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PARTE II. TRABALHO EMPÍRICO – ESTUDO DE CASO, CENTRO NOVAS

5. A avaliação no contexto dos CNO, Centros Novas Oportunidades

5.1. Os CNO como objecto de avaliação

Os CNO surgiram como uma componente central do Eixo Adultos da Iniciativa Novas Oportunidades. O documento “Carta de Qualidade dos Centros Novas Oportunidade” (2007), define a sua missão do seguinte modo:

“Assegurar a todos cidadãos maiores de 18 anos uma oportunidade de qualificação e de certificação, de nível básico ou secundário, adequada ao seu perfil e necessidades, no âmbito da área territorial de intervenção de cada Centro Novas Oportunidades. Promover a procura de novos processos de aprendizagem, de formação e de certificação por parte dos adultos com baixos níveis de qualificação escolar e profissional.Assegurar a qualidade e a relevância dos investimentos efectuados numa política efectiva de aprendizagem ao longo da vida, valorizando socialmente os processos de qualificação e de certificação de adquiridos”.

Um outro documento, “Iniciativa Novas Oportunidades Setembro 2010”9, apresentava outros elementos de informação importantes para compreender a dinâmica e a organização dos Centros Novas Oportunidades:

“Evoluíram a partir da rede de Centros de RVCC e são hoje ‘portas de entrada’ para a qualificação de adultos ... São um dos operadores do Sistema Nacional de Qualificações (Decreto-Lei nº 396/2007, de 31 de Dezembro) que se articulam e complementam no actual sistema de educação e formação de adultos, com entidades formadoras públicas e privadas para o desenvolvimento de Cursos de Educação e Formação de Adultos (Cursos EFA), Formações Modulares certificadas, ou outras possibilidades de conclusão do ensino secundário para quem frequentou, sem completar, planos de estudo que já não se encontram em vigor” (ANQ, 2010).

Segundo o mesmo documento, em 2008, assistiu-se a um aumento significativo da rede de CNO, em consonância com os objectivos da INO, e em consequência “A rede é agora (2010) composta por 448 Centros em Portugal Continental e 6 na Região Autónoma

da Madeira”. Recorda-se que desde 2011 estão previstas mudanças com significado ao nível da estratégia e metodologias de acção dos CNO, cujo primeiro sinal foi a redução do números de Centros, mas essas mudanças ainda não estão em curso, mantendo-se a actividade dos CNO de acordo com as orientações e referenciais que norteiam a sua actividade desde 2005.

Em termos de metodologias e conteúdos de trabalho, os Centros Novas Oportunidades estão organizados em torno das seguintes etapas de intervenção:

- Acolhimento: Atendimento e inscrição dos adultos, esclarecimento sobre a missão dos Centros Novas Oportunidades, as diferentes fases do processo de trabalho a realizar e a possibilidade de encaminhamento para ofertas educativas e formativas ou de reconhecimento, validação e certificação de competências.

- Diagnóstico: Análise do perfil do adulto, recorrendo, designadamente, a sessões de esclarecimento, análise curricular, entrevistas individuais e colectivas ou estratégias adequadas; identificação das melhores respostas disponíveis, face à análise efectuada.

- Encaminhamento: Proporcionar ao adulto informação que permita direccioná-lo para a resposta de qualificação que lhe seja mais adequada, podendo compreender o encaminhamento para o desenvolvimento de percursos de educação e formação exteriores ao Centro ou para um processo de reconhecimento, validação e certificação de competências. O encaminhamento resulta de um acordo entre a equipa do Centro e o adulto, sendo realizado em função da análise das características deste último, do respectivo percurso de educação e formação e das experiências de vida, motivações, necessidades e expectativas identificadas nas actividades de diagnóstico.

No âmbito do processo de RVCC, estão previstas quatro etapas distintas:

- Reconhecimento de competências: Identificação, pelo adulto, dos saberes e competências adquiridos ao longo da vida, com base no balanço de competências e abordagem auto-biográfica e na construção do portefólio reflexivo de aprendizagens.

- Validação de competências: Análise e avaliação do PRA, em comparação com o Referencial de Competências-Chave/ Referencial de RVCC Profissional, em sessão de trabalho da equipa pedagógica com o adulto.

- Certificação de competências: Apresentação do adulto perante um júri de certificação com vista à certificação de competências validadas.

- Acompanhamento ao plano de desenvolvimento pessoal: Definição de um Plano de Desenvolvimento Pessoal para cada adulto certificado.

Na próxima secção da Dissertação retoma-se a apresentação das etapas do processo RVCC.

É este roteiro de etapas da actividade dos CNO, que permite operacionalizar o Sistema Nacional de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, cuja definição geral é a seguinte:

“ … parte das experiências de vida de cada adulto para iniciar um processo que reconhece e valida os saberes e as competências à luz de um Referencial de Competências-Chave, atribuindo ao adulto uma certificação de nível básico (certificado de qualificações correspondente ao 1º, 2º ou 3º ciclo do ensino básico e diploma do ensino básico) ou de nível secundário (certificado de qualificações correspondente ao ensino secundário e diploma do nível secundário de educação) (ANQ, 2010)10.

Partindo deste enquadramento geral pode-se afirmar que na óptica da avaliação os CNO podem ser perspectivados a partir de diferentes enfoques:

(i) Ao nível micro, do indivíduo em processo de certificação, está em causa a avaliação das competências adquiridas ao longo da vida, em contextos formais, não formais e informais.

(ii) Ao nível meso, da organização CNO, está em causa a avaliação do desempenho e da melhoria contínua destas organizações, através da institucionalização de processos de avaliação interna mas com suporte externo.

(iii) Ao nível macro, que corresponde à avaliação de programas e de políticas, está em causa a avaliação do Programa – a Iniciativa Novas Oportunidades – e do seu contributo para a política nacional de educação e formação de adultos. (iv) Ao nível mega, que aponta para a avaliação das políticas de educação e

formação de adultos ao nível europeu, está em causa a avaliação do contributo deste instrumento para as politicas de nível europeu.

A figura seguinte representa os diferentes níveis a partir dos quais pode ser perspectivada a avaliação dos CNO.

Figura 4. Níveis de abordagem da Iniciativa Novas Oportunidades/ Eixo Adultos

Num exercício de aproximação à avaliação do sistema de educação em que o foco da avaliação se distribui pelos grandes grupos “aprendizagens”, “curricular”, “professores”, “organização/ escola”, “programas” e “políticas”, pode-se afirmar que no caso dos CNO o sistema de avaliação previsto contempla as seguintes dimensões: “competências/ aprendizagens”, “organização/ CNO”, “programas” e “políticas”.

A tabela seguinte apresenta de forma sistemática a integração da componente de avaliação aos níveis micro (processo RVCC/ adulto) e meso (organização).

Micro: Indivíduo, Sistema Nacional de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (escolar/ profissional)

Meso: CNO, Centro Novas Oportunidades Macro: QREN, Quadro Estratégico de Referência

Nacional, Iniciativa Novas Oportunidades, Política nacional de educação e formação

Mega: UE, União Europeia, políticas europeias na

área da educação e formação

Tabela 9. Componentes de avaliação do CNO aos níveis micro e meso Níveis de

operacionalização da INO/ CNO

Enquadramento da avaliação Objecto de avaliação Referencial de avaliação Metodologia e instrumentos

Micro – o indivíduo em processo de

RVCC

- Avaliação prevista na

metodologia do Sistema Nacional de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (Sistema RVCC);

- Certificação escolar e

profissional de adultos, que pode ser certificação total ou parcial;

- Competências escolares e profissionais adquiridas ao longo da vida, em contextos formais, não formais e informais, de pessoas que desejam vê- las reconhecidas e que cumulativamente sejam maiores de 18 anos e possuam pelo menos 3 anos de experiência profissional;

- Referencial de

competências-chave de educação e formação de adultos/ Nível Básico, que atribui ao adulto uma certificação de nível básico; - Referencial de

competências-chave de educação e formação de adultos/ Nível Secundário, que atribui ao adulto uma

certificação de nível secundário; - Balanço de competências e abordagem auto(biográfica) - Portefólio Reflexivo de Aprendizagens;

- Sessões de trabalho com os adultos, individuais e /ou em pequeno grupo;

- Formação complementar;

- Sessão de Validação (o candidato e a equipa técnico-pedagógica analisam o portefólio);

- Sessão de Júri de Certificação (encerramento oficial e público do processo com a presença de um Avaliador Externo);

Meso – o CNO

- Avaliação no quadro da avaliação externa da INO/ eixo “monitorização e auto-avaliação” da rede de CNO; disponibilização de um instrumento de melhoria de desempenho, modelo comum de auto-avaliação para os CNO; - Avaliação interna da

responsabilidade de cada CNO mas com o acompanhamento de um consultor externo; - Melhoria continuada do desempenho da rede de CNO; - Promoção da criação de comunidades de práticas - Dotação da rede de instrumentos de auto- regulação que possam auxiliar a sustentação futura do sistema;

- Critérios de meios: Liderança, Planeamento e estratégia, Pessoas, Parcerias e recursos, Processos;

- Critérios de resultados: Resultados orientados para os adultos, Resultados relativos às pessoas, Impacto na sociedade, Resultados-chave do desempenho;

- Adaptação do modelo de auto- avaliação CAF; das adaptações efectuadas salienta-se, por ser a mais relevante, a integração de uma bateria de indicadores de desempenho dos CNO, com

benchmarking entre unidades

territoriais de CNO, on-line e em tempo real;