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2 DIÁLOGO COM AS PESQUISAS NA ÁREA

2.1.1 Parque e Memória

Em pesquisa na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo (USP), lançando o descritor “parque memória”, destacamos as pesquisas de: Zimmermann (2006), Araújo (2008), Bartalini (1999), Ribeiro (2012), Dourado (2008) e Rostoldo (2008).

Quadro 04 - Pesquisas com o descritor “Parque e Memória”

Autor(a) Título Ano Instituição Dissertação/Tese

Cíntia Allen Zimmermann

Memória e identidade da Praça Pádua Salles em

Amparo, S.P. 2006 Faculdade de Arquitetura e Urbanismo/USP Dissertação Denise Puertas de Araújo A preservação de bens arquitetônicos em Santos: 1974-1989 2008 Faculdade de Arquitetura e Urbanismo/USP Dissertação

Autor(a) Título Ano Instituição Dissertação/Tese

Vladimir Bartalini

Parques públicos municipais de São Paulo: a ação da municipalidade no provimento de áreas verdes de recreação 1999 Faculdade de Arquitetura e Urbanismo/USP Tese Vanessa Costa Ribeiro Várzea do Carmo a Parque Dom Pedro II: de atributo natural a artefato (décadas de 1890 a 1950)

2012 Faculdade de

História /USP Dissertação

Guilherme Mazza Dourado

Belle Époque dos Jardins: da França ao Brasil do século XIX e início do

XX 2008 Faculdade de Arquitetura e Urbanismo/USP Tese Jadir Peçanha Rostoldo A cidade republicana na Belle Époque capixaba: espaço urbano, poder e

sociedade

2008 Faculdade de

História /USP Tese

Andréa Borghi Moreira Jacinto

Afluentes de memória: itinerários, taperas e

histórias no Parque Nacional Grande Sertão

Veredas 1998 Faculdade de Antropologia/ Unicamp Dissertação Marcelo Kiefer Cidade: memória e contemporaneidade Ênfase: Porto Alegre –

1990/2004 2005 Faculdade de Arquitetura/UFRGS Dissertação Zita Rosane Possamai Cidade fotografada: memória e esquecimento nos álbuns fotográficos – Porto Alegre, décadas de

1920 e 1930

2005 Faculdade de

História/UFRGS Tese

Fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo; Biblioteca Digital da Universidade Estadual de Campinas; Biblioteca Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2018).

Inicialmente, o trabalho de Zimmermann (2006) assemelha-se com a nossa investigação na medida em que busca reconstruir (no caso), a memória de uma praça por meio de estudo de sua história que diz respeito à história da própria cidade. O objeto de investigação é a Praça Pádua Salles, no município de Amparo/SP, onde se pretende construir a memória da mesma, a partir do levantamento da sua história que se referência a história da cidade. Para abordar memória cita Jacques Le Goff, a principal referência nesse campo também presente na nossa investigação. No nosso caso, trata-se de um parque urbano, o Parque Moscoso, todavia, fizemos os mesmos estudos, por analogia, buscando referências que se relacionem à memória e conhecimento do lugar. Por sua vez, o trabalho de Araújo (2008) trata da preservação do patrimônio arquitetônico (monumentos) da cidade de Santos, cuja constituição se assemelha com a

cidade de Vitória por se tratarem de cidades litorâneas e mais antigas do país. Ambas possuem um importante patrimônio arquitetônico ainda que tivessem passado por inúmeras transformações ao longo do tempo. Araújo (2008) em sua pesquisa pretende compreender como e em que momento a cidade passa a discutir a preservação de sua arquitetura como forma de transmissão de valores culturais e da memória da cidade. Da mesma forma o Parque Moscoso é considerado um importante patrimônio arquitetônico de Vitória, fazendo parte da própria constituição da cidade.

Também nos interessamos pelo trabalho de Ribeiro (2012) que fez um resgate interessante de representações visuais (cartões postais, óleos sobre tela, fotografias, etc.) da região da Várzea do Carmo, porção da várzea do rio Tamanduateí entre o núcleo antigo da cidade de São Paulo e o povoado do Brás, entre o período de 1890 e 1950, como forma de se conhecer o imaginário e as memórias ligadas a essa área que foi transformada no Parque Dom Pedro II. Em nossa pesquisa também trabalhamos com visualidade, levantando fotografias de acervos público e privado de diferentes períodos do Parque Moscoso, além de cartões postais muito comuns à época.

A pesquisa feita por Dourado (2008) mostra como os franceses influenciaram o desenvolvimento da cultura paisagística na América do Sul, entre os séculos XIX e as duas primeiras décadas do século XX, com a repercussão internacional da reforma de Paris, inclusive elevando-se ao posto de uma das mais belas capitais verdes da Europa oitocentista, elevando o prestígio desses profissionais que começaram a ser requisitados para trabalhar na reforma e intervenção urbana, executando parques, praças e programas de arborização viária. Como não poderia ser diferente, o projeto do Parque Moscoso também foi influenciado por essa tendência.

Valeu a pena também investir na leitura do trabalho de Bartalini (1999) que fez um profundo trabalho que diz respeito ao estudo de parques urbanos na cidade de São Paulo (Aclimação, Anhanguera, Carmo, Guarapiranga, Ibirapuera, Luz, Piqueri e Previdência), já que tratamos de um parque urbano na cidade de Vitória. Sua análise se deu a partir de quatro variáveis: as formas de lazer nas áreas verdes da cidade; a organização administrativa para atender às demandas por áreas verdes de lazer; a produção de áreas verdes pelo poder municipal; planos e projetos de áreas verdes de recreação.

Nessa mesma ideia encontramos a tese de Rostoldo (2008) cujo título é “A cidade republicana na Belle Époque capixaba: espaço urbano, poder e sociedade” que faz um panorama histórico sobre as mudanças ocorridas na cidade de Vitória, no início do século XX, inclusive, aborda o governo Jerônimo Monteiro (1908-1912), governo que construiu o Parque Moscoso. A pesquisa analisa as mudanças no espaço urbano, examinando os conflitos sociais que nele se desenrolaram e as visões dos sujeitos históricos envolvidos. A leitura deste trabalho ajudou compreender a sociedade daquela época e a concepção inicial do Parque Moscoso.

Na Biblioteca Digital da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), digitando o descritor “parque memória”, encontramos seis trabalhos, no entanto, não existe aproximação direta com o nosso projeto, com exceção de um trabalho produzido por Jacinto (2008) que por meio de uma abordagem antropológica, faz considerações interessantes a respeito do Parque Nacional Grande Sertão Veredas/MG, onde se verifica diferentes discursos, memórias e ações referentes ao lugar, onde a partir disso se percebe que se trata de um espaço múltiplo atravessado por diferentes temporalidades. De forma semelhante com o que realizamos em relação ao Parque Moscoso ao tratar o mesmo como espaço de memória por meio de uso de narrativas de entrevistas e textos gerados durante a formação de professores.

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) destacamos duas pesquisas. A dissertação de Kiefer (2005) que traça considerações e exemplos sobre a memória e contemporaneidade na consolidação e caracterização das cidades, tendo como enfoque de análise a cidade de Porto Alegre. A pesquisa apresenta a reconstrução da memória (sob formas construídas) na vida contemporânea, como ligação entre diferentes temporalidades. Mostra as transformações da cidade que se encontram na sobreposição das camadas de tempo. Também o trabalho de Possamai (2005) que se apresenta bastante significativo para a nossa pesquisa na medida em que faz uma relação entre fotografia e cidade baseado no imaginário da modernidade urbana, a partir de interpretação de imagens entre as décadas de 1920 e 1930. A partir de metodologia de análise quantitativa e qualitativa, buscou-se verificar a construção de uma visualidade de cidade baseado num imaginário de modernidade urbana.

Foi muito rica a leitura desses resumos, pois vieram ao encontro da nossa proposta, principalmente àquelas que trabalham a memória através da visualidade do espaço urbano.