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A classificação do varejo se mostra um exercício bastante complexo. Isto se explica pela alta variabilidade do setor, que engloba desde uma carrocinha de cachorro quente até hipermercados de atuação mundial. Diferentes autores desenvolvem diferentes classificações para o varejo. Dentro deste universo de diferentes classificações, optou-se por apresentar aqui, a desenvolvida por Parente (2000). Esta opção deve-se ao fato desta classificação ser realizada voltada para o mercado brasileiro. Assim, ela se encontra mais próxima da realidade de estudo deste trabalho.

Este autor oferece três critérios diferentes para a classificação do varejo: tipo de propriedade, instituições com loja e instituições sem loja. Este sistema de classificação pode ser observado na figura que se segue.

FIGURA 1 - Classificação do varejo FONTE - PARENTE, 2000, p. 25.

Na classificação por tipo de propriedade, as organizações varejistas podem ser classificadas em independentes, redes, franquias, alugadas ou de propriedade de um fabricante ou atacadista (sistemas de marketing vertical). O varejista independente é aquele que possui apenas uma loja. Normalmente, são lojas pequenas de administração familiar. Já as redes, tratam de varejistas que possuem mais de uma loja, sob a mesma direção. Elas englobam a maior parte dos grandes varejistas, como os hipermercados.

O sistema de franquia diz respeito a um sistema de relacionamento que permite ao franqueado conduzir um negócio aproveitando padrões de procedimentos, produtos e marcas desenvolvidos pelo franqueador. Os departamentos alugados, como o próprio nome já diz, dizem respeito à varejistas que locam espaços dentro de uma grande loja para que negócios específicos sejam conduzidos dentro dela por terceiros. É o caso de uma loja de departamentos que, buscando oferecer a conveniência de lanches para os clientes, mas não se dispondo a entrar numa área nova, na qual não sabe atuar, alugam um espaço dentro da loja para que uma outra empresa conduza uma lanchonete no local.

O sistema de marketing vertical surgiu devido aos desperdícios existentes nos canais de marketing convencionais, compostos por empresas independentes no desempenho das funções de produção, atacado e varejo. Neste sistema “vertical”, todos os membros do canal trabalham como um sistema integrado, buscando eliminar desperdícios e retrabalho, otimizando, assim, os resultados.

Ao realizar a classificação do varejo com lojas, Parente (2000) faz uma distinção entre as instituições alimentícias e não alimentícias. Isso pode ser explicado pela importância exercida pelo varejo alimentício no Brasil, onde os gastos familiares neste tipo de varejo superam os gastos nos varejos não alimentícios. Isso pode ser explicado pelo baixo nível de renda da população.

A classificação do varejo alimentício é bastante ampla. Ela inclui: bares, mercearias, padarias, minimercados, lojas de conveniência, supermercados compactos, supermercados convencionais, superlojas, hipermercados e clubes atacadistas. Não se faz necessário explicar o que vem a ser cada um destes tipos de varejo, haja visto que o

próprio nome já esclarece o tipo de comércio. Será apontada, no entanto, a diferença entre as superlojas e os hipermercados, já que as distinções destes não se fazem sempre tão claras.

As superlojas são grande supermercados, de cerca de 4 mil metros quadrados e 30 chek

outs, que apresentam completa linha de produtos perecíveis. Embora sejam lojas

predominantemente de alimentos, oferecem também outros tipos de produtos, como têxteis e eletrônicos. Já os hipermercados são grandes lojas de auto-serviço, com cerca de 10 mil metros quadrados e grande variedade de produtos alimentícios e não alimentícios, com cerca de 50 mil itens. Oferecem ao consumidor a conveniência de poderem fazer todas as suas comprar em um único lugar. Sua maior diferença para as superlojas está no sortimento mais amplo de não alimentos. São exemplos de superlojas a "Sendas", no Rio de Janeiro e a "Via Brasil", em Belo Horizonte e, de hipermercados, o "Carrefour" e o "Extra".

O varejo não alimentício com lojas no Brasil é formado principalmente por lojas especializadas e lojas de departamentos. As lojas especializadas concentram suas vendas em uma linha de produtos, costumando apresentar um sortimento profundo na linha trabalhada. Existe grande variabilidade no que se refere ao tamanho e à estrutura destas lojas. Já as lojas de departamento são de grande porte e oferecem grande variedade de produtos e muitos serviços aos consumidores, como as lojas "C&A" e "Riachuelo". Entretanto, tem-se observado uma certa limitação nas linhas de produtos trabalhadas, com a concentração de um número menor de departamentos, principalmente de confecções.

Outro formato de varejo não-alimentício com lojas encontrado no Brasil são as minilojas de departamento ou magazines. Trata-se de modelos rústicos e compactos de lojas de departamento de linha limitada, com predomínio de seções de linha “dura” (eletrodomésticos, móveis, brinquedos, ferramentas etc.). As lojas deste formato possuem cerca de 300 metros quadrados de área de vendas. São exemplos as lojas "Casas Bahia" e "Ponto Frio".

Existem outros formatos de varejo não-alimentício com lojas, mas que não são comuns no Brasil. Podem ser citados o Category Killer, loja especializada numa certa categoria de produtos com preços bastante atrativos; a loja de desconto, que seria uma versão despojada da loja de departamento, utilizando o auto-serviço e atuando com preços mais atraentes e, finalmente, as lojas de fábrica. Estas podem vender tanto produtos recém lançados, como produtos descontinuados ou pedidos cancelados. É uma modalidade ainda pouco explorada no Brasil.

O último tipo de varejo com lojas apresentado por Parente (2000) é o de serviços. Ele ressalta a importância crescente deste ramo de negócios. Embora ao se pensar em varejo a primeira imagem que se costuma formar seja a de uma loja com produtos tangíveis, o setor de serviços, marcado pela intangibilidade, se encontra em franca expansão. Nos últimos anos têm-se observado a proliferação de salões de beleza, academias de ginástica, clínicas médicas e outros varejistas de serviços.

Completando a classificação varejista conduzida por Parente (2000) está o varejo sem loja. Este tipo de varejo vem alcançando um imenso desenvolvimento, amparado nas inovações tecnológicas. O comércio virtual, através da internet, se encontra ainda numa fase inicial, com amplo potencial de crescimento.

São quatro os principais tipos de varejo sem loja: marketing direto, vendas diretas, máquinas de venda (venda automática) e varejo virtual. O marketing direto é um sistema que promove a interatividade entre vendedor e consumidor. Ele utiliza um ou mais veículos de comunicação para produzir um contato com o cliente ou conseguir um pedido de compra. O varejista comunica sua oferta através de catálogos enviados por mala direta, revista, jornal, rádio, televisão ou computador; e os consumidores fazem os pedidos pelo correio, telefone ou computador.

A venda direta envolve explicações pessoais e demonstração de produtos e serviços, que pode se dar na casa do consumidor, em seu trabalho ou por telefone. As máquinas de venda permitem que se realizem vendas 24 horas sem a presença do vendedor. Os

consumidores utilizam fichas compradas, moedas ou notas. Normalmente, as máquinas se situam em lugares com grande fluxo de pessoas.

O varejo virtual, ao que tudo indica, desempenhará um papel muito importante para o varejo nos próximos anos. Isso pode ser percebido não só pelo surgimento e crescimento de novas varejistas que operam apenas pela internet, mas também pela atenção que lojas tradicionais do varejo tem dado ao novo formato de comércio, antecipando-se à concorrência e passando a atuar também virtualmente.