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3 CONSTITUIÇÃO DA INFRAESTRUTURA URBANA DAS CIDADES

3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFRAESTRUTURA URBANA

Com o objetivo de organizar os sistemas de infraestrutura urbana, Zmitrowicz e Angelis Neto (1997) classificam o Sistema Técnico Setorial em seis classes, visando

refletir o modelo de desenvolvimento do meio urbano: 1 – sistema viário; 2 – sistema de drenagem pluvial; 3 – sistema de abastecimento de água; 4 – sistema de esgotos sanitários; 5 – sistema energético; 6 – sistema de comunicações. Além disso, destacam que “o termo sistema técnico tem dois significados: o primeiro enquanto rede de suporte. [...] O segundo como rede de serviços” (ZMITROWICZ e ANGELIS NETO, 1997, p. 5). O subsistema viário, representado pelas ruas das cidades, é o principal subsistema da infraestrutura urbana, pois é a partir das vias que há o início do processo de apropriação urbana. Outra questão fundamental para o desenvolvimento deste subsistema, a topografia é responsável pela necessidade de adequação para o desenvolvimento do subsistema viário.

Mascaró (1994) afirma que a largura das vias urbanas é determinada a partir de três questões basilares: a primeira é o uso futuro do equipamento. A segunda é a necessidade de analisar a taxa de ocupação que terá depois de instalada e a terceira é o público alvo. As ruas, normalmente quando localizadas em bairros ocupados pela população pobre, são caracterizadas pela largura mínima devido ao baixo investimento na obra. O autor assegura que o correto é a existência de vias largas, com o uso secundário para as vias transversais. Em relação ao conforto no trânsito, afirma que as curvas existentes devem apresentar sempre uma curvatura relacionada ao tamanho do raio. Ou seja, quanto maior o raio da pista, maior será sua curvatura.

Ainda, as vias podem ser classificadas em quatro tipos de hierarquia. A primeira são as vias locais, que são definidas a partir do uso misto, sendo utilizados por diversos tipos de usuários: pedestres, veículos e bicicletas. Já as vias coletoras são responsáveis por conectar as vias locais às vias arteriais, servindo inclusive para o transporte coletivo. Ao mesmo tempo, as vias arteriais são avenidas que ligam áreas distantes, possuindo vias com velocidades e volume de tráfego intenso. Por fim, o quarto tipo são as vias expressas, que possuem liberdade para alta velocidade, unidirecionais, não possuindo cruzamentos e não sendo aconselháveis a pedestres (ZMITROWICZ e ANGELIS NETO, 1997).

Outro subsistema encontrado na literatura técnica, a drenagem pluvial é, segundo Vieira Filho et al (2013), o subsistema responsável pelo adequado escoamento das águas pluviais. A partir dele há a proteção das edificações contra os eventos periódicos da natureza, possibilitando que, mesmo com chuvas torrenciais, o trânsito,

tanto de veículos quanto de transeuntes, seja mantido, evitando o efeito negativo que fortes tempestades possam causar no meio público.

Além disso, pertencem a esse subsistema as redes de tubulação e os acessórios existentes nas vias, como, por exemplo, as bocas de lobo, as sarjetas, os meios-fios, poços de visita, dentre outros. Dentre as particularidades existentes para o correto funcionamento, o ciclo hidrológico da localidade é uma das principais questões que deve ser discutida no momento da intervenção, devido a necessidade de conhecer a pluviometria média, com o objetivo de ocorrer o correto funcionamento do escoamento da água da chuva.

Outras questões ainda são pertinentes. A topografia, devido à necessidade de conhecer com precisão a velocidade do escoamento da água da chuva; o tamanho da área que os instrumentos de coleta estarão abrigados; a cobertura e a impermeabilização da bacia, afinal, quanto menos água for absorvida pelo terreno, maior será o fluxo de água captado pelo instrumento; e o traçado da rede.

O subsistema de abastecimento de água é importante porque é responsável por dotar a população das cidades de água potável para consumo humano. Puppi (1981) destaca que duas questões são essenciais para o perfeito funcionamento deste acessório: a primeira é a qualidade da água disponibilizada para a população; e a segunda é a quantidade de água disponibilizada para o consumo das áreas atendidas. É formado pela captação – com maior influência sobre o sistema – que é responsável por transferir a água do local de captação para a estação de tratamento e destinar ao consumidor; a adução, processo que liga as fontes de água bruta para as estações de tratamento; o recalque, que é responsável pela captação da água quando está a um nível inferior, que não possibilite a captação por gravidade; o tratamento, processo de melhoria da qualidade da água; e, por fim, a distribuição, que executa a distribuição da água para os destinatários finais (ZMITROWICZ e ANGELIS NETO, 1997).

O subsistema de esgoto sanitário é responsável por recolher a água utilizada pelo consumidor final, evitando que ocorra a proliferação de doenças. Ainda, pode ser considerado com um subsistema complementar ao abastecimento de água, afinal, funciona em sistema invertido - o primeiro leva os dejetos para longe do ser humano - o segundo é responsável por abastecer o ser humano com água em condições potáveis. Esse subsistema compreende, ainda, redes de esgotos sanitários, formados por canalizações de diversos diâmetros; ligações prediais, responsáveis por ligar o domicilio

ao sistema coletor externo; poços de visita, necessário para inspeção, limpeza ou desentupimento de redes; tanques fluxíveis, obrigatórios para trechos de pequena declividade, sendo caracterizados como tanques de passagem, em que o material não fica depositado; estações elevatórias, necessárias em áreas onde a declividade é baixa ou então para bombear o esgoto; e, por fim, estação de tratamento de esgoto (ETE), que são estações que tratam o esgoto antes de devolvê-lo ao meio ambiente (ZMITROWICZ e ANGELIS NETO, 1997).

A última classe de infraestrutura urbana é o subsistema energético. Ele é responsável pela distribuição da energia, dividida entre as formas de energia elétrica e a gás, consideradas como limpas, baratas e de fácil manuseio. Contudo, mesmo que um dia já tenham sido utilizados para um mesmo objetivo – a iluminação pública inicialmente era realizada através de lampiões movidos a gás – atualmente apresentam objetivos diferentes. A energia elétrica objetiva a iluminação pública, residencial ou para o funcionamento de eletrodomésticos e a energia a gás visa a produção de calor. (ZMITROWICZ e ANGELIS NETO, 1997)

Esse subsistema é caracterizado por outros acessórios. Destacam-se: fornecimento de energia elétrica, que capta a energia primária, transforma em energia elétrica, para, por fim, levá-la ao consumidor final; geração de energia elétrica, representados pelas hidrelétricas, termonucleares e motores a vapor; transmissão, dividida em transmissão rural e urbana (subtransmissão); e a distribuição, composta pelas redes de distribuição e sistema de postes. (ZMITROWICZ e ANGELIS NETO, 1997)