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A CLINÍCA FRENTE AO SUICÍDIO: A POSIÇÃO ÉTICA DO ANALISTA

Agiste conforme o desejo que te habita? - Lacan

O analista é aquele que escuta o sujeito, em qualquer circunstância ou assunto, até mesmo quando ele já não vê mais recursos mediante a vida e anuncia o suicídio. Pensar a ética da psicanálise em relação ao suicídio se faz vital, levando em conta que não é raro chegar ao consultório do analista sujeitos que já tentaram ou pensaram em suicidar-se; e também pacientes que podem em algum momento apontar a morte como um significante principal, como única maneira de cessar seu sofrimento ou efeito de uma escolha. Desse modo, é pertinente indagar-se: O que fazer diante do anúncio de suicídio por um analisando? Que ética seguir? A ética humana ou a ética da psicanálise?

A ética humana faz parte das deontologias dos médicos, enfermeiros e profissionais da saúde em geral, que visam acima de tudo à vida, o objetivo é a preservação do corpo do individuo. Isso pode ser observado no documentário produzido por Débora Diniz, em 2007, intitulado: “Solitário Anônimo”, que traz a história de um idoso que em plenas condições psíquicas decide abdicar da própria vida. Assim, acaba indo para uma cidade desconhecida a fim de concluir seu objetivo, pois ele acreditava que como era um estranho naquele local, as pessoas não iriam se preocupar com ele. Nessa cidade ele é internado em um hospital, já com aparência de desnutrição e fraqueza, se recusa a comer, então é submetido contra a sua vontade a procedimentos invasivos. A liberdade do sujeito prezada na constituição, conforme ele mesmo cita não é levada em consideração. No fim do documentário ele faz um relato do ocorrido, analisando aquele episódio, onde traz a seguinte frase: “Eu só queria ter o direito de morrer”. Isso faz pensar no quanto a ética humana se faz por meio de um Bem, que seria o bem comum, no qual o social

acredita saber o que é o melhor para o sujeito, o isentando de escolher e se responsabilizar pelo âmbito de seu desejo e gozo.

Em relação à ética da psicanálise pode-se afirmar que sendo a ética do desejo, e do bem-dizer, o que a sustenta é a possibilidade da escolha. Assim, não é a uma ética do Bem, o analista não pode desejar o bem do paciente ou procurar meios de fazê-lo, o único desejo permitido a ele é de que uma análise se dê. Isso não quer dizer que o psicanalista não se preocupe com o seu analisando, porém que acima de tudo ele precisa conservar-se na sua posição, para que assim, convoque o

sujeito na dimensão do desejo, que se opõem ao gozo de morte, no suicídio. “O

sujeito que não tem mais tempo para viver escolhe a morte, não porque a deseje, visto que o inconsciente não a reconhece, mas porque dela pretende obter alguma satisfação.” (CARVALHO, 2014, p. 213). O analista diferente de muitos profissionais não julga o sujeito, até porque sua posição enquanto semblante de a, exige total esvaziamento, pois isso é o que o permite escutar. Dentro das possibilidades de intervenção, amparadas na teoria e na técnica da psicanálise ele atua; a fim de conduzir o sujeito na via do desejo a um saber, e não a um ato.

Um caso que faz pensar a questão da morte como uma escolha é o do jovem francês Vincent Humbert que aos 20 anos depois de um acidente automobilístico, no ano de 2000, acabou ficando: tetraplégico, cego e surdo. Ele aprendeu a se comunicar por meio de movimentos e a única coisa que ele pedia era ter o direito de morrer, como intitulou um livro que escreveu. Como sua situação era tão complicada que ele próprio não conseguia dar fim a sua vida por si mesmo, ele pedia à mãe que o fizesse, porém a eutanásia é proibida na França. Em um trecho do livro de Vincent

trás: “Me fazem viver. Sou mantido vivo. Para quem, para que, eu não sei. Tudo o

que eu sei é que sou um morto-vivo, que nunca desejei esta falsa morte. (apud

Goldim, 2004). Mesmo este caso não sendo propriamente de suicídio, ele ajuda a

pensar como por vezes o Outro quer que o sujeito viva para ele de uma forma objetal. Porém, é preciso considerar um sujeito que quer ir além da passividade, como Vincent, pois para ele a vida naquela condição não lhe permitia desejar mais, sendo o que ele mais queria, era sair dessa condição de um gozo do Outro. Esse real do corpo de Vincent exigiu que ele se posicione eticamente, e para tanto ele escolheu a morte.

Outro exemplo em relação à morte como uma escolha do sujeito, que oferece uma possibilidade de reflexão sobre a posição ética do analista, aparece no

romance e ficção Jojo Moyes (2016) intitulado: “Como eu era antes de você”. Conta à história do jovem Wiil Traynor, que com 35 ano ficou tetraplégico após ter sido atropelado por uma moto. Antes do acidente Will considerava sua vida perfeita: tinha um bom trabalho; uma linda namorada; muito dinheiro e disponibilidade para encarar qualquer tipo de aventura. Após o trágico acidente, não vê mais sentido na sua vida, existir se torna um peso, uma dor. Wiil mesmo com suas limitações tenta suicídio várias vezes, nas quais é socorrido a tempo pela família. Porém, ele não vê outra saída para acabar com seu sofrimento que não seja a morte e então depois de dois anos, ele faz um acordo com a família. O acordo consiste em ele viver seis meses, e durante esse período não tentar suicídio novamente. Depois desse tempo, a família teria que levar Wiil até uma clínica onde teria uma morte por suicídio assistido. A família não vendo mais possibilidades de lutar contra a vontade de Will aceita o acordo na esperança de que ele mude de ideia nesse tempo.

O suicídio assistido, que o livro se refere ocorre numa clínica que de fato existe. Chama-se Clínica Dignitas e fica localizada na Suíça, onde o suicídio assistido é permitido. A organização sem fins lucrativos tem como princípio: “viver com dignidade e morrer com dignidade”. Eles acreditam que é um direito do sujeito tomar suas decisões e para tanto poder decidir como e quando morrer. Contudo, eles não auxiliam em práticas por motivos fúteis, precisa-se ter uma razão consistente para que só assim à clínica aceitar auxiliá-lo. No Brasil, a prática de suicídio assistido é crime, pautada no código penal no artigo 122, que penaliza o indivíduo que instigar ou induzir alguém a suicidar-se ou até mesmo prestar auxílio para que ele o faça. A pena consiste na reclusão de dois a seis anos, se o suicídio se consuma, e de um a três anos se a tentativa tem como resultado uma lesão corporal leve. Mas será que proibir resolve a questão? Isso reduz o suicídio ou apenas faz com que as pessoas adotem outros métodos?

Quanto ao suicídio assistido pelo olhar da psicanálise, ele pode ser associado à morte como sendo uma escolha e não um ato; é uma reposta do sujeito diante do real que por vezes é insuportável. Voltando ao romance, Wiil diante do real de seu corpo debilitado que o impossibilita de reconhecê-lo como seu, precisa se posicionar eticamente. Na condição de tetraplégico, ele não sente mais prazer em viver, permanece numa posição de gozo, vive pela família e não por si mesmo, da vida não deseja mais nada a não ser o direito de morrer, assim como o Vincent Humbert. Wiil por meio da morte visa marcar a vida, no sentido de que para ele só é possível

mediante ao desejo. Desejo de viver. Afinal, “no limite, o desejo só se realiza em

perda, por meio de um apagamento radical do sujeito” (VORSATZ, 2013, p.68). O

livro permite refletir o quanto o real pode ser insuportável, porque o Wiil enquanto sujeito deseja ter a vida que ele tinha antes, o acidente não mudou em termos psíquicos quem ele é, porém lhe apresentou um limite de um corpo no qual ele não se reconhece e lhe traz sofrimento, isto é, um real que ele não dá conta e a única possibilidade que para ele se apresenta é a morte.

É interessante neste livro uma fala do Nathan, o fisioterapeuta que cuidava de Wiil, desde que ele havia sofrido o acidente:

- Algumas vezes, ele acordava à noite gritando porque sonhava que andava, esquiava e fazia coisas; nessas horas, quando está com as defesas baixas e tudo fica insuportável, ele não consegue mais pensar que nunca mais poderá fazer nada. Não consegue. Eu ficava com ele e não havia o que dizer para melhorar a situação. Ele recebeu as piores cartas do jogo. E sabe de uma coisa? Olhei-o na noite passada, pensei na vida dele e no que vai ser... e, apesar de desejar toda a felicidade do mundo para ele... não o condeno pelo que quer fazer. É escolha dele. Tem que ser. (MOYES, 2016, p. 257)

A posição que Nathan se coloca pode ser relacionada com a do analista, pois é desse lugar que ele deve responder, não buscando um Bem, mas permitindo a escolha. Por mais que o Nathan gostasse de Wiil e desejasse que ele vivesse, ele entendia suas razões e respeitava, sem o julgar. Assim como o analista, diante do anúncio de suicídio fica num lugar de testemunho, porque acolhe a morte, porém sobre ela não há o que dizer. Por não julgar e por ter de se abster egoicamente, o analista não pode simplesmente buscar convencer o sujeito de viver. O que o

analista pode fazer é escutar, levar o analisando ao bem-dizer.

Verifica-se aí o paroxismo do desejo, quando esse se impõe sobre a forma de condição absoluta: concerne a um desejo puro, que não se articula em nenhuma demanda desejo radical trágico – que, no limite (porque sem limites), traspõem todo o temor e toda a piedade. O sacrifício do bem - e dos bens –em nome do desejo: eis sua vertente trágica quanto ética, sendo que esta “não é via que se possa avançar sem pagar nada”. (VORSATZ, 2013, p.104)

Diante de um anúncio de suicídio, é difícil para o analista manter-se na sua posição, pois a clínica frente ao suicídio exige o limite da ética, que se faz trágica. A morte, ao apresentar o fim da possibilidade de que uma análise ocorra, coloca um

impasse no desejo do analista. Assim, marca que acima de tudo a ética da psicanálise, sendo a ética do desejo e para tanto do sujeito é fundamentada pela escolha. A clínica ante o suicídio é uma clínica do limite, onde a vida do sujeito está por um fio. Desse modo, o analista precisa escutar e intervir com cautela, para que pelo bem-dizer, no momento que o sujeito consiga se responsabilizar pelo seu desejo e gozo, ele possa decidir entre a vírgula ou o ponto final.

A ética psicanalítica vai se referir a uma responsabilização do sujeito sobre o seu desejo e também seu gozo. Vorsatz (2013) compreende a responsabilidade como uma convocação do sujeito, um engajamento na sua resposta seja por meio do ato ou da palavra; traz a ideia de um compromisso pelo qual o sujeito deverá responder. Refletir sobre a clínica psicanalítica do suicídio, amparada na ética, implica a responsabilização do sujeito, que por meio do percurso em análise é levado a reconhecer o seu desejo e a partir disso se implicar nele. Desse modo, a ética da psicanálise consiste numa ética trágica, levando em conta que se refere a uma espécie de reflexão em ato, pois é frente a um real e não a um ideal que se apresenta ao sujeito, colocando-o diante de uma escolha. Nessa escolha, ele deve transpor o limiar do bem e buscar por meio do ato garantir o seu desejo. Portanto, a ética da psicanálise vai dizer do campo da ação, onde o sujeito pode se inscrever por meio do ato, porém se responsabilizando por ele.

Aqui a função do analista, enquanto aquela de remeter com seu ato, na experiência psicanalítica, o real como impossível, deve ser tomada na dimensão que sua complexidade comporta. Caso o contrário, corre-se o risco de por uma simplificação falaciosa se acabar tomando esta indicação ou numa perspectiva niilista, que pode vir a implicar, por uma torção do postulado, uma reificação da morte, o que não é absolutamente a intenção da proposta psicanalítica, ou então numa perspectiva perversa, em que o fato de não estar assegurado por nada pode vir a ser interpretado como reino do “vale-tudo”. (MAURANO, 1995, p. 174)

Portanto, a ética da psicanálise não é a ética da permissibilidade, onde tudo é possível, pois não é perversa. O analista não fica simplesmente como um expectador perante o anúncio e a possibilidade de suicídio de um analisando, ele age, porém pautado pela ética da psicanálise, é por meio do bem-dizer que ele intervém; buscando que o sujeito possa dar conta do real, por meio da palavra. O ato bem vindo pela psicanálise é o chamado: ato analítico, que Víctora (2006) define como não sendo um agir por meio da ação física, porém sustentado pela transferência que se dá pela via da linguagem. Esse ato para acontecer vai

depender por parte do analisando a suposição de um saber na figura do psicanalista, já ao analista cabe suportar a transferência e reponde-la somente por meio da linguagem. Para que o ato analítico ocorra, cabe ao analista estabelecer a transferência colocando-se na posição de semblante de a. É a partir do sujeito- suposto-saber, efeito da transferência, que ele sustenta a angústia do analisando e permite a emersão de uma demanda de saber e para tanto de análise.

Partindo da hipótese do ato suicida como uma resposta ao real e se no dispositivo analítico o sujeito é reposta do real, trazer um suicida à análise possibilitará fazê-lo passar da condição de objeto, na qual respondeu com o ato (resposta ao real), à condição de sujeito (resposta do real). E, assim, de objeto a sujeito, poder substituir a passagem ao ato pelo ato de passagem. (CARVALHO, 2014, p. 193)

O ato analítico se opõe ao ato suicida, pois o primeiro convoca o sujeito pelo bem-dizer, isto é, por meio da linguagem a se posicionar diante de seu desejo e seu gozo. Já o ato suicida é acéfalo, nele o sujeito não se reconhece. Carvalho (2014) aponta que no ato suicida o sujeito do inconsciente não está presente; assinala que Lacan o considerou como um ato falho, tendo em vista que é uma recusa ao saber. É um ato movido pela pulsão de morte e uma expressão do gozo num estado puro, uma recusa ao saber sobre o real. Tendo como suporte a ética da psicanálise, o analista por meio do ato analítico, convoca esse sujeito para um “ato de passagem” que significa passar de uma condição de alienação em relação ao desejo, pela de saber. O ato analítico possibilita a partir da transferência, que o sujeito possa ser levado a se interrogar sobre seu ato e abdicar do gozo que poderia obter com a morte.

Dessa maneira, diante do anúncio de suicídio por um analisando o psicanalista pautado pela ética da psicanálise deve estar advertido de que não pode visar um Bem. Contudo, ele precisa por meio do desejo do analista se manter na sua posição e desse modo a partir da técnica convocar o sujeito ao saber e a sua responsabilização por seu desejo e gozo. Carvalho (2014) aponta que a transferência é capaz de levar o sujeito a abrir mão do gozo que poderia obter com a morte. Diante da transferência o sujeito é levado a interrogar-se sobre o seu desejo, o que permite uma defesa contra o gozo, já que eles se opõem, possibilita que este desista de buscar o gozo da morte e opte pelo desejo do saber.

Nesses casos onde o sujeito está tomado por esse gozo mortífero, onde a morte aparece como imperativo, o analista antes de levar o analisando a se interrogar pelo seu desejo, precisa possibilitar que emerja uma demanda. A questão colocada pelo analista: “O que quer da análise?” ou “O quer com o seu ato?” (em referência ao campo do desejo) nesses casos deve ser substituída pelo: “O que há com você?”, para que o sujeito possa se interrogar sobre o que está acontecendo com ele, sobre o seu sofrimento, e desse modo poder se implicar na sua dor ou na sua escolha e depois no seu desejo.

Compete ao analista na clínica frente ao suicídio, intervir também por meio da interpretação buscando esvaziar o sentido daquilo que o paciente trás no seu discurso, para ele se interrogar e percorrer novas cadeias associativas. Segundo Carvalho (2014), a interpretação visa o sujeito da enunciação, que corresponde ao inconsciente, ao desejo do sujeito que ele desconhece. Assim, a interpretação se dirige ao real, para que emerja um sujeito como resposta do real. Tanto na clínica ante o suicídio, como com qualquer outro sujeito em análise, a intervenção do analista deve ser pautada pela ética da psicanálise, que é orientada pelo real, pois é diante deste que o sujeito precisa se posicionar eticamente. É possibilitando o bem- dizer sobre o real; que consiste em não ceder do desejo, contudo por meio do bem- dizer trazê-los ao inconsciente (porque sempre há um real que escapa ao sujeito); que se têm chances de permitir ao analisando encontrar outras possibilidades que não o ato. Para que assim, a partir dos novos significantes que surgiram por meio da interpretação que ele possa criar.

Na clínica, a direção da cura consiste em possibilitar a simbolização disto que vem sem representação, em metaforizar a morte. Para isso, requer-se do analista uma disponibilidade para acompanhar seu paciente neste trabalho, procurando, além do seu discurso imutável, fechado e desvitalizado e aparentemente sem qualquer apelo ao outro, uma brecha possível, atento às tímidas e sutis manifestações de desejo. Procurar um deslizamento da fixidez de sua dor para uma possibilidade de representação, transitando com ele nesta delicada borda entre a vida e a morte. (RAMALHO, 2001, p.26)

A clínica frente ao suicídio tem uma peculiaridade também em relação ao tempo, que na atualidade se dá de maneira acelerada, o social exige soluções rápidas num tempo que é cronológico, colocando a psicanálise por vezes numa impossibilidade. Porém, se ela ainda existe é por ter eficácia, mesmo num tempo de

um imperativo capitalista que consome o sujeito da psicanálise; aquele do inconsciente que é atemporal; ainda permanece no consultório do psicanalista. Assim, “o tempo na psicanálise [...] decorre da temporalidade do sujeito do inconsciente (intemporal), e do manejo adequado desse tempo depende a eficácia da psicanálise, ou seja, sua efetividade nos tempos de hoje.” (FINGERMANN, 2009, p.60). Desse modo, o analista diante do suicídio também opera com esse tempo subjetivo que não é cronológico, pois é ele que garante o êxito no tratamento; na medida em que respeitando e suportando o tempo do analisando de abrir mão do gozo da morte, ele possa estabelecer a transferência, e a partir disso tenha condições de se colocar na via do desejo, pela busca ao saber.

Em relação ao tempo na psicanálise, Lacan (1998) o teorizou como um tempo lógico, para o autor o tempo lógico comporta três tempos: o instante de ver; tempo de compreender e momento de concluir. Eles podem ser relacionados à clínica do suicídio, onde ha um instante de ver momento inicial no qual o analista escuta o anuncio do suicídio pelo analisando, e questionando-o sobre o que está acontecendo com ele, possibilita que ele venha a se interrogar sobre o desejo do Outro, já que ele ainda não encontrou sua verdade. O segundo tempo se faz por meio da associação livre visando uma ressignificação pelo sujeito, onde “o analista maneja o tempo de espera da transferência com suas escansões, cortes e interpretações que, ao desconcertar a suposição de saber, produzem a demonstração lógica da impossibilidade de completar aquilo que ‘não cessa de não se inscrever’” (FINGERMANN, 2009, p.68). Porém, no tempo de compreender ainda não é possível ter convicção; o sujeito ainda não é capaz de se responsabilizar pelo seu ato. Nesse momento, ainda há uma identificação com o Outro, na clínica o analista ocupará esse lugar, o que vai dificultar que o analisando cometa o suicídio nesse tempo. E por último o momento de concluir do analisando, onde acontece o que Lacan denominou de “asserção do sujeito”, isto é, da sua afirmação, ele sai de

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