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Cobrança administrativa no âmbito da Procuradoria Geral da Fazenda

No documento UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO (páginas 32-35)

1 A COBRANÇA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO: DO LANÇAMENTO À

1.3 A cobrança administrativa

1.3.2 Cobrança administrativa no âmbito da Procuradoria Geral da Fazenda

A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional é a instituição que representa a União Federal e que tem a competência para realizar a inscrição do débito em Dívida Ativa da União (DAU), conforme previsão do art. 201 do CTN:

Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular.

De forma mais ampla, a Lei de Execução fiscal, que será esclarecida adiante, também estabelece o conceito de Dívida Ativa da Fazenda Pública e firma a competência da PGFN para inscrição, nos termos do seu art. 2º:

Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

§ 1º - Qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei às entidades de que trata o artigo 1º, será considerado Dívida Ativa da Fazenda Pública.

§ 2º - A Dívida Ativa da Fazenda Pública, compreendendo a tributária e a não tributária, abrange atualização monetária, juros e multa de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato.

§ 3º - A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade, será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por 180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele prazo.

§ 4º - A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional.

A partir desses comandos normativos, entende-se que a Dívida Ativa representa o conjunto de débitos, tributários e não tributários, com a inclusão da atualização monetária, juros e multa de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato, devidos à Fazenda Pública.

Já a inscrição do débito em Dívida Ativa da União, constitui o ato de controle administrativo de legalidade, realizado pela Procuradoria da Fazenda Nacional, para apurar a liquidez e certeza, ratificando, assim, a possibilidade de cobrança do crédito tributário.

Em relação à inscrição em Dívida Ativa, leciona Paulo de Barros Carvalho:

Esgotados os trâmites administrativos, pela inexistência de recursos procedimentais e judicial que suspenda a exigibilidade do crédito tributário, chegou a hora de a Fazenda Pública praticar quem sabe o mais importante ato de controle de legalidade sobre a constituição de seu crédito: o ato de apuração e de inscrição do débito no livro de registro da dívida pública. Sempre vimos o exercício de tal atividade revestido da mais elevada importância jurídica. É o ato de controle de legalidade, efetuado sobre o crédito tributário já constituído, que se realiza pela apreciação crítica de profissionais obrigatoriamente especializados: os procuradores da Fazenda. Além disso, é a derradeira oportunidade que a Administração tem de rever os requisitos jurídico-legais dos atos praticados. Não pode modificá-los, é certo, porém tem meios de evitar que não prossigam créditos inconsistentes, penetrados de ilegitimidades substanciais ou formais que, fatalmente, serão fulminadas pela manifestação jurisdicional que se avizinha.50

Como bem destaca o professor, no ato de inscrição, a Procuradoria da Fazenda Nacional tem a oportunidade administrativa final, ou seja, antes da propositura da execução fiscal, de reexaminar os requisitos jurídico-legais dos atos praticados.

Silva Pacheco acrescenta que a inscrição constitui prévia constatação

administrativa da legalidade da dívida ativa, quanto à existência e ao seu valor, assim como os adicionais incidentes, tais como juros, multa, correção e outros encargos

legais.”51

Diante da inscrição, são confeccionados o termo de inscrição da dívida ativa e

a Certidão de Dívida Ativa (CDA), conforme requisitos previstos no art. 20252 do CTN.

Não obstante, antes do ajuizamento do feito executivo, o devedor é ainda notificado para, em até 5 (cinco) dias, efetuar o pagamento do valor atualizado monetariamente, acrescido de juros, multa e demais encargos nela indicados, nos

termos do artigo 20-B, inserido na Lei 10.52253, de 19 de julho de 2002, pela Lei nº

13.60654, de 09 de janeiro de 2018.

50 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 20ª ed. ver. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 577.

51 SILVA PACHECO, José da. Tratado das execuções: execução fiscal. São Paulo: Saraiva, 1976, p. 41.

52 CTN/1966: “Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente:

I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros;

II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;

III - a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado; IV - a data em que foi inscrita;

V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.

Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro e da folha da inscrição.”

53 BRASIL. Lei 10.522, de 19 de julho de 2002. Dispõe sobre o Cadastro Informativo dos créditos não quitados de órgãos e entidades federais e dá outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 19 jul. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10522compilado.htm. Acesso em: 04 nov. 2018

54 BRASIL. Lei 13.606, de 09 de janeiro de 2018. Institui o Programa de Regularização Tributária Rural (PRR) na Secretaria da Receita Federal do Brasil e na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Diário Oficial da União:

Depois desse prazo, em caso de inadimplência do devedor, a Procuradoria da Fazenda Nacional ainda tem outros meios administrativas de cobrança, como se infere do novel parágrafo 3º do novel art. 20-B da Lei 10.522/2002:

Art. 20-B. Inscrito o crédito em dívida ativa da União, o devedor será notificado para, em até cinco dias, efetuar o pagamento do valor atualizado monetariamente, acrescido de juros, multa e demais encargos nela indicados (Incluído pela Lei nº 13.606, de 2018) [...]

§ 3º Não pago o débito no prazo fixado no caput deste artigo, a Fazenda Pública poderá:

I - comunicar a inscrição em dívida ativa aos órgãos que operam bancos de dados e cadastros relativos a consumidores e aos serviços de proteção ao crédito e congêneres; e

II - averbar, inclusive por meio eletrônico, a certidão de dívida ativa nos órgãos de registro de bens e direitos sujeitos a arresto ou penhora, tornando-os indisponíveis.

Com efeito, o Procurador da Fazenda Pública pode comunicar a inscrição do débito em dívida ativa aos órgãos que operam bancos de dados e cadastros relativos a consumidores e aos serviços de proteção ao crédito, bem como, frisa-se, averbar a CDA em órgãos de registro, tornando bens e direitos do devedor indisponíveis.

Oportuno ressaltar que essa indisponibilidade de bens e direitos antes do ajuizamento da execução, denominada pelo meio jurídico de “averbação pré-executória”, é alvo de várias críticas, sobretudo por parte de advogados que militam na área tributária.

Artigos de advogados tributaristas, publicados nos sites Migalhas55 e Consultor

Jurídico56 defendem, principalmente, que só o magistrado, após a citação do devedor

na ação de execução fiscal, tem o poder de determinar a indisponibilidade de bens e direitos, de acordo com o artigo 185-A do CTN, como será analisado oportunamente. De todo modo, a averbação “pré-executória” ainda se encontra vigente no nosso ordenamento e pode ser efetuada pela própria Procuradoria da Fazenda Nacional, após o 5º (quinto) dia da notificação do devedor relativa à inscrição do débito

em DAU.

Brasília, DF, 17 abr. 2018. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13606.htm. Acesso em: 04 nov. 2018

55ROMANO, Bruno. A inconstitucionalidade e a ilegalidade da averbação pré-executória. Migalhas, 21 fevereiro

de 2018. ISSN 1983-392X. Disponível em:

https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI274773,71043A+inconstitucionalidade+e+a+ilegalidade+da+averbaca o+preexecutoria. Acesso em: 04 nov. 2018

56BRIGAGÃO. Gustavo. Averbação pré-executória é ilegal e inconstitucional. Revista Consultor Jurídico, 21 de março de 2018. ISSN 1809-2829. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2018-mar-21/consultor-tributario-averbacao-pre-executoria-ilegal-inconstitucional. Acesso em: 04 nov. 2018

Por fim, sem obter a satisfação do crédito tributário pela via administrativa, a Procuradoria da Fazenda Nacional deve ajuizar a ação de execução fiscal, que será analisada a seguir.

No documento UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO (páginas 32-35)