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Programa Escolhas CESIS

2.6 COLABORADORES DA PESQUISA

Nesta seção, descreveremos os sujeitos organizados em: gestores, coordenadores, educadores sociais, jovens, pais, pesquisadora social, movimento social.

Considero que os contatos e vínculos com os sujeitos da pesquisa se deram de maneira intersubjetiva e as expectativas em relação aos interlocutores foram alcançadas na medida em que estes se colocaram disponíveis para realização dos procedimentos de pesquisa utilizados favorecendo a interação pesquisadora-pesquisados, teoria-prática, método-epistemologia.

2.6.1 Gestores e coordenadores

Tanto no caso do Brasil quanto no caso de Portugal, ouvir os gestores, técnicos de áreas diversas que pensam e implementam a política pública de juventude, foi fundamental para chegar até a experiência de educação social com jovens afrodescendentes.

No Caso I – Brasil, em relação à política Juventude Viva, entrevistamos a coordenadora nacional e um articulador da implementação da política na Bahia. Na ONG Cipó, entrevistamos o coordenador de projetos, o coordenador pedagógico do Nufac e a coordenadora articuladora do Nufac que desenvolvia o projeto na comunidade de Plataforma. No Caso II – Portugal, para compreensão do Programa Escolas, entrevistamos a coordenadora da região de Lisboa, a coordenadora do Cesis, a psicóloga e a coordenadora pedagógica do Projeto Percursos acompanhados que desenvolviam as ações na comunidade do Zambujal.

É importante destacar que as entrevistas realizadas com esses colaboradores cumpriram a função de debater as categorias Educação Social, Juventude e Políticas públicas de juventude nos dois países, especialmente no que tange ao histórico, objetivos e ações socioeducativas de cada um dos projetos pesquisados.

Apresento a seguir um quadro com a função, formação, tempo na atuação e a qual instituição pertencem cada um dos gestores e coordenadores entrevistados no Brasil e em Portugal.

Quadro 5 – Colaboradores gestores e coordenadores

FUNÇÃO FORMAÇÃO TEMPO DE ATUAÇÃO INSTITUIÇÃO

Coordenadora Socióloga 15 anos Programa Escolhas

Coordenadora Assistente Social 21 anos Cesis

Psicóloga Psicologia 5 anos Cesis

Articulador Comunitário

Estudante Ensino

Secundário – EJA 3 anos

Cesis – Percursos Acompanhados Coordenadora Pedagógica Ciências da Educação 8 anos Cesis – Percursos Acompanhados

Coordenador Sociólogo 12 anos Cipó

Coordenador

Pedagógico Pedagogo 4 anos Cipó– Nufac

Coordenadora

Articuladora Produtora Cultural 4 anos Cipó – Nufac

Fonte: Elaborado pela autora, 2017

2.6.2 Educadores sociais e jovens afrodescendentes

A implementação das políticas públicas de juventude e seu desenvolvimento quando alcançam as comunidades, os conceitos de juventudes na contemporaneidade, os desafios e conquistas de uma educação baseada no saber cultural e social do coletivo, são alguns dos temas que foram discutidos com educadores sociais no Brasil e em Portugal. Eles, em suas mais diversas formações, apresentaram um repertório rico em informações que qualificou o saber sobre as experiências da educação social com jovens afrodescendentes.

No Brasil, entrevistamos seis educadores que foram contratados para realizar a formação do Nufac. Alguns desses já desenvolviam atividades no Subúrbio Ferroviário, sendo que uma das educadoras é moradora da região de Plataforma. Outra característica importante deste grupo de educadores sociais é que a maioria deles foram jovens que participaram de ações da Cipó em cursos profissionalizantes, isso demarcou as falas, expressando um pertencimento e identidade com trabalho realizado. Foram entrevistados quatro educadores do sexo masculino e duas educadoras.

No Caso II – Portugal, a coordenadora pedagógica do Projeto Percursos Acompanhados atua também como educadora, acompanhando os jovens em suas atividades diariamente, sua narrativa na entrevista versou tanto sobre a logística de articulação entre o projeto, a escola e a comunidade, quanto o trabalho cotidiano com os jovens. Filha de cabo-verdianos e nascida no bairro do Zambujal, a coordenadora-educadora social fala com uma relevante propriedade sobre cada um dos jovens, demonstrando entendimento sobre seus percursos e os problemas que enfrentam, seja da ordem da relação com os pares ou com seus avanços e recuos nos percursos de escolarização.

O articulador comunitário, que é um jovem morador do Zambujal, apresenta também propriedade na descrição dos fatores sociais que impossibilitam, em certa medida, o avanço da escolarização da população jovem de baixa renda, quando discute sua própria trajetória de escolarização, ao passo que, em toda entrevista, deu mostra do seu desenvolvimento no trato pedagógico e lúdico com os jovens do projeto. Por ser um jovem filho de portugueses que vieram do norte do país em busca de mais oportunidades, seu trajeto mostrou-me parcialmente a realidade dos portugueses não afrodescendentes que vivem no bairro social.

A seguir, para dar mostras da diversidade, registro um quadro com função, formação e tempo de atuação dos educadores sociais em ambos os casos investigados:

Quadro 6 – Colaboradores educadores sociais

FUNÇÃO FORMAÇÃO INSTITUIÇÃO

Educadora de produção cultural Graduação em Comunicação e

mestra em Políticas Públicas Cipó Educadora de produção de vídeo Formação em Produção de Vídeo Cipó Educador de finalização de vídeo Bacharelado Interdisciplinar em

Artes com especialidade em Cinema Cipó Educador de web design Bacharelado Interdisciplinar em

Artes Cipó

Educador de design gráfico Bacharelado em Design Gráfico Cipó Educadora social Licenciada em Ciências da Educação Cesis Articulador comunitário Estudante do ensino secundário Cesis Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Todos os sujeitos nesta pesquisa têm importância na medida em que dividem suas subjetividades, histórias, sentimentos e trajetos com a pesquisadora e se dispõem a contribuir com a constituição do objeto de pesquisa através das suas experiências. No entanto, destacamos a presença de jovens, sujeitos atores-autores, pois especialmente para eles é pensado o resultado deste trabalho. Com isso, queremos dizer que, ao escolher como objeto de pesquisa a experiência da educação social realizada com jovens afrodescendentes no Brasil e em Portugal, buscamos identificar como estas acontecem e inspirar novas estratégias de ações socioeducativas. Ouvir os jovens é, portanto, fundamental, pois se constitui base num trabalho que toma esses sujeitos como centrais.

No Caso I – Brasil, o Nufac aconteceu com público total de 120 jovens. Para escolha dos jovens a serem entrevistados, utilizamos o critério de idade – entre 15 e 21 anos –, a escolaridade – cursando ensino médio ou ensino médio concluído – e buscamos equidade de gênero. No Caso II – Portugal, o Projeto Percursos Acompanhados atende jovens ciganos,

portugueses de ascendência europeia e portugueses descendentes de africanos e ainda jovens africanos.

Para elegermos os jovens, entrevistamos, realizamos diálogo com os educadores e observamos as atividades pedagógicas, assim como identificamos os jovens e seus trajetos através dos grupos focais. Os mesmos critérios para escolha dos jovens do Brasil foram usados para escolha dos jovens de Portugal em relação a idade, escolaridade e gênero. Em cada um dos países, foram sete jovens entrevistados; no Brasil, cinco jovens do sexo masculino e duas do sexo feminino, em Portugal, quatro jovens do sexo feminino e três do sexo masculino.

Nos dois casos, os jovens mostraram-se disponíveis e dispostos a realizar a entrevista. No Brasil, as entrevistas aconteceram na Ampla e no Centro Cultural de Juventude. Realizamos a coleta de dados nos horários pós cursos e/ou final de semana. As entrevistas duraram entre 45 minutos e 1h30. Em Portugal, tive algumas dificuldades de coletar as entrevistas individuais. Na maioria dos casos, os jovens têm aula em período integral e, ao final do dia, tinham atividades no Projeto Percursos Acompanhados. Um dos jovens, além da escola e do projeto, trabalhava seis horas por dia, com quem tivemos dificuldade em agendar.

Todos os jovens com idade inferior a 18 anos foram autorizados pelos seus responsáveis para realização das entrevistas, os demais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, assim como todos os outros colaboradores desta pesquisa. Foram utilizados nomes fictícios para os jovens entrevistados, com intento de preservar o anonimato, conforme indicado nas pesquisas qualitativas. Vale registrar que os jovens entrevistados informaram que não haveria impedimento, da parte deles, da utilização dos seus nomes. Optamos, ainda assim, por manter o anonimato, considerando as especificidades da natureza do trabalho acadêmico.

Apresentamos um quadro síntese dos sujeitos da pesquisa – jovens afrodescendentes – com indicativos de idade, nacionalidade e escolaridade:

Quadro 7 – Caso I – Colaboradores jovens afrodescendentes

IDENTIFICAÇÃO IDADE NACIONALIDADE ESCOLARIDADE

Álvaro 22 Brasileira Ensino médio completo

Julia 21 Brasileira Ensino médio completo

Mario 26 Brasileira Ensino médio completo

Milena 19 Brasileira Ensino médio completo

Romário 19 Brasileira Segundo ano do ensino médio

Washington 21 Brasileira Ensino médio completo

Marcos 19 Brasileira Ensino médio completo

Quadro 8 – Caso II – Colaboradores jovens afrodescendentes

IDENTIFICAÇÃO IDADE NACIONALIDADE ESCOLARIDADE

Lucas 22 Portuguesa Ensino secundário completo Débora 17 Portuguesa 10º ano do ensino secundário

Daniel 20 Cabo-verdiana 12º ano do ensino secundário Hilana 17 Portuguesa 12º ano do ensino secundário Iasmin 18 Portuguesa 11º ano do ensino secundário Maria 15 Portuguesa 10º ano do ensino secundário Mário 21 Portuguesa 11º ano ensino secundário Fonte: Elaborado pela autora, 2017.