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7 DIAGNÓSTICO

7.1 Exame clínico oftálmico

Uma anamnese completa é essencial para detectar problemas anteriores ou intercorrentes que possam se associar a uveíte anterior. A história inclui tanto problemas oftálmicos como sistêmicos. Realiza-se o exame oftálmico com caneta luminosa (FIGURA 27) para avaliar o tamanho, a simetria e as respostas pupilares à luz. Avalia-se a severidade mais o tipo da uveíte através do grau da inflamação do humor aquoso e da resposta celular. Também se avalia a claridade dos meios claros do olho, córnea, humor aquoso, cristalino e humor vítreo. Descrevem-se e desenham-se todas as anormalidades no registro médico (HELTON-RHODES, 1998).

Figura 27: Transiluminador adaptado ao oftalmoscópio direto recarregável Heine portátil. Essa fonte luminosa é excelente para a avaliação dos segmentos anterior e posterior.

Segundo Andrade (2004), o exame oftálmico (FIGURA 28) deve ser realizado de maneira sistemática, ou seja, com a avaliação das estruturas extra-oculares, seguida da avaliação das estruturas mais externas para as mais internas do bulbo ocular. Para tanto, há necessidade da utilização de alguns equipamentos, principalmente aqueles que promovem magnificação da imagem (FIGURA 29).

Figura 28: (A) Lado do paciente do oftalmoscópio direto Heine Beta 200. (B) Lado do examinador do oftalmoscópio direto Heine Beta 200.

Fonte: Grahn, 2002.

Figura 29: Lentes convergentes Heine, usadas para oftalmoscopia indireta. A 20 é usada para exames de rotina, a 16 proporciona aumento fúndico e a de 30 é escolhida quando o tamanho da pupila é restrito.

Fonte: Grahn, 2002.

Basicamente, são necessários para a realização de um exame oftálmico completo: uma sala escura, fonte de luz artificial e uma lupa com pala, alguns instrumentos específicos, colírios para promover a dilatação pupilar e colírios à base de corantes vitais (ANDRADE, 2004).

7.1.1 Teste da lágrima de Schirmer

Este é um teste semi-quantitativo que avalia a produção de lágrima (em milímetros) produzida pelo olho durante um minuto. Os valores normais no cão variam entre 15 - 25 mm, porém, fatores como altitude, clima, entre outros fatores ambientais, podem influenciar esses valores. A forma digital de avaliação da PIO deve ser realizada somente se o veterinário for experiente (ANDRADE, 2004; ORTIZ, 2007).

Um teste alternativo é o Vermelho Fenol, onde o pH ácido da lágrima deixa a fita vermelha em apenas 15 segundos, entretanto, a dificuldade está na obtenção deste teste e na colaboração do paciente em permitir tal exame (ORTIZ, 2007).

7.1.2 Tonometria

O tonômetro (FIGURA 30) apenas mede a pressão intra-ocular (PIO), tendo como restrição o preço para aquisição do equipamento (ORTIZ, 2007). A córnea deve ser anestesiada com 1 a 2 gotas de colírio anestésico (cloridrato de proximetacaína 0,5%) e o tonômetro (de indentação ou aplanação) é posicionado sobre a região axial (central) da córnea (FIGURA 31), enquanto as pálpebras são contidas pelos dedos do examinador. Deve-se evitar a prévia pressão digital do globo por meio das pálpebras, pois isso pode elevar a PIO (pressão intra-ocular). Tem-se como desvantagem o custo do equipamento (ANDRADE, 2004). O valor normal da PIO em cães é de 16,7 (± 4,0) mmHg, tendo a variação de ± 4,0 de acordo com a raça do animal (ORTIZ, 2007).

Uma PIO normal ou elevada indica o potencial ou a presença de um glaucoma. Pressões intra- oculares acima de 30 mmHg confirmam o diagnóstico de glaucoma, assim como PIO abaixo de 15 mmHg (hipotonia) é um dado sugestivo de uveíte, sendo a determinação da PIO essencial (ANDRADE, 2004; HELTON-RHODES, 1998).

Figura 30: Tonopen II, um tonômetro de aplanação. Observar o botão que liga o instrumento (a) e a extremidade de aplanação (b). (c) A janela que exibe a pressão intra-ocular.

Figura 31: O tonômetro de aplanação sendo posicionado sobre a parte central da córnea de um cão e a extremidade irá tocar repetidamente a córnea até que se estabeleça uma leitura média. Fonte: Grahn, 2002.

7.1.3 Gonioscopia

Gonioscopia é o exame do ângulo de filtração (GRAHN, 2002), sendo o normal de 45°, o qual é alterado devido à falhas na drenagem do humor aquoso (ORTIZ, 2007), recomendado quando há glaucoma ou iminência dele e também na vigência de massas inflamatórias ou neoplásicas no limbo, na base da íris ou no corpo ciliar. São necessárias lentes de gonioscopia para o exame completo do ângulo de filtração em todas as espécies domésticas, exceto o gato, em que todo o ângulo é visível ao exame direto. A opacificação completa da córnea impede o exame direto dos conteúdos oculares. Uma catarata cortical madura ou massa na câmara anterior ou no vítreo pode impedir a visualização do segmento posterior (GRAHN, 2002).

7.1.4 Paquimetria

A espessura da córnea pode ser medida com acurácia pela paquimetria. Tal equipamento é sofisticado, oneroso e não necessário para os cuidados oftalmológicos primários. Deve-se considerar o encaminhamento a um oftalmologista veterinário quando não se consegue estabelecer um diagnóstico de doença ocular, na presença de glaucoma, perfuração ocular, cegueira, massas oculares ou orbitárias e caso haja necessidade de cirurgia intra-ocular (GRAHN, 2002).

7.1.5 Fluoresceína

Realiza-se uma coloração com fluoresceína para examinar quanto a uma úlcera corneana. As úlceras corneanas podem resultar em uveíte anterior secundária. Se for detectada, deve-se caracterizar a úlcera com relação à profundidade, à severidade e a infecção. Além disso, deve-se determinar a etiologia e finalmente eliminá-la. A uveíte anterior, que resulta de úlcera corneana, se resolve uma vez cicatrizada a úlcera (HELTON-RHODES, 1998).

A ecografia ocular está indicada, principalmente, quando há opacificação dos meios transparentes, principalmente da córnea, onde a visualização das estruturas intra-oculares não pode ser examinada (ANDRADE, 2004). Além disso, os tecidos moles retrobulbares podem ser visibilizados (NYLAND; MATTOON, 2004), sendo, portanto, um meio diagnóstico complementar do exame oftálmico. Ele está indicado, por exemplo, na confirmação diagnóstica de catarata madura ou massas na câmara anterior e vítrea, descolamento de retina, entre outras alterações (ANDRADE, 2004).

Embora a ultra-sonografia seja um excelente método para se obter imagens oculares, a importância de um exame clínico, cuidadoso e completo, do olho não pode ser subestimada. A maioria dos pequenos animais pode ser examinada sem utilização de sedação, a menos que o animal esteja agitado por causa do temperamento ou da dor. Os exames são conduzidos enquanto o animal está sentado, em posição quadrupedal ou em decúbito esternal, com a cabeça contida por um assistente. A anestesia geral também pode ser administrada e o animal posicionado em decúbito esternal ou dorsal. Entretanto, o relaxamento dos músculos extra-oculares durante a anestesia profunda pode causar enoftalmia e protusão da terceira pálpebra, o que pode atrapalhar o exame. Pequenos retratores podem ser utilizados para manter as pálpebras abertas (NYLAND; MATTOON, 2004).

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