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CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO PENAL MILITAR

No documento CS - DIREITO PROCESSUAL MILITAR 2019.1.pdf (páginas 43-48)

Como visto acima, a ação penal militar será:

• Pública incondicionada, mesmo que sejam crimes contra a honra ou de dano simples. • Condicionada à representação do Governo Federal

INEXISTÊNCIA DA AÇÃO PENAL PRIVADA E DA AÇÃO PENAL CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO

Não há no Processo Penal Militar nenhum crime de ação penal privada e de ação penal condicionada à representação do ofendido ou de seu representante legal.

Obs.: Não há óbice para que o legislador, no futuro, crie crimes de ação penal privada ou condicionada à representação do ofendido.

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A CF, diante da inércia do MP, autoriza a ação penal militar subsidiária da pública.  AÇÃO PENAL MILITAR PÚBLICA INCONDICIONADA

É a regra, inclusive para os crimes contra a honra e de dano simples.

 AÇÃO PENAL MILITAR CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO GOVERNO FEDERAL

A representação, a depender do caso concreto, poderá ser feita por: 5.5.1. Ministro da Justiça

Nos casos do art. 141 do CPM.

 Art. 141. Entrar em entendimento com país estrangeiro, ou org anização nele existente, para gerar conflito ou divergência de caráter internacional entre o Brasil e qualquer outro país, ou para lhes perturbar as relações diplomáticas: Pena - reclusão, de quatro a oito anos.

Se o sujeito ativo for civil, a ação penal militar será condiciona à representação do Ministro da Justiça. Não pode haver envolvimento de militar.

5.5.2. Ministro da Defesa

Sempre que houver militar envolvido, nos crimes previstos nos arts. 136 a 141 do CPM, a ação penal será condicionada à representação do Ministro da Defesa.

Importante salientar que se o militar for da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros, a representação também será do Ministro da Defesa, eis que não há restrição aos militares das forças armadas.

5.5.3. Presidente da República

Tratando-se de crime militar (qualquer) em tempo de guerra, desde que o sujeito ativo seja o Comandante do Teatro de Operações (CTO), a ação penal militar será condicionada à representação do Presidente da República.

OBS: Sempre que se tratar de crime de ação penal militar condicionada à requisição do Governo Federal, o Procurador-Geral de Justiça Militar comunicará o fato ao Procurador-Geral da República (CPPM, art. 31, parágrafo único). Tal comunicação, contudo, não é condição de procedibilidade!

DESERÇÃO

É um crime militar de ação penal pública incondicionada (salvo de oficial). Contudo, para oferecimento da denúncia é necessário observar uma série de condições de procedibilidade (vistas acima).

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INSUBMISSÃO

É um crime militar de ação penal pública incondicionada. Contudo, para oferecimento da denúncia é necessário observar uma série de condições de procedibilidade (vistas acima).

6. DENÚNCIA

LEGITIMIDADE

O Ministério Público é o titular da ação penal militar, assim é sua a legitimidade para o oferecimento da denúncia.

LC 75/83 - Art. 116. Compete ao Ministério Público Militar o exercício das seguintes atribuições junto aos órgãos da Justiça Militar:

I - promover, privativamente, a ação penal pública;

PRAZO PARA OFERECIMENTO 6.2.1. Tempo de paz

Em regra, o MPM terá:

• Cinco dias para oferecer a denúncia quando o indiciado estiver preso;

• 15 dias, podendo ser prorrogado duas vezes por mais 15 dias, quando o indiciado estives solto.

 Art. 79. A denúncia deverá ser oferecida, se o acusado estiver preso, dentro do prazo de cinco dias, contados da data do recebimento dos autos para aquele fim; e, dentro do prazo de quinze dias, se o acusado estiver solto. O auditor deverá manifestar-se sobre a denúncia, dentro do prazo de quinze dias.

Nos casos de deserção, independente do desertor, e de insubmissão o prazo será de cinco dias.

 Art. 457, § 3º Reincluída que a praça especial ou a praça sem estabilidade, ou procedida à reversão da praça estável, o comandante da unidade providenciará, com urgência, sob pena de responsabilidade, a remessa à auditoria de cópia do ato de reinclusão ou do ato de reversão. O Juiz-Auditor determinará sua juntada aos autos e deles dará vista, por cinco dias, ao procurador que requererá o arquivamento, ou o que for de direito, ou oferecerá denúncia, se nenhuma formalidade tiver sido omitida, ou após o cumprimento das diligências requeridas

 Art. 463, § 3º Recebido o termo de insubmissão e os documentos que o acompanham, o Juiz-Auditor determinará sua atuação e dará vista do processo, por cinco dias, ao procurador, que requererá o que for de direito, aguardando-se a captura ou apresentação voluntária do insubmisso, se

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nenhuma formalidade tiver sido omitida ou após cumprimento das diligências requeridas

6.2.2. Tempo de guerra

O prazo será de 24h, independentemente do crime praticado (inclui deserção).

 Art. 676. Recebidos os autos do inquérito, do flagrante, ou documentos, o auditor dará vista imediata ao procurador que, dentro em vinte e quatro horas, oferecerá a denúncia, contendo

REQUISITOS

Os requisitos obrigatórios da denúncia estão previstos no art. 77 do CPPM, vejamos:

 Art. 77. A denúncia conterá:

a) a designação do juiz a que se dirigir;

b) o nome, idade, profissão e residência do acusado, ou esclarecimentos pelos quais possa ser qualificado;

c) o tempo e o lugar do crime;

d) a qualificação do ofendido e a designação da pessoa jurídica ou instituição prejudicada ou atingida, sempre que possível;

e) a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias; f) as razões de convicção ou presunção da delinquência;

g) a classificação do crime;

h) o rol das testemunhas, em número não superior a seis, com a indicação da sua profissão e residência; e o das informantes com a mesma indicação.

Dispensa de testemunhas

Parágrafo único. O rol de testemunhas poderá ser dispensado, se o Ministério Público dispuser de prova documental suficiente para oferecer a denúncia.

No rito ordinário cada parte poderá arrolar até seis testemunhas. A previsão do CPPM que limita em três as testemunhas arroladas pela defesa, não foi recepcionada pela CF/88.

Os ritos especiais da deserção e da insubmissão possuem natureza sumária, será possível o arrolamento de até três testemunhas tanto para acusação quanto para a defesa.

ATENÇÃO!! O CPPM não prevê resposta à acusação (defesa prévia) e nem absolvição sumária. Não é possível aplicar tais institutos, previstos no CPP Comum, ao processo penal militar.

REJEIÇÃO

O art. 78 do CPMM traz as hipóteses em que a denúncia poderá ser rejeitada, vejamos:

 Art. 78. A denúncia não será recebida1 pelo juiz:

a) se não contiver os requisitos expressos no artigo anterior;

b) se o fato narrado não constituir evidentemente crime da competência da Justiça Militar;

c) se já estiver extinta a punibilidade;

d) se for manifesta a incompetência do juiz ou a ilegitimidade do acusador.

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§ 1º No caso da alínea a, o juiz antes de rejeitar a denúncia, mandará, em despacho fundamentado, remeter o processo ao órgão do Ministério Público para que, dentro do prazo de três dias, contados da data do recebimento dos autos, sejam preenchidos os requisitos que não o tenham sido.

Ilegitim idade do acusador 

§ 2º No caso de ilegitimidade do acusador, a rejeição da denúncia não obstará o exercício da ação penal, desde que promovida depois por acusador legítimo, a quem o juiz determinará a apresentação dos autos.

Incompetência do juiz. Declaração

§ 3º No caso de incompetência do juiz, este a declarará em despacho fundamentado, determinando a remessa do processo ao juiz competente.

São hipóteses parecidas com as do art. 395 do CPP, embora com redação diversa.

1. Quando a denúncia é rejeitada cabe recurso em sentindo estrito; quando for recebida, cabe HC.

A seguir iremos analisar as hipóteses de rejeição. 6.4.1. Por falta de requisito do art . 77 do CPPM

A denúncia será rejeitada quando não estiver de acordo com os requisitos do art. 77 do CPPM. Contudo, antes da rejeição, o juiz devolverá os autos ao MP para que, em três dias, promova o aditamento da denúncia (preenchimento dos requisitos).

6.4.2. Não f or de competência da J M

Quando o fato narrado, evidentemente, não descrever crime de competência da Justiça Militar.

Caso o juiz tenha dúvidas, deverá receber a denúncia. 6.4.3. Extinta a puni bili dade

Quando a punibilidade estiver extinta, o juiz deverá rejeitar a denúncia. 6.4.4. Por incompetência do juízo ou do órgão acusador

Igualmente, sendo o juiz incompetente ou o órgão acusador ilegítimo a denúncia deverá ser rejeitada.

Atenção para o §2º do art. 78.

§ 2º No caso de ilegitimidade do acusador, a rejeição da denúncia não obstará o exercício da ação penal, desde que promovida depois por acusador legítimo, a quem o juiz determinará a apresentação dos autos.

# Qual a diferença entre a rejeição da denúncia pela incompetência da JM e pela incompetência do juízo? No primeiro caso, não se trata de crime militar, por isso haverá a rejeição da denúncia. No segundo caso, a JM é competente, mas o juízo é incompetente, a exemplo de um crime de competência da JM da União que está na Justiça Militar Estadual.

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OBS 1: Na hipótese da alínea d, 2ª parte (manifesta ilegitimidade do acusador) devem ser observados os princípios da oficialidade (somente o Parquet pode oferecer a ação penal militar, ressalvados os casos de queixa supletiva) e do promotor natural (determinação do ramo e do órgão do Parquet que pode promover a ação penal militar)

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