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5. O CLUSTER AUTOMOTIVO SUL FLUMINENSE

5.1 CLUSTER DE EMPRESAS DE AUTOMOCIÓN DE GALÍCIA (CEAGA)

Criado em 1997 por 37 empresas de componentes automotivos galegas, o CEAGA é uma instituição que promove projetos de cooperação com objetivo de melhorar a competitividade das empresas da indústria automotiva na Galicia. Atualmente o grupo é composto pelo Centro de PSA Peugeot Citroen Vigo, 105 empresas de componentes e serviços de apoio, além do Centro Automotivo de Tecnologia da Galiza (CTAG) (CLUSTER DE EMPRESAS DE AUTOMOCIÓN DE GALÍCIA, 2015).

Ao longo dos anos, o CEAGA desenvolveu iniciativas de valor estratégico para as empresas e para a sociedade local, consolidando-se como um grupo de referência na Espanha e na Europa. Prova disso são os inúmeros certificados de excelência recebidos pelo aglomerado, como o registro conferido pelo Ministério da Indústria, Energia e Turismo (MINETUR) da Espanha como Innovative Business Group

"excelente" (AEI), depois de avaliar seu nível de excelência e a certificação

internacional "Gold Label" concedida pela Secretaría Europea de Análisis de Clusters (ESCA) ao primeiro cluster automotivo da Europa (CEAGA, 2015).

A Fundação CEAGA, buscando a integração da região e das empresas, tem por objetivo melhorar os seguintes aspectos:

 Competitividade, qualidade e custo

 Flexibilidade para se adaptar às mudanças do mercado  Inovação e capacidade tecnológica

 Desenvolvimento do tecido industrial  Cooperação sectorial

 Desenvolvimento integral dos indivíduos  Compromisso regional

 Estrurura organizacional e os objetivos

Estes objetivos estão de acordo com a definição de cluster apresentada por SEBRAE (2002, p. 03, grifo nosso) principalmente nos aspectos destacados em negrito:

[...] As empresas que compõem um cluster, além da proximidade

comum uma mesma dinâmica econômica. [...] Assim, por exemplo, a dinâmica de um cluster de empresas pode ser determinada pelo fato dessas empresas realizarem atividades semelhantes e/ou utilizarem

mão-de-obra específica disponível em poucas regiões (p.ex.

produção de software), ou utilizarem as mesmas matérias-primas [...] ou necessitarem das mesmas condições climáticas ou de solo para sua produção [...] por fornecerem para um mesmo cliente que exige proximidade (p.ex. fornecedores de autopeças localizados próximos às montadoras), por processos históricos e culturais, etc. Independentemente da dinâmica que determina a formação de um cluster, a característica mais marcante que é, de fato, comum a

todos, é a forte aglomeração/concentração em uma mesma região. [...]

Cabe destacar que os aspectos referente a flexibilidade, competitividade, inovação, capacidade tecnológica e cooperação sectorial, estão ligados com as três dimensões de elementos de distritos industriais de Keller (2008, p.35, grifo nosso) e com os três motivos que permitem o surgimento de distritos industriais apresentados por Klink (2001, p.23, grifo nosso).

[...] primeiro, uma divisão de trabalho entre as firmas do distrito que promove altos níveis de flexibilidade e de produtividade, principalmente na medida em que as empresas agrupadas

frequentemente são especializadas em apenas uma etapa do

processo de produção dentro daquele ramo industrial em que o distrito se especializou; segundo, um meio social distinto que inclui desde

uma rede institucional local (ou meio institucional – como

associações comerciais e empresariais, instituições de ensino, órgãos governamentais de fomento etc.) até práticas e atributos culturais (ou

cultura local – como a aptidão hereditária de Marshall, a confiança

entre firmas, trabalhadores e gerentes etc.); terceiro, a rede que inclui

tanto os laços horizontais quanto os laços verticais para frente e para trás.

[...] Logo, por causa dessa concentração da localização, a diversidade e complexidade da rede de produtores aumentam, o que atrai por sua vez novos empreendimentos e crescimento urbano. Por último, a aglomeração oferece importantes externalidades tecnológicas

positivas, pois, assim que o progresso de inovação tecnológica é internalizado por um determinado número de empresas, uma concentração geográfica favorece uma rápida difusão desse conhecimento para a região como um todo

O CEAGA conta com uma universidade corporativa chamada: Universidad Corporativa CEAGA (UCC) fundada em 2010, como uma ferramenta fundamental para antecipar as necessidades dos fabricantes de automóveis e complementar os seus planos de formação específicos. Sua criação se baseou em três pilares básicos:  Ser um motor da mudança setorial; focado no presente e,

 Demonstrar a capacidade de resposta à evolução das necessidades de negócios,

 Adotar uma abordagem prática (CEAGA, 2015).

Atualmente ela conta com diversos cursos de curta e longa duração, sendo o primeiro tipo concentrados principalmente em oficinas, minicursos e jornadas de informação, enquanto o segundo tipo está incorporado nos programas próprios de maior duração e importância, articulados em torno de inovação de produtos, como a "Gestão e Desenvolvimento de Programas de novos produtos ", inovação em processos, tais como “Plano de Desenvolvimento de Lean Especialistas "e / ou desenvolvimento de gestão, tais como o" Líder da Equipe Enxuta " (CEAGA, 2015)

De acordo com entrevista realizada com a Sra. Juliana Guiguet, ex-secretária de planejamento estratégico do Cluster, para operacionalizar esta ideia, foi designada a própria, então uma funcionária de grande prestígio na Peugeot Citroën do Brasil Automóveis S.A, filial brasileira do Grupo PSA Peugeot Citroën, como responsável pelo Planejamento Estratégico Organizacional e por convencer as outras empresas dos benefícios de se unirem a um Grupo com estas características.

Neste momento, executivos responsáveis pela criação do Cluster em Resende foram levados à Galícia para conhecerem a estrutura e o modus operandi local para servirem de benchmarking. Durante uma semana, foi verificado o foco na competitividade automotiva da Galícia, a necessidade da criação de um polo automotivo de fato, a logística, as distâncias entre fornecedores, a distância dos fornecedores ao seu centro de produção, a infraestrutura, entre outros fatores. Sobre este aspecto, Marcos Paluelo, secretário de planejamento estratégico do Cluster explica o seguinte:

Eles têm, dentro do cluster de Vigo, hoje depois de 25 anos, o cluster já é muito antigo eles trabalham só com projetos e um dos projetos é formação de mão de obra em todos os níveis, então tem as universidades, eles usam a mão de obra dos professores, dos doutores nos cursos de formação. Não sei te dizer como isso é reconhecido, mas do ponto de vista empresas do cluster de Vigo eles tem uma mão de obra extremamente qualificada e que são recompensados por isso.

O histórico automotivo existente na Espanha, comparado com o existente na região das Agulhas Negras se destacou, principalmente ao se levar em consideração

o pouco tempo de existência das empresas na região o que acarreta a não existência de um histórico automotivo industrial local. A mão de obra qualificada na região da Galícia era apoiada por uma política industrial muito favorável, com 40 milhões de euros investidos no centro tecnológico avançado.

Após esta experiência, foi solicitado o prazo de três anos (2012, 2013 e 2014) como o tempo que o cluster automotivo precisava para se desenvolver. Durante o primeiro ano, o grande desafio foi a “Mobilização e a Conscientização” da necessidade e dos benefícios que este modelo poderia viabilizar para as empresas. A primeira empresa que foi procurada foi a MAN Latin America, empresa que há mais tempo está na região e que foi identificada como a parceira perfeita para o desenvolvimento deste projeto tão ambicioso.