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Classificação de Intervenções de Enfermagem (NIC)

3.3 PROCESSO DE ENFERMAGEM E CLASSIFICAÇÕES

3.3.2 Classificação de Intervenções de Enfermagem (NIC)

As pesquisas para desenvolvimento de uma classificação de intervenções de enfermagem iniciou em 1987, com um grupo de pesquisadores da Universidade de Iowa, culminando na Nursing Interventions Classification (NIC), publicada pela primeira vez em 1992, mas somente traduzida para o português em 2004, em sua terceira edição. Essa classificação – diferente da NANDA-I, que está voltada para o paciente – apresenta como foco o enfermeiro, ou seja, as atividades profissionais que auxiliariam o paciente a atingir as metas desejadas(24,93).

A NIC é abrangente e pode ser utilizada em todos os locais da prática de enfermagem, desde unidades de terapia intensiva até domicílios, pois contempla aspectos fisiológicos e

psicossociais do ser humano; pode ainda ser associada a qualquer terminologia diagnóstica e a qualquer referencial teórico, visto que é neutra em termos de teoria(93).

Uma intervenção é definida como “qualquer tratamento baseado no julgamento e no conhecimento clínico realizado por um enfermeiro para melhorar os resultados do paciente/cliente”(93)

.

As intervenções na NIC estão inseridas dentro de um domínio e de uma classe e são compostas por título, definição e um código numérico padrão. Cada intervenção apresenta, também, uma lista de aproximadamente 10 a 30 atividades, que podem ser selecionadas de acordo com a necessidade de cada paciente e do julgamento clínico do enfermeiro. O profissional pode, igualmente, acrescentar alguma outra atividade que julgue necessária, desde que coerente com a definição da intervenção(76,93).

A estrutura atual da NIC apresenta em seu nível mais abstrato sete domínios, seguidos por 30 classes e por 542 intervenções, com mais de 12.000 atividades/ações. Os domínios e as classes possuem definições específicas, a fim de facilitar a busca da melhor intervenção(93).

O domínio 1 é o Fisiológico Básico, explicado como cuidados que dão suporte ao funcionamento físico. Compreende as classes de Controle da Atividade e do Exercício; Controle da Eliminação; Controle da Imobilidade; Suporte Nutricional; Promoção do Conforto Físico; e Facilitação do Autocuidado.

Nesse domínio, foram selecionadas para o estudo duas intervenções, verificadas como relevantes. Na classe de Suporte Nutricional, determinada como intervenções para manter ou modificar o estado nutricional, foi selecionado o Aconselhamento Nutricional. Na classe de Controle da Atividade e do Exercício, apontada como intervenções para organizar ou auxiliar a atividade física e a conservação e o gasto de energia, foi selecionado o Controle de Energia.

O domínio 2 é o Fisiológico Complexo, definido como cuidados que dão suporte à regulação homeostática e que compreende as classes de Controle Eletrolítico e Ácido-Básico; Controle de Medicamentos; Controle Neurológico; Cuidados Perioperatórios; Controle Respiratório; Controle da Pele/Feridas; Termorregulação; e Controle da Perfusão Tissular. Nele foi selecionada para o estudo a intervenção Monitoração Hídrica, da classe Controle da Perfusão Tissular, considerada como intervenções para otimizar a circulação de sangue e líquidos nos tecidos.

O domínio 3 é o Comportamental, delimitado como cuidados que dão suporte ao funcionamento psicossocial e facilitam mudanças no estilo de vida. Inclui as classes de Terapia Comportamental; Terapia Cognitiva; Melhora da Comunicação; Assistência ao Enfrentamento; Educação do Paciente; e Promoção do Conforto Psicológico.

A maioria das intervenções selecionadas para este estudo pertence ao domínio 3, o que possivelmente se justifica pela amostra composta de doentes crônicos e pela necessidade de intervenções relacionadas à mudança ou à manutenção de hábitos e comportamentos. Na classe Educação do Paciente, explicada como intervenções para facilitar a aprendizagem, foram selecionadas: Educação para a Saúde; Ensino: Processo de Doença; e Ensino: Medicamentos Prescritos. Esta última intervenção também consta no domínio Fisiológico Complexo, porém entende-se que, devido ao cenário domiciliar, para este estudo será considerada no domínio 3. Na classe Terapia Comportamental, definida como intervenções para promover ou reforçar comportamentos desejáveis e alterar indesejáveis, foram selecionadas: Assistência na Automodificação e Modificação do Comportamento.

O domínio 4 é Segurança, apontado como cuidados que dão suporte à proteção contra danos e inclui as classes de Controle na Crise e Controle de Risco. No presente estudo não foram selecionadas intervenções deste domínio.

O domínio 5 é Família, definido como cuidados que dão suporte à família, compreende as classes Cuidados no Nascimento dos Filhos; Cuidados na Educação dos Filhos; e Cuidados ao Longo da Vida. Nesse domínio foram selecionadas para estudo duas intervenções, Mobilização Familiar e Promoção do Envolvimento Familiar, da classe Cuidados ao Longo da Vida, que facilitam o funcionamento de unidade familiar e promovem a saúde e o bem-estar dos membros ao longo da vida.

O domínio 6 é o Sistema de Saúde, afirmado como cuidados que dão suporte ao uso eficaz do sistema de atendimento à saúde, compreende as classes de Medicação do Sistema de Saúde; Controle do Sistema de Saúde; e Controle das Informações. Nesse domínio selecionou-se uma intervenção da classe Controle de Informação, que objetiva facilitar as informações sobre os cuidados de saúde: Consulta por Telefone. Neste estudo, ela foi implementada como reforço às intervenções realizadas nas visitas domiciliares aos pacientes.

O domínio 7 é Comunidade, definido como cuidados que dão suporte à saúde da comunidade e que compreende as classes de promoção da saúde da comunidade e controle de riscos da comunidade. No presente estudo não foram selecionadas intervenções desse domínio para aplicação nas visitas domiciliares a pacientes com IC.

As intervenções incluem cuidados diretos e indiretos e tratamentos iniciados por enfermeiros, médicos e outros cuidadores. O cuidado direto é um tratamento realizado por meio da interação com o paciente, inclui ações de enfermagem no âmbito fisiológico e psicossocial, bem como as ações práticas e de apoio e aconselhamento para a vida. O cuidado

indireto constitui-se de um tratamento ao paciente realizado a distância, mas em seu benefício, como as ações voltadas ao gerenciamento do ambiente de cuidado.

Um tratamento iniciado pelo enfermeiro é sempre uma intervenção em resposta a um DE, sendo considerada uma ação autônoma, fundamentada em preceitos científicos e realizada em benefício do paciente de forma planejada(93).

Em pacientes cardíacos, mais especificamente com IC – doença crônica e de difícil controle – as intervenções da NIC têm sido estudadas principalmente no que tange ao controle e à prevenção da congestão(73,94), à adesão ao tratamento(22) e ao acompanhamento domiciliar(29,95).

No cenário do domicílio, embora ainda de modo incipiente, as pesquisas têm apontado para a eficácia das intervenções NIC, medidas por meio dos resultados propostos pela NOC, conforme estudo em pacientes com doenças crônicas que apresentaram melhora do conhecimento e do autocuidado(22,95).

Também pôde ser verificado que intervenções NIC, descritas como prioritárias para o DE Volume de Líquidos Excessivo, avaliadas por especialistas, têm aplicabilidade na prática clínica e aceitação pelos enfermeiros, embora até o momento não tenham sido validadas clinicamente(73,94).

Disso se depreende a necessidade de mais estudos sobre as intervenções implementadas para determinados diagnósticos, bem como sobre a avaliação quanto à sua eficácia, com instrumentos como os que propõe a Classificação dos Resultados de Enfermagem.