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Cobertura Vegetal

No documento ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA RODRIGUES (páginas 63-71)

5. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS 1 Clima

5.6. Cobertura Vegetal

A área de estudos está caracterizada fitofisionomicamente por 7 (sete) formações, onde predomina o Cerrado, com presença de Campo Cerrado, Campo Sujo, Campo Limpo, Matas, Cerradão e Áreas Desmatadas. (Amaral et

al. 1982, Prado, 2002 e Bittencourt Rosa et al.1996, 2002, 2012).

Cerrado (Savana) – O Cerrado se constitui na vegetação predominante na

área de estudos, sendo perfeitamente diferenciado das outras formações. Sua constituição está determinada regionalmente por dois andares: Um arbóreo arbustivo com árvores de pequeno e grande porte com variavelmente, 2,5 (dois e meio) a 25 (vinte e cinco) metros de altura, bem espaçadas e com caules recobertos por uma casca espessa sendo bastante tortuosos, inclusive os galhos, com folhas grandes e pilosas, tal como, a Faveira (Terramus volubilis, Ducke.).

Neste andar arbóreo arbustivo do cerrado podemos evidenciar a frequência das seguintes espécies: a Lixeira (Curatella americana, L.), o Ipê do Cerrado [Tabebuia ipe (M.) Standl.], o Pequizeiro [Caryocar brasilienses, (S. Hil.) Camb. SSP.], o Jatobá (Hymenaea courbaril, L.), o Angico do Campo (Piptadenia macrocarpa, Bth.), o Pau Terra (Qualea parviflora, Mart.), o Pau

Santo (Kielmeyera coriacea, M.), a Aroeira (Schinus terebenthifolius, Raddi.), a Peroba do Campo (Aspidosperma cylindrocarpom, Muell. Arg.), a Lobeira ou Fruta do Lobo (Sollanum licocarpum, S. Hil.), a Umbaúba ou Embaúba (Cecropia pachystachya, Sp.) (Figura 23) , e o Gonçaleiro ou Gonçalo Alves ou Chibatã ou Ubatã (Astronium fraxinifolium, Schot.).

Figura 23 – Detalhes de embaúbas, na área do distrito de São Jorge. Uma planta originária

da Mata Atlântica, que é enormemente desenvolvida no Cerrado (Fotografia – Antonio

Carlos de Oliveira Rodrigues, setembro 2014).

O outro andar é o arbustivo herbáceo com a presença predominante de gramíneas, tais como o Capim Mimoso (Paratheria prostata, Griseb.) e do Capim Branco Felpudo (Andropogom neesii, Kunth.), que formam uma espécie de tapete vegetal, ou então estão distribuídos em pequenas moitas, onde se destacam o Capim Barba de Bode (Aristida pallens, Cav.), e o Capim Gordura (Panicum mellinis Trin.), que são abundantes nos solos pobres e secos.

Outros tipos de gramíneas mais altas são comuns regionalmente, e são aproveitadas para alimentar os gados bovino, caprino, equino e asinino, e podemos encontrar o Capim Colonião (Panicum maximum, Jacq.), o Capim Braquiária (Brachyaria decumbens, Stapf.), o Capim Jaraguá (Hyparrhenia

rufa, Sp.) e o Capim Elefante (Pennisetum purpureum, Schum.)

Neste andar arbustivo herbáceo as espécies vegetais possuem variavelmente de 5 cm a 2 metros de altura e são também numerosas e dentre elas podemos destacar: o Araticum (Anona crassiflora, Mart.), o Cajueiro do Campo (Anarcadium humile, S. Hil.), o Murici [Byrsonima verbascifolia, (Rich) Juss.], a Guaviroba (Cocos commosa, Sp.), o Assa Peixe (Vernonia

grandioflora, Less.), o Ruibarbo (Rheum palmatum, Max.) e a Canela de Ema

(Paepelanthus speciosus, Koern.).

Esta é a vegetação comum da área de estudos, e possui estreita ligação com os solos e o clima regional.

Campo Cerrado (Savana Arbórea Aberta) – Esta formação vegetal se

diferencia do Cerrado em função do espaçamento no andar arbóreo arbustivo, que é mais denso no cerrado. Está caracterizada por uma vegetação xeromórfica. Esta denominação de campo cerrado é utilizada para caracterizar um tipo vegetal intermediário entre o Cerrado e a Pastagem, mesmo que ele

seja também usado para o pastoreio.

Regionalmente corresponde a uma formação vegetal tipicamente de campo, onde predominam árvores pequenas, tortuosas, e na maior parte de cortéx suberoso, espesso e em sulcos, que podem atingir 5 metros de altura, associadas a uma longa cobertura gramino - lenhosa, e que são atacadas pelo fogo todos os anos.

No Campo Cerrado podem ocorrer também agrupamentos de árvores raquíticas entremeadas com arbustos baixos, subarbustos, ervas e palmeiras anãs. Este tipo de cobertura vegetal é encontrado na área de estudos nas faixas de predomínio das rochas areníticas lixiviadas pertencentes às Formações Salto das Nuvens e Utiariti e nos solos concrecionários.

Campo Sujo (Savana Parque) – Os Campos Sujos possuem uma pequena

semelhança com o Campo Cerrado degradado constituído por estratos arbustivos e subarbustivos, que se superpõem à vegetação herbácea, e que estão espalhados irregularmente, ocorrendo quase em meio à vegetação dos cerrados constituídos de solos mais pobres. Os seus limites são imprecisos. Na área de estudos ficou caracterizada segundo os dados de Ross e Santos (1982), como o tipo vegetal evidentemente, campestre natural e antrópica, constituída por árvores de pequeno e médio porte, que ocorrem associadas esparsamente, a uma cobertura graminosa, mais arbustos, subarbustos e ervas estando referidas aos solos com superfície dura, argilosos, aos cascalhos quartzosos, solos ferruginosos e areias soltas, em áreas de predominância das unidades litoestratigráficas Formações Paredão Grande, Salto das Nuvens e Utiariti.

Campo Limpo (Savana Gramino-Lenhosa) – Os Campos Limpos estão

caracterizados na área de estudos por uma associação de cobertura verdadeiramente de gramíneas, com plantas lenhosas, pequenas, herbáceas, às vezes, com o aparecimento de subarbustos. Predominantemente, ocorrem as gramíneas isoladas ou então em tufos dispersos (estepes), ou em forma de pradarias, portanto formando uma cobertura densa e contínua. Geralmente a vegetação arbórea ocorre na faixa de Mata Ciliar que acompanha os vales do médio rio Juba e seus afluentes locais.

No decorrer da estação das chuvas, a cobertura de gramíneas é geralmente densa e alta, contudo na estação seca ela torna-se seca, sendo, às vezes, consumida pelo fogo, fenômeno este que se repete todos os anos.

Matas – Compreendem as classes de formação vegetal de porte arbóreo, que

na área de estudos estão representadas por vários tipos fitofisionômicos encontrados geralmente na região de predominância do Cerrado. Dentre as matas podemos destacar regionalmente as Ciliares e Galerias. A mata ciliar corresponde a um tipo de formação vegetal que faz um contraste com a vegetação predominante regionalmente. A sua principal característica é a linearidade, sempre acompanhando os vales dos rios (Figura 24) e córregos. Esta cobertura vegetal, segundo Braun (1962), corresponde ao resultado da elevação da taxa hídrica nos vales por efeito do acúmulo de água por gravidade, resultando daí um microclima favorável ao seu desenvolvimento. A mata galeria possui as mesmas características da ciliar, entretanto suas copas

Figura 24 – Matas ciliares que acompanham o leito do rio Juba em suas nascentes no setor

sudoeste do distrito de São Jorge (Fotografia – Deocleciano Bittencourt Rosa, maio 2013).

Estas formações vegetais estão relacionadas com uma vegetação tipicamente arbórea herbácea graminosa, com raros arbustos e subarbustos onde se

destacam os Buritis [Mauritia vinifera (flexuosa) Mart. M. Minor Burret.], que

em sua maior parte constituem renques que se destacam na paisagem, sempre acompanhando os cursos d’água, ou então formando um emaranhado de árvores de todos os tamanhos, ervas, plantas trepadeiras e espinhosas. O Babaçu [Orbygnia martiana, (M.) Barb. Rodr.], o Urucum (Bixa orellana, L.), a Jarrinha (Aristolochia esperanzae, O. Ktze.) e o Jacarandá (Jacaranda

mimosaefolia, Don.) são espécies comuns nas matas galerias do córrego Do

Cerradão (Savana Arbórea Densa) – O Cerradão corresponde a uma zona de

transição entre o Cerrado e as Matas, estando caracterizado pela presença de um número de árvores superior ao dos arbustos (Figura 25). Nestas árvores os troncos são quase que totalmente retos. As folhas podem variar de grandes a pequenas. O número de plantas espinhosas é significativo.

Na área de estudos podemos encontrar um Cerradão, onde as espécies predominantes são o Vinhático (Plathymenia reticulata, Benth.), o Jatobá (Hymenaea stigonocarpa, Mart. ex Hayne.), o Pequi (Caryocar brasilienses, S. Hil. Camb.), a Sucupira (Bowdichia virgilioides, HBK.), a Piúva amarela [Tabebuia serratifolia, (G. Don.) Nichols.], e a Mangueira (Mangifera indica, L).

Áreas Desmatadas – Dentro desta denominação estão incluídas as Pastagens e

as Áreas Cultivadas, sendo que as pastagens correspondem às áreas em que a cobertura vegetal nativa está representada predominantemente pelas gramíneas, arbustos subarbustos e ervas esparsas.

Nas áreas de pastagens alguns vegetais superiores que possuem grandes copas, são deixados de maneira esparsa para fornecer sombra aos animais. Nesta faixa estão incluídas tanto as pastagens naturais, como as artificiais (cultivadas). Existe uma predominância de criação dos gados (Figura 26) nelore, gir, holanda e girolanda, esta última raça sendo muito bem aproveitada para a produção de leite, que abastece a indústria leiteira local e de Tangará da Serra e outros centros do Estado de Mato Grosso.

Estão incluídas como áreas cultivadas aquelas onde a vegetação nativa foi retirada, para a implantação principalmente de cultivos da Teca, milho, soja, café, mamão, feijão, mandioca, e secundariamente banana, laranja, arroz, manga e limão.

Figura 25 – Aspectos da cobertura vegetal do tipo Cerradão que ainda é preservada no

distrito de São Jorge na margem direita do rio Juba no município de Tangará de Serra onde ocorrem babaçus, que se constitui numa espécie invasora – Local – Proximidades da entrada para as Usinas Hidrelétricas Juba I e II (Fotografia – Antonio Carlos de Oliveira

Figura 26 – Áreas de pastagens no distrito de São Jorge formadas ao lado da rodovia

6. A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E OS IMPACTOS AMBIENTAIS

No documento ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA RODRIGUES (páginas 63-71)

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