como tem sido entendido o trabalho docente e questões como suas funções, formação, profissionalização, competências e saberes. Focou no conteúdo teórico-metodológico dos textos referentes aos trabalhos e pôsteres apresentados nas reuniões anuais da ANPEd (Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação) nos grupos de trabalho Formação de Professores (GT 08) e Trabalho e Educação (GT 09).

Destacou a partir de pesquisas recentes algumas tendências: o empobrecimento da noção de conhecimento; a valorização da epistemologia da prática e o enaltecimento das competências na formação dos trabalhadores de modo geral e dos docentes, em particular. No desenvolvimento do trabalho se discute em que sentido, os termos formação, profissionalização e trabalho docente se relacionam hoje: a profissionalização, articulada a uma determinada concepção de competência, calcada na experiência imediata, no saber/fazer, favorece o fortalecimento de uma concepção de formação de professores que secundariza a necessidade da compreensão dos fundamentos teóricos, epistemológicos e ontológicos, que embasam o trabalho docente. Pretendemos ir na contramão dessas tendências. Nossa formação de professores será baseada em uma formação humana ampla onde será dado pleno acesso ao conhecimento sistematizado elaborado sobre o processo de modernização da cidade de Vitória, com destaque para o Parque Moscoso.

A pesquisa de Schneider (2004) é muito interessante porque em um dos seus subcapítulos pretende compreender o papel do formador dos profissionais do magistério como mediadores no processo educativo de formação inicial dos pedagogos. Coloca o papel do formador como mediador importante no processo de articulação entre teoria e prática da profissão. Para isso, destaca a importância conceitual da práxis, segundo Sánchez Vázquez, como fundamento para a mediação da formação profissional. A diferença entre nossas pesquisas é o fato de trabalharmos com formação continuada e não formação inicial, também o fato de não trabalharmos com o formador.

Na pesquisa de Schneider (2004) existe uma preocupação de se vincular a análise às diferentes concepções de formação em disputa e cujas peculiaridades educacionais implicam em mudanças no papel do professor. Destaca ainda que hoje o professor tem estado sob forte influência de uma racionalidade técnica9 que resulta em grandes limitações na sua tarefa educativa. Em nossa formação de professores pretendemos desenvolver professores críticos, de forma a desenvolverem suas potencialidades enquanto profissionais da educação, por meio de processos formativos, dentro da perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica.

9 Segundo Ramalho, Nuñes e Gauthier (2004 apud Schneider, 2014, p. 136), está baseada no

“‘treinamento das habilidades’, na qual o professor é um mero executor/reprodutor (técnico) de saberes produzidos por especialistas”.

Destacamos a dissertação de Cruz Junior (2010) defendida no Programa de Pós- Graduação em Educação Física da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) que analisa a produção acadêmica sobre a formação de professores no âmbito da Educação Física, através de um estudo na produção acadêmica publicada em revistas especializadas, entre os anos de 2000 a 2009. Identificou que os trabalhos priorizavam a noção de prática imediata, de reflexibilidade a partir do micro e das questões intra- escolares. O pesquisador reitera que não se pode deixar de reforçar a tese de que a formação continuada não deve prescindir de uma formação humana ampla. Nossa formação de professores pretende seguir essa mesma perspectiva, como forma de não constituirmos mais docentes desintelectualizados, contribuindo para que a preocupação com a apropriação e socialização do conhecimento elaborado, seja cada vez menor no interior das escolas.

O trabalho de Soares (2008) apresenta textos presentes em leitura especializada, mais especificamente dos anais da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), no período entre 1998-2007, que apresenta um panorama de como vem sendo realizado o trabalho docente e questões relacionadas. Focamos nos resultados apresentados nas pesquisas, de grande valia, porque vamos realizar uma formação de professores na nossa pesquisa, e com isso, precisamos aprender com outros trabalhos na área. O eixo Formação de Professores é o que apresenta o maior número de pesquisas, com quase oitenta trabalhos reunidos. Uma das questões colocadas nos resultados é a valorização da epistemologia da prática, o que coincide com os resultados da pesquisa de Cruz Junior (2010), comentada anteriormente.

Linhares (2013) avança na contribuição da Psicologia Histórico-Cultural para a formação de professores, o que faz parte do nosso referencial. A Pedagogia Histórico- Crítica tem como base a Psicologia Histórico-Cultural nos fundamentos de sua elaboração, conforme assinalou Saviani. A pesquisa coloca que a Psicologia Histórico- Cultural, vem adquirindo projeção, principalmente a partir da década de 1990, onde houve um crescimento na produção de conhecimento através do pensamento de Vigotski.

Em sua pesquisa Linhares (2013) estudou o grupo Estudos Marxistas em Educação por considerar que as discussões apresentadas por esses pesquisadores vêm trabalhando

com os conceitos vigotskianos relacionando sempre com o processo de escolarização, com enfoque no pensamento marxista, portanto, vinculando a Psicologia Histórico- Cultural com a formação de professores. Exemplo disso é a produção teórica de Newton Duarte e Lígia Márcia Martins, que apresenta os fundamentos da Psicologia Histórico- Cultural para referenciar a formação de professores.

Para além de se colocar junto às teorias educacionais críticas, o Grupo Estudos Marxistas em Educação posiciona-se no campo das teorias pedagógicas críticas. Também nem toda teoria da educação é uma teoria pedagógica, pois se entende, a partir de Saviani (2008), que uma teoria pedagógica busca equacionar, de alguma maneira, os problemas específicos da escola, orientando o processo de ensino-aprendizagem. Assim, no campo educacional, foram sistematizadas algumas teorias pedagógicas críticas ou contra-hegemônicas, sendo que o grupo de pesquisa acima referenciado se filia às ideias da Pedagogia Histórico-Crítica.

Linhares (2003) apresenta o pensamento desses pesquisadores em dois tópicos da pesquisa. O primeiro A formação histórico-social do indivíduo e o desenvolvimento do psiquismo humano na perspectiva da psicologia histórico-cultural, que apresenta a discussão sobre psiquismo humano incorporando o conceito de funções psíquicas superiores. O segundo tópico deste capítulo, Papel da educação escolar no desenvolvimento do psiquismo humano, destaca o papel educacional para a teoria de Vigotski a partir das categorias de aprendizagem e de desenvolvimento e formação de conceitos e a superioridade dos conceitos científicos em relação aos conceitos espontâneos (LINHARES, 2013).

Elaboramos, executamos e sistematizamos uma formação de professores que tem como orientação metodológica as discussões desenvolvidas por Saviani. Nossa proposta é diferenciada, estando na contramão da maioria das formações que vem acontecendo pelo país que se firmam na racionalidade técnica e que resultam em grandes limitações na tarefa educativa do professor (SOARES, 2008). Em nossa formação de professores pretendemos formar professores críticos, dentro da perspectiva da Pedagogia Histórico- Crítica.

Em Schneider (2014) observamos a utilização da categoria práxis, segundo Sánchez Vázquez que será a mesma concepção de práxis utilizada na nossa dissertação. A práxis

aparece como fundamento para a mediação da formação profissional, colocando o papel fundamental do professor formador como mediador que visa à transformação social. Nossa pesquisa busca ampliar as práticas pedagógicas, apresentando novos espaços com potenciais educativos dentro da nossa cidade, assim como questionar a realidade educativa na busca de novas proposições que sejam reverberadas em sala de aula. Destacamos alguns pontos que consideramos mais importantes para o desenvolvimento do nosso trabalho, com base na tese de Soares (2008). Em primeiro lugar explicar o termo formação continuada que se refere aos processos de formação realizados na forma de aperfeiçoamento ou qualificação dos professores que já têm uma determinada formação inicial, geralmente por meio de cursos, palestras, eventos e outros programas ofertados pelas próprias escolas ou pelas mantenedoras, no caso da educação pública, pelas Secretarias Municipais ou Estaduais de Educação, bem como, pelo Governo Federal.

Por outro lado, vimos o que não fazer na formação continuada: existe uma crítica comum colocada por essas pesquisas que é o modo como os cursos de formação continuada tem sido implementado. Vários autores colocam a necessidade de rever as propostas de formação continuada tomando como locus da formação a própria escola, como objeto do processo de formação as práticas escolares nela desenvolvidas e, como centro do processo de formação continuada, o professor. É possível também perceber que, por vezes, a formação continuada é vista como responsabilidade individual dos professores que devem investir no seu desenvolvimento profissional.

Os textos apresentados apontam uma forte tendência em ações formativas pautadas na prática imediata, no cotidiano escolar, na troca de experiências, na resolução de problemas na escola e, ao mesmo tempo, fica em segundo plano a discussão sobre necessidade dos docentes adquirirem uma forte base teórica que lhes permita compreender sua prática e intervir conscientemente na realidade para além do nível empírico. O conhecimento na formação dos docentes é visto como algo a ser mobilizado para responder as demandas da prática imediata.

A nossa formação de professores busca se aproximar do que pretende o Grupo Estudos Marxistas em Educação, de acordo com Linhares (2013, p. 74 apud ESTUDOS MARXISTAS EM EDUCAÇÃO 2013, s/p):

[...] contribuir para a construção da pedagogia histórico-crítica, entendida como uma pedagogia marxista. Dessa forma, o grupo alia-se à luta que Dermeval Saviani tem travado em defesa da socialização, pelo trabalho educativo escolar, do conhecimento científico, filosófico e artístico. Esse processo escolar de socialização do conhecimento sistematizado é considerado pelo grupo um elemento estratégico fundamental no processo de superação da sociedade baseada na lógica do capital.

Segundo Linhares (2013) essa discussão sobre o papel da escola na transmissão de conhecimentos historicamente sistematizados pela sociedade demarca a defesa do vínculo entre a Psicologia Histórico-Cultural e a Pedagogia Histórico-Crítica pelos pesquisadores do Grupo Estudos Marxistas e Educação. Dentro do contexto do pensamento pedagógico brasileiro, delimitar o trabalho no processo de construção de uma pedagogia é um ato político que busca apresentar contribuições para uma proposta pedagógica, visando ao final contribuir para a prática pedagógica concreta. Após o diálogo com outras pesquisas que, de alguma forma, se relacionam a nossa, apresentamos a partir de agora o referencial teórico que embasa nossa investigação baseada no tripé: educação, cidade e memória.

2.3 PESQUISAS REALIZADAS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO