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A colonização no Rio Grande do Sul obteve o êxito esperado, tanto para a implantação das colônias agrícolas como para povoar as áreas até então desabitadas. Desse modo, formaram-se várias colônias agrícolas, de origem alemã e italiana, nas áreas mais planas da Depressão Central, próximas a Porto Alegre e no Rebordo e Planalto da Bacia do Paraná, essa mais difícil de ser habitada devido aos desníveis topográficos.

No período que corresponde 1824 a 1875, a inserção étnica esteve alicerçada, basicamente, nos imigrantes alemães, sendo que a partir de 1875, houve a introdução “em massa” de imigrantes italianos no território gaúcho, os quais ocuparam efetivamente a porção nordeste do Estado.

Com o sucesso obtido pelos primeiros núcleos coloniais tornou-se necessário a conquista de novas terras, ampliando as áreas coloniais do Rio Grande do Sul e expandindo a corrente povoadora, com a fundação de novos núcleos coloniais. A partir de migrações internas, abriram-se novas frentes colonizadoras, povoadas, sobretudo, por descendentes dos primeiros imigrantes, mais do que por novos colonos.

Nessa perspectiva, além dos descendentes de alemães e italianos que já se situavam em solo gaúcho, outros contingentes populacionais adentraram no Estado, de novos grupos de italianos e alemães a outras culturas, como poloneses, judeus, russos, japoneses, sírios libaneses e holandeses, que embora em menor proporção, também vieram para o Rio Grande do Sul reconstruir suas vidas. O trabalho realizado na tentativa de se adequar a nova realidade fez com que deixassem a sua “marca” na paisagem gaúcha, tornando-se, parte integrante do “povo” gaúcho.

Com o povoamento da metade sul por portugueses, espanhóis, africanos e açorianos, somado a colonização da porção centro leste e nordeste por imigrantes alemães e italianos, restou, ainda, a porção norte do Rio Grande do Sul a ser povoada. O Planalto da Bacia do Paraná compreendeu, então, a última parte do território gaúcho a ser colonizada, por iniciativa governamental, mas também, por particulares. Foi nessa porção do Estado que foram fundadas as “colônias novas” ou

“colônias mistas”, cuja principal característica deve-se a diversidade étnica dos seus componentes.

Entre os imigrantes que fundaram as novas colônias no norte do Estado, salienta-se a presença dos poloneses. Embora tenham vindo em menores contingentes populacionais se comparados aos alemães e italianos, a entrada dos poloneses no território riograndense foi suficiente para formar vários núcleos coloniais. Estes, por sua vez, originaram municípios, cuja principal etnia formadora descende dos pioneiros poloneses, formando as “ilhas” culturais polonesas.

Na concepção de Siekierski (1987, p. 13), os poloneses

[...] em sua maioria, são descendentes de tribos eslavas que se fixaram há mais de mil anos às margens dos rios Vístula e Warta, na região da atual Polônia. O nome “Polônia” também é originado da expressão eslava “Polano”, que significa: planície ou campo. Devido a uma série de acontecimentos no País de origem, muitos poloneses resolveram procurar uma nova pátria. O Brasil foi destinado a muitos.

Assim como as demais etnias que se tornaram imigrantes no Rio Grande do Sul, os poloneses também fugiram da opressão e dos conflitos em sua terra natal. Para Racoski (2006), o Estado polonês não existia quando teve início o fluxo migratório Polônia-Brasil, restava apenas a tentativa de manter a identidade étnica.

Tal fato deve-se a situação conflitante enfrentada pela Polônia entre 1795 e 1918, quando essa permaneceu dividida entre a Áustria, a Rússia e a Prússia e perdeu o status de Estado livre. Desse modo, os poloneses tiveram suprimidos direitos básicos, como a nacionalidade, pois passaram a pertencer aos paises dominantes, a liberdade de expressão através da língua polonesa e da religião católica (os russos eram ortodoxos), censura da imprensa e perda das terras em virtude dos conflitos. (SIEKIERSKI, 1987; RACOSKI, 2006).

Diante dos fatos expostos torna-se evidente os motivos que levaram os poloneses a emigrarem de sua pátria na busca de reconquistar o direito de serem poloneses, mesmo que em outro espaço do Globo. Os poloneses adentraram o Rio Grande do Sul com o objetivo a que lhes foi destinado, o de serem colonos no norte gaúcho, assim como as demais correntes povoadoras que já haviam se instalado nessa porção do espaço brasileiro.

A questão da identidade é fundamental para a manutenção da cultura de um grupo social. Poder se expressar através das próprias crenças e não a partir de costumes impostos constituiu um dos fatores que possibilitaram a manutenção da

cultura dos imigrantes no Brasil, não só da polonesa, mas também das demais etnias que se enquadraram nessa situação. A liberdade de expressão, as promessas de melhoria das condições de vida e a esperança de uma “vida nova”, sem opressão, fizeram com que os poloneses se tornassem colonos na Província do Rio Grande de São Pedro, superando as dificuldades iniciais de instalação nos lotes. Considerando os fatores que ocasionaram o processo migratório Polônia- Brasil, o início da imigração data de 1871 e vai até a Segunda Guerra Mundial. Na qual os três estados do sul foram os principais destinos. Na Província do Rio Grande de São Pedro, os poloneses se inseriram como colonos em 1875, por iniciativa dos Governos Imperial e Provincial. (STAWINSKI, 1999).

O ponto de referência na chegada era Porto Alegre e depois se destinavam para locais intermediários, como a colônia italiana de Silveira Martins, no centro da Província. A partir dessa, rumavam a pé para a colônia de destino. (SIEKIERSKI, 1987). De Silveira Martins, os colonos poloneses transpuseram o obstáculo imposto pela declividade acentuada do Rebordo do Planalto da Bacia do Paraná e, rumaram para o norte, pelo Planalto até o destino que lhes foi assegurado.

As colônias polonesas originaram alguns núcleos populacionais no Rio Grande do Sul que, posteriormente, se tornaram municípios, como Dom Feliciano (1857), São Marcos (1885), Mariana Pimentel (1888), Ijuí (1890), Guarani das Missões (1891) e Erechim (1908). (GRITTI, 2004). Além desses, outros municípios como Áurea, Candido Godói, Carlos Gomes e Centenário. (FEE, 1981).

Já na colônia, as condições precárias das primeiras instalações não foram diferentes das encontradas pelos primeiros imigrantes alemães (1824) e italianos (1875). Tiveram que construir tudo, desmatar para abrir a clareira e improvisar um “abrigo” inicial para “sobreviver”. Além disso, Gritti (2004) salienta que, os colonos enfrentaram outros problemas, referentes à questão das terras, como o tamanho do lote e as péssimas condições iniciais de instalação. O isolamento em virtude da língua e dos costumes distintos dos demais grupos sociais que já ocupavam o Rio Grande do Sul também se constituiu numa problemática a ser transposta pelos colonos poloneses.

Nos primeiros anos após a instalação das colônias o progresso foi lento. Após a construção das casas, os colonos trataram logo de produzir. Para tanto, derrubaram a mata para semear a lavoura, obtendo dessa uma produção apenas de subsistência. Sendo que a roça situava-se próxima a casa, pois necessitava de

proteção contra a invasão de animais nativos. Posteriormente, com colheitas consecutivas e, já com maior experiência na nova terra, o colono pode implantar de forma mais eficiente à policultura, com o milho, arroz, centeio, mandioca, cana-de- açúcar, erva-mate, ale da obtenção de mel, ovos e banha. Assim, podendo comercializar a produção e obter lucro. (SIEKIERSKI, 1987)

À medida que se estruturava a colônia, os imigrantes poloneses construíram, além de suas casas, as igrejas para celebrarem a fé Católica, que na Polônia lhes foi proibida, as escolas, para instrução das crianças e as associações para as festividades. As aulas eram ministradas em português e polonês devido à falta de domínio da língua oficial do Brasil por parte dos alunos.

A estruturação das colônias imprimiu na paisagem a marca da cultura polonesa, através dos traços típicos das casas, da vestimenta, da culinária, da fala, das lendas, da religiosidade, dentre outros códigos culturais que ainda hoje são cultivados nos municípios cuja origem está atrelada à inserção da cultura polonesa no Rio Grande do Sul.

No contexto migratório que configurou o espaço e a sociedade riograndense tem-se a imigração libanesa, em 1880, com a chegada ao Estado dos primeiros imigrantes. Em torno de 300 pessoas, suas origens remetiam a Djourne, Chiká, Barsa e Anfi. O fato de não representarem um grande contingente populacional fez com que fossem destinados a cidades já estruturadas como: Santa Maria, Cachoeira do Sul, Pelotas, Rio Grande, Passo Fundo, Soledade, São Gabriel, Erechim, Vacaria, Carazinho, Lagoa Vermelha, Getúlio Vargas, São Borja e Uruguaiana. (MORALES, 2004).

Não constituiu, de fato, como regia a legislação, um processo de colonização, pois devido à vocação e ao trabalho realizado em sua terra natal, na Província do Rio Grande de São Pedro, os imigrantes desenvolveram atividades relacionadas ao comércio, principalmente, de roupas, tecidos e armarinhos35.

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Em virtude da vocação comercial dos libaneses, as suas lojas foram denominadas de “lojas de turco”, na qual se encontra, praticamente todo tipo de artigos para o comercio. No entanto, há de se ressaltar que, tal denominação constitui-se numa ofensa para essa etnia, uma vez que, os turcos, muitas vezes, estiveram envolvidos em conflitos com os libaneses, constituindo uma relação bastante conturbada. Portanto, pode-se dizer que a designação “loja de turco” é oriunda do senso comum, mas sem qualquer conhecimento da realidade e do histórico das relações entre essas duas etnias.

A vocação comercial dos libaneses permaneceu até a atualidade, tanto que, nas cidades onde se fazem presentes, são encontradas várias casas de comércio pertencentes a essa etnia, principalmente, em Santa Maria.

A atividade econômica a que se destinaram, fez com que houvesse a necessidade de convivência com outras culturas, portanto, não formando colônias. Mas, mesmo tendo que se integrar a população das cidades a que foram destinados, a cultura de origem ainda se faz presente para os descendentes dos libaneses. A preservação dos costumes típicos é bastante visível através da vestimenta das mulheres, muitas das quais ainda conservam hábitos típicos como o uso de uma espécie de “manta” ou “véu” cobrindo a cabeça e a mínima exposição do corpo, em sinal de respeito aos costumes e a religião.

Outro aspecto da cultura libanesa é a língua árabe, ainda falada entre os membros desse grupo social como uma forma de manter esse código cultural. Além da fala, também, realizam festividades em comemoração a sua etnia de origem, como a noite árabe em Santa Maria, na qual são resgatados e expostos os costumes e as tradições da cultura libanesa, com vestimenta, música, culinária típica.

Os grupos menores no que se refere ao número de pessoas, como os libaneses, têm na cultura um elo social que confere união ao grupo mediante um sistema simbólico de códigos culturais que os diferencia dos demais grupos sociais que compõem as cidades de maior porte. A pluralidade de costumes não impede a manifestação cultural, uma vez que, o grupo procura preservar suas tradições e as manifesta de acordo com determinados rituais que lhes são importantes. Tal situação ocorre em virtude da cultura constituir a essência de um grupo social que partilha as mesmas crenças e valores e, faz com que essas não desapareçam diante da mistura de costumes que abrange as maiores cidades.

Além dos libaneses, os judeus também se inseriram no Rio Grande do Sul com o objetivo de se tornarem colonos. No entanto, Cohen (1992), salienta que a migração judaica apresenta certas peculiaridades que não permitem sua ligação com processos comuns de migração. Desse modo, a autora afirma que os motivos que ocasionaram a migração devem considerar dois ramos judaicos, os quais compreendem o judeu achquenazin e o judeu sefaradita.

O judeu achquenazin36, de origem eslava e germânica, buscou refúgio na

Polônia, sendo que, quando essa foi dominada pela Áustria, Rússia e Alemanha, o maior contingente de judeus teve que migrar para a Rússia, mais especificamente, para as regiões anexas como Polônia, Bielo-Rússia, Ucrânia e Lituânia, nas quais lhes foram impostas várias restrições. Situação que vai se exacerbar entre 1925 e 1939 com a ascensão do nazismo na Alemanha. Também o judeu sefaradita, de origem latina, estabelecido após sua expulsão da Espanha, na Itália, África, Turquia, Grécia, Iugoslávia meridional e Bulgária, sofre pressões nesse período. (COHEN, 1992).

A inserção dos judeus no Rio Grande do Sul ocorreu a partir do início do século XX, com fundação das colônias Philipson (1904) e Quatro Irmãos (1911). E, teve na Jewish Colonization Association37 (ICA), fundada em 1891, a empresa responsável pela vinda e instalação dos judeus no Brasil. A localização das colônias judaicas no Rio Grande do Sul teve em comum alguns aspectos como, a localização em áreas com maiores altitudes, situadas no Planalto da Bacia do Paraná, estar nas proximidades das vias férreas e, o controle das atividades pela ICA. (COHEN, 1992). Os primeiros colonos judeus, em torno de 37 famílias, totalizando 267 pessoas chegaram em 1904 a localidade de Pinhal, no então município de Santa Maria38. Esses imigrantes eram oriundos da Rússia, particularmente da Bessarábia. (COHEN, 1992). Para iniciar a vida na colônia os imigrantes judeus receberam em média um lote de 25 ha, os instrumentos necessários para trabalhar, alguns animais como gado bovino e uma ajuda em dinheiro, além da casa. (GRITTI, 1992).

As casas prometidas em Philipson não estavam construídas no momento da chegada dos imigrantes, como havia sido prometido. Como salienta Santos (2006), os colonos tiveram que habitar, inicialmente, um galpão e trabalhar de forma cooperativa para obterem suas próprias casas.

As necessidades de estruturação das colônias implantadas nas terras gaúchas não foram enfrentadas somente pelos judeus. Como visto anteriormente tanto alemães e italianos como poloneses, também encontraram obstáculos referentes a falta de infra-estrutura, dificuldades econômicas, de comunicação, de

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Do hebraico Achquenaz, significa Alemanha.

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Yedishe Kolonizatsye Gezelshaft.

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Atualmente essa localidade integra o município de Itaara, emancipado de Santa Maria em 1995. (IBGE, 1997).

transporte e, sobretudo com a legislação vigente, que transformava-se constantemente.

De maneira geral, as colônias riograndenses, independente da etnia formadora foram construídas mediante o trabalho árduo dos imigrantes, que sempre recebiam um lote de terras para cultivar, apenas demarcado, repleto de mata, da qual tiravam a madeira necessária para construir a habitação inicial e obtinham o espaço para logo iniciar o cultivo dos produtos agrícolas.

Para os judeus, mesmo perto de cidades como Santa Maria e Erechim, tiveram dificuldades quanto a estruturação das casas e a precariedade das estradas de acesso a colônia, como salienta Eizirik (1984) quando relata que as casas de Philipson forma construídas com barro amassado, cujo telhado era de palha trançada e o chão de terra batida, sem assoalho. O autor salienta ainda que existiam poucas casas de material, com assoalho de madeira e telhas de zinco.

A imigração judaica no Rio Grande do Sul, até mesmo por ser organizada por uma empresa particular, obteve maior ajuda no momento da instalação das famílias na colônia. A ICA exercia um controle maior sobre as atividades realizadas pelos judeus, mas também os assessorava melhor. Obviamente que, nas colônias alemãs e italianas, justamente por serem maiores em número e extensão e, também, por serem organizadas pela iniciativa governamental, o controle rigoroso e a assessoria das atividades era mais difícil de ser exercido.

Para Santos (2006), os subsídios fornecidos aos colonos judeus permitiam que a cada colônia fosse doada uma carroça, uma junta de bois, um cavalo, uma ou duas vacas, de acordo com o numero de pessoas residentes. Também era fornecido um arado bastante primitivo, enxada, pá e rastelo. Entretanto, toda a ajuda deveria ser paga num prazo de até vinte anos.

Outro empreendimento da ICA em território riograndense, foi a compra da fazenda Quatro Irmãos, com 98.850 ha, nos atuais municípios de Getulio Vargas e Erechim. A exploração madeireira foi por muitos anos a principal atividade realizada nessa colônia. A origem do nome dessa colônia judaica deve-se a propriedade da terra em que foi implantada, pois pertencia a quatro irmãos da família Santos Pacheco. Entre 1911 e 1912 se inseriram os primeiros judeus vindos de províncias da Argentina, concomitantemente, chegavam também, imigrantes provenientes da Bessarábia na Rússia, perfazendo um contingente de 40 famílias de colonizadores judeus. Em 1913, pouco antes do inicio da primeira guerra mundial aportou outro

contingente de 150 famílias também vindas de países do império Russo, culminando em 1914 com um total de aproximadamente 450 famílias. (FIALCOFF, 2007).

O desenvolvimento de Quatro Irmãos ocorreu, principalmente, devido a abundância da araucária, que permitiu a exploração de madeira, bem como a criação de fábricas de celulose, azeite, além de cinemas e hotéis, transformando-a em uma cidade com atrativos na área de lazer e comércio. No decorrer do tempo juntaram-se aos colonizadores judeus os imigrantes vindos da Itália, Alemanha e da Polônia, e também de outros lugares da Europa, em menor número, bem como os descendentes da etnia afro-brasileira. (FIALCOFF, 2007).

A exploração intensiva de madeira acarretou o fim dessa atividade pela falta da matéria prima. Desse modo, a ICA encerrou suas atividades, culminando com a desativação do terminal ferroviário, das serrarias e fábricas. Tal situação acelerou o abandono da cidade, uma vez que a população residente emigrou em procura de emprego em outros locais, acarretando significativas transformações socioespaciais na colônia de Quatro Irmãos39, que foi reduzida a condição de distrito de Erechim devido à precariedade da infra-estrutura existente. (FIALCOFF, 2007).

De modo geral, os judeus valorizavam questões referentes a educação dos filhos, pois acreditavam que essa constituía o único bem que não lhes poderia ser tirado. Salienta-se que, a primeira integração entre a comunidade judaica e os brasileiros ocorreu através da educação, quando os imigrantes fundaram uma escola na Colônia de Philippson, cujo ensino era ministrado em português, para e acolher também os brasileiros, filhos dos colonos e trabalhadores das imediações da colônia. Nos anos 20 têm início os fluxos que direcionaram os imigrantes judeus para as cidades maiores em busca de melhores condições de estudo para os filhos. Tal situação fez com que os judeus se instalassem em municípios como: Santa Maria, Erechim, Passo Fundo e Porto Alegre, nessa cidade concentrando-se no bairro Bom Fim. A principal ocupação dos imigrantes judeus passou a ser, então, comércio. (FIALCOFF, 2007).

Salienta-se alguns aspectos da imigração judaica no Rio Grande do Sul, como a predominância de judeus achquenazin, que em geral não eram agricultores de origem, pois sua origem estava atrelada à pequena classe média urbana, acarretando a fuga do campo para as cidades. (COHEN, 1992). Os judeus não

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provinham apenas das áreas rurais, pois imigrantes com tendência mais urbana também vieram para o Estado. Nesta perspectiva, destaca-se a cidade de Porto Alegre, onde foram instalados estes imigrantes, principalmente no bairro do Bom Fim, durante o período de 1920 a 1940. (GRITTI, 1992).

Desse modo, os judeus que vieram para o Rio Grande do Sul nem sempre tinham a vocação agrícola, tanto que, mesmo antes do desmembramento das colônias, muitos rumaram para centros urbanos maiores para desenvolverem as atividades que exerciam em seus países de origem, onde trabalhavam no comércio, no artesanato e na indústria.

A cidade de Santa Maria recebeu os judeus vindos de Philipson, dos primeiros a desistirem da vida no campo até o desmembramento da colônia. Tal situação também ocorreu em Erechim e Passo Fundo devido à proximidade com a colônia Quatro Irmãos. De acordo com Scliar (1990), o Rio Grande do Sul também recebeu outros imigrantes judeus, mas com tendência urbana, em municípios como Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande e Uruguaiana, além de Porto Alegre, Santa Maria, Erechim.

Sabe-se que anterior a iniciativa da ICA, outros judeus já haviam se instalado no território gaúcho, principalmente, em virtude do histórico de perseguição étnico- cultural e política imposta a esse grupo social. Mas foi através da fundação das colônias Philipson e Quatro Irmãos que houve a entrada mais significativa em número e, o conhecimento mais específico da cultura judaica.

No entanto, vários fatores, dentre os quais as Revoluções de 1923 e de 1930, a legislação e a Segunda Guerra Mundial provocaram crises nesses núcleos coloniais. (COHEN, 1992). As dificuldades estenderam-se para qualquer tipo de