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Os Processos Erosivos

No documento ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA RODRIGUES (páginas 103-109)

7. OS PROCESSOS EROSIVOS QUE AFETAM A ÁREA DO DISTRITO DE SÃO JORGE E CIRCUNVIZINHANÇAS

7.3. Os Processos Erosivos

Os processos erosivos mais comuns atuam de forma conjunta numa série de fatores tendo início com as águas das chuvas. Abrangem quase toda a superfície terrestre, mas com maior expressão nas regiões de clima tropical. Nestas regiões os índices pluviométricos são elevados e desta forma a erosão tende a acelerar na medida em que as intervenções de natureza humana intervêm na superfície.

Como exemplo na retirada da cobertura vegetal, o solo fica desprotegido, e as incidências das gotas das chuvas diretamente, sobre os mesmos, acarretam a ruptura dos agregados dando inicio a remoção de partes finas que compõem o solo. Localmente, os índices pluviométricos são elevados durante a estação das grandes precipitações pluviométricas, geralmente entre setembro e abril. A análise da erosão causada pelos efeitos das chuvas nos leva a compreender toda a dinâmica, desde a queda das gotas de água da chuva (efeitos splash), que causa a ruptura dos agregados, até o seu estagio final que é a formação de voçorocas (Figueiredo, 2010) (Figura 32).

Efeito Splash – O efeito Splash também, conhecido como erosão por

salpicamento, tem inicio quando as gotas das chuvas tocam o solo. A ruptura do agregado acontece quando as forças cinéticas das gotas se chocam dividindo em varias partes os agregados, além de remover para outras partes.

Figura 32 – Fases dos processos erosivos simplificada.

Fonte: Guerra (2007) (Organizado por Figueiredo, 2010).

A partir dos dados de Guerra (2007. p. 18)

“o papel do Splash varia não só com a resistência do solo ao impacto das gotas de água, mas também, com a própria energia cinética das gotas de chuvas”.

Dependendo da energia impactada sobre o solo, vão ocorrer, com maior facilidade, a ruptura dos agregados, formandos crostas que provocam a selagem do solo.

Formação de Crostas – A formação de crostas tem como principio: o fato de

quando os poros existentes no solo são preenchidos por água. A diminuição da densidade do solo e a seleção de materiais finos no topo do solo vão diminuindo a porosidade, dificultando a infiltração da água no solo.

Na formação de crostas Guerra (2007) salienta que, a eventual selagem do topo aumenta as taxas de escoamento superficial, podendo aumentar a perda de solo.

A partir desta etapa o solo já saturado em água, passa a reter este líquido nos horizontes superficiais, tais como os horizontes O, A, E e B, provocando desta forma o escoamento superficial, que, por conseguinte facilita o inicio da erosão laminar.

Formação de Poças – No ciclo hidrológico, existem as perdas de água em

partes, pois, nem toda água decorrente da chuva vai diretamente ao solo.

Como fator climático a chuva se divide em partes. Um pouco é interceptada pela cobertura vegetal, podendo retornar a atmosfera pela evaporação, ou chegar ao solo, através do gotejamento das folhas ou pelo corrimento pelos troncos. Assim a água que chega ao solo, seja por gotejamento, ou diretamente no solo é que ira participar da erosão.

Com a diminuição da taxa de infiltração, o solo satura e finalmente, tem-se inicio da formação de poças, que eventualmente, originam o escoamento superficial (Bertoni e Lombardi Neto 2005 e Guerra, 2007).

Convém sublinhar que a formação de poças depende diretamente, da topografia do terreno, pois num relevo onde o declive é acentuado, não existe a possibilidades de formação de poças. As gotas das chuvas caem no solo é logo em seguida vão sendo escoadas.

Escoamento em Lençol – O escoamento em lençol tem o seu princípio

posterior ao inicio do escoamento superficial. A água que se acumula nas depressões começa a descer pela encosta levando em consideração que o solo já está saturado.

Este fenômeno é também conhecido, segundo Guerra (2007, p. 30) como fluxo laminar, provocando a erosão em lençol, ou erosão laminar. Nesta fase da erosão, é que ocorrem maiores incidências de transportes de materiais, seja ele fino (argila/silte) ou frações mais grosseiras como areia e cascalho, dependendo da quantidade do fluxo de água.

Fluxos Lineares – Após o escoamento em lençol tem-se o inicio do

desenvolvimento de fluxos lineares. Nesta fase o escoamento superficial concentrado (ou enxurrada) se movimenta sobre a superfície do solo formando pequenos canais em pontos aleatórios. A concentração de água nestes canais vai se tornando contínua e escavando a superfície.

Os tipos de solos nessa fase podem interferir na ação dos processos erosivos, pois dependendo de suas propriedades podem conferir maior ou menor resistência. Salomão (2007, p. 233), nos seus estudos relata que:

“as propriedades físicas, principalmente textura, estrutura, permeabilidade e densidade, e as sua propriedade químicas biológicas e mineralógicas influem no desenvolvimento do fluxo linear”.

Microravinas – A formação das microravinas tem seu início com a

concentração de água em pequenos canais, e com a turbulência da água nos canais em decorrência da rugosidade do solo.

Existem segundo Guerra (2007) dois estágios na formação de microravinas, ou seja, a formação de pequenos canais e as microravinas com cabeceiras. Nesta última as cabeceiras recuam em direção as partes mais altas das encostas, e o canal se torna largo e mais profundo, tendo desta forma, condições de transportar sedimentos.

Ravinas – As ravinas por sua vez têm a sua procedência com a abertura dos

canais já existentes (microravinas). Estes por sua vez evoluem de acordo com o volume de água das chuvas, sendo que seu estágio inicial pode ser

controlado com práticas simples de manejo do solo, mas em maiores proporções, impedem os trabalhos de máquinas. Contudo as ravinas, como as microravinas, em seus estágios iniciais são imperceptíveis para a maioria das pessoas sendo somente notadas no seu estágio avançado (Bertoni e Lombardi Neto, 2005 e Guerra, 2007).

Voçorocas ou Incisões Erosivas – As voçorocas por sua vez sucedem as

ravinas, é correspondem ao último estágio nos processos erosivos. Conforme Bertoni e Lombardi Neto (2005, p. 77).

“A voçoroca é a forma espetacular da erosão, ocasionado por grandes concentrações de enxurradas que passam, ano após ano, na mesma ravina, que se vai ampliando pelo deslocamento de grandes massas de solo e formando grandes cavidades em extensão e profundidades” (Bertoni e Lombardi Neto, 2005).

O surgimento de voçorocas pode ser causado pelo escoamento subsuperficial, conforme as observações de Guerra (2007). As mais comuns tendo sua origem a partir de antigos deslizamentos de terra, quando estes deixam cicatrizes nas paredes laterais íngremes do deslizamento.

Nas regiões tropicais é comum a ocorrência de voçorocas de origem subsuperficial, associadas a fatores, tais como:

- altos índices pluviométricos; - retirada da cobertura vegetal;

- práticas agrícolas inadequadas, pastoreios e queimadas que dão origem aos mais variados tipos de voçorocas (Figura 33).

É importante salientarmos que nem sempre a ocorrência de voçorocas passa obrigatoriamente, pelo processo de formação das ravinas, uma vez que o processo erosivo passa a ser de forma intensa e grandiosa, formando voçorocas em curtos espaços de tempo e, que uma ravina não necessariamente tornar-se-á uma voçoroca.

Figura 33 – Processo de ravinamento em desenvolvimento nos terrenos da localidade de

Caiapônia, onde o processo erosivo começou sua atuação há doze anos, e está em franca atividade (Fotografia – Laurentino Bernardes Vieira, setembro 2014).

No documento ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA RODRIGUES (páginas 103-109)

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